Lição 7
05 a 12 de agosto
O caminho para a fé
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Is 49–51
Verso para memorizar: “A Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem” (Gl 3:22).
Leituras da semana: Gl 3:21-25; Lv 18:5; Rm 3:9-19; 1Co 9:20; Rm 3:1, 2; 8:1-4

Os pombos-correios são conhecidos há muito tempo por sua habilidade de voar centenas de quilômetros por dia e chegar ao seu destino com precisão incrível. No entanto, mesmo os melhores pombos-correios, às vezes, ficam desorientados, nunca mais retornando ao ponto de partida. O pior incidente ocorreu na Inglaterra, quando cerca de vinte mil aves (avaliadas em mais de seiscentos mil dólares) nunca mais voltaram aos seus pombais. Até hoje a razão permanece desconhecida.

De uma ou de outra maneira, sabemos por experiência que estar desorientado ou perdido não é agradável. Isso nos enche de medo e ansiedade, e pode nos levar a momentos de pânico.

O mesmo é verdade no reino espiritual. Mesmo depois de aceitarmos Cristo, podemos ficar perdidos ou desorientados, a ponto de nunca mais voltarmos para o Senhor.

No entanto, a boa notícia é que Deus não nos deixa sozinhos. Ele traçou o caminho para a fé, conforme revelado no evangelho, e esse caminho inclui a lei. Muitas pessoas tentam separar a lei do evangelho. Alguns até mesmo os veem como contraditórios. Essa visão não somente está equivocada, mas pode ter conse­quências trágicas. Sem a lei, não teríamos evangelho. Realmente, é difícil compreender o evangelho sem a lei.


Hoje é o dia da Multiplicação dos Pequenos Grupos! Nos dias 16 e 23 de setembro,teremos o Batismo da Primavera. Prepare sua igreja!

Domingo, 06 de agosto
Ano Bíblico: Is 52–55
A lei e a promessa

“É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus?” (Gl 3:21)

Sentindo que seus comentários poderiam levar seus oponentes a concluir que ele tivesse uma visão depreciativa da lei, ou que seus comentários sobre a superioridade das promessas de Deus fossem apenas uma forma disfarçada de desprezar Moisés e a lei [Torah], Paulo fez a mesma pergunta que eles estavam fazendo: “Vocês estão dizendo que a lei contradiz as promessas de Deus?” Paulo respondeu a essa pergunta com um enfático “Não!” Essa conclusão é impossível, porque Deus não Se opõe a Si mesmo. Ele deu tanto a promessa quanto a lei. A lei não está em contradição com a promessa. As duas apenas têm diferentes papéis e funções no plano maior de Deus para a salvação.

1. Quais conceitos equivocados os adversários de Paulo tinham sobre o papel da lei? Compare Gl 3:21, Lv 18:5 e Dt 6:24

Essas pessoas acreditavam que a lei fosse capaz de lhes dar vida espiritual. Suas ideias provavelmente tenham surgido de uma interpretação equivocada de passagens do Antigo Testamento como Levítico 18:5 e Deuteronômio 6:24, em que a lei prescreve como devem viver os que permanecem na aliança de Deus. A lei regulava a vida dos que participavam da aliança, mas eles concluíram que a lei era a fonte do relacionamento da pessoa com Deus. A Bíblia é clara, porém, ao declarar que a capacidade de “dar vida” é uma faculdade exercida unicamente por Deus e Seu Espírito (2Rs 5:7, Ne 9:6, Jo 5:21, Rm 4:17). A lei não pode dar vida espiritual a ninguém. Contudo, isso não significa que a lei seja contrária à promessa de Deus.

Buscando provar a incapacidade da lei para dar vida, Paulo escreveu em Gálatas 3:22: “A Escritura encerrou tudo sob o pecado”. Em Romanos 3:9-19, ele se estendeu por uma série de versos extraídos do Antigo Testamento para mostrar quanto somos maus. As passagens não estão conectadas por acaso. Ele começou com a essência do problema do pecado, a atitude egoísta que assola o coração humano e, em seguida, avançou para os versos que descrevem a disseminação do pecado e, finalmente, sua universalidade.

Qual era o raciocínio de Paulo? Devido à extensão do pecado e às limitações da lei, a promessa da vida eterna pode ocorrer somente pela fidelidade de Cristo em nosso favor. Novamente, vemos aqui a grande verdade que impulsionou a Reforma Protestante.

Embora a lei não possa salvar, que grandes benefícios recebemos pela nossa fidelidade a ela? Na prática, que benefício você tem experimentado por meio da obediência à lei de Deus?


Segunda-feira, 07 de agosto
Ano Bíblico: Is 56–58
“Prisioneiros da lei”

Em Gálatas 3:23, Paulo escreveu que, “antes que chegasse o tempo da fé, nós éramos prisioneiros da lei” (NTLH). Ao usar o termo “nós”, Paulo se referiu aos cristãos judeus nas igrejas da Galácia. Eles estavam familiarizados com a lei, e desde Gálatas 2:15 Paulo vinha falando especialmente para eles. Isso pode ser visto no contraste entre o termo “nós”, em Gálatas 3:23, e “vocês”, em Gálatas 3:26.

Em Gálatas 3:23, Paulo disse: “antes que viesse a fé”. Visto que Paulo estava contrastando a posição da lei, antes e depois de Cristo (Gl 3:24), “a fé” provavelmente seja uma referência ao próprio Jesus e não à fé cristã em geral.

2. Paulo disse que os judeus estavam “guardados debaixo da lei” (ARC) antes da vinda de Cristo. O que ele quis dizer com a expressão“debaixo da lei”? Compare Gl 3:22, 23 com Rm 6:14, 15; 1Co 9:20; Gl 4:4, 5, 21; 5:18

Paulo usou a expressão “debaixo da lei” doze vezes em suas cartas. Dependendo do contexto, ela pode ter uma série de conotações diferentes.

1. “Debaixo da lei” como maneira alternativa de salvação (Gl 4:21). Os adversários de Paulo na Galácia estavam tentando obter, por meio da obediência, a justiça doadora de vida. No entanto, como ele já havia deixado claro, isso é impossível (Gl 3:21, 22). Mais tarde, ele até mesmo indicou que, desejando ficar debaixo da lei, os gálatas estavam realmente rejeitando Cristo (Gl 5:2-4).

2. “Debaixo da lei” no sentido de estar sob sua condenação (Rm 6:14, 15). Pelo fato de que a lei não pode expiar o pecado, a transgressão de suas exigências, em última análise, resulta em condenação. Todos os seres humanos se encontram nessa condição. A lei funciona como um carcereiro, prendendo todos os que a transgrediram e trouxeram sobre si mesmos a sentença de morte. Como veremos na lição de amanhã, o uso da palavra tutela [custódia] (Gl 3:23, ARA, NVI) indica que foi nesse sentido que Paulo usou a expressão “debaixo da lei” nessa passagem.

A palavra grega relacionada, ennomos, geralmente traduzida como “debaixo da lei”, significa literalmente “dentro da lei” e se refere a viver dentro das exigências da lei pela união com Cristo (1Co 9:21). Pelas “obras da lei”, ou seja, tentando guardar a lei à parte de Cristo, é impossível ser justificado, porque somente aqueles que se tornam justos mediante a fé viverão (Gl 3:11). Essa verdade não anula a lei; ela apenas mostra que a lei não pode nos dar a vida eterna. Seria tarde demais para isso. Afinal, a salvação já havia ocorrido na cruz.


Participe do projeto “Reavivados por Sua Palavra”: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org/

Terça-feira, 08 de agosto
Ano Bíblico: Is 59–62
A lei como nosso “vigilante”

Paulo apresentou duas conclusões básicas sobre a lei: (1) a lei não anula nem revoga a promessa de Deus feita a Abraão (Gl 3:15-20); (2) a lei não se opõe à promessa (Gl 3:21, 22).

Qual papel a lei realmente desempenha, então? Paulo escreveu que ela foi acrescentada “por causa das transgressões” (Gl 3:19). Ele se aprofundou nessa ideia usando três diferentes palavras ou expressões em relação à lei: sob tutela (v. 23), encerrados (v. 23 ) e tutor (v. 24).

3. Leia Gálatas 3:19-24 com oração e atenção. O que Paulo disse sobre a lei?

A maioria das traduções modernas interpreta os comentários de Paulo sobre a lei em Gálatas 3:19 em termos totalmente negativos. Mas o original grego não é tão unilateral. A palavra grega traduzida como “[estar] sob tutela” (v. 23) significa literalmente “guardar”. Embora possa ser usada no sentido negativo, como “manter em sujeição” ou “vigiar” (2Co 11:32), no Novo Testamento, em geral, ela tem o sentido mais positivo de “guardar” ou “proteger” (Fp 4:7; 1Pe 1:5, NVI). O mesmo é verdade em relação à palavra traduzida como “encerrados” (Gl 3:23). Ela pode ser traduzida como “tornar estéril” (Gn 20:18), “fechar” (Êx 14:3; Js 6:1; Jr 13:19); “pegar” (Lc 5:6, NVI) ou “colocar” (Rm 11:32, NVI). Como esses exemplos mostram, dependendo do contexto, essa palavra pode ter conotações positivas ou negativas.

4. Quais benefícios a lei (moral e cerimonial) ofereceu aos filhos de Israel? Rm 3:1, 2; Dt 7:12-24; Lv 18:20-30

Embora Paulo pudesse falar sobre a lei em termos negativos (Rm 7:6; Gl 2:19), ele também teve muitas coisas positivas a dizer sobre ela (Rm 7:12, 14; 8:3, 4; 13:8). A lei não foi uma espécie de maldição que Deus colocou sobre Israel; ao contrário, foi concebida para ser uma bênção. Embora, em última análise, o sistema sacrifical judaico não pudesse remover o pecado, ele apontava para o Messias prometido que poderia fazer isso. Guiando o comportamento humano, suas leis protegiam Israel de muitos vícios que assolavam outras civilizações antigas. À luz dos comentários positivos de Paulo sobre a lei em outra passagem, seria um equívoco entender seus comentários aqui de maneira completamente negativa.

Pense em algo bom que é mal utilizado. Por exemplo, um medicamento criado para tratar uma doença poderia ser usado por algumas pessoas como estimulante. Quais exemplos desse princípio você já viu em sua vida? O fato de que as coisas boas podem ser mal utilizadas pode nos ajudar a entender o que Paulo enfrentou naquela ocasião?


Quarta-feira, 09 de agosto
Ano Bíblico: Is 63–66
A lei como nosso tutor

5. Em Gálatas 3:23, Paulo descreveu a lei como uma força de vigilância e proteção. Com o que ele a comparou no verso 24, e o que isso significa? Assinale a alternativa correta:

A.( ) Um chicote. A lei só serve para nos trazer dor.

B.( ) O maná. A lei alimenta como o maná; obedecê-la nos sustenta.

C.( ) Um aio ou tutor. A lei serve para nos instruir.

A palavra traduzida como “aio” (tutor) vem do termo grego paidagogos. Algumas versões a traduzem como “aio”, “tutor”, ou mesmo “pedagogo”, mas nenhuma palavra sozinha abrange totalmente seu significado. Na sociedade romana, o paidagogos era um escravo colocado numa posição de autoridade sobre os filhos de seu senhor. Isso acontecia quando as crianças completavam seis ou sete anos, até que atingissem a maturidade. Além de prover às necessidades físicas de seu aluno, tais como preparar sua banheira, prover alimento e roupas, e protegê-los de todo perigo, o paidagogos também era o responsável por garantir que os filhos de seu senhor fossem para a escola e fizessem sua lição de casa. Além disso, era esperado não apenas que ele ensinasse e praticasse as virtudes morais, mas também que assegurasse que os meninos aprendessem e praticassem essas virtudes.

Ainda que alguns pedagogos possam ter sido bondosos, tendo sido amados por seus discípulos, normalmente eles são descritos na literatura antiga como disciplinadores rigorosos. Eles garantiam a obediência não somente por meio de ameaças e repreensões severas, mas também mediante chicotadas e surras.

Ao descrever a lei como “pedagogo”, Paulo tornou mais clara sua compreensão acerca do papel dela. A lei foi adicionada para apontar o pecado e dar instruções. A própria natureza dessa tarefa significa que a lei também tem um aspecto negativo, e isso ocorre porque ela nos reprova e condena como pecadores. No entanto, mesmo esse aspecto “negativo” é usado por Deus para nosso benefício, porque a condenação que a lei traz é o que nos conduz a Cristo. Assim, a lei e o evangelho não são contraditórios. Deus os designou para trabalharem juntos em favor da nossa salvação.

“Nesta passagem [Gl 3:24], o Espírito Santo, pelo apóstolo, refere-Se especialmente à lei moral. A lei nos revela o pecado, levando-nos a sentir nossa necessidade de Cristo e a correr para Ele, em busca de perdão e paz mediante o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (Ellen G. White,
Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 234).

Qual foi a última vez que você comparou suas ações, palavras e pensamentos com a lei? Faça isso agora, comparando-os não apenas à letra da lei, mas também ao espírito da lei (Mt 5:28; Rm 7:6). Você se saiu bem? O que sua resposta revela sobre os conceitos de Paulo quanto à lei?


Quinta-feira, 10 de agosto
Ano Bíblico: Jr 1–3
A lei e o cristão (Gl 3:25)

Muitos têm interpretado o comentário de Paulo em Gálatas 3:25 como uma completa rejeição da lei. No entanto, à luz dos comentários positivos de Paulo sobre a lei em outras passagens da Bíblia, isso faz pouco sentido.

Então, o que ele quis dizer?

Em primeiro lugar, não mais estamos sob a condenação da lei (Rm 8:3). Como cristãos, estamos em Cristo e desfrutamos o privilégio de estar debaixo da graça (Rm 6:14, 15). Isso nos dá a liberdade para servir a Cristo sem reservas, sem medo de ser condenados por erros que possamos cometer. No evangelho, a verdadeira liberdade e independência é algo radicalmente diferente de ser dispensado da obediência à lei, como algumas pessoas alegam ao falar sobre a “liberdade” em Cristo. Mas a desobediência à lei, ao contrário, é pecado, e o pecado pode ser qualquer coisa, exceto liberdade (Jo 8:34).

6. Leia Romanos 8:1-3. O que significa não mais ser condenados pela lei? Como essa verdade maravilhosa deve afetar nossa maneira de viver? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.( ) Podemos pecar livremente, pois jamais seremos condenados.

B.( ) O sacrifício de Cristo e o Seu perdão nos livram da condenação da lei.

C.( ) A graça de Cristo nos isenta de todas as leis.

Como resultado do perdão que recebemos por meio de Cristo, nosso relacionamento com a lei passa a ser diferente. Somos chamados a viver uma vida agradável a Ele (1Ts 4:1); Paulo se referiu a isso como “andar no Espírito” (Gl 5:16-18). Isso não significa que a lei moral não mais seja aplicável; a questão nunca foi essa. Como poderia ser assim, quando vimos tão claramente que é a lei que define o pecado?

Em vez disso, visto que a lei é uma cópia do caráter de Deus, pela obediência à lei simplesmente refletimos Seu caráter. Mais do que isso, não seguimos apenas um conjunto de regras, mas o exemplo de Jesus, que faz por nós o que a lei nunca poderia fazer: Ele escreve a lei em nosso coração (Hb 8:10) e torna possível que o preceito da lei se cumpra em nós (Rm 8:4). Ou seja, por meio do nosso relacionamento com Jesus, temos o poder para obedecer à lei como nunca antes.

7. Leia Romanos 8:4 e assinale a frase que mais resume o pensamento de Paulo:

A.( ) Tentar obedecer à lei é andar segundo a carne.

B.( ) Jesus já obedeceu a lei por nós. Não mais precisamos da lei.

C.( ) Pelo poder do Espírito podemos obedecer à lei e evitar as paixões da carne.

Você tem sido vitorioso na obediência à lei? As vitórias alcançadas o levam a se esquecer de que a base da salvação é sempre o que Cristo fez por nós, e nada mais?


Sexta-feira, 11 de agosto
Ano Bíblico: Jr 4–6
Estudo adicional

Perguntam-me acerca da lei em Gálatas. Qual lei é o aio que deve nos levar a Cristo? Respondo: Tanto o código cerimonial quanto o moral, dos Dez Mandamentos.

“A morte de Abel foi consequência de Caim se haver recusado a aceitar o plano de Deus na escola da obediência, a fim de ser salvo pelo sangue de Jesus Cristo, simbolizado pelas ofertas sacrificais que apontavam para Cristo. Caim se recusou a derramar o sangue que tipificava o sangue de Cristo, que seria derramado pelo mundo. Toda essa cerimônia foi preparada por Deus, e Cristo Se tornou o fundamento de todo o sistema. Esse é o princípio da obra da lei, como tutor a levar pecaminosos instrumentos humanos à consideração de Cristo […]

“Todos os que prestavam serviço em relação ao santuário eram constantemente educados acerca da intervenção de Cristo em favor da humanidade. Esse serviço se destinava a criar em todo coração humano o amor à lei de Deus, que é a lei de Seu reino” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 233).

“A lei dos Dez Mandamentos não deve ser considerada tanto do lado proibitivo, como do lado da misericórdia. Suas proibições são a segura garantia de felicidade na obediência. Recebida em Cristo, ela realiza em nós a purificação do caráter que nos trará alegria pelos séculos da eternidade. Para os obedientes, ela é um muro de proteção” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 235).

Perguntas para reflexão

1. Quais promessas temos na Bíblia acerca da vitória sobre o pecado? Por que devemos ser cuidadosos e ter certeza de que não colocamos nossa esperança de salvação nas vitórias obtidas, mas na vitória de Cristo por nós?

2. Muitos cristãos afirmam que a lei foi abolida. Porém, esses mesmos cristãos falam contra o pecado, o que significa que eles realmente não querem dizer que a lei foi abolida. O que eles querem dizer com essa afirmação? (Dica: No contexto de qual dos Dez Mandamentos geralmente surge essa alegação?)

Resumo: A lei foi dada para apontar aos pecadores sua necessidade de Cristo. Como um tutor, ela dá instruções acerca de Deus e nos protege contra o mal. Mas, como um disciplinador, ela também aponta nossa pecaminosidade e traz condenação. Cristo nos liberta da condenação da lei e escreve Sua lei em nosso coração.

Respostas e atividades da semana: 1. Peça a opinião dos alunos. 2. Divida a classe em duplas e peça aos alunos que troquem suas opiniões sobre os possíveis significados para a expressão “debaixo da lei”. 3. Com antecedência, peça que um aluno estude Gálatas 3:19-24 e apresente sua resposta para a pergunta. Peça a opinião da classe sobre o assunto. Sugestão de resposta: A lei nos manteve sob custódia até que viesse a fé. 4. Peça a opinião dos alunos. 5. C. 6. F; V; F. 7. C.



Resumo da Lição 7
O caminho para a fé

TEXTO-CHAVE: Gálatas 3:22

O ALUNO DEVERÁ

Saber: Como a lei nos protege e conduz para Cristo, ainda que ela não nos dê vida.

Sentir: Amor pela lei, conforme refletida no sistema sacrifical, sendo o fundamento do reino de Deus.

Fazer: Submeter-se à disciplina da lei, à medida que ela nos leva Àquele que escreve Sua lei em nosso coração.

ESBOÇO

I. Saber: Submeter-se à disciplina

A. De que maneira a lei é uma bênção, uma vez que serve como guardiã e disciplinadora?

B. Qual relação os cristãos têm com a lei?

C. Como os requisitos da lei são cumpridos em nós?

II. Sentir: Amar a lei

A. Ao refletirmos sobre as profundezas às quais o Pai e o Filho desceram para garantir nossa salvação, por que somos levados a amar a lei?

B. Como o sacrifício de Cristo ilustra o grande valor conferido por Deus à Sua bela, santa e eterna lei?

III. Fazer: Escrita em nosso coração

A. Quando vemos o preço que Cristo pagou para cumprir os requisitos da lei em nosso favor, como respondemos?

B. Como podemos cooperar enquanto Deus escreve Sua lei em nosso coração?

C. Qual é o papel da fé no cumprimento da lei em nossa vida?

RESUMO: Embora a lei funcione como guardiã e disciplinadora, ela nos conduz a Cristo. Ao Se submeter à vontade do Pai, Cristo cumpriu as exigências da lei. Seguindo Seu exemplo de vida, permitimos que Deus escreva a lei em nosso coração.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Gálatas 3:22

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Sem a lei de Deus, os seres humanos não saberiam o que é o pecado nem o que Deus espera deles. No entanto, cumprir a lei exige mais do que mero conhecimento; é necessário o poder que vem unicamente do Legislador, comunicado por meio de Cristo.

Para o professor: Compartilhe o que vem a seguir com suas próprias palavras. Alguns alunos podem se lembrar desse famoso comercial e seu slogan inesquecível.

Muitos anos atrás, um comercial de automóvel conquistou a simpatia do público nacional, em dúvida por causa da sua mensagem simples, mas profunda. O comercial mostrava uma mulher dirigindo um veículo e pensando como seria cruzar as pistas da estrada e “arriscar tudo”. Ela se lembra dos dias de sua infância, quando “pintava fora das linhas” as figuras em seu livro de colorir.

A fantasia tem um fim repentino, quando a voz de seu professor do jardim de infância a traz de volta à realidade. O que o professor disse? “Fique dentro das linhas. As linhas são nossas amigas”.

Pense nisto: Por que algumas pessoas são fascinadas pela vida fora das linhas, enquanto outras ficam obcecadas em permanecer dentro delas? Como podemos cumprir a lei de Deus sem nos tornar legalistas?

Compreensão

Para o professor: Os hebreus foram escolhidos por Deus como Seus representantes na Terra, para que levassem outros a Ele por seu exemplo de fé e comunhão com o Pai celestial. No entanto, isso nem sempre aconteceu como havia sido planejado.

Comentário bíblico

I. Justiça legal

(Recapitule com a classe Gl 3:8-10, 15; Mc 7:1-7.)

A lei dada por Deus a Moisés era muito detalhada. Bênçãos específicas estavam vinculadas ao seu cumprimento, como esta: “Se vocês obedecerem fielmente ao Senhor, o seu Deus, e seguirem cuidadosamente todos os Seus mandamentos que hoje lhes dou, o Senhor, o seu Deus, os colocará muito acima de todas as nações da Terra. Todas estas bênçãos virão sobre vocês e os acompanharão, se vocês obedecerem ao Senhor, o seu Deus” (Dt 28:1, 2, NVI). Quem não gostaria de receber uma benção como essa?

No entanto, Deus não parou no pronunciamento das bênçãos que acompanhariam a obediência às Suas leis. Ele também listou uma série de maldições para a desobediência, como esta: “Vocês serão amaldiçoados na cidade e serão amaldiçoados no campo” (v. 16, NVI). Visto que o afastamento da lei poderia ocasionar a maldição de Deus, os israelitas se esforçavam muito para “cumprir a lei”. Fazendo isso, eles cumpriam seus requisitos legais. Os guardadores da lei tinham uma “justiça legal”.

Finalmente, o povo de Deus acrescentou leis em maior quantidade do que as próprias leis divinas; fizeram isso para garantir o cumprimento das leis que Deus havia concedido, ou pelo menos esse era o plano deles. Os israelitas tinham a missão de ensinar as ordens e proibições de Deus.

Pense nisto: Como Jesus respondeu à espécie de tradição combinada com religião, difundida e praticada por alguns líderes religiosos de Seus dias? (Mc 7:5-8). Por que esse tipo de religião era tão detestável para o Filho de Deus? O que faltava nela?

II. Fé na prática

(Recapitule com a classe Gl 3:19-23; Gn 12:1-4.)

O estudo de terça-feira analisa as declarações “aparentemente” negativas de Paulo sobre a lei moral e suas correspondentes leis civis e cerimoniais. Contudo, Paulo afirmou claramente que a lei não anula a promessa de Deus feita a Abraão e sua descendência. Na verdade, ela traz essa descendência ao pé da cruz de Jesus, onde ocorre a verdadeira justificação (Gl 3:24, 25).

Vale a pena lembrar que Paulo estava discutindo com os judeus em um esforço para compartilhar o evangelho com os cristãos gentios, que necessitavam dele desesperadamente. O esforço de Paulo estava de acordo com o propósito original de Deus ao chamar um povo, Abraão e seus herdeiros (Gn 12:1-4), por meio de quem todas as nações da Terra seriam abençoadas. “O objetivo da aliança de Deus com Abraão foi a vinda do Messias e a salvação da humanidade” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1058).

O povo escolhido de Deus nem sempre O seguiu nessa tarefa. Eles imitaram o mundo em sua busca de prazeres. Em outras palavras, a fé que eles praticavam apresentava pouca semelhança com a santidade do Deus que alegavam servir.

Pense nisto: Como a prática da nossa fé afeta os que nos rodeiam? Quais verdades essenciais somos chamados a compartilhar com um mundo que está morrendo? Muitos no antigo Israel acreditavam que a bênção de Abraão era deles e de ninguém mais. De que maneira, às vezes, alimentamos nossa exclusividade em detrimento dos que anseiam pela boa notícia da salvação?

III. Uma breve história

(Recapitule com a classe Gl 3:19; Rm 7:7-13.)

A inclinação humana para o autoengano é grande. Por isso, Deus faz tudo ao Seu alcance para abrir nossos olhos para a santidade de Suas leis, Sua vontade e Sua vida. Esse foi o objetivo de Deus ao dar a lei moral no monte Sinai e em seguida as leis civil e cerimonial.

Os seres humanos necessitam da lei porque precisam conhecer o que é certo e o que é errado. Por exemplo, o Senhor reiterou a lei no Sinai porque, depois de muitos anos no Egito, os hebreus haviam perdido de vista os caminhos de Deus.

“Durante a obscura escravidão no Egito, onde eles habitaram em meio ao mais tenebroso paganismo e à mais depravada imoralidade, eles quase perderam a compreensão ou consciência dos padrões morais de Deus, e até mesmo das ideias mais rudimentares dos sacrifícios. E, quando as pessoas chegam a essa situação, ficam insensíveis ao pecado, pois é pela “lei” que temos o conhecimento do pecado. Como Paulo afirma: “Eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Rm 7:7; Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1061).

Pense nisto: As leis de Deus funcionam de idêntica maneira hoje. Elas nos ajudam a entender claramente a visão divina acerca do pecado e nos conduz a Cristo, Aquele que fez expiação pelo pecado. Existe um ponto em que a influência sensibilizadora da lei de Deus deixa de nos sacudir para nos trazer de volta à realidade? Explique.

Aplicação

Para o professor: Incentive os alunos a refletir sobre as perguntas a seguir. O objetivo é que cada pessoa faça uma sincera autoavaliação.

Perguntas para reflexão

1. Contemplando a lei do Senhor, o rei Davi escreveu: “A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma; os testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam sábios os inexperientes” (Sl 19:7, NVI). O que o salmista quis dizer com a palavra perfeita? O que é perfeito acerca da lei de Deus?

2. Deus aconselhou Josué a não deixar de falar do livro da lei e a meditar nele dia e noite
(Js 1:8). Por que era importante que o líder da nação conhecesse, falasse e vivesse a lei? Essa exortação se estende aos seguidores de Deus hoje? Por quê?

Perguntas para aplicação

1. Jeremias 17:9 afirma: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” Como as leis de Deus ajudam a guardar o coração humano?

2. Qual das leis de Deus você tem mais dificuldade em obedecer? Por quê?

Perguntas para testemunhar

1. Quando é apropriado compartilhar as exigências de Deus com pessoas a quem evangelizamos? Muitas pessoas que não frequentam a igreja se surpreendem com o que a Bíblia diz sobre diferentes assuntos. Como podemos lidar com essa surpresa e, às vezes, com o desprezo inicial, a fim de compartilhar com as pessoas as bênçãos e alegrias da obediência às ordens divinas?

2. Pense sobre a atuação de Jesus em relação à mulher samaritana junto ao poço (Jo 4:1-42). O que havia em Jesus que atraiu essa mulher para Ele? Ao estender a graça para a mulher, Jesus encobriu as regras da lei sobre o casamento? Compare essa experiência com a mulher flagrada em adultério (Jo 8:1-11). Por que Jesus a envolveu com Seu perdão e amor, em lugar de condená-la por seu comportamento adúltero? Como Jesus foi capaz de encontrar o equilíbrio entre aplicar a lei e aplicar a graça?

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: Compartilhe a seguinte história verídica em suas próprias palavras. O objetivo é ver claramente a incapacidade da lei para evitar que os seres humanos se comportem de forma antiética e até criminosa. Enfatize nossa necessidade de um profundo e duradouro relacionamento com Deus!

Hoje vivemos na época do furto de identidade. Recentemente uma mulher voltou para casa e encontrou uma série de mensagens frenéticas deixadas em seu correio de voz por uma divisão de fraude em crédito de uma grande loja de departamentos. Qual era o problema? Alguém em outra cidade estava tentando comprar produtos no valor de 5.000 reais usando seu cartão de crédito. O pretenso ladrão ainda havia tentado mudar o endereço do titular do cartão para sua cidade. Visto que a proprietária do cartão nunca tinha vivido naquela cidade, nem havia estado lá em mais de dois anos, todo o episódio foi um grande alerta.

Há grupos criminosos internacionais cujo único objetivo é lucrar com o furto de identidade. Mas como explicar que pessoas tentam progredir falsificando informações sobre sua vida? Por exemplo, um estudante universitário recentemente garantiu mais de 150.000 reais em dinheiro de bolsa de estudos sob falsos pretextos, R$ 46.000 dos quais vieram de uma universidade de prestígio. Embora tenha solicitado várias bolsas de estudo, ele falsificou recomendações, alegou nota máxima em um vestibular, plagiou o trabalho de professores, listou livros nos quais ele foi coautor, cursos que ministrou e palestras que deu. Tudo falso!

O que leva as pessoas a cometer crimes como esses mencionados acima? Há a evidente patologia criminosa, mas vai além do óbvio. Como um relacionamento com Jesus poderia ter desempenhado papel significativo na mudança de comportamento dos fraudadores de identidade mencionados acima? Jesus pode realmente fazer diferença em nossa vida?

 


“Quero ser evangelista”

 

Ghukato [Gucato] tem 16 anos, é estudante no nordeste da Índia e quer se tornar evangelista. Mas ele não está esperando terminar os estudos para, então, compartilhar o amor de Jesus com as pessoas. Ghukato aproveita todas as oportunidades para contar a seus colegas não adventistas sobre a esperança na segunda vinda de Jesus. Ele se oferece para estudar a Bíblia com os que demonstram interesse. Ele diz que não conseguiu parar de falar sobre Jesus desde que foi batizado aos 13 anos. “Quero me tornar evangelista”, ele diz com um sorriso no rosto.

Uma luz para os jovens

Os pais de Ghukato se uniram à Igreja Adventista do Sétimo Dia depois de assistir às reuniões evangelísticas, quando Ghukato tinha nove anos. Ele e seu irmão, dois anos mais novo, estudam na Escola Adventista de Nagaland, situada em um canto remoto do nordeste da Índia. A escola tem 204 alunos, muitos dos quais vêm de famílias cristãs não adventistas.

Ghukato gosta das atividades espirituais no campus, especialmente da primeira aula quando os alunos cantam, oram e leem a Bíblia juntos.

Os professores de Ghukato ficam impressionados quando veem o menino ajudando outros alunos com seus deveres de casa e compartilhando a fé com eles, sempre que surge uma oportunidade. Um professor disse: “Ele não só frequenta os cultos da igreja regularmente, mas também convida os amigos não adventistas para os cultos. Muitos aceitam o convite.”

Ghukato descobriu que nem sempre é fácil compartilhar a fé. Os pais de alguns colegas não querem que os filhos frequentem a igreja do campus no sábado. Mesmo assim, Ghukato continua convidando as pessoas.

Apesar das rejeições que acontecem, Ghukato mantém o convite aberto ao dizer: “Está bem. Mas, se você mudar de ideia, por favor, venha.” Essa forma de convite trouxe vários amigos para a igreja, incluindo um que pediu o batismo. Ghukato diz: “Dei estudos bíblicos para ele, porém seus pais não permitiram que fosse batizado.”

Outro amigo teve problemas porque visitou a igreja. Quando os pais descobriram, eles não permitiram que o menino voltasse à igreja.

Ajudando os outros

Ghukato não fica desanimado com as recusas. Ele encontra outros amigos, às vezes fora do campus, como foi o caso de Albert, que trabalha em um supermercado local. Ele e
Albert conversaram sobre os adventistas e o sábado. Albert disse que estava muito ocupado para ir à igreja; mas, felizmente aceitou a revista Adventist World (Revista Adventista Mundial) e outras publicações religiosas que Ghukato lhe ofereceu.

O amor de Ghukato por Deus começou no lar, e ele continua a fazer da família sua prioridade. Quando sua mãe ficou doente e não conseguia limpar a igreja, ele pediuà mãe que esta  ficasse na cama até sentir-se bem. Quando ela tentou se levantar para limpar a igreja, Ghukato escondeu a chave da igreja. Quando teve condições, ele mesmo foi limpar a igreja no lugar dela até que a mãe melhorasse e tivesse condições de voltar ao trabalho.

Ajudando a escola a crescer

Ao ser consultado sobre a maior necessidade da escola, Ghukato imediatamente respondeu que os alunos precisam de dormitórios, e isso é verdade. Neste momento, a escola é um externato. Se tivesse dormitórios, mais estudantes poderiam estudar e morar ali. A oferta da Escola Sabatina deste trimestre ajudará a escola a construir um residencial feminino. Mas a escola também planeja conseguir dinheiro suficiente para construir um residencial para os rapazes.

Ghukato diz que os dois dormitórios são importantes porque muitos jovens que gostariam de estudar na escola não podem viajar todos os dias.

Ele acrescenta que a única coisa que deseja é estar pronto e esperando Jesus voltar. Seu versículo bíblico favorito é Mateus 24:42, onde Jesus diz: “Vigiem, pois, porque vocês não sabem a que hora virá o seu Senhor.”

Por favor, lembre-se em suas orações da Escola Adventista de Nagaland e doe generosamente sua oferta na Escola Sabatina todos os sábados.

Resumo missionário

• A educação adventista é parte importante do evangelismo na Divisão Sul-Asiática. Desde o início da igreja, as escolas têm sido instrumentos de Deus para salvar pessoas. Com um alto nível de educação em inglês, em vez de línguas locais, e um fator religioso preeminente, a cada ano, centenas de estudantes em escolas adventistas dedicam a vida a Cristo e são batizados.

• A ênfase religiosa abençoa as famílias também. Uma grande porcentagem de estudantes das escolas adventistas vem de lares não adventistas. Os alunos levam para casa o que aprenderam na escola, e muitas famílias escolhem seguir a Cristo.

• A Escola Adventista de Nagaland, no nordeste da Índia, tem 204 alunos. Foi aprovada para se tornar internato, mas precisa de dormitórios. Parte da oferta da Escola Sabatina deste trimestre ajudará a construir o residencial feminino, enquanto a escola levanta recursos financeiros para construir o residencial masculino. Assim, mais alunos poderão receber as vantagens da educação adventista.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2017
Tema geral: “O evangelho em Gálatas”
Lição 7: 5 a 12 de agosto
O caminho para a fé

 

Autor: Pr. Nilton Aguiar

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

 

Introdução

 Quando estudamos a história dos grandes heróis da Bíblia, observamos que a sua fé foi demonstrada por meio de estrita obediência. Por exemplo, os amigos de Daniel demonstraram sua fé em Deus recusando-se a se prostrar perante a estátua de Nabucodonosor. Eles tinham consciência de que essa seria uma transgressão aberta do segundo mandamento do Decálogo. Preferiram ir para a fornalha a desobedecer a Deus. Eles demonstraram fé. Segundo Tiago, a fé que não obedece é morta. O caminho para a fé passa pela obediência.

A lei e a promessa

O texto de Gálatas 3:21 deixa claro que, embora Paulo tenha argumentado em favor da superioridade da promessa, isso não significa que a lei contradiz a promessa. No início do verso, Paulo perguntou: “É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus?” Ele respondeu com a negação mais enfática que existe no grego do Novo Testamento: “de modo nenhum”.

O detalhe para o qual Paulo chamou a atenção nessa passagem diz respeito à função que a lei exerce na experiência cristã. Na verdade, o restante do verso 21 expressa uma função da lei a partir de um aspecto negativo, isto é, algo que a lei não está habilitada a fazer. Paulo disse: “se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei”. Paulo expressa uma condição para que a justiça pudesse proceder da lei. Embora não fique claro na tradução em língua portuguesa, o texto original em grego expressa o que chamamos de condição contrária aos fatos, irreal. Por exemplo, imagine uma noiva em sua festa de casamento dizendo a seu esposo: “Se meu pai não tivesse morrido, certamente ele estaria aqui”. A condição expressa na frase: “se meu pai não tivesse morrido” é irreal e, portanto, a contraparte “certamente ele estaria aqui” não é realizável. É esse tipo de construção que encontramos em Gálatas 3:21. Assim, a ideia de uma lei que possa dar vida é contrária aos fatos e, portanto, pensar numa justiça que proceda da lei é inconcebível. Além disso, a expressão “dar vida” é a tradução do verbo grego z?opoie?, que significa literalmente “produzir vida”. Esse verbo é usado por Paulo em outros lugares em sentido soteriológico (ou seja, relativo à salvação, Rm 8:11; 1Co 15:22, 45; 2Co 3:6). Portanto, a ideia de Gálatas 3:21 é que a função da lei não é prover o meio para que alguém seja aceito diante de Deus.

“Prisioneiros da lei”

 Enquanto em Gálatas 3:21 Paulo falou sobre qual não é a função da lei, nos versos 22 e 23 ele falou qual é a função da lei. Na verdade, nesses dois versos Paulo apresenta rapidamente a função da lei e da fé. Mediante a fé em Jesus Cristo, a promessa/justificação é concedida aos que creem, enquanto a lei encerra os homens (v. 24) sob o pecado (v. 23), no sentido de que ela mostra nossa verdadeira condição e, então, desperta nossa necessidade de Cristo (v. 24). Desse modo, a lei impede que alguém se considere justo diante de Deus, bem como aclara a consciência de que nossa justificação só é possível por meio da mesma bênção concedida a Abraão (Gn 15:6).

Observadas a partir dessa perspectiva, a lei e a fé não estão em contradição. Ao contrário, precisamos manifestar fé no sacrifício expiatório de Cristo como o único meio para remissão dos nossos pecados, porque existe uma lei que nos condena e aponta nossa necessidade de salvação. Esse ponto fica bastante claro em Romanos 5:20, 21, onde Paulo diz que a lei veio para tornar visível o pecado; no entanto, é a graça que resolve o problema, promovendo vida eterna, mediante Jesus Cristo.

A lei como nosso “vigilante”

Deus não concedeu a lei a Seu povo com o objetivo de que ela se tornasse um fardo. Muito pelo contrário, encontramos na Bíblia inúmeras passagens que falam das bênçãos que derivam da observância da lei.

No Antigo Testamento, embora a palavra hebraica Torah seja comumente traduzida como lei, seu sentido básico é ensino. Essa palavra aponta para o fato de que Deus revela Sua vontade aos Seus filhos, e denota a ideia de que Deus instrui Seu povo. Assim, a lei é a expressão da sabedoria divina. Ele a concedeu para que pudéssemos alcançar um estado de felicidade que, de outro modo, não seria possível. Por exemplo, a linguagem poética do Salmo 1 expressa a condição de satisfação que é obtida quando alguém coloca em prática os ensinos da Torah. Em Deuteronômio 33:29, Israel foi chamado de bem-aventurado. Essa bem-aventurança estava condicionada à sua obediência a Deus (Dt 28:1-14). Em vários Salmos, o homem bem-aventurado é aquele que teme ao Senhor e observa a lei (Sl 1:1, 2; 94:12; 112:1; 128:1). Além disso, os salmos também descrevem como bem-aventurado aquele que confia no cuidado e proteção de Deus (Sl 34:8; 40:4; 72:17 e 146:15).

No Novo Testamento, Jesus retomou todas essas ideias no Sermão do Monte. Ele ensinou que a lei protege a vida (Mt 5:21-26) e a família (Mt 5:27-32), leva as pessoas a viver de forma autêntica (Mt 5:33-37), incentiva a pagar o mal com o bem (Mt 5:38-42), ensina a lutar com as armas do amor (Mt 5:43-48). A lei é, portanto, um evidente ensino a respeito da sábia maneira de viver. Não é de admirar que, antes de mencionar essas coisas, Jesus deixou claro que a lei moral é imutável e eterna (Mt 5:17-19). Na verdade, se todos a observassem, não precisaríamos de guardas nas ruas nem de prisões. Não haveria divórcios nem crianças abandonadas. Nesse sentido, não somos nós que guardamos a lei, é ela que nos guarda.

A lei como nosso tutor

Ao falar sobre a lei como nosso tutor, Paulo deu continuidade à sua explicação sobre a função da lei. A palavra “tutor” (paidagogos) aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Gl 3:23, 24; 1Co 4:15). Essa é uma palavra difícil de traduzir, tendo em vista que, na sociedade contemporânea, não existe nenhuma função que seja perfeitamente equivalente à função do paidagogos na sociedade greco-romana. No entanto, uma nota importante sobre o paidagogos é que ele não era a pessoa que ensinava. Esse papel era desempenhado pelo didaskalos (mestre, professor), uma palavra que tem parentesco linguístico, por exemplo, com o termo “didática”, da língua portuguesa. Entre outras coisas, a função do paidagogos era conduzir a criança ao didaskalos. Assim, o paidagogos estava completamente envolvido no processo de ensino, mas de maneira indireta.

É interessante que, no Novo Testamento, Jesus é chamado de didaskalos inúmeras vezes (Mt 8:19; 19:16; Mc 5:35; 13:1; Lc 7:40; Jo 3:2). Em Mateus 5:1 e 7:29 (respectivamente, introdução e conclusão do Sermão do Monte), Jesus é retratado como grande Professor. Ele mesmo disse: “Aprendei de Mim, porque Sou manso e humilde de coração” (Mt 11:28). O Novo Testamento mostra que a lei nos leva a Cristo (Gl 3:23, 24; Rm 10:4). Porém, o caráter de Cristo está expresso em Sua lei. Por essa razão ela é fonte de ensino!

A lei e o cristão

A declaração de Paulo em Gálatas 3:25 deve ser compreendida à luz de outras passagens da Bíblia. Três pontos precisam ser levados em conta ao interpretarmos a afirmação de que “tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio”.

Primeiro, a Bíblia define pecado como transgressão da lei (1Jo 3:4); portanto, enquanto houver pecado, haverá lei.

Segundo, a Bíblia mostra que a lei existia antes do Sinai. Prova disso é que a Bíblia aponta claramente o pecado de várias pessoas: Adão e Eva (Gn 3; Rm 5:12), Caim (Gn 4), os filhos de Noé (Gn 9:24, 25), Ló (Gn 13), Abraão (Gn 20:2). E o que dizer da afirmação de Pedro de que os anjos que seguiram Lúcifer em suas insinuações cometeram pecado! (2Pe 2:4). Aliás, Lúcifer foi o primeiro no Universo a pecar (Is 14:12; Ez 28:17). Como saberíamos que Lúcifer cometeu pecado, se não houvesse uma lei para deixar isso claro? (1Jo 3:4; Rm 7:7).

Terceiro, a Bíblia mostra que a lei é uma expressão do caráter de Deus. Ele é santo (Lv 19:2), justo (Sl 145:17), bom (Sl 34:8), perfeito (Mt 5:48), eterno (Gn 21:33; Dt 33:27; Sl 10:16; Is 40:28; Rm 16:26; 1Tm 1:17) e imutável (Ml 3:6; Tg 1:17). Sua lei é santa (Rm 7:12), justa (Rm 7:12; Sl 119:172), boa (Rm 7:12, 16), perfeita (Sl 19:7), eterna (Sl 111:7, 8; 119:144, 152) e imutável (Sl 89:34). Além disso, a observância da lei é uma expressão do nosso amor para com Deus e para com o próximo (Mt 22:34-40; Rm 13:8-10). Essas passagens mostram que a lei continuará existindo eternamente, mesmo depois da extinção do pecado no Universo.

Então, o que Paulo quis dizer em Gálatas 3:25? Com a primeira vinda de Cristo, nós passamos a ter uma experiência mais profunda com Deus. Não precisamos mais de tábuas de pedra; agora a lei está gravada em nosso próprio coração (Jr 31:33; Hb 8:10; 10:16). Nenhuma dessas passagens insinua que a lei deixaria de existir com a vinda do Messias. Ao contrário, elas demonstram que, com a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, bem como com o derramamento do Espírito Santo, a lei assumiria um significado ainda mais profundo.

Conclusão

O evangelho e a lei andam juntos. Um não contradiz a outra. Elas apenas assumem diferentes funções no grande plano da redenção. Enquanto a lei exerce o papel de apontar o pecado e apresentar nossa necessidade de um Salvador, somente Cristo pode nos purificar do pecado e nos livrar da condenação. A lei também atua como uma espécie de protetor e guardião, evitando que nos machuquemos em nossa jornada cristã. Porém, todas as vezes que isso acontece, somos lembrados de que temos um Advogado junto ao Pai, o nosso Senhor Jesus Cristo.

Notas

 [1] O autor é pastor, mestre em Ciências da Religião, mestre e bacharel em Teologia, licenciado em Letras e autor de diversos livros e artigos. É docente do curso de Teologia, no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Cachoeira/BA, e atualmente está cursando o doutorado em Novo Testamento, na Andrews University (EUA). É casado com a professora Cristiane Aguiar, e tem dois filhos: a Karol e o Lucas.