Sexta-feira
15 de dezembro
Lágrimas
Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim, mas por vocês e pelos seus filhos! Lucas 23:28

O filme A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, fez um sucesso estrondoso. Seu grande diferencial é a hiperênfase no sofrimento físico de Jesus. As cenas mostram riqueza de detalhes e requinte de crueldade.

Há notícias de pessoas que morreram ao assistir ao filme, como um pastor brasileiro, uma mulher americana e outra venezuelana. Os três foram vítimas de infarto fulminante dentro de cinemas em seus respectivos países.

Esses casos ilustram como a ênfase exagerada no sofrimento físico de Jesus, tal como retratado em A Paixão de Cristo, impede as pessoas de se beneficiarem de maneira plena da mensagem do evangelho e, em sentido espiritual e até físico, causa morte e não vida.

Essa não é uma percepção nova a respeito do sofrimento de Cristo. Quando Jesus se dirigiu para o calvário com o corpo ensanguentado pelo terrível açoite e com uma coroa de espinhos na cabeça, muitas pessoas que estavam em Jerusalém e assistiram à tortura a que o Senhor foi submetido demonstraram sentimento de consternação e pena.

Lucas relata: “Uma grande multidão o seguia. Nela havia algumas mulheres que choravam e se lamentavam por causa dele” (Lucas 23:27). Jesus viu essas manifestações e interveio, dizendo: “Mulheres de Jerusalém, não chorem por mim, mas por vocês e pelos seus filhos!” (Lucas 23:28).

Com educação e sem menosprezar as pessoas, o Senhor quis deixar claro que o sentimento de pena, especialmente por conta do sofrimento físico, não é o mais apropriado diante do sacrifício dele. Há muito mais do que dor e morte envolvido nas cenas da cruz. E é o sentido mais profundo que Jesus espera que seus seguidores captem.

O drama da cruz reside no fato de que, “sobre Cristo como nosso substituto e penhor, foi posta a iniquidade de nós todos. […] A ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de seu desagrado por causa da iniquidade, encheu de consternação a alma de seu Filho” (O Desejado de Todas as Nações, p. 753).

O que você sente quando pensa na cruz e no sofrimento de Jesus? Pena? Esse não deve ser o foco. No calvário, contemplamos o Pai irado castigando o pecador com justiça. Deveríamos chorar pensando no fato de que aquele era o nosso lugar e louvar a Deus, com alegria, por Jesus ter se oferecido para nos salvar. Pense em Cristo hoje e derrame lágrimas pelo motivo certo.