Meu nome é Pedro, e eu sou um covarde.

Tudo começou certa noite, no momento do jantar. Jesus estava sentado conosco à mesa, e falou a respeito de muitas coisas preocupantes e das provações que Lhe sobreviriam. Depois, partiu o pão e o distribuiu, chamando-o de “Meu corpo”. Compartilhou uma taça de suco de uva e o chamou de “Meu sangue”.

O Mestre me advertiu e disse que Satanás estava procurando oportunidade para me destruir e peneirar como trigo. Mencionou que havia orado para que minha fé não fracassasse. Procurei argumentar dizendo: “Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte” (Lc 22:33). Porém, Jesus me disse que, naquela noite, antes que o galo cantasse eu iria negar que O conhecia, não apenas uma vez, mas três!

Certamente, eu O amava mais do que qualquer outra pessoa! Deixei tudo para segui-Lo desde o início de Seu ministério. Ouvia Suas pregações e admirava Seus ensinos. Durante uma tempestade em alto mar, andei sobre a água para ir ao Seu encontro! A ideia de que eu O negaria parecia absurda!

Até que […]

Na noite em que Ele estava sendo julgado, uma serva passou pelo pátio em que nos aquecíamos junto ao fogo. Ela me reconheceu e, apontando para mim, disse em voz alta que eu havia estado com Jesus. Depois, um homem próximo a ela confirmou essa declaração. Em seguida, outro gritou que eu era galileu e um dos discípulos de Cristo.

Procurei me defender dizendo que não conhecia Jesus e que jamais havia estado com Ele. Jurei que não sabia do que eles estavam falando. Foi então que ouvi o galo cantar!

Naquela noite, Jesus foi julgado diante de um conselho corrupto, formado clandestinamente. Tendo sido condenado à morte, na manhã seguinte, Ele foi ridicularizado, espancado e açoitado. Além disso, foi forçado a carregar Sua própria cruz pelas ruas de Jerusalém. Então, ao morrer, Ele disse: “Está consumado.”

Graças a Deus, esse não é o fim da história! Jesus ressuscitou. A sepultura não pôde impedir que a glória de Deus se manifestasse. Meu pecado foi purificado, minha dívida foi paga.

Meu nome é Pedro, e fui redimido!

Allison Sauceda | Centerville, Ohio, EUA

Se você procura, na Bíblia, alguém que foi completamente transformado por Jesus, basta olhar para Simão Pedro. Nesta semana, estudaremos como era Pedro antes de Cristo entrar em sua vida, como foi transformado pelo evangelho e de que maneira Jesus usou esse discípulo em Sua recém-fundada igreja.

Simão Pedro (Mt 4:18). A escolha de Simão para ser discípulo deixa a impressão de que Cristo precisava de uma boa assessoria em recursos humanos. Dificilmente alguém escolheria Simão, uma pessoa rude, sem tato e instrução.

Pelo fato de ser pescador, Simão tinha uma posição inferior na sociedade judaica. Lembro-me de como era difícil, depois de pescar, tirar das mãos o cheiro de peixe, mesmo com os sabonetes mais perfumados. Os pescadores, em geral, têm um cheiro característico que os acompanha, e ele não é nada agradável.

Na época de Jesus, os pescadores eram considerados impuros para os rituais judaicos pelo fato de ter que manusear peixes imundos, apanhados em suas redes. No entanto, entre os doze discípulos, sete eram pescadores.

Simão se torna Pedro (Mc 1:16-18; Jo 1:40-42). André, um dos discípulos de João Batista, ouviu seu testemunho de que Jesus era o Messias prometido. Cheio de alegria, André convidou Simão, seu irmão, para conhecer Jesus. Quando Jesus viu Simão, disse: “Você é Simão, filho de João.” Simão percebeu que Jesus tinha estado à procura dele. Então, Jesus disse aquelas palavras que mudariam o nome e a vida de Simão: “De agora em diante o seu nome será Cefas” (Jo 1:42, NTLH). Cefas, em aramaico, significa “pedra”, equivalente ao grego “Pedro”, que significa “pedra ou pedregulho”.

Pedro, a Rocha e a pedra de tropeço (Mt 16:13-23). Em Mateus 16:13, Jesus perguntou aos Seus discípulos: “Quem os homens dizem que o Filho do homem é?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Cristo elogiou Pedro por suas palavras, mas deixou claro que Ele é a Rocha da salvação e Pedro era apenas uma “pedra”.

O Salvador, então, falou a respeito da Sua rejeição, morte e ressurreição, que ocorreriam futuramente. Surpreso, Pedro disse: “Nunca, Senhor!” (v. 22). Jesus respondeu: “Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para Mim” (v. 23). Pedro compreendeu que estava diante do verdadeiro Messias, mas, naquele momento, não conseguiu entender Sua missão.

A negação de Pedro (Lc 22:31-34, 54-62). O último encontro com Jesus, antes da cruz, foi marcado pela arrogância do discípulo: “Estou pronto para ir contigo para a prisão e para a morte” (v. 33), disse Pedro. Certamente, foi doloroso ouvir a resposta de Jesus: “[…] Antes que o galo cante hoje, três vezes você negará que Me conhece” (v. 34).

Após negar Seu Mestre pela terceira vez, Jesus olhou fixamente para Pedro (v. 61).

Isso o quebrantou. Ele saiu dali e chorou amargamente. Como poderia conviver com essa lembrança?

Pedro, o pastor (Jo 21:15-19; 1Pe 5:4). Quando soube que Jesus havia ressuscitado, Pedro ficou extremamente feliz. Saiu correndo em direção ao Seu túmulo. A lembrança daquela negação o perseguia. Será que ele seria excluído do grupo dos discípulos?

Junto ao mar da Galileia, Jesus tratou dessa questão. Depois de uma fracassada noite de pesca, os discípulos atenderam ao conselho de “um estranho” que se encontrava na praia. O resultado foi uma rede cheia de peixes. Percebendo que o estranho era Jesus, Pedro foi ao Seu encontro.

Jesus lhe perguntou: “Simão, você Me ama realmente mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.” Jesus disse: “Cuide dos Meus cordeiros” (Jo 21:15). Jesus fez a pergunta mais duas vezes. Pedro deve ter ficado mais angustiado a cada repetição da pergunta, e a cada vez respondia: “Sim, Senhor”, ao passo que Jesus dizia: “Pastoreie Minhas ovelhas.”

Três vezes Pedro havia negado Jesus, e três vezes Ele deu a Pedro a oportunidade de expressar seu amor. Pedro não foi rejeitado, mas perdoado! Mais tarde, ao desempenhar seu papel como pastor junto às igrejas, o apóstolo escreveu as cartas de 1 e 2 Pedro, encorajando as ovelhas a aguardar fielmente a volta de Jesus e a manter viva a esperança de que “quando Se manifestar o supremo Pastor, [elas receberiam] a imperecível coroa da glória” (1Pe 5:4).

Franke Zollman | Smithsburg, Maryland, EUA

“No momento em que achavam que estavam perdidos, o clarão de um relâmpago revelou-lhes um misterioso vulto que se aproximava deles, vindo sobre as águas. Contudo, não sabiam que era Jesus. Aquele que vinha para ajudá-los foi considerado um inimigo. […]

“Acharam que fosse um fantasma anunciando a destruição deles e gritaram atemorizados. Jesus avançou como se quisesse passar adiante deles; mas O reconheceram e clamaram por socorro. Seu querido Mestre Se voltou para eles, e Sua voz acalmou seus temores: ‘Coragem! Sou Eu. Não tenham medo!’ (Mt 14:27).

“Quando aceitaram o assombroso fato, Pedro ficou extasiado. Como se ainda não pudesse crer, exclamou: ‘Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E Ele disse: Vem!’ (v. 28, 29).

“Olhando para Jesus, Pedro caminhou firmemente; mas, orgulhoso de sua condição, olhou para os companheiros no barco, desviando os olhos do Salvador. O vento era impetuoso. As altas ondas se agitavam e se levantavam exatamente entre ele e o Mestre; e Pedro ficou com medo. Por um momento, não conseguiu mais ver Cristo, e sua fé desfaleceu. O apóstolo começou a afundar. Mas, enquanto as ondas prenunciavam sua morte, Pedro ergueu os olhos para Jesus e exclamou: ‘Senhor, salva-me!’ (v. 30). Cristo segurou imediatamente a estendida mão, dizendo: ‘Homem de pequena fé, por que você duvidou?’ (v. 31).

“Quantas vezes, ao passarmos pela aflição, fazemos como Pedro! Olhamos para as ondas, em vez de manter os olhos fixos no Salvador. […] Jesus não nos chama a segui-­Lo para depois nos abandonar. ‘Quando passares pelas águas, estarei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque Eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador’ (Is 43:2, 3).”^*

* Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 381, 382.

Nathan Zollman | Chattanooga, Tennessee, EUA

Fomos chamados para ser um povo escolhido. Devemos viver no mundo sem ser do mundo. Mas, se todos somos pecadores, em que sentido a vida do cristão é diferente da vida de alguém que não professa o cristianismo?

O próprio Jesus escolheu Pedro e o chamou para segui-Lo. O fato de que Pedro experimentou perdão, amor e transformação fez com que ele se tornasse a pessoa idealizada por Deus desde o princípio.

Como isso pode acontecer conosco?

Compreendendo que é a graça de Deus que nos transforma. Por Seu amor, Deus inicia esse processo de transformação da nossa natureza. Não somos nós que O escolhemos. É Ele quem nos escolhe.

Lembrando que Deus nos chama para ser santos em todas as coisas. Isso se aplica às ocasiões em que estamos dirigindo, caminhando entre as multidões, pagando nossas contas e realizando nossas tarefas escolares. O que quer que façamos, devemos fazê-lo da melhor maneira possível (1Pe 1:13-15).

Evitando as tentações. Precisamos vigiar e orar para não cair nos mesmos erros dos quais Deus já nos perdoou. Isso exige esforço diligente e consciente e significa que não devemos ceder às paixões carnais (1Pe 2:9-11).

Reconhecendo que o inimigo anda ao nosso redor, procurando nos derrubar (1Pe 5:8). Você chegaria perto de um leão faminto que estivesse rugindo? Precisamos constantemente estar em guarda para não cair em suas armadilhas!

Tendo em mente que somos uma geração escolhida. Isso não significa que sejamos melhores do que os outros, mas que se espera mais de nós. Somos escolhidos por Deus para mostrar ao mundo quem Ele é e para comunicar o amor divino por meio dos nossos atos.

Melinda Tamaleaa | Topsham, Maine, EUA

Pedro foi um erro?

Jesus chamou pessoas aparentemente inadequadas para ser Seus discípulos e as designou para que fossem “pescadores de homens”. Você já pensou na possibilidade de que Ele talvez devesse ter recusado a Pedro? O fato de que André e Pedro eram irmãos não obrigava Jesus a chamar os dois. Pedro era um perdedor. Você manteria um funcionário que tivesse o registro de Pedro? Alguém que:

Solicitou privilégios administrativos (Mt 14:28).

Demorou para entender as coisas (Mt 15:15, 16).

Contestou aquilo que lhe foi comunicado (Mt 16:22, 23).

Falou quando devia ter ficado calado (Mt 17:1-4).

Não teve compaixão quando os outros cometeram erros (Mt 18:21).

Foi egoísta (Mt 19:27).

Teve confiança exagerada em si mesmo (Mt 26:33).

Fugiu quando as coisas ficaram difíceis (Mt 26:56).

Tinha a “boca suja” (Mt 26:74).

Mentiu a respeito de seu envolvimento com a empresa (Mt 26:69-74).

Por que Jesus não o despediu? Na verdade, por que o chamou? Quando Jesus procura trabalhadores para Sua seara, Ele adota um critério diferente do nosso. Na realidade, estamos mais interessados em desempenho e eficiência. No entanto, Jesus procura alguém de coração puro, mesmo que esteja dentro do peito de um perdedor. Seus olhos examinam a multidão em busca daqueles que são sinceros e procuram por Ele.

Veja os resultados: Sua equipe de doze, incluindo Pedro, o perdedor, virou o mundo de cabeça para baixo.

É interessante perceber o contraste entre o Pedro que foi chamado para ser discípulo de Cristo e a pessoa em que ele foi transformado após a cruz. Em uma de suas cartas, escrita quase 30 anos mais tarde, o perdedor transformado em líder escreveu: “Tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, […] sejam misericordiosos e humildes. Não retribuam […] insulto com insulto; […] guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. […] busque a paz com perseverança” (1Pe 3:8-11).

Foi Pedro mesmo quem escreveu isso?

Sim! É impressionante o que Jesus pode fazer com um perdedor.

Kandace Zollman | Smithsburg, Maryland, EUA