Lição 4
19 a 25 de julho
As pragas | 3º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: LV 4
Verso para memorizar: “E assim Faraó, de coração endurecido, não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito a Moisés” (Êx 9:35).
Leituras da semana: Êx 7:8-25; 8; 9; 10; Nm 33:4; Rm 1:24-32; Sl 104:27, 28; Is 28:2, 12-17; 44:9, 10, 12-17

Um fazendeiro estava tentando fazer seu jumento se mover, mas não estava tendo sucesso. Então, pegou um galho grosso e bateu no animal. Em seguida, falou novamente com o jumento, que então começou a se mover.

Quando alguém perguntou ao fazendeiro por que isso funcionou, ele respondeu: “Bem, primeiro é necessário chamar a atenção dele.”

Deixando de lado a crueldade com os animais, essa história ilustra uma verdade especial no contexto da saída dos hebreus do Egito. Moisés recebeu suas ordens de marcha e foi ao Faraó com as palavras de Deus, shalach et ami (“Deixe o Meu povo ir!”; Êx 5:1).

O Faraó, no entanto, não queria permitir que o povo de Deus fosse embora. A Bíblia nunca explica explicitamente por que o Faraó estava tão relutante, apesar da ameaça militar que os egípcios temiam que os hebreus pudessem representar (Êx 1:10). Muito provavelmente, como costuma acontecer com a escravidão, era uma questão econômica. Como os israelitas eram uma fonte de mão de obra barata, o Faraó não queria perder as vantagens econômicas que esses escravos lhe proporcionavam. Assim, ele precisaria de algo mais convincente, não apenas para chamar sua atenção, mas também para mudar seus pensamentos.

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Domingo, 20 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 5
Deus versus deuses

1. Leia Êxodo 7:8-15. Quais lições podemos aprender desse primeiro confronto entre o Deus dos hebreus e os deuses do Egito?

As batalhas que se seguiriam seriam entre o Deus vivo e os “deuses” egípcios. O que agravava a situação era que o Faraó se considerava um desses deuses. O Senhor não lutou simplesmente contra os egípcios ou contra o Egito em si, mas contra suas divindades (os egípcios veneravam mais de 1.500 deuses e deusas). O texto bíblico é claro: “Executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor” (Êx 12:12). Essa verdade foi enfatizada novamente quando a jornada de Israel foi recontada: “Contra os deuses o Senhor executou juízos” (Nm 33:4).

Um exemplo desse juízo sobre os deuses do Egito é o milagre da vara que se transformou em serpente (Êx 7:9-12). No Egito, Uadjet era a deusa do Urel, a representação de uma cobra erguida, colocada nas coroas dos Faraós e deuses do Egito e que simbolizava o poder soberano sobre o Baixo Egito. O símbolo da serpente representava a divindade, realeza e autoridade divina do Faraó, pois essa deusa cuspia veneno em seus inimigos. Os egípcios também acreditavam que a serpente sagrada guiaria o Faraó na vida após a morte.

Quando a vara de Arão se transformou em serpente e devorou as outras serpentes diante do rei, foi demonstrada a supremacia do Deus vivo sobre a magia e feitiçaria egípcias. O emblema do poder do Faraó não apenas foi conquistado, mas Arão e Moisés o seguraram em suas mãos (Êx 7:12, 15). Esse confronto inicial demonstrou o poder e a soberania de Deus sobre o Egito. Moisés, como representante do Senhor, tinha maior autoridade e poder do que o deus Faraó.

Também é significativo que os antigos egípcios adorassem um deusserpente, Nehebkau (que significa “aquele que controla os espíritos”). Segundo a mitologia, esse deus tinha grande poder por ter engolido sete serpentes. Assim, Deus estava dizendo aos egípcios que Ele, e não o deus-serpente, possui o poder e a autoridade supremos. Após um confronto tão intenso, os líderes do Egito foram capazes de compreender essa mensagem de maneira imediata e bastante clara.

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Como podemos permitir que o Senhor tenha soberania sobre qualquer um dos “deuses” que buscam supremacia em nossa vida?
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Segunda-feira, 21 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 6
Quem endureceu o coração do Faraó?

2. Leia Êxodo 7:3, 13, 14, 22. Como podemos entender esses textos?

Nove vezes o livro de Êxodo afirma que Deus endureceu o coração do Faraó (Êx 4:21; 7:3; 9:12; 10:1, 20, 27; 11:10; 14:4, 8; ver Rm 9:17, 18). Outras nove vezes é dito que o próprio Faraó endureceu seu coração (Êx 7:13, 14, 22; 8:15, 19, 32; 9:7, 34, 35).

Afinal, quem endureceu o coração do rei: Deus ou o próprio Faraó?

É significativo que, no relato das dez pragas, nas cinco primeiras, apenas o Faraó seja considerado aquele que endureceu seu próprio coração. Ele começou o processo de endurecimento por sua própria vontade. A partir da sexta praga, no entanto, o texto bíblico afirma que foi Deus quem endureceu o coração do Faraó (Êx 9:12). Isso mostra que Deus fortaleceu ou aprofundou a própria escolha do Faraó, sua decisão voluntária, conforme havia dito a Moisés que faria (Êx 4:21).

Em outras palavras, Deus enviou as pragas com o propósito de ajudar o Faraó a se arrepender e a se libertar da escuridão e do erro em que sua mente se encontrava. Deus não criou o mal ou o pecado no coração do Faraó; ao contrário, simplesmente o entregou aos seus próprios impulsos malignos. Deus o deixou sem Sua graça restritiva, abandonando-o à sua própria maldade (ver Rm 1:24-32).

O Faraó tinha livre-arbítrio, podia escolher a favor de Deus ou contra Ele, e decidiu contra. A lição é clara: recebemos a capacidade de escolher entre o certo e o errado, o bem e o mal, a obediência ou a desobediência. Desde Lúcifer no Céu, passando por Adão e Eva no Éden e o Faraó no Egito, até nós, hoje, onde quer que estejamos, temos que escolher entre a vida e a morte (Dt 30:19).

Uma ilustração pode nos ajudar a compreender esse tema. Imagine a luz do Sol incidindo sobre a manteiga e o barro. A manteiga derrete, mas o barro endurece. O calor do Sol é o mesmo em ambos os casos, mas há duas reações diferentes e dois resultados distintos. O efeito depende da natureza do material. No caso do Faraó, podemos dizer que dependia das atitudes de seu coração em relação a Deus e ao Seu povo.

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Como você usará seu livre-arbítrio nos próximos dias? Se você sabe qual é a escolha certa, como pode se preparar para fazê-la?
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Terça-feira, 22 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 7
As três primeiras pragas

As dez pragas do Egito não foram direcionadas ao povo egípcio, mas aos seus deuses. Cada praga atingiu, pelo menos, um deles.

3. Leia Êxodo 7:14-25; 8:1-19. O que aconteceu durante essas pragas?

Deus informou a Moisés que o diálogo com o Faraó seria difícil; na verdade, quase impossível (Êx 7:14). No entanto, Ele queria Se revelar ao Faraó e aos egípcios. Portanto, decidiu Se comunicar com eles de uma forma que pudessem entender. Além disso, os hebreus se beneficiariam desse confronto, pois aprenderiam mais sobre o seu Deus.

A primeira praga foi dirigida contra Hapi, o deus do Nilo (Êx 7:17-25). O Egito dependia das águas do Nilo. Onde havia água, havia vida. A água era vista como a fonte da vida, então os egípcios criaram o deus Hapi e o adoravam como o provedor da vida.

Entretanto, só o Deus vivo é a Fonte da vida, o Criador de todas as coisas, incluindo a água e o alimento (Gn 1:1, 2, 20-22; Sl 104:27, 28; 136:25; Jo 11:25; 14:6). Transformar a água em sangue simbolizava transformar vida em morte. Hapi não foi capaz de prover e proteger a vida; isso só é possível pelo poder do Senhor.

Deus então deu outra chance ao Faraó. A deusa-rã, Heqet, foi confrontada diretamente (Êx 8:1-15). Em vez de vida, o Nilo produziu rãs, que os egípcios temiam e detestavam. Eles queriam se livrar desses animais. O momento exato em que essa praga foi eliminada demonstrou que o poder de Deus estava também por trás desse evento.

A terceira praga tem a descrição mais curta de todas (Êx 8:16-19). A palavra original (em hebraico, kinnim) pode se referir a animais como mosquitos, carrapatos ou piolhos. Essa praga foi direcionada contra Gebe, o deus egípcio da terra. Do pó da terra (remetendo à história bíblica da criação), Deus produziu mosquitos, que se espalharam por toda a terra. Incapazes de imitar esse milagre (pois somente Deus pode criar vida), os magos declararam: “Isto é o dedo de Deus” (Êx 8:19). O Faraó, no entanto, ainda se recusava a ceder.

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O coração do Faraó era duro. A rejeição das orientações de Deus piorou a situação. Que lições aprendemos dessa história sobre a rejeição das orientações do Senhor?
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Quarta-feira, 23 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 8
Moscas, gado e úlceras

4. Leia Êxodo 8:20-32; 9:1-12. Mesmo conhecendo grandes manifestações do poder e da glória de Deus, os seres humanos ainda têm a liberdade de rejeitá-Lo?

A deusa egípcia Uatchit era considerada a deusa das moscas e a senhora dos pântanos e brejos. O deus Khepri (associado ao sol nascente, à criação e ao renascimento) era representado com uma cabeça de escaravelho [besouro]. Esses “deuses” foram derrotados pelo Senhor. Enquanto os egípcios sofriam, os hebreus eram protegidos (Êx 8:20-24). Nenhuma outra praga os afetou.

Tudo isso foi uma tentativa de Deus de mostrar ao Faraó a grande verdade de que Ele é o Senhor no meio da terra (Êx 8:22).

Assim, o Faraó começou a barganhar. A pressão aumentou. Ele se dispôs a permitir que Israel adorasse a Deus e sacrificasse a Ele, mas apenas no Egito (Êx 8:25). Essas condições não podiam ser atendidas porque os egípcios adoravam alguns animais, e sacrificá-los provocaria a ira deles contra os hebreus. Além disso, esse não era o plano de Deus para Israel.

A próxima praga (Êx 9:1-7) atingiu o gado. Hator, a deusa egípcia do amor e da proteção, era retratada com uma cabeça de vaca. O deus-touro Ápis também era muito popular e estimado no Egito. Na quinta praga, outras importantes divindades foram derrotadas quando o gado dos egípcios morreu.

Na sexta praga (Êx 9:8-12), manifestou-se a derrota de Ísis, a deusa da medicina, magia e sabedoria, bem como de Sequemete (deusa da guerra e das epidemias) e Imotepe (deus da medicina e da cura), que foram incapazes de proteger seus adoradores. Ironicamente, os magos e feiticeiros ficaram tão aflitos que não podiam comparecer diante do Faraó, mostrando que eram impotentes contra o Criador do céu e da Terra.

Pela primeira vez no relato das dez pragas, a Bíblia diz que “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êx 9:12). Por mais difícil que essa frase pareça, quando entendida no contexto, revela que o Senhor nos permite colher as consequências de nossa própria rejeição persistente a Ele.

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O problema do Faraó não era intelectual, mas espiritual; diante de evidências suficientes, ele fez a escolha errada. Como proteger nosso coração do orgulho, de modo que não resistamos aos apelos de Deus?
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Quinta-feira, 24 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 9
Granizo, gafanhotos e escuridão

5. Leia Êxodo 9:13-35; 10:1-29. Essas pragas fizeram o Faraó mudar de ideia?

Nut era a deusa egípcia da atmosfera e do espaço sideral, retratada como aquela que controlava o que ocorria sob o céu e na terra. Osíris era o deus das colheitas e da fertilidade. O granizo é associado ao juízo divino (Is 28:2, 17; Ez 13:11-13). Nessa praga, aqueles que esconderam suas propriedades em um abrigo seguro foram protegidos (Êx 9:20, 21). Todos foram testados: creriam na Palavra de Deus e agiriam de acordo com ela?

A preservação da vida do Faraó tinha como propósito tornar Deus conhecido no mundo (Êx 9:16). O rei confessou que havia pecado, mas logo depois voltou atrás.

Set era o deus da tempestade, guerra e desordem. Junto com Ísis, era considerado uma divindade da agricultura. Shu era o deus da atmosfera. Serápis personificava a majestade divina, fertilidade, cura e vida após a morte. Nenhum dos deuses egípcios impediu os juízos divinos (Êx 10:4-20), pois os ídolos não são nada (Is 44:9, 10, 12-17). Os servos do Faraó insistiram para que ele deixasse Israel ir, mas ele recusou novamente.

O Faraó ofereceu um acordo, que Moisés rejeitou, e com razão, pois mulheres e crianças eram parte vital e inseparável da adoração e da comunidade de fé.

Rá era o principal deus egípcio, o deus-sol, e Tote era o deus-lua. Eles não conseguiram produzir luz. O Faraó tentou negociar, mas em vão. Uma escuridão de três dias cobriu o Egito, mas os israelitas tinham luz. A separação não poderia ser mais clara.

No entanto, independentemente das calamidades que atingiram a nação, o Faraó continuou resistindo e não cedeu. Não conhecemos suas motivações mais profundas, mas, em algum momento, isso pode ter se tornado simplesmente uma questão de orgulho. Não importavam as poderosas evidências, a clareza de tudo o que estava acontecendo e que a escolha correta estivesse bem diante dele – após um pouco de hesitação, o Faraó não se submeteu à vontade de Deus. Por outro lado, seus servos declararam: “Até quando este homem será um perigo para nós? Deixe essa gente ir, para que adorem o Senhor, o Deus deles. Será que o rei ainda não sabe que o Egito está arruinado?” (Êx 10:7).

Esse é um exemplo marcante das palavras: “Antes da ruína vem a soberba, e o espírito orgulhoso precede a queda” (Pv 16:18).

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Sexta-feira, 25 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 10
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 214-227 (“As pragas do Egito”).

“Foi permitido que Seu povo experimentasse a esmagadora crueldade dos egípcios, para que não se enganasse em relação à influência degradante da idolatria. Em Sua maneira de lidar com o Faraó, o Senhor manifestou Seu ódio à idolatria e Sua decisão de punir a crueldade e a opressão. [...] Não se exerceu um poder sobrenatural para endurecer o coração do rei. Deus deu ao Faraó a mais notável evidência do poder divino, mas o rei obstinadamente se recusou a aceitar a luz. Cada manifestação do poder infinito rejeitada por ele tornava-o mais resoluto em sua rebeldia. As sementes de rebelião que semeara quando rejeitou o primeiro milagre produziram sua colheita” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 222, 223).

“O Sol e a Lua eram adorados pelos egípcios. Nessas trevas misteriosas, o povo e seus deuses foram de modo semelhante atingidos pelo poder que havia se comprometido com a causa dos escravos. Contudo, por mais estranho que tivesse sido, esse juízo é uma prova da compaixão de Deus e de Sua indisposição para destruir. Ele deu ao povo tempo para refletir e se arrepender, antes de trazer sobre ele a última e mais terrível das pragas” (Patriarcas e Profetas, p. 226).

Perguntas para consideração

1. Por que o Faraó se permitiu ser tão endurecido que, mesmo diante do que deveria ser a escolha evidente e correta (deixar o povo ir), ele ainda se recusou. Como alguém poderia se enganar tanto a ponto de não enxergar o óbvio? Que advertência isso traz a nós? Podemos ficar tão endurecidos no pecado a ponto de tomar decisões desastrosas quando a decisão correta e o caminho certo estão bem diante de nós o tempo todo? Quais outros personagens bíblicos cometeram o mesmo tipo de erro? Pense, por exemplo, em Judas.

2. Em determinado momento, em meio à devastação que o Faraó havia causado em sua própria terra e ao seu povo, ele declarou: “Desta vez pequei. O Senhor é justo, porém eu e o meu povo somos ímpios” (Êx 9:27). Embora tenha sido uma confissão notável de pecado naquela ocasião, por que sabemos que não foi autêntica?

Respostas às perguntas da semana: 1. Por meio das pragas e do juízo contra os deuses do Egito, Deus revelou que Seu poder e autoridade são supremos. 2. O Faraó decidiu rejeitar a vontade de Deus, e o Senhor o entregou ao seu próprio pecado. 3. Deus enviou as três primeiras pragas: águas transformadas em sangue, rãs e piolhos. 4. O poder de Deus foi revelado de maneira mais notável do que antes, mas o Faraó endureceu seu coração. 5. O Faraó chegou a confessar que havia pecado, e seus servos insistiram para que deixasse Israel ir, mas ele se recusou mais intensamente.

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Resumo da Lição 4
As pragas | 3º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Êx 9:35

FOCO DO ESTUDO: Êx 7:8-25; 9; 10:1-29

ESBOÇO

Introdução: Em nosso estudo desta semana, encontramos o Deus dos milagres e os sinais e maravilhas que Ele realiza. Além disso, analisaremos nove das dez pragas que Ele enviou como juízo divino sobre o Egito. Apresente esses elementos à classe no cenário do grande conflito, a batalha espiritual entre as forças do bem e do mal, luz e escuridão, Cristo e Satanás, o Deus vivo e os ídolos. Essa guerra espiritual começou na Terra, no jardim do Éden, quando Adão e Eva caíram em pecado. Deus prometeu vitória para essa guerra para que não fôssemos para sempre presas do maligno (Gn 3:15). Desde o início, o grande conflito tem se desenrolado entre os que adoram o Senhor Criador e os que adoram a criação em suas diversas manifestações. A  adoração a Deus liberta a humanidade da escravidão do pecado. Em contrapartida, a adoração à criatura resulta na degradação moral dos seres humanos, feitos à imagem de Deus, culminando, por fim, em escravidão.

No trecho que vai de Êxodo 7:8 até 10:29, o confronto entre o Deus vivo e o Faraó se intensifica. O monarca queria demonstrar que ele era, de fato, um deus, como os egípcios acreditavam. Assim, ele se esforçou para desempenhar o papel de um rei soberano, que estava no controle e decidia o que era certo ou errado. Em contrapartida, Deus queria libertar Seu povo da escravidão egípcia, mas, ao mesmo tempo, Ele desejava ensinar aos egípcios quem Ele é e libertá-los da escravidão aos seus deuses.

Uma coisa devia ficar bem clara: Deus não estava contra os egípcios; Ele os amava como ama a todos, com Seu amor eterno e altruísta. No entanto, o Soberano Senhor Se opunha aos deuses egípcios. Ele pretendia demonstrar que esses “deuses” eram uma fabricação humana, que levava as pessoas ao medo e à escravidão. Além disso, Seu alvo principal era romper a dependência do Egito em relação a esses deuses criados, permitindo que o povo pudesse servir ao Deus Criador e Redentor vivo. No entanto, se o povo continuasse a se associar e a se identificar com esses deuses falsos, o juízo de Deus cairia, não apenas sobre seus deuses, mas sobre a nação. Sua idolatria persistente resultaria em sua punição e, por fim, em sua destruição.

Deus declarou de modo bastante claro: “Executarei juízo sobre todos os deuses do Egito” (Êx  12:12). O juízo de Deus contra os deuses egípcios é relatado como um fato histórico em Números 33:4. As pragas, ou juízos, eram geralmente direcionados a vários deuses egípcios que dominavam a imaginação, os pensamentos e as emoções do povo, influenciando seu comportamento e suas interações sociais, além de conduzilo a uma escravidão abrangente em relação ao pecado. Dessa forma, a pessoa era totalmente cativada. Depois disso, vivia em completa submissão a um estilo de vida idólatra, o qual era controlado pela magia e estava em oposição diametral à liberdade de adoração que vem do Deus Criador vivo e amoroso.

COMENTÁRIO

Sinais e maravilhas

Em Êxodo 7:3, lemos que o Senhor multiplicaria sinais e maravilhas diante de todo o povo para que ele pudesse entender quem Ele é. Êxodo 7:3 é o único texto no livro em que esses dois termos, “sinais” e “maravilhas”, são utilizados juntos. A palavra “sinal” ou “sinais” ocorre 16 vezes no livro de Êxodo (Êx 3:12; 4:8 [duas vezes], 9, 17, 28, 30; 7:3; 8:19; 10:1, 2; 12:13; 13:9, 16; 31:13, 17). Nesses casos, o termo é utilizado para enfatizar duas questões: primeiro, que Moisés realizaria diversos sinais diante do Faraó (Êx 10:1, 2); e segundo, que o sangue da Páscoa serviria como sinal de vida, fazendo com que o anjo destruidor passasse sobre os lares que estivessem sob sua proteção (Êx 12:13). O termo “maravilha” é usado em referência ao que Deus faria diante do Faraó, apesar do endurecimento de seu coração (Êx  4:21). No  contexto das pragas, esse termo é estruturalmente crucial porque aparece duas vezes no início das nove pragas (Êx 7:3, 9) e, novamente, duas vezes no final da nona praga (Êx 11:9, 10).

As pragas possuem características específicas:

1. As primeiras nove pragas podem ser divididas em três grupos, ou conjuntos, de três pragas. A décima praga é única e separada das demais. As  pessoas precisariam de um tempo e provisão especiais para enfrentá-la.

2. As  primeiras nove pragas afetaram todos os três habitats criados por Deus em Gênesis 1: os céus (pragas sete a nove), a terra (pragas três a seis) e as águas (pragas um e dois). Coletivamente, essas pragas aludem à destruição (ou reversão) da criação.

3. As  primeiras nove pragas se intensificaram, tornando-se mais e mais severas no decorrer do tempo, à medida que o Faraó se recusava teimosamente a deixar o povo de Deus ir para adorar livremente seu Senhor Criador. As três primeiras pragas foram leves, rápidas e não causaram mortes. As três pragas seguintes (pragas de quatro a seis) foram mais sérias e prejudiciais, pois destruíram o gado e afligiram os humanos com feridas na pele. As três pragas seguintes (pragas de sete a nove) foram ainda mais devastadoras, envolvendo a morte de homens e animais, mas também a destruição de plantações.

4. De modo geral, cada praga foi precedida por um aviso claro e um apelo para que se obedecesse à vontade do Senhor. Embora tenham ocorrido surpresas, a devastação foi anunciada previamente e poderia ter sido evitada. Um  aviso especial foi dado antes das duas primeiras pragas e da décima, além de alertas claros nas introduções das pragas quatro, cinco, sete e oito.

5. Antes das pragas três, seis e nove, houve pouco ou nenhum confronto com o Faraó.

6. As três primeiras pragas caíram sobre os egípcios e os israelitas, mas todas as pragas restantes atingiram somente os egípcios.

7. Antes que a primeira praga ocorresse, Deus realizou um milagre diante do Faraó: a vara de Arão se tornou uma serpente que comeu todas as serpentes dos mágicos. No entanto, “o coração do Faraó se endureceu” (Êx 7:13).

8. A última praga foi a mais destrutiva, pois cada família que não estava sob a proteção do sangue do cordeiro foi afetada pela morte de seu filho primogênito. Antes que a última praga caísse, Deus, em Sua misericórdia, deu ao povo três dias de escuridão para reflexão, meditação e arrependimento, bem como instruções sobre como evitar a devastação final.

9. É depois da sexta praga que o registro bíblico declara que “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êx 9:12, veja também Êx 10:1, 20, 27; 11:10; e também Êx 14:4, 8, 17). Nas cinco primeiras pragas, foi o próprio Faraó que endureceu seu coração (Êx 7:13, 14, 22; 8:15, 19, 32; 9:7; 9:35). Antes da história real sobre as dez pragas, há duas previsões de Deus afirmando que Ele, o Senhor, endureceria o coração de Faraó (Êx 4:21; 7:3).

10. Os  mágicos só conseguiram imitar as duas primeiras pragas. Quando a terceira praga ocorreu, eles apropriadamente declararam: “Isto é o dedo de Deus” (Êx 8:19). Mais tarde, eles mesmos sofreram com tumores (Êx  9:11; veja também a insistência dos “oficiais” do Faraó; Êx 10:7).

11. As pragas também podem ser reunidas em pares: as pragas um e dois estão conectadas com o rio Nilo; nas pragas três e quatro a insetos (piolhos e moscas); as pragas cinco e seis se assemelham com pestilências que ocorrem em animais e tumores em humanos; as pragas sete e oito descrevem danos às plantações; as pragas nove e dez estão relacionadas à escuridão – uma à escuridão física e a outra à escuridão suprema, ou seja, a morte dos primogênitos.

12. É interessante notar que o Senhor convidou especificamente o Faraó sete vezes para “Deixar [Seu] povo ir” (Êx 5:1; 7:16; 8:1, 20; 9:1, 13; 10:3) e uma vez usou uma frase condicional negativa: “Se você não deixar Meu povo ir, eis que Eu enviarei enxames de moscas sobre você [...]” (Êx 8:21). O Faraó consentiu após a segunda, quarta, sétima e nona pragas (Êx 8:8, 25-28; 9:28; 10:24), mas, no fim, recusou-se a deixar o povo ir adorar o Senhor (Êx 8:15, 32; 9:35; 10:27). Ele chegou a solicitar que Moisés orasse para pôr fim a pragas específicas e que intercedesse por ele (Êx 8:8, 28; 9:28; 10:16, 17). Somente após a décima praga é que convocou Moisés e Arão, dando-lhes a seguinte ordem: “Levantem-se e saiam do meio do meu povo, vocês e os filhos de Israel! Vão e adorem o Senhor, como vocês disseram. Levem também com vocês as suas ovelhas e o seu gado, como vocês pediram. Vão embora e abençoem também a mim” (Êx 12:31, 32).

Como vimos, todas essas calamidades estavam relacionadas ao juízo de Deus contra os deuses egípcios e contra os que se apegavam a eles. Não devemos ignorar o fato de que no meio de todas essas calamidades está a declaração da poderosa presença de Deus na terra do Egito. Ele queria deixar claro que havia uma diferença entre aqueles que O seguem e aqueles que vão contra Ele: “Se você não deixar o Meu povo ir, eis que Eu enviarei enxames de moscas sobre você, sobre os seus oficiais, sobre o seu povo e nas suas casas. As casas dos egípcios se encherão destes enxames, e também a terra em que eles estiverem. Naquele dia, separarei a terra de Gósen, onde mora o Meu povo, para que nela não haja enxames de moscas, e você saiba que Eu sou o Senhor no meio desta terra” (Êx 8:21, 22).

O profeta Isaías fala sobre o amor de Deus e os planos futuros para o Egito em palavras surpreendentes: “Naquele dia, haverá uma estrada do Egito até a Assíria. Os  assírios irão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios. Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da Terra. O Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: ‘Bendito seja o Egito, Meu povo! Bendita seja a Assíria, obra de Minhas mãos. E bendito seja Israel, Minha herança’” (Is 19:23-25).

O endurecimento do coração do Faraó

O endurecimento do coração do Faraó fascina os estudantes da Bíblia. Devemos enfatizar que Deus não predeterminou as decisões do monarca. As escolhas eram dele. Ele não foi predestinado a se recusar teimosamente a seguir as instruções de Deus e ser condenado à perdição. O Senhor dá liberdade de escolha a cada indivíduo e capacita as pessoas a responder à Sua mensagem de amor e oferta de graça. Ele não força as pessoas a obedecer ou desobedecer a Ele.

O levantamento textual completo sobre o endurecimento do coração do Faraó (veja o ponto 9 na seção anterior) apresenta o seguinte resultado: durante o processo de endurecimento, foi o próprio Faraó quem, de forma teimosa, se recusou a se humilhar diante de Deus (Êx 10:3). Sua decisão e desobediência voluntária o levaram a ultrapassar um ponto de não retorno. Seu caráter se tornou inflexível. O chamado divino para que ele permitisse aos israelitas irem adorar o Deus vivo apenas intensificou a hostilidade que ardia em seu coração contra o TodoPoderoso e Seu servo Moisés.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. As evidências de que o Senhor era o Deus soberano que desejava libertar Seu povo do Egito se acumulavam . O que existe em nosso coração e em nossa vida que pode nos levar a rejeitar de forma teimosa os convites de Deus para nos arrependermos e segui-Lo?

2. O  que torna a idolatria tão atrativa? Por que foi tão desafiador para os egípcios abandonarem suas práticas idólatras, mesmo após testemunharem a devastação que elas causaram?

3. Os  seres humanos são engenhosos na criação de seus próprios ídolos, e praticamente qualquer objeto pode ser venerado como tal. O que, na verdade, constitui um ídolo? Como nós fabricamos nossos próprios deuses e nos submetemos a eles? Quais princípios podem ser identificados e analisados por trás desse comportamento degradante? Por que Deus se opõe de maneira tão firme à idolatria?

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Uma decisão sábia

Zimbábue | Genius

Genius diz que tomou uma decisão imprudente quando tinha 14 anos. Foi quando ele fumou pela primeira vez em Bulawayo, no Zimbábue.

Genius não planejou fumar.

Na época, sua tia estava se preparando para se casar em alguns meses e pediu que ele participasse de uma dança tradicional no casamento. Ela contratou cinco dançarinos para se apresentarem no casamento e pediu que ele dançasse com eles. Ela pediu aos cinco dançarinos que dessem aulas de dança para o menino.

Genius gostava de ensaiar com os dançarinos no quintal da casa de sua tia. Os rapazes o ensinaram a dançar. Então, um deles lhe ofereceu um cigarro.

Genius olhou para o cigarro fumado pela metade. Ele não queria aceitar, mas temia que os dançarinos rissem dele se ele recusasse. Ninguém estava olhando. Genius pegou o cigarro. Ele engasgou e tossiu enquanto uma fumaça seca e amarga enchia sua garganta e pulmões.

Nos dois meses seguintes de ensaios, os dançarinos ensinaram Genius a fumar sem engasgar e tossir. Primeiro, eles o ensinaram a fumar tabaco. Depois, eles o ensinaram a fumar maconha, que é ilegal no Zimbábue.

Genius começou a comprar tabaco e maconha com a mesada que recebia de seus pais. Era o dinheiro suficiente para se juntar aos dançarinos para fumar em seus ensaios semanais.

Depois de um tempo, Genius parou de comprar tabaco e só comprava maconha.

Após o casamento, Genius não voltou a ver os dançarinos, mas continuou fumando maconha. Ele se juntou aos garotos do bairro na atividade secreta.

Genius não era de uma família adventista do sétimo dia, mas havia estudado em uma escola adventista do sétimo dia no ano anterior. Um dia, ele decidiu fumar maconha na escola. Ele e um amigo que fumavam juntos em casa se esconderam atrás dos banheiros da escola. Quando terminaram de fumar, voltaram para a sala de aula.

O cheiro de fumaça de maconha deve ter impregnado Genius, pois, quase imediatamente, ele foi chamado para a sala de um professor. "Com quem você estava fumando?", perguntou o professor.

Genius estava com medo. Ele disse o nome de seu amigo. O professor deu um aviso aos dois meninos: "Se vocês fizerem isso novamente, serão expulsos da escola".

O amigo fumou novamente mais tarde e foi expulso.

Mas Genius prometeu imediatamente ao professor que nunca mais fumaria — nem na escola nem fora dela.

A mãe de Genius ficou muito decepcionada ao descobrir que ele estava fumando. Quando soube dos dançarinos, ela o proibiu de vê-los novamente. De qualquer forma, Genius não os via há algum tempo; então foi fácil para ele prometer não sair com eles.

Mas acabou sendo mais difícil parar de fumar maconha. Genius não fumava todos os dias, mas ainda tinha vontade de fumar.

Enquanto lutava para parar, ele se lembrou de que havia aprendido na escola que podia orar a Deus sobre qualquer coisa.

Ele pediu a Deus que o perdoasse por fumar e pediu ajuda para conseguir parar.

Naquele momento, o desejo dele de fumar maconha desapareceu. O hábito foi rompido.

Genius ficou surpreso. Ele queria saber mais sobre Deus e começou a ler a Bíblia.

Então, Genius tomou o que ele chama de a decisão mais sábia de sua vida. Um ano depois de parar de fumar, ele entregou seu coração a Jesus e foi batizado.

Hoje, nada é mais importante para o garoto de 16 anos do que começar o dia com a Bíblia e a oração.

"Passe tempo com Deus", disse ele.

Genius tem a sorte de ter sua própria Bíblia, mas muitas crianças no Zimbábue vivem em famílias que não podem comprar Bíblias para elas. Um dos projetos deste trimestre fornecerá Bíblias de Aventureiros para famílias carentes no Zimbábue e em outros países da Divisão Sul-Africana e do Oceano Índico. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 27 de setembro.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostre o Zimbábue no mapa. Em seguida, mostre Bulawayo, onde Genius mora.

• Assista a um curto vídeo de Genius no YouTube em: bit.ly/Genius-SID.

• Baixe as fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.


Comentário da Lição da Escola Sabatina de Adultos – 3º trimestre de 2025
Tema geral: “O livro de Êxodo”

Lição 4 – 19 a 25 de julho
As pragas

Autor: Felipe Alves Masotti
Editor: Fernando Dias de Souza
Revisora: Rosemara Santos

Nesta semana estudaremos a intensificação do conflito entre Deus e o Faraó pela libertação dos hebreus. Como vimos nas semanas anteriores, a nação do Egito se aproveitava das bênçãos de Deus ao Seu povo, usurpando-as por meio do trabalho escravo. A natureza do comportamento escravagista é a apropriação da bênção alheia, distribuída livremente por Deus. Êxodo 7:8 a 15 registra o início da disputa entre as forças de Deus e as do mal pela libertação de Israel. Nessa passagem, há o relato de uma batalha de prodígios. Os magos egípcios sistematicamente contrafizeram a manifestação divina e revelaram assim que a batalha é maior do que a mera demonstração de feitos sobrenaturais.

“O Faraó desejava justificar sua obstinação em resistir à ordem divina, por isso procurava algum pretexto para não levar em consideração os milagres que Deus havia realizado por meio de Moisés. Satanás deu-lhe exatamente o que desejava. Pela obra efetuada por intermédio dos magos, fez parecer aos egípcios que Moisés e Arão eram apenas magos e encantadores, e que a mensagem que traziam não podia impor respeito como procedente de um Ser superior. Assim, a falsificação de Satanás cumpriu seu objetivo de tornar ousados os egípcios em sua rebelião e fazer com que o Faraó endurecesse o coração contra a convicção. Satanás esperava também abalar a fé de Moisés e Arão na origem divina de sua missão” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022], p. 219)

Note a malícia do comportamento dos magos. Eles estavam tecendo para o Faraó, sob a influência do inimigo de Deus, uma visão de mundo em que as manifestações de Deus poderiam ser consideradas corriqueiras. Influenciado pelos magos, Faraó interpretava o que via de maneira distorcida. Aqui há uma lição a respeito da importância de se ter uma cosmovisão bíblica, pois o príncipe das trevas contrafaz os milagres de Deus, confundindo as pessoas; e, assim, as indicações da presença divina podem ser interpretadas como triviais e profanas.

A batalha inicial é seguida de uma guerra de proporções maiores. Nela dez pragas atingem os inimigos do povo de Deus. As pragas ocorreram durante cerca de um ano. Moisés tinha 80 anos nessa ocasião, e viveu mais 40 anos no deserto, morrendo com 120, pouco tempo antes da entrada do povo na terra prometida (Êx 7:7; Dt 31:2; 34:7). Os flagelos contra o Egito são arranjados em padrões de três, de tal modo a destacar a décima como única. Em cada grupo, as duas primeiras pragas são anunciadas e a terceira ocorre inadvertidamente. As primeiras pragas de cada trio (a primeira, a quarta e a sétima) têm seu anúncio descrito com a informação de que Moisés se colocou em pé diante do Faraó pela manhã (Êx 7:5; 8:16; 9:13). Já nas segundas pragas de cada grupo (a segunda, a quinta e a oitava), o início do flagelo teve início em um confronto no palácio (Êx 8:1; 9:1; 10:1).

Outro detalhe é que houve uma transferência de protagonismo de Arão para Moisés ao longo da descrição das pragas. Arão, o futuro sumo sacerdote da nação, anunciou os primeiros três flagelos. Contudo, já na sétima, oitava e nona pragas, o último grupo completo de três, foi Moisés que confrontou Faraó. Uma possível interpretação para isso é o desenvolvimento de Moisés ao longo do processo. Ele se tornou mais corajoso e recuperou a fluência na língua egípcia conforme os confrontos se desenrolam. Há, todavia, algo mais profundo ocorrendo do ponto de vista teológico. Êxodo 7:1 descreve o papel simbólico de Moisés como “Deus sobre Faraó” e de Arão como “o seu profeta”. Isso significa que a agência representativa das pragas mudou do profeta para Deus, o que destacou a décima praga, em que o humano que se julgava deus teve que enfrentar diretamente, sem representantes, Aquele que é exclusiva, total e poderosamente Deus sobre todas as coisas.

Primeiro grupo: sangue, rãs e piolhos

As pragas contra o Egito representaram ataques diretos aos seus deuses (Êx 12:12). No primeiro grupo de três pragas, os deuses Hapi (patrono do rio Nilo), Heqet (a deusa-rã da fertilidade) e Gebe (deus da terra) têm seus pseudopoderes revertidos. Note o padrão de invasão intrusiva nas pragas. Por exemplo, a segunda praga se refere à invasão de rãs no território egípcio, descrevendo sua intrusão no palácio, e então no quarto e sobre a cama de Faraó, e na casa de seus servos, eles entrariam nos fornos e nas bacias de preparar pão (Êx 8:3). Foi um ataque aos símbolos da fertilidade do Império Egípcio, indicando o incômodo que fazia cessar o ato de procriação e a produção de alimento.

Novamente, o texto nos informa que os magos contrafizeram o milagre divino nas duas primeiras pragas (Êx 7:22; 8:7). A partir da segunda praga, Moisés é descrito intercedendo por Faraó (Êx 8:8-10). Essa foi a primeira vez que Faraó reconheceu a existência de YHWH. O detalhe aponta para o início de um engajamento mínimo entre o Senhor e o rei egípcio. Contudo, após um curto alívio em resposta à oração de Moisés, Faraó decidiu não atender ao pedido de Deus. Êxodo 8:18 nos informa que a partir da terceira praga, os magos já não conseguiam mais replicar os milagres de Deus, reconhecendo os fatos como sendo “o dedo de Deus” (Êx 8:19). Essa informação é um desenvolvimento dentro da narrativa. Enquanto os magos, súditos que supostamente conheciam os segredos divinos e formulavam a cosmovisão pagã egípcia, reconheceram a presença de Deus, Faraó insistiu em resistir-Lhe.

Faraó aparentemente entendia o conflito como algo pessoal, interpretando-o a partir de sua crença de que ele mesmo seria uma divindade. O fato de o Senhor colocar Moisés como Deus sobre Faraó provocou o monarca egípcio ao extremo. Ele interpretava os fatos como se fossem uma competição entre seus magos e os representantes de Deus. Uma vez que seus servos não conseguiam mais replicar os milagres, o próprio Faraó arrogou-se como Deus e confrontou arrogantemente o Soberano do Universo. Na Bíblia, a arrogância horizontal, entre reis terrestres, geralmente pressupõe a iminência de uma guerra. Já arrogância vertical, direcionada a Deus, indica que o Senhor entrará em cena. A cosmovisão egípcia, especialmente aquela esposada pelo líder egípcio, era um convite à entrada direta de Deus no conflito, o que de fato ocorreria.

Segundo grupo: moscas, morte dos animais e úlceras

O segundo grupo de três pragas atingiu Uadjet (a deusa das moscas), Khepri (o deus-escaravelho da regenaração), Hator (a deusa-vaca da proteção), Ápis (o deus-touro), Ísis (a deusa da medicina, magia e sabedoria), Sequemete (a deusa da guerra e das epidemias) e Imotepe (o deus da cura e da medicina). Apenas na quarta praga Faraó começa a falar em permitir que o povo cultuasse a Deus com sacrifícios de animais, mas sem pensar em deixá-lo ir embora do país (Êx 8:25). Moisés argumentou que os hebreus corriam o risco de serem apedrejados se sacrificassem diante dos egípcios os animais que estes consideravam divinos (Êx 8:26, 27). A negociação se desenvolve em Êxodo 8:28 e 29, e Faraó consente, desde que o povo não vá muito longe e Moisés interceda pelo Egito uma vez mais. No entanto, o consentimento não se concretizou.

No relato da quinta praga há a expressão “mão do Senhor” (Êx 9:3). Essa é intensificação da expressão “dedo de Deus”, utilizada pelos magos em Êxodo 8:19. O poder do Altíssimo pesou sobre o Egito, enquanto a obstinação de seu governante foi a fonte real do sofrimento de seu povo. A sexta praga demonstrou a seriedade crescente do peso da mão divina sobre os egípcios. Pela primeira vez, seres humanos foram atingidos diretamente, a ponto de os magos não conseguirem se apresentar diante de Faraó (Êx 9:11). A doença aparentemente era uma endemia no Egito (Dt 28:27, 35). Porém, o castigo divino fez com que se tornasse uma epidemia.

Terceiro grupo: granizo, gafanhotos e escuridão

O terceiro grupo é o dos flagelos mais intensos. Seu relato é marcado por alusões ao medo dos egípcios. O texto descreve Deus admoestando Faraó, enumerando as razões pelas quais até então o povo egípcio e seu monarca tinham sido poupados (Êx 9:14-17). Deus demonstraria Seu poder a Faraó, dando-lhe a oportunidade de corrigir seus caminhos. Mas, a partir de então, as pragas atingiriam diretamente os egípcios, ameaçando-lhes a vida. Deus graciosamente ordenou que os egípcios recolhessem seus animais e servos para que não morressem na sétima praga (Êx 9:19-21). Foi uma cena terrível: granizo, fogo e trovões caíram simultaneamente do céu sobre todo território egípcio. Finalmente Faraó admitiu que era culpado, ainda que só para fazer com que a praga cessasse, porém sem libertar o povo (Êx 9:27-30).

A informação dada em Êxodo 9:31 e 32 posiciona os eventos narrados entre os meses de janeiro e fevereiro, época em que, no Egito, os grãos estariam no estágio de desenvolvimento descrito no texto. Após a destruição pelo granizo, gafanhotos foram enviados contra a terra. Durante esta praga, a oitava, os súditos de Faraó reconheceram o Senhor, pedindo ao rei que deixasse que o povo fosse (Êx 10:7). Faraó ouviu seus oficiais, mas por fim, mais uma vez, não deixou todo o povo ir, permitindo que apenas os homens adultos saíssem (Êx 10:9-11).

A nona e penúltima praga recaiu sobre o povo egípcio de maneira poderosa, impedindo que qualquer coisa pudesse ser vista diante de seus olhos. Os três dias de praga correspondem aos três dias de viagem que Moisés pediu para o povo (Êx 10:23; 5:3). Faraó aceitou liberar o povo após a praga, mas não consentiu que levassem seus animais (Êx 10:24). Essa foi possivelmente uma última tentativa de saquear o povo de Deus. O Senhor, entretanto, não estava interessado em uma libertação parcial. As últimas palavras do líder egípcio diante da negativa de Deus demonstraram a obra do mal em sua completude. Nada fazia com que Faraó aprendesse algo do Senhor:

“Faraó disse a Moisés: — Saia da minha presença e tenha cuidado para nunca mais aparecer aqui. Porque, no dia em que você tornar a ver o meu rosto, será morto. Moisés respondeu: — Como queira! Nunca mais tornarei a ver o seu rosto” (Êx 10:28, 29).

Referências:

Richard M. Davidson, A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2022).

Jacques B. Doukhan, Richard M. Davidson, Genesis and Exodus. Seventh-day Adventist International Biblical Commentary, v. 1 (Nampa, ID: Pacific Press, 2025).

Michael G. Hasel, “Êxodo”, em Ángel Manoel Rodríguez (editor-geral), Comentário Bíblico Andrews (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), v. 1.

Nahum M. Sarna, Exodus: The Traditional Hebrew Text with the New Jewish Publication Society Translation (Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 1991).

Ellen Gould White, Patriarcas e Profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2022).

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe Alves Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Curitiba. É mestre em Interpretação Bíblica pelo Unasp e doutor em Teologia do Antigo Testamento pela Universidade Andrews. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), But the Wise Shall Understand (Tübingen: Mohr Siebeck, 2025) e Exploring the Composition of the Pentateuch (University Park, PA: Eisenbrauns, 2020). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.