Quinta-feira
16 de novembro
A palavra certa na hora certa
E a palavra, a seu tempo, quão boa é! Provérbios 15:23, ARA

Tommy era o tipo de garoto que bateria a porta na sua cara, chutaria seu gato e derrubaria a bicicleta do vizinho – tudo em dez segundos. Ele mostrava um semblante mal-humorado e índole agressiva, e minhas meninas tinham um medo mortal dele.

Nossa família morava na parte de cima do sobrado, e ele, sua mãe e seu irmão de 3 anos de idade moravam na parte de baixo. A mãe dele e eu falávamos de maneira amistosa quando passávamos uma pela outra, entrando em casa ou saindo, mas com Tommy, de 12 anos, a coisa era diferente. Nós avisávamos nossas filhas para que saíssem do caminho dele, mas, na prática, ninguém conseguia evitá-lo. O fato de ele ser grande e forte para sua idade tornava tudo ainda pior.

Então, em uma tarde, vi o irmãozinho de Tommy brincando sozinho, no pátio dos fundos. Ele jogava folhas e brincava com gravetinhos, como fazem os meninos pequenos. Minutos mais tarde, ouvi uma voz aguda, gritando palavras iradas e desprezíveis. A mãe de Tommy estava chamando o irmãozinho para dentro de casa. Ah! Agora eu entendia Tommy um pouco melhor, mas isso não resolvia o nosso problema.

Certa tarde, a mãe de Tommy me telefonou e disse que minha encomenda dos potes de plástico havia chegado. Quando desci para buscá-la, ela me convidou para entrar. A cozinha ficava à esquerda da porta da frente, e vi Tommy diante do fogão, fritando alguma coisa em uma frigideira grande. “Tommy, eu aposto que sua mãe fica feliz quando você a ajuda a preparar a janta”, eu lhe disse. “Eu sempre fico contente quando minhas meninas me ajudam.”

Tommy pegou um pedaço de carne com um garfo e o tirou do óleo fervente, segurando-o em minha direção. “Aqui, prove um pouquinho”, ele disse. Bem, eu era vegetariana fazia décadas, mas simplesmente não havia a possibilidade de ferir os sentimentos daquele menino.

“Muito obrigada”, eu disse. “Você acertou tão bem o ponto! Está tostadinho.” E ele acertou mesmo. Então, falando com a boca cheia, eu me despedi e corri escada acima – onde cuspi fora o bocado.

Na tarde seguinte, Tommy estava perambulando pelo pátio da frente, como de costume, porém desta vez ele segurou a porta aberta para mim, com um largo sorriso. E eu estaria mentindo se não lhe contasse que, quanto a nós, Tommy era uma criança mudada. Com pequenos gestos, ele era prestativo com nossas meninas, e sempre tinha um grande sorriso para mim. A bondade pode ter esse efeito sobre as pessoas. Chega a ser engraçado!

Penny Estes Wheeler