Quinta-feira
23 de novembro
Kennedy – Parte 2
Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene. Amós 5:24

As circunstâncias que colocaram o presidente Kennedy perante uma decisão de vida ou morte, que abriria precedentes, foram criadas pelo então governador do Alabama, George Wallace, que se via como o preservador de uma longa tradição de apartheid entre negros e brancos. O Sr. Wallace havia chegado a crer que sua posição quanto à segregação era uma questão de princípio e de consciência. Estava disposto a enfrentar uma lei que havia sido aprovada em 1954 – Brown versus Conselho de Educação – declarando a segregação inconstitucional, e disposto inclusive a fazer oposição ao presidente dos Estados Unidos para defender um modo de vida que havia beneficiado um grupo de pessoas em detrimento de outro. O Sr. Wallace não conseguia aceitar a definição de Kennedy para “americano”, embora a justiça e a misericórdia, a retidão e a graça o exigissem.

O que me chocou, enquanto eu assistia ao impressionante documentário de Robert Drews sobre essa confrontação, foi que o presidente teve que usar a força para implementar uma lei justa. Não importava o que um indivíduo ou mesmo um grupo de indivíduos considerasse justo ou certo – a nação, mediante sua mais alta corte, já havia julgado a matéria: a segregação étnica ia contra o espírito e a verdade da 13a, 14a e 15a Emendas, contra a escravidão. Para o governador do Alabama, era fácil dizer que sua luta em favor da segregação era uma questão moral; na verdade, era o contrário. A verdade, acima do costume, deve determinar o que é uma questão de consciência.

Era isso que Deus dizia ao Seu povo por intermédio do profeta Amós: esquadrinhem sua consciência para ver se estão sendo justos comigo e com seu irmão e irmã, vocês, que convertem o juízo em amargura e deitam por terra a justiça. Busquem ao Senhor e vivam! (ver Am 5:6, 7). Deus não usou a força para fazer com que o povo caísse em si, mas apelou ao seu senso de justiça e misericórdia. A dura avaliação e a condenação divina acerca do Seu povo não se fundamentou em falhas na observância de ritos e cerimônias, mas em seu fracasso moral diante dEle e de um para com o outro: “Detestam aquele que fala a verdade” (v. 10). O apelo de Deus para que voltassem à verdade era um chamado para esquadrinhar a alma, para encontrar as raízes da injustiça e iniquidade, não tanto em sua sociedade, mas em cada coração humano. Com misericórdia, Deus chama diariamente a cada um de nós para quebrarmos a dureza do coração, permitindo que a justiça e a retidão inundem a vida daqueles com quem entramos em contato.

Lourdes Morales-Gudmundsson