Lição 12
09 a 16 de setembro
Vivendo pelo Espírito
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Ez 39–41
Verso para memorizar: “Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gl 5:16, NVI).
Leituras da semana: Gl 5:16-25; Dt 13:4, 5; Rm 7:14-24; Jr 7:9; Os 4:2; Mt 22:35-40

Um dos hinos cristãos mais amados é “Manancial de Toda Bênção” (Hinário Adventista, 214), de Robert Robinson. No entanto, esse compositor nem sempre foi um homem de fé. A morte do pai o deixou irado, e ele caiu na depravação e embriaguez. Depois de ouvir o famoso pregador George Whitefield, Robinson entregou a vida ao Senhor, tornou-se pastor metodista e escreveu esse hino que, originalmente, inclui os versos: “Cada dia, cada hora / Sou à graça devedor (…) / Eis minh’alma vacilante/ Confiarei em Teu amor”.

Incomodado com as palavras sobre a “alma” (coração) errante do cristão, alguém tentou mudar as palavras dessa estrofe: “sinto-me inclinado a adorar, Senhor, inclinado a amar ao Deus a quem eu sirvo”.

Apesar das boas intenções do editor, as palavras originais descrevem com precisão a luta cristã. Como cristãos, temos duas naturezas, a carnal e a espiritual, e elas estão em conflito. Embora nossa natureza pecaminosa esteja sempre propensa a se afastar de Deus, se estivermos dispostos a nos render ao Seu Espírito, não temos que ser escravos dos desejos da carne. Essa é a essência da mensagem de Paulo nos textos da lição desta semana.


Leve esperança para sua comunidade. Dedique seu tempo e recursos à Assistência Social Adventista. No mês de setembro, lance o Mutirão de Natal em sua igreja!

Domingo, 10 de setembro
Ano Bíblico: Ez 42–44
Andar no Espírito

1. Leia Gálatas 5:16. O que o conceito de “andar” tem a ver com a vida de fé? Dt 13:4, 5; Rm 13:13; Ef 4:1, 17; Cl 1:10

Andar é uma metáfora tirada do Antigo Testamento que se refere à maneira pela qual uma pessoa deveria se comportar. Paulo, que era judeu, muitas vezes fez uso dessa metáfora em suas cartas para descrever o tipo de conduta que deve caracterizar a vida cristã. O uso que ele fez dessa metáfora provavelmente estivesse ligado também ao primeiro nome associado à igreja primitiva. Antes que os seguidores de Jesus fossem chamados cristãos (At 11:26), eles eram conhecidos simplesmente como seguidores do “Caminho” (Jo 14:6; At 22:4; 24:14). Isso sugere que, já em uma época muito antiga, o cristianismo não era apenas um conjunto de crenças teológicas centralizadas em Jesus, mas também um “caminho” de vida a ser “percorrido”.

2. De que maneira a metáfora de Paulo sobre andar é diferente daquela encontrada no Antigo Testamento? Compare Êxodo 16:4; Levítico 18:4; Jeremias 44:23 com Gálatas 5:16, 25; Romanos 8:4. Assinale a alternativa correta:

A.( ) “Andar”, no Antigo Testamento, está relacionado à obediência da lei. A ênfase de Paulo, porém, estava no “andar no Espírito”, em conformidade com a lei de Deus.

B.( ) No Antigo Testamento, “andar” tinha um significado literal. Para Paulo, “andar no Espírito” significava desprezar a lei.

A conduta no Antigo Testamento não era definida simplesmente como “andar”, porém mais especificamente como “andar na lei”. Halakhah é o termo legal que os judeus usavam para se referir às regras e regulamentos encontrados tanto na lei quanto nas tradições rabínicas de seus antepassados. Embora Halakhah normalmente seja traduzida como “lei judaica”, na verdade a palavra tem por base o termo hebraico para “andar” e significa literalmente “a maneira de andar”.

Os comentários de Paulo sobre “andar no Espírito” não são contrários à obediên­cia à lei. Ele não sugeriu que os cristãos devem viver de uma maneira que transgrida a lei. É importante repetir: Paulo não se opôs à lei nem à obediência a ela.
O que ele combateu foi a maneira legalista pela qual a lei estava sendo mal utilizada. A obediência genuína que Deus deseja nunca poderá ser alcançada por obrigação exterior, mas apenas pela motivação interior produzida pelo Espírito (Gl 5:18).

Como tem sido sua experiência de “andar no Espírito”? Como você faz isso? Quais práticas em sua vida dificultam esse tipo de caminhada?


Segunda-feira, 11 de setembro
Ano Bíblico: Ez 45–48
O conflito do cristão

3. “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam” (Gl 5:17, NVI; veja também Rm 7:14-24). Você tem experimentado a realidade difícil e dolorosa dessas palavras?

A luta que Paulo descreveu não é a luta de todo ser humano. Ela se refere especificamente ao “cabo de guerra” interior que existe no cristão. Visto que os seres humanos nascem em harmonia com os desejos da carne (Rm 8:7), é somente quando nascemos de novo pelo Espírito que um conflito espiritual realmente começa a surgir (Jo 3:6). Isso não significa que os não-cristãos nunca experimentam conflitos morais; eles certamente os vivenciam. Mas, mesmo esse conflito, em última análise, é resultado da atuação do Espírito. A luta do cristão, no entanto, assume nova dimensão, porque o cristão tem duas naturezas que estão em guerra entre si: a carne e o Espírito.

Ao longo da história, os cristãos têm desejado alívio para essa luta. Alguns têm procurado pôr fim ao conflito se retirando da sociedade, enquanto outros têm afirmado que a natureza pecaminosa pode ser erradicada por algum ato da graça de Deus. Ambas as tentativas estão equivocadas. Embora certamente possamos subjugar os desejos da carne pelo poder do Espírito, o conflito continuará de várias maneiras, até que recebamos um novo corpo na segunda vinda de Jesus. Fugir da sociedade não ajuda porque, não importa aonde formos, levaremos a luta conosco até a morte ou até a volta de Cristo.

Quando Paulo escreveu, em Romanos 7, sobre o conflito interior nos cristãos como que impedindo-os de fazer o que quisessem, ele estava enfatizando a total extensão desse conflito. Visto que possuímos duas naturezas, estamos literalmente dos dois lados da batalha ao mesmo tempo. Nossa natureza espiritual deseja o que é espiritual e detesta o que é carnal. Nossa natureza carnal, no entanto, anseia as coisas da carne e se opõe ao que é espiritual. Sendo a mente convertida, por si mesma, muito fraca para resistir à carne, a única esperança que temos de subjugar a carne é tomar uma decisão diária de nos colocar ao lado do Espírito, contra nossa natureza pecaminosa. Por isso Paulo insistiu tanto em que os cristãos decidissem andar no Espírito.

Com base em sua experiência da batalha entre essas duas naturezas, qual conselho você daria para um cristão que esteja tentando resolver essa luta interminável contra si mesmo?

Incentive os jovens de sua igreja a se envolverem em projetos que ajudem a melhorar a vida de sua comunidade. Ore, planeje e entre em ação!

Terça-feira, 12 de setembro
Ano Bíblico: Dn 1–3
As obras da carne

Tendo introduzido o conflito que existe entre a carne e o Espírito, Paulo, em Gálatas 5:18-26, discorreu sobre a natureza desse contraste por meio de uma lista de vícios e virtudes éticas. A lista de vícios e virtudes era uma característica consolidada tanto na literatura judaica quanto na greco-romana. Essas listas identificavam o comportamento a ser evitado e as virtudes a ser imitadas.

4. Examine cuidadosamente as listas de vícios e virtudes nas passagens abaixo. Quais são as semelhanças e diferenças entre as listas de Paulo em Gálatas 5:19-24 e as listas a seguir? Jr 7:9; Os 4:2; Mc 7:21, 22; 2Tm 3:2, 3; 1Pe 4:3; Ap 21:8

Embora Paulo estivesse bem consciente da lista de vícios e virtudes, existem diferenças significativas na maneira pela qual ele usou as duas listas em Gálatas. Em primeiro lugar, embora Paulo tenha contrastado as duas listas, ele não se referiu a elas da mesma forma. Ele nomeou a lista dos vícios como “obras da carne” e a lista das virtudes como “fruto do Espírito”. Essa é uma distinção importante. Como James D. G. Dunn escreveu: “A carne exige, mas o Espírito produz. Enquanto uma lista respira uma ansiosa autoafirmação e frenética satisfação pessoal, a outra fala mais da preocupação pelos outros, de serenidade, capacidade de recuperação e confiabilidade. Uma lista é caracterizada pela manipulação humana; a outra, pela capacitação divina ou pela atuação da graça, reforçando a ideia de que a transformação interior é a origem da conduta responsável” (The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], p. 308).

A segunda diferença interessante entre as duas listas de Paulo é que a lista dos vícios é deliberadamente colocada no plural: “obras da carne”. “Fruto do Espírito”, no entanto, está no singular. Essa diferença sugere que viver de acordo com a carne pode promover nada mais do que divisão, tumulto, discórdia e separação. Em contrapartida, ao viver no reino do Espírito produzimos Seu fruto, que se manifesta em nove qualidades que promovem a unidade.

Nesse contexto, algumas pessoas afirmam que, seja qual for a crença de alguém acerca de Deus, isso realmente não importa, desde que a pessoa seja sincera. Nada poderia estar mais longe da verdade. A lista dos vícios, apresentada por Paulo, sugere o oposto: a crença pervertida sobre Deus leva a ideias distorcidas sobre o comportamento sexual, sobre religião e ética, resultando na degradação das relações humanas. Além disso, também podem levar à perda da vida eterna (Gl 5:21).

Examine a lista de “obras da carne”. Você considera cada uma delas como transgressão de um ou mais dos Dez Mandamentos?


Quarta-feira, 13 de setembro
Ano Bíblico: Dn 4–6
O fruto do Espírito (Gl 5:22-24)

5. “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5:22, 23, NVI). De que maneira a obediência aos Dez Mandamentos reflete o fruto do Espírito, expresso nesses versos? Veja também Mt 5:21, 22, 27, 28; 22:35-40. Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.( ) Quem não mata nem se ira contra seu irmão é paciente e manso.

B.( ) Quem não adultera é fiel.

C.( ) Os Dez Mandamentos não possuem nenhuma relação com o fruto do Espírito.

Os Dez Mandamentos não são uma alternativa ao amor; eles nos guiam na maneira pela qual devemos demonstrar o amor a Deus e à humanidade. Por mais que possa transcender à letra da lei, o amor não está em conflito com a lei. A ideia de que o amor a Deus e ao próximo anula os Dez Mandamentos faz quase tanto sentido quanto dizer que o amor pela natureza anula a lei da gravidade.

Além disso, em contraste com as quinze palavras que descrevem as obras da carne, o fruto do Espírito é descrito em nove virtudes graciosas. Estudiosos acreditam que essas nove virtudes estão organizadas em três grupos de três, mas quase não há consenso sobre o significado da sua ordem. Alguns veem no número três uma implícita referência à Trindade; outros acreditam que as três tríades reflitam as maneiras pelas quais devemos nos relacionar com Deus, com o próximo e, finalmente, com nós mesmos. Outros ainda veem a lista como, essencialmente, uma descrição de Jesus. Embora cada um desses pontos de vista tenha algum mérito, não devemos ignorar o ponto mais importante e significativo, que é a importância suprema que Paulo dá ao amor na vida cristã.

Não é acidental o fato de que o amor aparece como a primeira das nove virtudes na lista de Paulo. Ele já havia destacado o papel central do amor na vida cristã em Gálatas 5:6, 13, e o tinha incluído em suas listas de virtudes em outros lugares (2Co 6:6, 1Tm 4:12; 6:11; 2Tm 2:22). Enquanto todas as outras virtudes aparecem também em fontes não cristãs, o amor é distintamente cristão. Tudo isso indica que o amor deve ser visto não apenas como uma virtude entre muitas, mas como a principal virtude cristã que é a chave para todas as outras virtudes. O amor é o mais elevado fruto do Espírito (1Co 13:13; Rm 5:5) e deve definir a vida e as atitudes de todo cristão (Jo 13:34, 35), por mais difícil que seja, às vezes, demonstrar amor.

Quanta abnegação está envolvida no amor? Você pode amar sem renunciar a si mesmo? O que Jesus nos ensinou sobre amor e abnegação?

Participe do projeto “Reavivados por Sua Palavra”: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org/

Quinta-feira, 14 de setembro
Ano Bíblico: Dn 7–9
O caminho para a vitória

Embora sempre ocorra um conflito interior angustiante entre a carne e o Espírito no coração de cada cristão, a vida cristã não precisa ser dominada pela derrota, pelo fracasso e pecado.

6. Segundo Gálatas 5:16-26, qual é o segredo para ter uma vida em que o Espírito reine sobre a carne? Assinale a alternativa correta:

A.( ) Satisfazer os desejos da carne.

B.( ) Decidir todos os dias andar no Espírito, permitindo que Ele guie nossa vida.

C.( ) Ignorar os apelos do Espírito Santo.

Gálatas 5:16-26 contém cinco verbos fundamentais que descrevem o tipo de vida em que o Espírito reina. Em primeiro lugar, o cristão precisa “andar” no Espírito (v. 16). O verbo grego é peripateo, que significa literalmente “passear” ou “seguir”. Os seguidores do famoso filósofo grego Aristóteles passaram a ser conhecidos como “peripatéticos” porque eles seguiam Aristóteles em todos os lugares aonde ele ia. O fato de o verbo estar no presente do indicativo significa que Paulo não estava falando de uma caminhada ocasional, mas de uma contínua experiência diária. Além disso, uma vez que a “andar” no Espírito é também uma ordem, isso implica que andar no Espírito é uma escolha que temos que fazer diariamente. O segundo verbo é “ser guiado” (v. 18). Isso sugere que também precisamos permitir que o Espírito nos guie aonde devemos ir (Rm 8:14; 1Co 12:2). Nossa tarefa não é guiar, mas seguir.

Depois, outros dois verbos aparecem em Gálatas 5:25. O primeiro é “viver” (zao, em grego). Com o verbo “viver”, Paulo se referiu à experiência do novo nascimento, que deve marcar a vida de cada cristão. O uso que Paulo fez do tempo presente aponta para a experiência do novo nascimento, que deve ser renovada diariamente. Conforme o que Paulo escreveu, visto que vivemos pelo Espírito, também precisamos “andar” pelo Espírito. A palavra traduzida como “andar” é diferente da utilizada no verso 16. Aqui a palavra é stoicheo, um termo militar que significava, literalmente, “colocar em ordem”, “manter-se no mesmo passo” ou “sujeitar-se”. A ideia aqui é de que o Espírito não apenas nos dá vida, mas também deve orientar diariamente nossa vida.

O verbo que Paulo usou no verso 24 é “crucificar”. Isso é um pouco chocante. Se devemos seguir o Espírito, precisamos tomar uma decisão firme de sacrificar os desejos da carne. Naturalmente, Paulo estava falando no sentido figurado. Crucificamos a carne alimentando nossa vida espiritual e matando de fome os desejos da carne.

Quais mudanças e escolhas você deve fazer para alcançar as vitórias prometidas em Cristo, e que até hoje não conseguiu obter?


Sexta-feira, 15 de setembro
Ano Bíblico: Dn 10–12
Estudo adicional

A vida do cristão não é toda suave. Ele tem severos conflitos a enfrentar. Cruéis tentações o assaltam. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne” (Gl 5:17). Quanto mais perto chegarmos do final da história da Terra, mais enganosos e ardilosos serão os ataques do inimigo. Seus ataques ficarão cada vez mais ferozes e mais frequentes. Os que resistirem à luz e à verdade se tornarão mais endurecidos e insensíveis, e mais determinados contra aqueles que amam a Deus e guardam os Seus mandamentos (MS 33, 1911; Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 1240).

“A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo no coração. Não vemos Cristo nem falamos com Ele, mas o Espírito está tão perto de nós num lugar como em outro. Ele atua não só em cada pessoa que recebe a Cristo, mas por meio dela.
Os que têm o Espírito habitando em seu interior revelam os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade” (MS 41, 1897; Comentários de Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 1240).

Perguntas para reflexão

1. O que isso significa crucificar os desejos da carne? Como podemos fazer isso? O que o uso da palavra crucificar nos diz sobre quanto é difícil a batalha contra o eu?

2. O esforço humano desempenha algum papel na produção do fruto do Espírito? O que sua experiência diz sobre esse papel?

3. Paulo disse que os que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Como você concilia essa declaração com o fato de que Paulo diz que somos salvos pela fé e não pelas obras?

4. Qual é a maior luta que você enfrenta em sua caminhada com o Senhor? Não é o pecado e a influência dele sobre seu relacionamento com Deus? Por que devemos sempre lembrar que nossa salvação depende totalmente do que Jesus fez por nós?

Resumo: Embora na vida dos cristãos exista um conflito entre os desejos da carne e os desejos do Espírito, a vida cristã não precisa ser fracassada. Visto que Cristo venceu o poder do pecado, o Espírito pode reinar na vida cristã, concedendo-nos diariamente a graça que nos habilita a controlar os desejos da carne.

Respostas e atividades da semana: 1. Com uma semana de antecedência, peça a um aluno que responda à questão e compartilhe com a classe no próximo sábado. Depois, permita que os outros compartilhem experiências de fé que tiveram ao longo de sua vida. 2. A. 3. Peça aos alunos que formem duplas e compartilhem suas lutas para viver de acordo com o Espírito de Deus. 4. Com uma semana de antecedência, escolha dois alunos. Peça a um deles que focalize as semelhanças entre a lista de Paulo e a das outras passagens. Peça ao outro que enfatize as diferenças entre elas. No próximo sábado, faça um quadro das diferenças e semelhanças das listas de virtudes e vícios. 5. V; V; F. 6. B.



Resumo da Lição 12
Vivendo pelo Espírito

TEXTO-CHAVE: Gálatas 5:16

O ALUNO DEVERÁ

Saber: O que significa viver pelo Espírito.

Sentir: O conflito em que estamos envolvidos, sob a influência de uma natureza pecaminosa, embora almejemos que nossa vida seja dirigida pelo Espírito.

Fazer: Escolher viver cada momento em sintonia com o Espírito.

ESBOÇO

I. Saber: Viver pelo Espírito

A. Como se comporta a pessoa que anda no Espírito?

B. Como uma pessoa guiada pelo Espírito se relaciona com a lei?

C. Como as “obras da carne” se contrastam com o “fruto do Espírito”? Por que, de acordo com Paulo, não há lei contra o fruto do Espírito?

II. Sentir: Conflito espiritual interior

A. Por que há uma grande luta interior entre nosso desejo natural de servir a nós mesmos e a influência do Espírito? Como podemos encontrar alívio para esse conflito?

B. Quais emoções resultam das obras da carne? Qual é a diferença entre elas e as emoções e atitudes listadas como o fruto do Espírito?

III. Fazer: Viver em amor

A. O que devemos fazer para crucificar nossa natureza pecaminosa?

B. Quais das nossas escolhas conscientes nos colocam ao lado do Espírito e contra a natureza pecaminosa?

C. Quais escolhas fortalecem nossas tendências pecaminosas?

RESUMO: Viver pelo Espírito significa andar diariamente no caminho determinado pelo Espírito. Para isso, precisamos fazer escolhas diárias em harmonia com o Espírito em todos os aspectos, de maneira que nossa natureza pecaminosa “morra de fome”.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: Gálatas 5:16

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Somente quando temos o Espírito Santo habitando permanentemente em nosso coração somos capacitados a ter uma vida que honre a Deus.

Para o professor: Quais atividades interrompem a atuação do Espírito Santo em nossa vida? Peça a opinião da classe.

A lâmpada não é nada sem a eletricidade. Foi projetada para iluminar, mas não pode, sem energia, afastar a escuridão. Várias coisas simples ocorrem quando a lâmpada é acesa.

Obviamente, a lâmpada deve ser conectada corretamente a uma fonte elétrica. O interruptor elétrico deve ser ligado. Os filamentos no interior do bulbo incandescente ou os gases no interior do tubo fluorescente devem estar intactos. Da mesma forma, sempre que os cristãos brilham, diversas coisas simples ocorrem. O cristão deve estar devidamente ligado a uma fonte de energia espiritual (Deus). Interrupções do fluxo de energia (por exemplo, interruptores) devem ser solucionadas, o que significa que tendências pecaminosas e falhas habituais devem ser totalmente submetidas ao controle divino. A integridade interior da vida do cristão também deve estar intacta. As menores fissuras no tubo fluorescente ou as menores rupturas de um filamento incandescente podem destruir a capacidade da lâmpada para iluminar. Pequenas falhas (linguagem duvidosa, falta de disciplina física [por exemplo, gula, embriaguez, preguiça], humor vulgar, ganância, temperamento descontrolado e muitas outras características semelhantes) eliminarão a eficiência do cristão. Resumidamente, as condições básicas para a eficácia espiritual são integridade moral e energia espiritual. Sempre que uma delas estiver ausente, a luz espiritual se apagará. Alguns membros da igreja exemplificam elevados padrões de cidadania e aparente integridade, mas não produzem luz espiritual porque não existe conexão com Deus. Outros membros alegam ter encontros sobrenaturais com Deus, mas não têm integridade moral. Novamente, nenhuma luz é produzida. No entanto, sempre que o poder do Espírito Santo envolve a vida moralmente íntegra, o ambiente ao redor dela é iluminado. Além do próprio Deus, cristãos moralmente corretos e cheios do Espírito Santo são a maior necessidade do mundo.

Atividade inicial: 1. Com base nos conceitos apresentados acima, o que os cristãos devem fazer para se manter conectados com o Espírito de Deus? 2. Cante a canção de Natal “Nasce Jesus” (Hinário Adventista do Sétimo Dia, 45) e discuta como a luz celestial de Cristo deve ser refletida em nossa vida.

Compreensão

Para o professor: Para Paulo, andar no Espírito é o oposto de satisfazer os desejos da carne. Em muitas das cartas paulinas, as metáforas da carne e do espírito são contrapostas. Alguns têm entendido mal as intenções de Paulo. Os ascetas erroneamente interpretaram que esses escritos condenavam todos os aspectos da existência física. Muitos movimentos monásticos foram estabelecidos com base nessa desconfiança acerca do corpo ou da natureza física da humanidade. Surgiram dois pontos de vista igualmente repugnantes. Os movimentos monásticos assumiram a posição de que o próprio corpo era irremediavelmente mau e devia ser negado, punido, privado e, por outro lado, humilhado para alcançar a justiça. Nutrição, expressão sexual e outros prazeres comuns eram negados para humilhar o corpo e expiar a maldade. Seus adversários extremos ensinavam que, visto que o corpo estava além da redenção, a maneira de tratá-lo não tinha importância. Portanto, gula, embriaguez, preguiça e várias perversões sexuais eram consideradas aceitáveis porque o que importava era apenas a alma, não o corpo. Nenhum dos extremos está correto. Corpo e espírito foram divinamente criados perfeitos. Portanto, nenhum deles são inerentemente maus. O pecado entrou e corrompeu todos os aspectos da existência humana. A redenção divina não é apenas espiritual, mas também física e mental.

Comentário bíblico

O conflito do cristão

(Recapitule com a classe Gl 5:17; Rm 7:14-24.)

O Espírito Santo é o meio pelo qual Deus redime o espírito e o corpo corrompidos da humanidade. Em Romanos 8, Paulo descreveu a obra do Espírito de Deus na vida humana. O Espírito Santo realiza por meio das fraquezas humanas o que a lei jamais conseguiria. Batalhas diárias ocorrem no coração humano, entre a carne, simbolizando os desejos e propensões autodestrutivos, e o Espírito, que representa tudo o que Deus tem investido para libertar as pessoas em cativeiro. A lei, um reforço externo dos padrões sociais para a preservação da vida, será sempre necessária para conter as pessoas que, egoisticamente, vivem para satisfazer todos os desejos pessoais, independentemente do impacto de suas ações sobre os outros. No entanto, restringir o egoísmo nunca deve ser igualado a produzir justiça.

A maior parte das religiões se afasta do cristianismo nesse aspecto. A maioria das religiões são mecanismos para restringir o mal, que utilizam a retribuição para impor a conformidade social. A justiça é alcançada quando a divindade é apaziguada por meio da conformidade com as regras sociais. Infelizmente, expressões legalistas do cristianismo percorrem esse mesmo caminho. No entanto, o cristianismo genuíno reconhece que as regras são impotentes para transformar o rebelde coração humano. Somente uma compreensão inteligente do amor de Deus e de sua expressão suprema no Calvário pode efetivamente redirecionar o egocentrismo para uma vida centralizada em Deus.

Os seres humanos, contudo, são impotentes contra o egoísmo natural. Educação, desenvolvimento cultural e formação moral podem inibir, porém, jamais curar o espírito rebelde. Assim, o antídoto de Deus foi o derramamento do Espírito Santo nos que sinceramente desejaram a transformação espiritual. Somente a permanência do Espírito era suficiente para vencer a pecaminosidade inerente. Paulo reconheceu, porém, que o egoísmo não cede facilmente. Embora a luta não possa ser resolvida pela ênfase no comportamento, o conflito pode ser resolvido pela entrega incondicional do coração a Deus. Ao nos entregarmos completamente a Ele, por meio do controle interior, Deus pode mudar o que os controles exteriores nunca poderiam realizar. Não existe substituto para a presença do Espírito: coisas como filantropia, cidadania exemplar, serviço comunitário ou automortificação não O podem substituir. A justiça humana é apenas “trapo imundo” (Is 64:6, NVI). Além disso, a justiça própria não é apenas ineficaz, é insatisfatória! A satisfação pessoal não é resultado de obrigar alguém a viver corretamente, mas de desejar ardentemente viver de maneira justa e, pela graça maravilhosa de Deus, fazer isso.

Pense nisto: Quando os cristãos reconhecem suas falhas, como devem iniciar as mudanças positivas? Quais recursos o Céu tem oferecido aos que desejam sinceramente a justiça? Como podemos diminuir a intensidade da batalha espiritual? À medida que a vida do cristão se torna cada vez mais cheia do Espírito de Deus, o que vai sendo removido? Como os cristãos devem fugir da tentação de concentrar seus esforços em mudar o comportamento, quando a estratégia eficaz seria facilitar o predomínio do Espírito em nossa vida?

Aplicação

Para o professor: Paulo descreveu nove virtudes conhecidas como o fruto do Espírito, que caracterizam a obra do Espírito na vida daquele que se rende a Deus. Assim como o fruto natural é criado mediante processos internos da planta, que transformam os nutrientes do solo em uvas deliciosas, morangos e mangas, também o fruto espiritual é gerado pela obra do Espírito no coração humano. Pesquisadores têm reproduzido com sucesso o sabor e o formato de várias frutas, analisando cuidadosamente sua estrutura química e reunindo externamente seus diversos componentes. Essas coisas parecidas com frutas, no entanto, nunca se reproduziram. Cópias artificiais não têm algo essencial: a vida! Moralidade desenvolvida externamente tem certa semelhança com o caráter autêntico, mas permanece sem vida, incapaz de se reproduzir. Unicamente o fruto espiritual, gerado internamente, dura para sempre e gera outros frutos. Assim, fidelidade produz fidelidade, bondade incentiva bondade, gentileza gera gentileza, etc.

Atividade

Traga para a classe uma fruta artificial de alta qualidade, dessas que quase poderiam ser confundidas com frutas de verdade. Traga a fruta real que corresponda à fruta artificial que você selecionou. Encha uma vasilha com os dois tipos de frutas. O recipiente deve permitir que os alunos vejam o fruto a certa distância. Um recipiente transparente é o ideal. Coloque-o no local da reunião, mas a alguma distância de onde os participantes se sentam. Leia Mateus 7:16. Caso esses itens não estejam disponíveis, uma alternativa é pedir que a classe compare as frutas artificiais com as frutas reais, descrevendo as diferenças e, em seguida, leiam o texto das Escrituras e respondam às perguntas abaixo.

Perguntas para reflexão

Como o fruto artificial pode ser distinguido do fruto autêntico? É mais fácil discernir se o recipiente do fruto estiver mais perto? Quais métodos podem ser usados para eliminar dúvidas sobre qual é o fruto falso e qual é o verdadeiro? Morder o fruto resolve a questão? Como os cristãos podem discernir o verdadeiro fruto espiritual nos outros? E neles mesmos? Como as circunstâncias desagradáveis e provações podem distinguir os frutos espirituais genuínos dos que são moralmente idênticos? Como os cristãos podem estar seguros de que seu fruto espiritual é autêntico? Como os cristãos podem multiplicar seu fruto espiritual?

Criatividade e atividades práticas

Para o professor: O cristão mais forte recebe força do encorajamento dos irmãos. Cristãos novos são ainda mais necessitados. Quando reconhecemos o poder transformador do Espírito na vida dos nossos conhecidos e manifestamos esse reconhecimento, é possível encorajar grandemente outras pessoas a continuar crescendo. Lembre-se, essa percepção é apenas a primeira fase; é preciso expressá-la.

Atividade

Junte cartões de Ano Novo, cartões de saudações de festas em geral, ou alguns artigos de papelaria atrativos para qualquer ocasião. Se tais cartões ou artigos de papelaria não estiverem disponíveis, qualquer papel será suficiente. Distribua para os alunos e os incentive a escrever uma mensagem de incentivo a alguém que tenha abençoado a vida deles. Reconheçam atributos espirituais específicos que podem ser ligados a uma referência bíblica específica. Duas listas preeminentes de atributos divinos estão contidas em Gálatas 5 e também em 2 Pedro 1. A bênção apresentada pode não ter sido recebida diretamente pela pessoa que está escrevendo a mensagem. Por exemplo, as palavras poderiam ser dirigidas a alguém que levou a Cristo os pais de um membro da classe, contribuindo indiretamente para seu progresso espiritual. Escrevam como essa bênção afetou pessoalmente o membro da classe, bem como outros membros da família ou amigos. Compartilhem também como Cristo tem usado a vida desse membro da classe para abençoar outros. (De certa forma, isso poderia ser descrito como o plano de marketing da pirâmide divina: os que transmitem a mensagem recebem o crédito pela influência espiritual daqueles a quem eles influenciaram anteriormente!) Combine com a classe o envio da mensagem pelo correio, ou encoraje os participantes da classe a entregar pessoalmente a mensagem.


Transformado por Jesus

Vaishali é um estudante de 15 anos de idade e estuda em um internato adventista do sétimo dia no sul da Índia. [Uma adolescente poderá apresentar este informativo em primeira pessoa.]

As primeiras lembranças que vem à mente de Vaishali são de sua mãe chorando ao ser espancada brutalmente por seu pai. Infelizmente, isso aconteceu muitas vezes.

Seu pai era vendedor de verduras, mas bebia muito e vivia em constante estado de embriaguez. Durante quase toda a sua infância, ela conviveu com o pai bêbado.

Quando Vaishali tinha oito anos, os vizinhos apresentaram à sua família um pastor adventista do sétimo dia, que orou pela família e contou histórias sobre Jesus. Ele disse que Jesus poderia salvá-los, aliviar os seus fardos e confortar o seu coração quebrantado.

Isso pareceu maravilhoso para Vaishali e sua mãe. Elas entregaram a vida a Jesus e aceitaram o perdão dos pecados. Finalmente, uniram-se à família da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

O pai, no entanto, não quis acompanhá-las nessa decisão. Ele continuou bebendo e batendo na mãe. Vendo o desejo de Vaishali de obedecer a Jesus, o pai transferiu sua ira para a filha.

Fugindo do perigo

A ira do pai estava fazendo muito mal para Vaishali. Ela não conseguia se concentrar nos estudos. Por isso ela deixou de ir à escola por três meses e tentou ficar longe do pai.

Finalmente, a mãe decidiu morar em outra cidade, a alguns quilômetros de distância. Ela queria um novo começo para sua vida. Então mudaram-se para a casa de amigos.

Mas o pai descobriu onde elas estavam vivendo e foi morar naquele lugar. Ficou ali apenas três dias antes de cometer um grande erro: roubou os donos da casa. No meio da noite, ele fugiu deixando baldes e outros utensílios que ele vendia para comprar álcool.

A mãe de Vaishali decidiu levá-la para longe, onde o pai não pudesse encontrá-la. Então enviou-a para a casa dos avós por um tempo. Nesse período, ela soube da existência da Escola Secundária Memorial James, no sul da Índia. Concluindo que a escola era o melhor lugar para a filha, a mãe a levou para viver e estudar ali, enquanto trabalha como zeladora para pagar as mensalidades escolares.

A escola realmente ajudou muito na educação de Vaishali. Aumentou o seu conhecimento de Deus e lhe deu paz de espírito. Agora, ela tem 15 anos e está feliz vivendo na nova escola.

Orando pelo pai

Mas Vaishali não se esqueceu de seu pai. Todos os dias ela orava para que ele abandonasse o álcool e entregasse o coração a Jesus. No ano passado, a coisa mais incrível aconteceu! O pai confessou seus pecados e se arrependeu de seus maus caminhos. Deixou de beber e de roubar, e foi batizado. Agora é um adventista do sétimo dia.

Vaishali está feliz! Ela ainda ora todos os dias para que seu pai não volte a beber. Deus está respondendo às suas orações. O pai é um novo homem!

Ela não sabe o que vai acontecer no futuro, mas tem certeza de uma coisa: a vida sem Jesus é um desastre, e a vida com Ele é uma experiência de paz e felicidade.

Vaishali gosta muito da escola, pois ali jovens como ela podem estudar e aprender juntos. Alguns são adventistas do sétimo dia, outros são cristãos de outras igrejas, e alguns nem sequer sabem quem é Jesus. No entanto, eles vivem e aprendem juntos, e muitos dos seus novos amigos encontram Jesus ali. Isso a deixa muito feliz!

Parte da oferta da Escola Sabatina deste trimestre ajudará a construir um residencial feminino na Escola Secundária Memorial James. O atual dormitório das meninas é antigo, e os banheiros não são suficientes para atender as cem alunas que moram ali. O novo residencial permitirá que muito mais estudantes vivam e estudem nessa escola. Por favor, lembrem-se dessa escola em suas orações e na oferta da Escola Sabatina. Sejam generosos e nos ajudem a salvar pessoas. Muito obrigado!

Resumo missionário

• Na Escola Secundária Memorial James, 243 alunos vivem nos residenciais. Cerca de cem alunas vivem no residencial feminino, que foi projetado para um número bem menor de residentes. Ele tem apenas cinco banheiros, insuficientes para a quantidade de alunas.

• Parte da oferta da Escola Sabatina deste trimestre ajudará a construir um novo residencial feminino que proporcionará às meninas um ambiente mais saudável e habitável.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2017
Tema geral: “O evangelho em Gálatas”
Lição 12: 9 a 16 de setembro
Vivendo pelo Espírito

 

Autor: Pr. Nilton Aguiar

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

 

Introdução

Em sua própria força, o cristão não é capaz de vencer o mal. Existe uma intensa batalha na vida de cada pessoa. Dessa batalha depende o destino eterno de cada um. Duas naturezas estão lutando pela supremacia e querem ter total domínio do coração. Davi disse: “Em pecado eu nasci”. Essa passagem revela uma verdade alarmante: todos nós nascemos com o que chamamos de natureza pecaminosa. Ao passarmos pela experiência da conversão, Deus implanta em nós a “natureza de Cristo”. Essas duas naturezas lutam entre si. Para que a “natureza espiritual” triunfe, é necessário que vivamos pelo Espírito.

Andar no Espírito

Em Gálatas 5:16-26, Paulo continuou o tema que ele vinha discutindo na seção anterior de sua carta. Ele deu instruções a respeito de como os cristãos devem viver sua liberdade em Cristo andando no Espírito. Ele deu prosseguimento ao que chamamos de seção prática de sua carta.

Como já mencionamos em comentário anterior, as cartas de Paulo podem ser divididas em duas grandes seções. Na primeira, ele faz exposição doutrinária; e, na segunda, a aplicação prática. Essa forma paulina de dividir suas cartas aponta para uma verdade cristalina: “doutrina é o fundamento sobre o qual a vida cristã deve ser vivida; e a vida é a esfera na qual as verdades doutrinárias devem ser aplicadas”.

Paulo iniciou sua descrição de como é uma vida dirigida pelo Espírito Santo usando uma metáfora muito comum no Antigo Testamento: “andar no Espírito”. A Bíblia diz que Enoque andou com Deus (Gn 5:22, 24; 6:9), bem como Abraão (Gn 17:1; 24:40) e Isaque (Gn 48:15).

Além disso, passagens como Malaquias 2:6 e Miqueias 6:8 demonstram que, do ponto de vista bíblico, a atitude de andar com Deus está ligada a uma vida de retidão e à prática da justiça e da misericórdia. O fato de que a Bíblia menciona que o próprio Deus andou no jardim do Éden (Gn 3:8) dá a entender que o conceito de andar com Deus sugere uma intimidade especial e uma vida de piedade. Portanto, andar no Espírito significa ter uma vida de intimidade com o Espírito Santo e ser dirigido por ele.

O conflito do cristão

Paulo apresentou uma série de contrastes a fim de explicar o conflito espiritual que se trava na vida do cristão. O Espírito Santo está em contraste com “a concupiscência da carne” (v. 16), “a carne” (v. 17) e o nosso querer (v. 17). Paulo também contrastou “as obras da carne” (v. 19) com o fruto do Espírito (v. 20).

É interessante notar que o contraste mais enfatizado na passagem se encontra no verso 17. Paulo disse que a carne e o Espírito são opostos entre si. A inimizade entre a carne e o Espírito é demonstrada pelo fato de que essa inimizade vem de ambas as direções. Tanto a carne luta contra o Espírito quanto o Espírito luta contra a carne. Outra tradução possível para Gálatas 5:17 é: “A carne tem desejos que se opõem ao Espírito, e o Espírito tem desejos que se opõem à carne”. Essa tradução nos ajuda a entender melhor o que Paulo estava tentando expressar nesse verso. Se realmente queremos ser vitoriosos na vida espiritual, precisamos permitir que o Espírito Santo subjugue nossos desejos pecaminosos.

Além disso, uma vez que o Espírito Santo e os desejos da carne são opostos entre si, eles não podem habitar no mesmo espaço. Quando o Espírito Santo não está presente na vida de uma pessoa, seus desejos se tornam carnais, pecaminosos. Segundo Gálatas 5:17, a tendência de uma pessoa que não se submete ao Espírito Santo é dar vazão à sua própria vontade. Na seção anterior de sua carta, Paulo deu a entender que isso está longe de ser liberdade. De fato, não ser capaz de controlar a própria vontade é a pior forma de escravidão.

As obras da carne

O Novo Testamento contém inúmeros exemplos de listas de vícios e virtudes. As funções que essas listas exercem no Novo Testamento são similares às funções que elas exercem fora da literatura cristã. “Por exemplo, os filósofos greco-romanos frequentemente começavam seus discursos com uma lista de vícios a fim de descrever a condição moral miserável das massas. Paulo, de modo similar, usa uma lista de vícios no início de Romanos (1:29-31) para representar a condição das pessoas que não se apropriaram do conhecimento de Deus. Novamente, listas de virtudes são empregadas tanto em tratados filosóficos quanto pelo NT para delinear as qualificações e características dos bons líderes”.

Portanto, a lista de vícios em Gálatas 5:19-21 demonstra a preocupação de Paulo com o comportamento e a qualificação moral de seus destinatários. A razão pela qual Paulo estava tão preocupado com esses vícios é apresentada claramente no verso 19: “Não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”. Pessoas que praticam alguns desses vícios são mencionadas em Apocalipse 9:21, 21:8 e 22:15, contra as quais há uma severa advertência: “a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21:8). Essas pessoas ficarão fora dos portais da Nova Jerusalém (Ap 22:15). Paulo falou seriamente com os Gálatas porque a situação era realmente séria!

O fruto do Espírito

O fato de que Paulo apresentou o fruto do Espírito a partir de nove virtudes expressa o fato de que o caráter cristão deve ser desenvolvido de maneira completa e harmoniosa. Se uma pessoa é bondosa, mas não é fiel, ela não tem o fruto do Espírito. Se ela demonstra amor, mas não tem domínio próprio, ela não tem o fruto do Espírito.

O amor está na base da lista de Paulo em Gálatas 5:22, 23. Possivelmente, isso indique que é o amor que torna possível o desenvolvimento de todas as outras virtudes. De fato, em 1 Coríntios 13:3, Paulo menciona a fé, a esperança e o amor, porém enfatiza que o maior desses é o amor.

Um ponto importante da discussão de Paulo sobre as virtudes que compõem o fruto do Espírito é sua declaração de que “contra estas coisas não há lei” (v. 23). “Existe lei contra as dezessete obras da carne – para condená-las; mas não há lei para condenar as nove graças do Espírito. Há lei para restringir o pecador, [...] mas em relação às graças do Espírito não há nada a restringir. Elas se harmonizam com os requerimentos da lei, porque irradiam desse amor que é o próprio cumprimento da lei”.

O caminho para a vitória

Em resumo, o segredo da vitória cristã, nas palavras de Paulo em Gálatas 5:24-25, envolve duas coisas: crucificar a carne e andar no Espírito.

Crucificar a carne. Alguns podem achar que essas palavras sejam muito fortes; porém, é preciso observar que Paulo não disse que devemos crucificar a nós mesmos, mas a carne. Crucificar a carne é algo feito não a nós, mas por nós. Em Gálatas 2:20 e Romanos 6:6, Paulo falou sobre a crucifixão do próprio eu. Porém, nessas passagens, o verbo “crucificar” está na voz passiva, o que indica que existe um agente externo praticando a ação. Assim, é Deus quem realiza essa obra em nós. No caso de Gálatas 5:24, nós é que praticamos a ação. Paulo devia ter em mente as palavras de Jesus: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-Me” (Mc 8:34). “Negar a si mesmo” não significa abrir mão de todas as suas vontades, mas daquelas que estão em conflito com a vontade de Deus. Paulo levou sua metáfora a uma conclusão lógica: “Nós devemos não apenas tomar a nossa cruz e andar com ela, mas realmente ver a execução ocorrendo. Nós devemos realmente pegar a carne, nosso eu rebelde e teimoso, e (em sentido figurado) pregá-lo na cruz. Essa é a descrição vívida de Paulo acerca de arrependimento, de virarmos as costas para a velha vida de egoísmo e pecado”. Além disso, a imagem construída por Paulo também sugere que a rejeição da velha natureza por parte do cristão deve ser decisiva, implacável e, não raro, dolorosa.

Andar no Espírito. Paulo enfatizou a ação do Espírito Santo na vida do crente. No verso 16, ele falou sobre “andar no Espírito”; no verso 18, sobre ser guiado pelo Espírito; no verso 22, sobre “o fruto do Espírito”; no verso 25, sobre “viver no Espírito” e “andar no Espírito”. Paulo concluiu sua ênfase na obra do Espírito Santo com o verbo “andar”, assim como ele começou no verso 16. Porém, em grego, os verbos são diferentes. Enquanto “andar”, no verso 16, vem de peripate?, “andar”, no verso 25, vem de stoiche?, que significa não apenas “andar”, mas “andar alinhado com uma pessoa considerada padrão para a conduta de outra pessoa”. Portanto, “andar no Espírito” (v. 25) significa andar em conformidade com a vontade do Espírito Santo. Um detalhe importante é que todos os verbos mencionados estão no tempo presente, o que significa que, se realmente queremos ser vitoriosos, nossa caminhada com o Espírito Santo deve ser constante e ininterrupta.

Conclusão

Para vencer no conflito espiritual precisamos ter uma vida dirigida pelo Espírito Santo. Paulo ilustrou essa verdade bíblica por meio da metáfora “andar no Espírito”. A atitude de andar com Deus está ligada a uma vida de retidão, à prática da justiça e da misericórdia. Uma vez que Cristo ainda não removeu nossa natureza carnal, o que ocorrerá em Sua segunda vinda, o cristão vive no meio de uma batalha em que duas naturezas lutam pela supremacia. Para sermos vitoriosos, Paulo nos convida a abandonar as obras da carne e a desenvolver o fruto do Espírito. Isso só é possível por meio de uma ligação íntima e constante com o Espírito Santo.

Notas

  1. O autor é pastor, mestre em Ciências da Religião, mestre e bacharel em Teologia, licenciado em Letras e autor de diversos livros e artigos. É docente do curso de Teologia, no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Cachoeira/BA, e atualmente está cursando o doutorado em Novo Testamento, na Andrews University (EUA). É casado com a professora Cristiane Aguiar, e tem dois filhos: a Karol e o Lucas.
  2. Ronald Y. K. Fung, The Epistle to the Galatians (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1953), p. 243.

  3. Gordon J. Wenham, Genesis 1–15, v. 1, Word Biblical Commentary (Dallas: Word, Incorporated, 1998), p. 127.

  4. Lista de vícios: Mt 15:19; Mc 7:21-22; Rm 1:29-31; 13:13; 1Co 5:10-11; 6:9-10; 2Co 12:20-21; Gl 5:19-21; Ef 4:31; 5:3-5; Cl 3:5-8; 1Tm 1:9-10; 6:4-5; 2Tm 3:2-4; Tt 1:7; 3:3; 1Pe 2:1; 4:3, 15; Ap 9:21; 21:8; 22:15; lista de virtudes: 2Co 6:6-7a; Gl 5:22-23; Ef 4:2-3, 32; 5:2; 5:9; Fp 4:8; Cl 3:12; 1Tm 3:2-4, 8-10, 11-12; 4:12; 6:11,18;  2Tm 2:22-25; 3:10; Tt 1:8; 2:2-10; Hb 7:26; 1Pe 3:8; 2Pe 1:5-7; (1Co 13:4-7).

  5. FITZGERALD, J. T. Virtue/Vice Lists. In: FREEDMAN, D. T. The Anchor Bible Dictionary. New York: Doubleday, 1992, v. 6, p. 858.

  6. H. D. M. Spence-Jones, ed., Galatians, The Pulpit Commentary (London; New York: Funk & Wagnalls Company, 1909), p. 275.

  7. John R. W. Stott, The Message of Galatians: Only One Way, The Bible Speaks Today (Leicester, England; Downer’s Grove, IL: InterVarsity Press, 1986), p. 150.

  8. William Arndt et al., A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (Chicago: University of Chicago Press, 2000), 946.