Lição 11
02 a 09 de setembro
Liberdade em Cristo
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 18–20
Verso para memorizar: Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor” (Gl 5:13).
Leituras da semana: Gl 5:1-15; 1Co 6:20; Rm 8:1; Hb 2:14, 15; Rm 8:4; 13:8

Em Gálatas 2:4, Paulo mencionou resumidamente a importância de proteger a “liberdade” que temos em Cristo Jesus. Mas o que Paulo quis dizer quando falou de “liberdade”, como ele fez com tanta frequência? O que essa liberdade abrange? Até que ponto vai essa liberdade? Será que ela tem limites? Qual é a relação entre a liberdade em Cristo e a lei?

Paulo abordou essas questões advertindo os gálatas de dois perigos. O primeiro era o legalismo. Os oponentes de Paulo na Galácia estavam tão envolvidos em tentar ganhar o favor de Deus, por seu comportamento, que perderam de vista a natureza libertadora da obra de Cristo e a salvação que já tinham nEle mediante a fé. O segundo perigo era a tendência de abusar da liberdade que Cristo comprou para nós, caindo na libertinagem. Os que apoiavam esse ponto de vista acreditavam erroneamente que a liberdade fosse contrária à lei.

Tanto o legalismo quanto a libertinagem são contrários à liberdade, pois ambos igualmente mantêm seus adeptos em uma forma de escravidão. Porém, o apelo de Paulo aos gálatas foi que eles se mantivessem firmes na verdadeira liberdade que lhes pertencia legitimamente em Cristo.


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Domingo, 03 de setembro
Ano Bíblico: Ez 21–23
Cristo nos libertou

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gl 5:1, NVI).

Como a ordem de mobilização de um líder militar às suas tropas vacilantes, Paulo ordenou aos gálatas que não abrissem mão de sua liberdade em Cristo. A impetuosidade e a intensidade do tom de Paulo fazem com que suas palavras quase saltem da página para a ação. Na verdade, isso parece ser exatamente o que Paulo pretendia. Embora esse verso esteja ligado tematicamente ao que vem antes e depois dele, sua rudeza e falta de ligações sintáticas em grego sugerem que Paulo queria que esse verso se destacasse como um gigantesco painel de propagandas. Todo o raciocínio de Paulo se resume na liberdade em Cristo, e os gálatas estavam em perigo de abandoná-la.

1. Leia Gálatas 1:3, 4; 2:16 e 3:13. Quais são as metáforas usadas nesses versos? Como essas figuras nos ajudam a entender o que Cristo fez por nós?

As palavras de Paulo, “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5: 1, NVI), podem sugerir que ele tivesse outra metáfora em mente. A redação dessa frase é similar à fórmula utilizada na sagrada libertação (alforria) de escravos. Pelo fato de que os escravos não tinham direitos legais, havia a crença de que uma divindade poderia comprar sua liberdade, e em compensação, o escravo, embora realmente livre, pertenceria legalmente àquele deus. Evidentemente, na prática o processo era fictício. Era o escravo que entregava o dinheiro à tesouraria do templo para obter sua liberdade. Considere, por exemplo, a fórmula utilizada em uma das quase mil inscrições encontradas no templo da sacerdotisa de Apolo, em Delfos, que datam de 201 a.C. a 100 d.C.: “Para a liberdade, Apolo, o deus do templo de Delfos, comprou de Sosibus de Amfissa uma escrava cujo nome é Niceia […]. No entanto, em troca da liberdade, Niceia, a escrava adquirida, dedicou-se a Apolo” (Ben Witherington III, Grace in Galatia [Graça na Galácia], Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company, 1998, p. 340).

Essa fórmula compartilha de uma semelhança fundamental com as palavras de Paulo, mas há uma diferença básica. Na metáfora de Paulo, nenhuma ficção está envolvida. Não pagamos o preço da compra (1Co 6:20; 7:23). O preço era alto demais para nós. Éramos impotentes para alcançar por nós mesmos a salvação, mas Jesus entrou em ação e fez por nós o que não poderíamos ter feito. Ele pagou a penalidade pelos nossos pecados, libertando-nos, assim, da condenação.

Você já pensou que poderia salvar a si mesmo? Somos gratos por tudo que recebemos em Jesus?


Segunda-feira, 04 de setembro
Ano Bíblico: Ez 24–26
A natureza da liberdade cristã

A ordem para que os gálatas permanecessem firmes na liberdade não foi dada isoladamente. Um fato importante a precede: “Cristo nos libertou”. Por que os cristãos deviam ficar firmes em sua liberdade? Porque Cristo os havia libertado. Em outras palavras, nossa liberdade é o resultado do que Cristo fez por nós.

Esse padrão em que a afirmação de um fato é seguida por uma exortação é típico nas cartas de Paulo (1Co 6:20; 10:13, 14; Cl 2:6). Por exemplo, em Romanos 6, Paulo fez várias declarações que indicam nossa condição em Cristo, como esta: “Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Ele” (Rm 6:6, NVI). Com base nesse fato, Paulo pôde então anunciar a exortação imperativa: “Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais” (Rm 6:12, NVI). Essa era a maneira de Paulo dizer, essencialmente: “Torne-se o que você já é em Cristo”. A vida ética do evangelho não apresenta a responsabilidade de ter que tentar fazer coisas a fim de provar que somos filhos de Deus. Ao contrário, fazemos coisas porque já somos Seus filhos.

2. De acordo com Romanos 6:14, 18; 8:1; Gálatas 4:3, 8; 5:1 e Hebreus 2:14, 15, do que Cristo nos libertou? Leia os seguintes textos e assinale a alternativa correta:

A.( ) Da obrigação de cumprir a lei.

B.( ) Da escravidão do pecado, da condenação da lei e do legalismo.

O uso da palavra liberdade para descrever a vida cristã é mais destacado nas cartas de Paulo do que em qualquer outro lugar do Novo Testamento. A palavra liberdade e seus cognatos ocorrem 28 vezes nas cartas de Paulo, em contraste com apenas 13 vezes em outros lugares.

O que Paulo quis dizer por liberdade? Em primeiro lugar, não se trata de um mero conceito abstrato. Não se refere à liberdade política, liberdade econômica, nem à liberdade de viver da maneira que nos agrade. Ao contrário, é uma liberdade fundamentada em nosso relacionamento com Jesus Cristo. O contexto sugere que Paulo estivesse se referindo à liberdade da escravidão e da condenação de um cristianismo fundamentado na lei, mas nossa liberdade inclui muito mais. Ela inclui libertação do pecado, da morte eterna e do diabo.

“Fora de Jesus Cristo, a existência humana é caracterizada como escravidão: da lei, dos elementos do mal que dominam o mundo, do pecado, da carne e do diabo. Deus enviou Seu Filho ao mundo para quebrar o domínio desses senhores de escravos” (Timothy George, Galatians, p. 354).

Você se sente escravizado por alguma coisa? Memorize Gálatas 5:1 e peça a Deus que torne real em sua vida a liberdade em Cristo.


Terça-feira, 05 de setembro
Ano Bíblico: Ez 27–29
As perigosas consequências do legalismo (Gl 5:2-12)

A maneira pela qual Paulo introduziu Gálatas 5:2-12 indica a importância do que ele estava prestes a dizer. “Prestem atenção!” (NTLH), “Ouçam bem” (NVI), “Eis que eu, Paulo, vos digo” (ARC). Paulo não estava brincando. Por sua vigorosa utilização da expressão “Prestem atenção”, ele não somente pediu toda a atenção de seus leitores, mas ainda evocou sua autoridade apostólica. Ele queria que eles entendessem que, se os gentios se submetessem à circuncisão para ser salvos, os gálatas precisavam entender as consequências perigosas envolvidas em sua decisão.

3. Leia Gálatas 5:2-12. Qual foi a advertência de Paulo sobre a questão da circuncisão?

As primeiras consequências de tentar ganhar o favor de Deus submetendo-se à circuncisão era que isso obrigava a pessoa a guardar toda a lei. A linguagem de Paulo nos versos 2 e 3 inclui um interessante jogo de palavras. Cristo, disse ele, não lhes traria proveito (ophelesei); ao contrário, eles seriam obrigados (opheiletes) a cumprir a lei. Se uma pessoa quisesse viver de acordo com a lei, não poderia simplesmente escolher cuidadosamente os preceitos que desejava seguir. Era tudo ou nada.

Em segundo lugar, eles seriam “separados” de Cristo. A decisão de ser justificado pelas obras envolvia ao mesmo tempo uma rejeição da maneira divina de justificação em Cristo. “Você não pode obtê-la pelos dois caminhos. É impossível receber Cristo, reconhecendo assim que você não pode salvar a si mesmo, e depois receber a circuncisão, dizendo assim que você pode” (John R. W. Stott, The Message of Galatians [A Mensagem de Gálatas], Leicester, Inglaterra: InterVarsity Press, 1968, p. 133).

A terceira objeção de Paulo à circuncisão era que ela prejudicava o crescimento espiritual. Ele fez uma analogia de um corredor cujo progresso em direção à linha de chegada havia sido deliberadamente sabotado. Na verdade, a palavra traduzida como “impediu” (v. 7) era usada nos círculos militares para se referir à ação de “quebrar uma estrada, destruir uma ponte ou colocar obstáculos no caminho de um inimigo para deter seu avanço” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1083).

Finalmente, a circuncisão removia o escândalo da cruz. Como? A mensagem da circuncisão significava que a pessoa podia salvar a si mesma; ela era agradável ao orgulho humano. A mensagem da cruz, no entanto, era ofensiva e vergonhosa, porque o ser humano tinha que reconhecer sua total dependência de Cristo.

Paulo ficou tão indignado com essas pessoas por sua insistência em relação à circuncisão que disse que desejava que eles se castrassem com uma faca! Foram palavras fortes, mas o tom de Paulo simplesmente refletia a seriedade com que ele encarava essa questão.


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Quarta-feira, 06 de setembro
Ano Bíblico: Ez 30–32
Liberdade, não libertinagem (Gl 5:13)

Gálatas 5:13 marca uma importante mudança nessa epístola. Ao passo que até esse ponto Paulo havia se concentrado exclusivamente no conteúdo teológico de sua mensagem, ele agora se voltou para a questão do comportamento cristão.

4. De acordo com Gálatas 5:13, que possível abuso da liberdade Paulo queria evitar que os Gálatas cometessem?

Paulo estava consciente dos potenciais equívocos que acompanhavam sua ênfase na graça e na liberdade que os cristãos têm em Cristo (Rm 3:8; 6:1, 2). O problema, entretanto, não era o evangelho de Paulo, mas a tendência humana de ceder às próprias inclinações. As páginas da história estão repletas de relatos sobre pessoas, cidades e nações cuja corrupção e declínio ao caos moral estavam diretamente relacionados à sua falta de domínio próprio. Quem já não sentiu essa tendência na própria vida? Foi por isso que Paulo apelou aos seguidores de Jesus para que não satisfizessem a vontade da carne. Na verdade, ele queria que eles fizessem o contrário, como está no verso 13: “Sirvam uns aos outros mediante o amor” (NVI). Toda pessoa que serve aos outros por amor sabe que isso só pode ser feito mediante a morte para o eu e para a carne. Os que se entregam aos desejos da carne não tendem a servir aos outros.

Assim, nossa liberdade em Cristo não é meramente uma libertação da escravidão do mundo, mas um chamado para um novo tipo de serviço, a responsabilidade de servir aos outros por amor. É “a oportunidade de amar o próximo sem obstáculos, a possibilidade de criar comunidades com base na doação mútua e não na busca de poder e status” (Sam K. Williams, Galatians [Gálatas], Nashville, Tennessee: Abingdon Press, 1997, p. 145).

Devido à nossa familiaridade com o cristianismo e o estilo de linguagem das traduções modernas de Gálatas 5:13, é fácil ignorar o poder surpreendente que essas palavras devem ter transmitido aos gálatas. Em primeiro lugar, na língua grega, essas palavras indicam que o amor que motiva esse tipo de serviço não é o amor humano comum – isso seria impossível; o amor humano é muito condicional. Em segundo lugar, o uso que Paulo fez do artigo “o” (NVI) antes da palavra amor, em grego, indica que ele estava se referindo ao amor divino; o amor que recebemos unicamente por meio do Espírito (Rm 5:5). A verdadeira surpresa está no fato de que a palavra traduzida por “servir” é a palavra grega para “ser escravizado”. Nossa liberdade não é para nossa autonomia própria, mas para a escravidão mútua de uns para com os outros, com base no amor de Deus.

Você já pensou que poderia usar a liberdade que tem em Cristo para ceder, um pouquinho, ao pecado? O que há de tão ruim com esse tipo de pensamento?


Quinta-feira, 07 de setembro
Ano Bíblico: Ez 33–35
Cumprindo toda a lei (Gl 5:13-15)

5. Como você concilia os comentários negativos de Paulo sobre “guardar toda a lei” (Gl 5:3) com sua afirmação positiva de que “toda a lei se cumpre” (Gl 5:14)? Compare Rm 10:5, Gl 3:10, 12, e 5:3 com Rm 8:4, 13:8, e Gl 5:14

Muitos têm visto como paradoxal o contraste entre os comentários negativos de Paulo sobre “guardar (poiêsai, em grego) toda a lei” e suas afirmações positivas de que “toda a lei se cumpre (plêroutai, em grego)”. Mas não é. A solução está no fato de que Paulo, intencionalmente, usou cada frase para fazer uma importante distinção entre duas maneiras diferentes de definir o comportamento cristão em relação à lei. Por exemplo, é significativo que, quando Paulo se referiu positivamente à observância cristã da lei, ele nunca descreveu isso como “guardar a lei”. Ele reservou essa frase para se referir exclusivamente ao comportamento equivocado dos que viviam sob a lei e tentavam obter a aprovação de Deus “guardando” o que a lei ordena.

Isso não significa que os que encontravam a salvação em Cristo não obedeciam aos mandamentos. Nada poderia estar mais longe da verdade. Paulo disse que eles “cumpriam” a lei. Ele quis dizer que o verdadeiro comportamento cristão é muito mais do que a obediência exterior de apenas “guardar” a lei; é “cumprir” a lei. Paulo usou a palavra cumprir porque ela vai muito além de simplesmente “guardar”. Esse tipo de obediência está fundamentado em Jesus (Mt 5:17). Não é um abandono da lei, nem uma redução da lei para o “amor” apenas, mas é uma forma pela qual o cristão experimenta a verdadeira intenção e significado de toda a lei!

6. De acordo com Paulo, onde encontramos o pleno significado da lei? Lv 19:18; Mc 12:31, 33; Mt 19:19; Rm 13:9; Tg 2:8

Embora seja uma citação de Levítico, a declaração de Paulo em Gálatas está, em última análise, fundamentada no uso que Jesus fez de Levítico 19:18. Jesus, porém, não foi o único mestre judeu a se referir a Levítico 19:18 como o resumo de toda a lei. O rabino Hillel, que viveu aproximadamente uma geração antes de Jesus, disse: “O que é detestável a você, não faça ao seu próximo; essa é toda a lei”. Mas a perspectiva de Jesus foi radicalmente diferente (Mt 7:12). Ela não apenas foi mais positiva, mas também demonstrou que a lei e o amor não são incompatíveis. Sem amor, a lei é vazia e fria; sem lei, o amor não tem sentido.

O que é mais fácil: amar os outros ou simplesmente obedecer aos Dez Mandamentos? O que uma coisa tem que ver com a outra? Comente com a classe.

O batismo da primavera será realizado nos dias 16 e 23 de setembro. Ore e prepare o coração dos jovens de sua igreja. Ajude alguém e experimente os milagres de Deus em sua vida também!

Sexta-feira, 08 de setembro
Ano Bíblico: Ez 36–38
Estudo adicional

fé genuína sempre atua pelo amor. Quando vocês olham ao Calvário, não é para aquietar a consciência na falha em cumprir o dever, não é para se acomodarem para dormir, mas para suscitar fé em Jesus, fé que atue, purificando a pessoa do lodo do egoísmo. Quando nos apoderamos de Cristo pela fé, nossa obra apenas começou. Todo ser humano tem hábitos corruptos e pecaminosos, que devem ser vencidos por vigorosa luta. De toda pessoa se requer empenho no combate da fé. Se alguém é seguidor de Cristo, não pode ter trato ríspido, não pode ter coração duro, falta de compaixão. Não pode ter linguagem vulgar. Não pode ser cheio de pompa e presunção. Não pode ser dominador, nem pode usar palavras ásperas, nem censurar e condenar.

“A obra do amor brota da obra da fé. A religião bíblica significa um trabalho constante. […] (Mt 5:16). ‘Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade’ (Fp 2:12, 13). Cumpre-nos ser zelosos de boas obras; sejamos cuidadosos em manter boas obras (Tt 2:14; 3:8). E a Testemunha Verdadeira diz: ‘Conheço as tuas obras’ (Ap 2:2).

“Se bem que seja verdade que nossas atividades atarefadas não nos garantem, em si, a salvação, também é verdade que a fé que nos une a Cristo estimulará a pessoa à atividade” (MS 16, 1890; Comentários de Ellen G. White, Comentário
Bíblico Adventista
, v. 6, p. 1240).

Perguntas para reflexão

1. O que significa cumprir a lei?

2. Paulo disse que a fé ‘atua’ pelo amor (Gl 5:6). O que ele quis dizer com essas palavras?

3. Por que é tão fácil usar a liberdade em Cristo para se entregar ao pecado? Em qual armadilha estão caindo os que fazem essa escolha? (1Jo 3:8).

Resumo: Liberdade é uma das palavras favoritas de Paulo para definir o evangelho. Ela inclui tanto o que Cristo fez por nós, ao nos libertar da escravidão do mundo, quanto a maneira pela qual somos chamados a viver o cristianismo. Precisamos ter cuidado, porém, para que nossa liberdade não se torne vítima do legalismo nem da libertinagem. Cristo não nos libertou para que servíssemos a nós mesmos, mas para que entregássemos nossa vida no ministério aos nossos semelhantes.

Respostas e atividades da semana: 1. Com uma semana de antecedência, escolha um aluno para estudar os textos propostos para a questão. Em classe, peça a ele que compartilhe sua resposta. 2. B. 3. Peça a opinião dos alunos. 4. Peça a opinião dos alunos. 5. Com antecedência, escolha duas pessoas e peça que estudem os argumentos em favor da guarda da lei por amor e os argumentos negativos em relação à lei e à salvação pelas obras. Peça que elas anotem pontos que ajudem a conciliar essas ideias aparentemente contraditórias. Na classe, abra a discussão para os demais alunos.
6. Peça a opinião dos alunos.



Resumo da Lição 11
Liberdade em Cristo

TEXTO-CHAVE: Gálatas 5:13

O ALUNO DEVERÁ

Saber: Como a verdadeira liberdade em Cristo evita tanto o legalismo quanto a licenciosidade.

Sentir: A alegria inspiradora que a liberdade em Cristo oferece.

Fazer: Crescer no serviço de amor que nasce mediante a fé em quem está unido a Cristo.

ESBOÇO

I. Saber: A verdadeira liberdade

A. Como a fé em Cristo nos liberta? Do que e de quem somos libertos?

B. O que somos chamados a fazer com nossa liberdade?

C. Por que nossa liberdade em Cristo resulta em “cumprir” a lei por amor, ao contrário de “guardar” a lei de forma legalista?

II. Sentir: Alegria na liberdade

A. Como a liberdade da escravidão do pecado, da morte e do diabo afeta nossas atitudes e relacionamentos com os outros?

B. Como expressar alegria na adoração Àquele que nos libertou e nos capacita a viver pela fé?

C. Como a alegria está relacionada com a fé?

III. Fazer: Liberdade ativa

A. Se somos verdadeiramente livres por estar unidos a Cristo mediante a fé, teremos alegria e amor, os quais serão expressos por meio do serviço aos outros.

B. Em que sentido nosso serviço de amor, que resulta do relacionamento com Cristo, é diferente do trabalho planejado para obter Sua graça?

RESUMO: A liberdade que surge da fé em Cristo nos liberta da escravidão do pecado, da morte e do diabo. Somos livres para expressar fé em Cristo por meio do serviço amoroso e alegre, cumprindo assim a lei, que nos ordena: “ame os outros como a si mesmo.”

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Gálatas 5:13

Conceito-chave para o crescimento espiritual: O sacrifício de Cristo nos liberta da escravidão do pecado para que possamos escolher livremente Cristo e Seu estilo de vida.

Para o professor: Com a ajuda da classe, prepare uma lista dos benefícios de servir a Deus e dos malefícios de servir ao diabo.

Bob Dylan, o ícone da contracultura, lamentou: “Você terá que servir a alguém. Bem, pode ser o diabo ou o Senhor, mas você terá que servir a alguém”. A opinião de Dylan está correta.

Embora ninguém possa “servir a dois senhores”, cada pessoa serve a algum deles. A liberdade cristã deve ser compreendida dentro desse contexto. Não existe nenhuma “Suíça” espiritual (país considerado um território neutro politicamente). Estamos de um lado ou de outro no grande conflito. Optar por não escolher é fazer a escolha errada. Por Sua morte na cruz, Cristo preparou o caminho para que todo o mundo tivesse salvação, liberdade e vitória nEle. No entanto, precisamos ser cuidadosos. Em primeiro lugar, milhões de escravos libertados retornaram voluntariamente à escravidão. Cristo abriu a penitenciária, quebrando as portas da prisão e destruindo os muros do presídio, mas muitos prisioneiros permaneceram nele por opção. Em segundo lugar, outros escaparam, mas levaram consigo uma prisão invisível. Sua prisão é composta de dúvidas, vergonha, medo e culpa. Servem a Deus motivados pelo medo e não por amor. Servem ao Deus irado de Jonathan Edwards: “Deus mantém você sobre o abismo do inferno, assim como alguém segura uma aranha, ou algum inseto repugnante sobre o fogo. Ele abomina você e está terrivelmente irritado” (Clyde E. Fant Jr.; William M. Pinson Jr., 20 Centuries of Great Preaching [Vinte Séculos de Grande Pregação], p. 63). Felizmente, milhões também aceitaram a liberdade adquirida ao preço exorbitante da vida de Cristo. Libertados da culpa, vergonha, lembranças assustadoras, vícios e comportamentos autodestrutivos, eles desfrutam a vida abundante concedida por seu Criador.

Pense nisto: Como podemos florescer no contexto da obediência amorosa e nos alegrar na aventura do serviço apaixonado e compassivo para Deus?

Compreensão

Para o professor: A liberdade é simultaneamente a maior bênção do mundo e sua maior maldição. Ela deve ser medida pelas consequências. Como a liberdade é exercida? Ser livre significa ter privilégios especiais ou direitos de acesso procedentes da cidadania. O que, então, constitui a cidadania celestial? Como a cidadania e a liberdade são adquiridas ou perdidas? Quais direitos e obrigações acompanham a cidadania? Como o cristão utiliza a liberdade? Quais ações dos cristãos poderiam prejudicar ou, finalmente, tirar deles esse privilégio? Como os cristãos podem evitar tanto a religião legalista, orientada pelo medo, quanto a filosofia licenciosa, em que tudo é permitido? Essas não são apenas questões de discussão, mas pontos fundamentais, centrais para a estabilidade emocional e vida abundante.

Comentário bíblico

A natureza da liberdade cristã

(Recapitule com a classe Rm 6:6, 12.)

Ao longo dos séculos, a religião judaica havia sido coberta pelas camadas da bem-intencionada tradição humana. O aspecto bem-intencionado não deve ser ignorado, para que os cristãos modernos não repitam aqueles mesmos erros. O primeiro erro foi calcular mal a relação entre o adorador e a aliança. Em vez de adorar a Deus motivado por gratidão pela redenção e criação, o povo adorava na base da obrigação influenciada pelo medo. Suas práticas não estavam erradas, mas sua interpretação estava. Perceberam que sempre que o país vivia em harmonia com os princípios de Deus, a nação prosperava. Eles interpretaram isso como o pagamento divino pelo serviço aceitável. Raciocinaram que, sempre que o serviço deles se tornava inaceitável, Deus retirava Sua graça e o castigo vinha em seguida. Esse pensamento produziu uma mentalidade e práticas legalistas que destruíram o conceito de um Pai celestial amoroso que deseja íntima comunhão com Seus filhos terrestres. O serviço era prestado para evitar a punição ou para obter recompensa. Em grande parte, mas não completamente, era desconhecido o serviço amoroso, oferecido pelos corações agradecidos pela graciosa bondade de Deus.

A mensagem de Paulo acerca da nova aliança, seguindo a antiga profecia de Jeremias sobre a devoção internalizada, originada no amor e não no medo, foi uma libertação espiritual para os contemporâneos de Paulo e para os cristãos de todas as gerações. A liberdade cristã inclui o livramento de impulsos perversos, tendências hereditárias, todo tipo de tentação e, naturalmente, inclui também as consequências de ceder a esses impulsos e tendências.
A permanência do Espírito de Cristo nos liberta do legalismo e da licenciosidade.

Pense nisto: Ao longo da história, o povo tentou com sinceridade estabelecer regras para o comportamento humano a fim de apaziguar Deus. Regulamentos farisaicos que controlavam a observância do sábado foram um dos exemplos principais. Essas regras eram bem-intencionadas e perfeitamente aceitáveis como expressões individuais de devoção. No entanto, quando essas preferências pessoais sobre a distância permitida para viagens no sábado, e assim por diante, tornaram-se leis que restringiam as escolhas dos outros, elas levaram ao legalismo. Sabendo que cada aspecto da vida leva para perto ou para longe de Deus, alguns cristãos modernos bem-intencionados têm legislado acerca de roupas, alimentação, lazer e outros aspectos da vida. Como os cristãos devem responder às tentativas de outros cristãos de legislar sua conduta? Como os cristãos bem-intencionados podem honrar suas convicções de consciência, sem tentar impor essas opiniões aos outros? Em lugar de legislar, por que alguns deveriam examinar as Escrituras com oração e confiar no poder do Espírito que habita no coração? Lidar principalmente com coisas insignificantes pode prejudicar nossa autoridade espiritual quando, em outros momentos, um inegável comportamento pecaminoso requer confrontação e correção? Exemplificar silenciosamente nossa compreensão do comportamento cristão adequado e amar intensamente os outros poderia ser mais eficaz na promoção das nossas opiniões, em comparação com a tentativa de legislar sobre elas?

Aplicação

Para o professor: A liberdade cristã significa receber uma nova natureza que estabelece uma transformação interna de comportamento, em lugar de regulamentação externa do comportamento. A corrente da bicicleta se liga à catraca e, a partir do centro dos raios, transfere energia que move a bicicleta inteira. Seria possível realizar algum movimento girando o pneu fora do aro, mas esse movimento é superficial quando comparado com o poder que se irradia da engrenagem que está no centro. O governo civil tem, até certo ponto, a responsabilidade de ordenar a sociedade, de maneira que males tão notórios como violência, roubo, e assim por diante, sejam reprimidos. Porém, a história tem mostrado que o reavivamento espiritual é muito mais eficaz na transformação do comportamento do que prisão e punição. Para a humanidade, a única verdadeira esperança de transformação duradoura e sobrevivência é o poder do Espírito Santo, que se irradia do coração totalmente submisso.

Atividade

Leia em voz alta a seguinte parábola e fale sobre as implicações de tornar a liberdade cristã uma realidade pessoal.

O monólogo do avião:

Finalmente me liberaram da escola de aviação em terra. Estou livre para voar, explorar e chegar ao meu destino. Falando em destino, estou livre para ir a qualquer lugar. Que aventura! Pense: destinos exóticos nunca antes sonhados, observar horizontes sem fim, apreciar irresistíveis cenas de pôr do sol no paraíso, voar sobre os limites exteriores da civilização conhecida. Quantas possibilidades!

Talvez, para começar, eu examine a Islândia. Claro, a agência reguladora está recomendando o contrário, por causa de uma erupção vulcânica. Uma comissão decidiu que é perigoso, porque os aviões anteriores enguiçaram ao passar pelo pó microscópico encontrado em nuvens vulcânicas. Talvez eles estejam dizendo isso apenas para afastar as pessoas da diversão. Que prova eles têm? Em todo caso, são apenas pequenas substâncias. Que danos poderiam causar? Existem aquelas histórias sobre essas pequenas substâncias que endurecem e entopem motores, mas simplesmente porque os outros aviões não foram capazes de lidar com isso não significa necessariamente que eu não tenha sido fabricado com força suficiente para enfrentar a situação. Pensando bem, por que arriscar? Talvez esperar faça sentido. Há dezenas de outras opções interessantes. Talvez a comissão saiba do que está falando dessa vez. Sou livre para viajar para a Islândia, mas existe Terra Nova, Pirineus, Ilhas Salomão, além do Mediterrâneo. Além disso, meu fabricante investiu intermináveis horas de pesquisa e desenvolvimento para me produzir. Sou realmente livre e isso significa que posso escolher.

Perguntas para reflexão

Quando os cristãos usam a liberdade, como devem ver as pequenas coisas? A despreocupada autoconfiança poderia provocar um desastre? A apreciação do investimento de Deus no cristão deve afetar sua atitude sobre o uso da liberdade? Estudar os exemplos de liberdade contidos nas Escrituras nos ajuda a tomar decisões proveitosas?

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: Apesar da liberdade que recebemos em Cristo, de alguma forma, os libertos muitas vezes se colocam ao lado dos que os aprisionaram, em vez de ficar ao lado de seu libertador. Os cristãos devem combater essa farsa, tornando-se agentes do Céu e sendo exemplos de vidas transformadas pela graça divina. Ao se tornarem exemplos da liberdade exercida adequadamente, os cristãos demonstram a sabedoria de Deus em libertar os prisioneiros, em vez de fabricar robôs para adorá-Lo.

Atividades

Opção A. Incentive os alunos a criar uma lista de escolhas que eles ou seus amigos fazem que podem afetar sua espiritualidade. Deixe que eles reflitam abertamente acerca de como o abuso da liberdade poderia inibir seu crescimento nessas áreas.

Opção B. Estude com a classe as canções de Natal encontradas no hinário. Procure alusões à liberdade. Comente como a encarnação e a obra de Cristo concederam liberdade espiritual aos Seus seguidores. O que as letras sugerem sobre a maneira pela qual os cristãos se apropriam da liberdade que Jesus comprou a um preço tão alto? Do que somos libertados?


Achados e perdidos

Sneha [Isnirra] tem 14 anos e estuda em um internato adventista no sul da Índia.

O pai de Sneha era pescador e a mãe trabalhava como enfermeira. Ambos ficaram felizes quando ela nasceu. Mas, depois do nascimento de sua irmã, o pai começou a ingerir bebida alcoólica e se tornou uma pessoa diferente. Ninguém conseguia fazê-lo abandonar a bebida. Ele chegava em casa tarde da noite, gritando muito com a família, sem motivo. A mãe chorava, mas ninguém podia ajudá-la.

Órfãs

Certo dia, quando Sneha tinha dez anos, a mãe deixou as filhas na escola e voltou para casa. Ela encontrou o pai tão bêbado que ele não conseguia falar direito. Ela não lhe disse nada; mas, quando ele finalmente notou a presença dela, exigiu que ela lhe desse dinheiro para comprar bebida. A mãe respondeu que não tinha dinheiro. Por isso, o pai ficou furioso e começaram a brigar. O pai bateu na mãe com muita violência. Ela ficou desamparada, sem ninguém para socorrê-la.

Então o homem pegou querosene, derramou sobre a esposa e ateou fogo, deixando-a muito queimada. Quando ele ficou um pouco sóbrio, levou-a para o hospital. As queimaduras eram muito graves e os médicos disseram que ela não sobreviveria. Então ele fugiu. Ninguém sabe até hoje o seu paradeiro.

Sneha e a irmã ficaram com a mãe no hospital. Mas, ela morreu 15 dias depois. As meninas lamentaram a morte da mãe durante vários meses. Elas foram morar com a avó, que cuidou delas da melhor maneira que pôde.

Encontradas!

Certo dia, um pastor adventista do sétimo dia visitou a avó e confortou a família. Quando ele soube que as crianças eram órfãs, contou sobre a Escola Secundária Memorial James. Ele se ofereceu para ajudar a encontrar uma forma de Sneha e sua irmã estudarem na escola. O pastor as ajudou a receber assistência da Adventist Child India [Crianças Adventistas da Índia], uma organização sem fins lucrativos que oferece ajuda a crianças em idade escolar na Índia.

Antes de chegar à escola, Sneha e a irmã nunca tinham ouvido falar sobre Deus. Mas os novos amigos e os professores começaram a lhes falar sobre Deus, o Salvador vivo. Então ela começou a ler a Bíblia e orar.

Hoje, Sneha tem 14 anos e cursa o 9° ano. Sua irmã tem 12 anos e está no 8° ano. Ela agradece ao Senhor por Suas bênçãos e por torná-la o que é hoje.

Mesmo que tenha perdido os pais, ela sabe que tem o Pai celestial que cuida bem de Seus filhos. “Se crermos nEle e O aceitarmos como nosso Salvador Ele nunca nos deixará”, ela diz.

Sneha ama muito sua escola! Mas o residencial onde mora é muito antigo. Não tem banheiros suficientes para as cem meninas que vivem ali. Ela fica feliz quando lembra que parte da oferta da Escola Sabatina deste trimestre ajudará a construir um residencial feminino na Escola Secundária Memorial James.

O novo residencial permitirá que mais alunas frequentem essa escola. Algumas poderão vir de lares difíceis como foi o caso de Sneha e sua irmã, mas aprenderão o quanto Deus as ama e quer ser seu Pai Celestial. Agradecemos por sua oferta missionária para que mais crianças como Sneha possam ter uma educação cristã. Glória a Deus!

Resumo missionário

• A Escola Secundária Memorial James está localizada no estado de Tamil Nadu, no sudeste da Índia. O país é densamente povoado e bem desenvolvido.

• A região é semiárida e depende das chuvas para o cultivo de suas plantações. A falha das monções pode causar seca.

• A língua oficial de Tamil Nadu é o tamil, uma das línguas clássicas mais antigas do mundo.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2017
Tema geral: “O evangelho em Gálatas”
Lição 11: 2 a 9 de setembro
Liberdade em Cristo
 
Autor: Pr. Nilton Aguiar
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
 
 
Introdução
 
Liberdade em Cristo não significa licença para pecar. Em vez disso, é o poder que nos leva a uma vida de santificação. Muitos cristãos bem-intencionados interpretam que, em seu forte posicionamento contra a circuncisão como condição para a salvação dos gentios, Paulo teria argumento contra a lei. Porém, esse não é o caso. Ao contrário, o fato de que Cristo nos concedeu liberdade aumenta nossa responsabilidade de obediência.
 
Cristo nos libertou
 
Em Gálatas 5:1, Paulo apresentou uma declaração e uma exortação. Na declaração, ele disse que “Cristo nos libertou”. Na exortação, ele disse: “permaneçam livres”. O fato de que Cristo nos libertou pressupõe que a humanidade vivia sob escravidão. A carta aos gálatas deixa claro que não é possível obter o favor de Deus como resultado da observância da lei. Cristo nos deu liberdade para obedecer a Deus não com o objetivo de obter Seu favor, mas como resultado disso.
Como temos estudado até aqui, a iniciativa divina sempre requer uma resposta humana. No contexto de Gálatas 5:1, essa resposta é permanecer na posição para a qual Cristo nos trouxe, que é uma condição de liberdade. O verbo grego st?k?, traduzido na Nova Versão Internacional como “permanecer firme”, significa literalmente “ficar em pé”. Figurativamente, esse termo também é usado para indicar o ato de permanecer firmemente comprometido com uma convicção ou crença. Esse sentido é visto em 1 Coríntios 16:13, Filipenses 4:1 e 1 Tessalonicenses 3:8. Não há, aqui, qualquer indício da doutrina de que “uma vez salvo, salvo para sempre”. Ao contrário, aqueles que foram libertos por Cristo, devem permanecer na posição/condição para a qual Cristo os levou. Isso requer decisão e contínua escolha ao lado de Cristo.
 
A natureza da liberdade cristã
 
Conforme afirma o Dicionário de Paulo e Suas Cartas, Paulo é o apóstolo da liberdade. Nenhum outro autor do Novo Testamento falou tanto sobre esse assunto como ele. Embora o conceito de liberdade esteja presente em todas as suas cartas, somente em Gálatas, 1 e 2 Coríntios e Romanos ocorre uma associação direta do verbo libertar, do substantivo liberdade e do adjetivo livre com a proclamação do evangelho. 
O pecado é o grande inimigo do cristão e seu “escravizador” (Rm 3:9; Gl 3:22). Geralmente, Paulo apresentava o pecado a partir de uma linguagem figurada que chamamos de personificação. O pecado é apresentado como um “senhor” que exerce domínio sobre aqueles que estão sob o seu jugo. Porém, a fim de manter as pessoas em sujeição, o pecado usa outros agentes: a condenação da lei, poderes demoníacos, a carne e a morte. Cristo nos libertou de todas essas forças escravizadoras. Ele pagou o preço pela nossa liberdade quando Se entregou e garantiu o nosso resgate (1Co 6:20; 7:23; 1Tm 2:6; Tt 2:14).
Liberdade da condenação da lei. Para nos libertar da condenação da lei, Cristo Se fez maldição em nosso lugar (Gl 3:13; 4:4); com isso, Ele nos conduz a uma relação tão íntima com Ele quanto a relação entre marido e mulher.
Liberdade dos poderes demoníacos. Paulo mencionou que quando Cristo Se entregou pelos nossos pecados, Ele nos desarraigou desta era perversa (Gl 1:14). Ao mencionar “esta era perversa”, Paulo estava se referindo “à era iniciada com a queda de Adão”. Em Colossenses 2:15, Paulo disse que, na cruz, Cristo despojou os principados e as potestades. Por meio de Cristo (Ef 2:5-7), podemos vencer “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2:2). Cristo nos deu as armas para lutar contra o mal (Ef 6:10-18).
Liberdade da carne. Frequentemente, Paulo usava o termo carne para se referir à rebelião contra Deus e escravidão ao pecado. Porém, ele afirmou: “Os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências (Gl 5:24). Assim, “libertar-se da carne significa libertar-se de si mesmo, do eu caído, do eu dentro da velha humanidade” (ver Romanos 6:6).
Liberdade da morte. A morte entrou no mundo por causa do pecado. Ela exerce domínio sobre todos os homens porque todos pecaram (Rm 5:12). Com Sua ressurreição, Cristo nos garantiu vida eterna (Rm 5:21; 6:23). A morte não é o fim para aqueles que morrem em Cristo (Ap 14:13). Cristo nos deu garantia da ressurreição (1Ts 4:14-18; 1Co 15:20-26, 42-58).
 
As perigosas consequências do legalismo
 
Seguramente, os falsos mestres judaizantes não deixaram claro que as consequências do legalismo são muito trágicas. Paulo escreveu Gálatas 5:1-12 para apresentar claramente essa realidade. Ele acreditava que o legalismo era um mal tão devastador que o colocou em posição de extremo contraste com a graça de Cristo. Embora sejam fortes, as seguintes palavras eram exigidas pela situação: “de Cristo vos desligastes [...] da graça decaístes” (Gl 5:4).
A razão para essas palavras tão fortes pode ser vista a partir do contraste entre os pronomes “vós”(v. 4) e “nós” (v. 5). No verso quatro, a expressão “vós que procurais justificar-vos na lei” caracteriza aqueles que são acusados por Paulo como havendo se desligado de Cristo e caído da graça. O que houve com essas pessoas? Elas se justificavam na lei, foi a resposta de Paulo. Elas buscavam salvação em si mesmas, em seus esforços e méritos. Em contrapartida, a afirmação “nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé” apontava para aqueles que sabiam que a salvação é o resultado da ação divina. O primeiro grupo procurava se justificar na lei, enquanto o segundo grupo aguardava a esperança da justiça de Deus. Para o primeiro grupo, a justificação ocorria a partir de seu esforço em procurar justificação na lei. Para o segundo grupo, a justificação ocorria a partir da ação divina. Eles esperavam em Deus, e mesmo essa espera era dirigida por um Ser divino, neste caso, o Espírito Santo.
 
Liberdade, não libertinagem
 
Em sua Introdução ao Novo Testamento, o escritor Eugene Boring faz um interessante comentário a respeito de nossa liberdade em Cristo. Ele afirma que “a questão não é se os seres humanos serão escravos, mas de quem serão”. Esse conceito pode ser encontrado em Gálatas 5:13. Nesse verso, a ordem “sede servos” é a tradução da forma verbal douleuete, que vem da raiz grega douleu? (escravizar, servir). Essa é a mesma palavra que Paulo usou para falar sobre escravidão em Gálatas 4:8, 9, 25. Portanto, o que Paulo estava afirmando é que Cristo nos chamou para outro tipo de “escravidão”, a “escravidão” do amor. Para Paulo, esta é a verdadeira liberdade.
Em Colossenses 3:24, Paulo colocou a questão de maneira mais direta. Ele afirmou: “A Cristo, o Senhor, é que estais servindo”. Ou servimos a Cristo ou servimos ao pecado e suas paixões. Não há meio-termo!
Escrevendo aos cristãos de Roma, Paulo mencionou que antes eles eram escravos do pecado, mas passaram “a obedecer de coração” (Rm 6:17). Eles saíram de uma situação de escravidão para uma condição de obediência. No verso seguinte, Paulo declarou que, uma vez libertos do pecado, eles se tornaram servos (doulo?) da justiça. Eles só mudaram de senhorio. 
A liberdade em Cristo envolve o poder de escolha. Por exemplo, quem é verdadeiramente livre, a pessoa que diz ter liberdade para fazer o que quer, e por isso faz uso da bebida alcoólica e cigarro, mas não consegue largar o vício, ou a pessoa que não faz nada disso, porém, embora possa fazê-lo no momento que quiser, não o faz por uma questão de princípio? Para usar uma frase de John Stott, “liberdade cristã é liberdade do pecado, e não liberdade para pecar”.
 
Cumprindo toda a lei
 
Diversos estudiosos da Bíblia acham surpreendente a afirmação de Paulo em Gálatas 5:14 sobre a necessidade de cumprir a lei. Um renomado especialista em Paulo, chamado Moisés Silva, comenta que, para muitos intérpretes, “parece quase inimaginável que Paulo, na mesma carta em que ele apresenta seu mais sustentável argumento contra a lei, tenha falado sobre a necessidade de cumprir a lei”. Moisés Silva explica que o desacordo é aparente, e está fundamentado na alegação de que Paulo fez ataques à lei no capítulo três. Porém, essa é uma ideia que encontra muitas dificuldades, como por exemplo “o fato de que, ao longo de seu argumento, Paulo apoia suas teses apelando a declarações da lei”. Realmente, Paulo não estava falando contra a lei.
É igualmente interessante notar que o conceito de liberdade está profundamente enraizado no Antigo Testamento, em passagens que lidam com a questão da lei moral. Em Êxodo 20:2, Deus disse: “Eu Sou o Senhor teu Deus que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”. Deus libertou Israel do Egito para que o povo pudesse servi-Lo. O povo servia a Faraó, e agora passou a servir a Deus. Após essas palavras de abertura em Êxodo 20:2, Deus apresentou Sua lei ao povo. Em outras palavras, o povo foi colocado em liberdade para obedecer à lei (ver também Sl 81:9-10). Em Levítico 26:13, as palavras: “Eu Sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para que não fôsseis seus escravos” são pronunciadas no contexto de um forte apelo à obediência (Lv 26:3-13).
Tudo isso diz muito sobre a maneira pela qual Paulo lidou com essa questão no Novo Testamento. Paulo não tinha problemas com a lei, mas com a alegação de que é possível obter o favor de Deus como resultado da obediência a ela. Porém, Paulo não estava propondo que os cristãos abandonassem o cumprimento da lei. Ao contrário, a liberdade que Deus nos concedeu em Cristo deve nos levar ao verdadeiro cumprimento da lei, no poder do Espírito (Gl 5:22-23; Rm 8:4). Por essa razão, Tiago se referiu à lei de Deus como lei da liberdade (Tg 1:25; 2:12).
 
Conclusão
 
A Bíblia afirma que Cristo nos concedeu liberdade. Essa é uma iniciativa divina. A parte humana é permanecer na condição de liberdade à qual Cristo nos trouxe. Essa permanência, porém, ocorre no poder do Espírito. Uma vez que somente em Cristo temos liberdade da condenação da lei, dos poderes do mal, da carne e da morte, o legalismo se apresenta como uma rejeição de Cristo e de Sua graça. Ao mesmo tempo, ao enaltecer a graça de Cristo, Paulo não estava propondo aos cristãos que abandonassem o cumprimento da lei. Ao contrário, o que Deus fez por nós através de Cristo aumenta nossa responsabilidade de obediência. Liberdade em Cristo significa que somos “escravos” de Cristo, “escravos” do amor, porque o cumprimento da lei é o amor (Gl 5:13, 14).
 
Notas
 
1 O autor é pastor, mestre em Ciências da Religião, mestre e bacharel em Teologia, licenciado em Letras e autor de diversos livros e artigos. É docente do curso de Teologia, no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Cachoeira/BA, e atualmente está cursando o doutorado em Novo Testamento, na Andrews University (EUA). É casado com a professora Cristiane Aguiar, e tem dois filhos: a Karol e o Lucas.
 
 William Arndt et al., A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (Chicago: University of Chicago Press, 2000), p. 944.
 
 Gerald F. Hawthorne, Ralph P. Martin, and Daniel G. Reid, eds., Dictionary of Paul and His Letters (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1993), p. 313.
 
 Jon L. Dybdahl, ed., Andrews Study Bible Notes (Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2010), 1534.
 
 Gerald F. Hawthorne, Ralph P. Martin, and Daniel G. Reid, eds., Dictionary of Paul and His Letters, p. 314.
 
 Eugene Boring, An Introduction to the New Testament: History, Literature, Theology (Kindle Locations 10121-10122).
 
 John R. W. Stott, The Message of Galatians (Leicester, England; Downer’s Grove, IL: InterVarsity Press, 1986), p. 140.
 
 Moisés Silva, “Galatians,” in Commentary on the New Testament Use of the Old Testament (Grand Rapids, MI; Nottingham, UK: Baker Academic; Apollos, 2007), 810.
 
9  Moisés Silva, “Galatians,” p. 810.