Lição 7
11 a 17 de agosto
A primeira viagem missionária de Paulo
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jr 4–6
Verso para memorizar: “Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e, por meio Dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” (At 13:38, 39).
Leituras da semana: At 13; 2Co 4:7-10; Rm 10:1-4; 3:19; At 14:1-26; Rm 9–11

É certo que o evangelho deveria alcançar os gentios, bem como os judeus. Esta é a mensagem que os primeiros cristãos judeus estavam, aos poucos, começando a entender.

O primeiro relato explícito sobre gentios que se uniram à fé em larga escala se refere a Antioquia. Em outras palavras, a primeira igreja gentílica foi fundada em Antioquia, ainda que ela também tivesse um contingente substancial de cristãos judeus (Gl 2:11-13). Em virtude do zelo missionário de seus fundadores e do novo ímpeto proporcionado pela chegada de Barnabé e Paulo, a igreja cresceu rapidamente e se tornou o primeiro centro cristão importante fora da Judeia. De fato, em alguns aspectos, ela até ultrapassou a igreja em Jerusalém.

Estando os apóstolos ainda em Jerusalém, Antioquia se tornou o berço das missões cristãs. A partir dessa cidade, e com o apoio inicial dos cristãos locais, Paulo saiu para realizar suas três viagens missionárias. Por causa do compromisso desses cristãos, o cristianismo se tornou o que Jesus almejava: uma religião mundial, na qual o evangelho seria espalhado para “cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6).



Domingo, 12 de agosto
Ano Bíblico: Jr 7–9
Salamina e Pafos

Em Atos 13, Lucas transporta o leitor de volta a Antioquia, a fim de apresentar a primeira viagem missionária de Paulo, que ocupa dois capítulos inteiros (At 13 e 14). A partir desse ponto até o final do livro, o foco passa a ser Paulo e suas missões aos gentios.

Esse é o primeiro esforço missionário, relatado no livro de Atos, intencional e cuidadosamente planejado por uma igreja em particular. Não obstante, Lucas se preocupa em destacar que essa ação missionária teve origem em Deus, não na iniciativa própria dos irmãos de Antioquia. A questão, porém, é que Deus só atua por nosso intermédio quando nos colocamos voluntariamente em uma posição na qual Ele possa nos usar.

1. Leia Atos 13:1-12. Quais são os pontos principais enfatizados por Lucas sobre as atividades de Barnabé e Paulo em Chipre?

Um período de oração intercessória e jejum precedeu a partida dos missionários; nesse contexto, a imposição de mãos foi essencialmente um ato de consagração, ou uma recomendação à graça de Deus (At 14:26) para a tarefa em questão.

A ilha de Chipre está localizada na região nordeste do mar Mediterrâneo, não muito longe de Antioquia. Era um lugar natural para começar a obra, pois não apenas Barnabé era de Chipre, mas o evangelho também já havia chegado ali. Mas certamente ainda havia muito para se fazer.

Uma vez em Chipre, Barnabé e Paulo – e João Marcos, primo de Barnabé (At 15:39; Cl 4:10), que estava com eles – pregaram nas sinagogas de Salamina. Essa era uma prática regular de Paulo: pregar primeiramente nas sinagogas antes de se voltar para os gentios. Visto que Jesus era o Messias de Israel, era mais do que natural compartilhar o evangelho, em primeiro lugar, com os judeus.

Depois de Salamina, eles foram para o oeste, pregando enquanto percorriam seu caminho até chegar à capital, Pafos. A narrativa, então, gira em torno de dois indivíduos: um feiticeiro judeu chamado Barjesus, também conhecido como Elimas, e Sérgio Paulo, o governador romano local. A história apresenta um bom exemplo de como o evangelho foi recebido de diferentes maneiras: por um lado, houve oposição aberta; por outro, aceitação fiel mesmo por gentios de grande prestígio. A linguagem de Atos 13:12 implica, claramente, em conversão.

Nesse caso, um judeu resistiu à verdade enquanto um gentio a aceitou. Por que, às vezes, as pessoas de outras denominações cristãs são mais difíceis de alcançar com a “verdade presente” do que aquelas que não possuem nenhuma fé?


Segunda-feira, 13 de agosto
Ano Bíblico: Jr 10–13
Antioquia da Pisídia: Parte 1

De Chipre, Paulo e seus companheiros embarcaram para Perge, na Panfília, na costa sul da moderna Turquia. Antes de relatar a viagem para Antioquia da Pisídia, Lucas apresenta duas mudanças significativas: Paulo se torna a figura principal (até esse ponto, Barnabé sempre é mencionado primeiro), e Lucas deixa de usar o nome judaico de Paulo (“Saulo”) e começa a se referir a ele apenas como “Paulo” (At 13:9). Essa mudança provavelmente ocorreu porque, a partir de então, Paulo se encontrava, sobretudo, em um ambiente greco-romano.

Em Atos 13:13, Lucas relata que João Marcos acabou voltando para Jerusalém. O texto bíblico não nos informa o motivo de sua deserção. Ellen G. White escreve que, diante do medo e desanimado por causa das dificuldades que os aguardavam, “Marcos se intimidava e, perdendo todo o ânimo, recusou-se a prosseguir, retornando a Jerusalém” (Atos dos Apóstolos, p. 170). Deus nunca prometeu que seria fácil. Pelo contrário, Paulo sabia desde o início que servir a Jesus envolveria muito sofrimento (At 9:16), mas ele aprendeu a depender inteiramente do poder de Deus, e nisso estava o segredo de sua força (2Co 4:7-10).

2. Leia Atos 13:38. Qual foi a essência da mensagem de Paulo na sinagoga de Antioquia?

O texto de Atos 13:16-41 contém o primeiro sermão de Paulo registrado no Novo Testamento. Com certeza esse não foi o primeiro sermão pregado pelo apóstolo, e não há dúvida de que o relato de Lucas consiste apenas num resumo do que Paulo disse.

O sermão é dividido em três partes principais. Paulo começou falando de crenças em comum a respeito da eleição divina de Israel e do reinado de Davi (At 13:17-23); essa parte tinha o objetivo de estabelecer um ponto de contato com o público judeu. Em seguida, ele apresentou Jesus como o cumprimento das promessas de Deus de um descendente de Davi que traria salvação a Israel (At 13:23-37). A parte final é uma advertência contra a rejeição da salvação oferecida por Jesus (At 13:38-41).

O clímax do sermão está nos versículos 38 e 39, que contêm a essência da mensagem de Paulo sobre a justificação. Perdão e justificação estão disponíveis apenas por intermédio de Jesus, não pela lei de Moisés. Essa passagem não afirma que a lei foi abolida. Apenas destaca a sua incapacidade de realizar o que os judeus esperavam que ela fizesse, a saber, justificar (Rm 10:1-4). Essa prerrogativa repousa unicamente sobre Jesus Cristo (Gl 2:16).

O que significa o fato de que a salvação ocorre somente por intermédio de Jesus? Como conciliar a necessidade de guardar a lei moral com o fato de que a lei não é capaz de justificar?


Terça-feira, 14 de agosto
Ano Bíblico: Jr 14–16
Antioquia da Pisídia: Parte 2

Atos 13:38 e 39 apresenta a questão da incapacidade da lei para justificar, um importante conceito doutrinário. Apesar do caráter irrevogável de seus mandamentos morais, a lei é incapaz de justificar porque não pode produzir obediência perfeita naqueles que a observam (At 15:10; Rm 8:3). Todavia, mesmo que ela pudesse produzir em nós obediência perfeita, essa obediência não poderia expiar pecados passados (Rm 3:19; Gl 3:10, 11). Por isso, justificação não pode ser obtida por merecimento, nem mesmo parcialmente. Podemos recebê-la somente pela fé no sacrifício expiatório de Jesus (Rm 3:28; Gl 2:16), um presente que não merecemos. Por mais essencial que seja a obediência para a vida cristã, não podemos obter a salvação por meio dela.

3. Leia Atos 13:42-49. Como a sinagoga recebeu a mensagem de Paulo? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Muitos aceitaram os ensinos de Paulo, mas os judeus o perseguiram.
B. (  ) O povo quis apedrejá-lo.

Apesar da maneira dura em que Paulo concluiu sua mensagem, a reação da maioria na sinagoga foi altamente favorável. Porém, no sábado seguinte, as coisas mudaram drasticamente. Muito provavelmente “os judeus” que estavam rejeitando a mensagem do evangelho fossem os líderes da sinagoga, os representantes do judaísmo oficial. Lucas atribuiu ao ciúme a atitude impiedosa daqueles homens para com Paulo.

No mundo antigo, diversos aspectos do judaísmo, como o monoteísmo, o estilo de vida e até mesmo o sábado atraíam fortemente os não judeus, e muitos deles se uniam à fé judaica como prosélitos. A circuncisão, no entanto, era um obstáculo sério, pois era considerada por gregos e romanos como uma prática bárbara e repulsiva. Consequentemente, muitos gentios frequentavam as sinagogas com o intuito de adorar a Deus, mas não chegavam ao ponto de se converter formalmente ao judaísmo. Tais pessoas eram conhecidas como “tementes a Deus”. Provavelmente eles, bem como os prosélitos da sinagoga de Antioquia (At 13:16, 43), ajudaram a espalhar a notícia sobre a mensagem de Paulo entre as pessoas em geral, vindo estas em grande número. A possibilidade de experimentar a salvação sem antes ter que se unir ao judaísmo era, sem dúvida, particularmente atrativa para muitos.

Isso pode explicar o ciúme dos líderes judeus. Ao rejeitarem o evangelho, eles não estavam apenas se excluindo da salvação, mas também liberando Paulo e Barnabé para que voltassem sua atenção aos gentios, que se alegraram e louvaram a Deus porque Ele os incluíra na salvação.



Quarta-feira, 15 de agosto
Ano Bíblico: Jr 17–19
Icônio

Instigadas pelos líderes judeus em Antioquia, as autoridades locais incitaram uma multidão contra Paulo e Barnabé e os expulsaram da cidade (At 13:50). Os discípulos, no entanto, transbordavam de alegria e do Espírito Santo (At 13:52). Os missionários então se dirigiram para a cidade de Icônio.

4. De acordo com Atos 14:1-7, qual foi o resultado das atividades de Paulo e Barnabé em Icônio?

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Em Icônio, Paulo e Barnabé continuaram a prática de se dirigir primeiramente aos judeus antes de se voltarem para os gentios. O sermão de Paulo em Antioquia (At 13:16-41) apresenta a principal razão para a prioridade judaica em seu ministério – a eleição de Israel, com tudo o que a envolvia (Rm 3:2; 9:4, 5) e o cumprimento da promessa de Deus de um Salvador da linhagem de Davi. Embora muitos judeus estivessem rejeitando o evangelho, Paulo nunca perdeu a esperança de uma ampla conversão judaica.

Em Romanos 9 a 11, Paulo deixa claro que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9:6), e que somente por causa da misericórdia de Deus é que alguns judeus haviam crido. O Senhor não rejeitou o Seu povo, mas “também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (Rm 11:5). Paulo continuou a pregar o evangelho aos gentios, embora ele acreditasse que, um dia, mais judeus poderiam aceitar a fé em Jesus.

“O argumento de Paulo em Romanos 9 a 11 apresenta uma explicação adicional para a estratégia de missão adotada pelo apóstolo na narrativa de Atos, e confronta todas as gerações de cristãos com a importância teológica de testemunhar aos judeus incrédulos” (David G. Peterson, The Acts of the Apostles [Grand Rapids: Eerdmans, 2009], p. 401).

A situação não foi muito diferente do que ocorrera em Antioquia. A reação inicial dos judeus e gentios para com o evangelho de Paulo foi altamente positiva, mas novamente os judeus incrédulos, possivelmente os líderes da comunidade judaica local, incitaram os gentios e envenenaram a mente deles contra os missionários, causando uma divisão entre o povo. Enquanto os adversários planejavam atacar e linchar Paulo e Barnabé, os dois missionários decidiram deixar a cidade e seguir para a próxima.

Mais do que apenas ouvir o evangelho, o povo judeu precisa vê-lo na vida dos que professam o nome de Jesus. Se você tem conhecidos judeus, que testemunho está dando a eles?


Quinta-feira, 16 de agosto
Ano Bíblico: Jr 20–23
Listra e Derbe

O próximo lugar para onde Paulo e Barnabé viajaram foi Listra, uma aldeia desconhecida a cerca de 18 quilômetros a sudoeste de Icônio. Embora tenham passado um tempo ali (At 14:6, 7, 15), Lucas relata apenas uma história e seus desdobramentos: a cura de um homem aleijado, provavelmente um mendigo, enfermo desde o nascimento.

5. Leia Atos 14:5-19. O que a reação do povo para com Paulo revela acerca de como estavam imersos na ignorância?

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As multidões ficaram tão impressionadas com o milagre que confundiram Paulo e Barnabé com deuses – pensaram que Barnabé era Zeus, o deus supremo do panteão grego, e Paulo, Hermes, o assistente e porta-voz de Zeus. Na verdade, as pessoas queriam lhes oferecer sacrifícios.

O poeta latino Ovídio (43 a.C.-17/18 d.C.) já havia registrado uma lenda sobre esses mesmos dois deuses, disfarçados de humanos, visitando uma cidade na mesma região (“as colinas da Frígia”) e procurando um lugar para repousar. De acordo com a lenda, um casal humilde e idoso os tratou com gentileza e hospitalidade; o restante do povo foi indiferente. Por causa de sua bondade e cuidado para com os visitantes desconhecidos, a casa daqueles idosos foi transformada em um templo e eles, em sacerdotes, enquanto o restante da cidade foi completamente destruído (Metamorfoses, 611-724).

Com essa história circulando na região, a reação do povo diante do milagre de Paulo não causa nenhuma surpresa. A lenda também explica a razão pela qual a multidão assumiu que os missionários fossem aqueles dois deuses, e não Asclépio, por exemplo, o deus da cura. Paulo e Barnabé, no entanto, conseguiram pôr fim àquela falsa adoração que o povo tentava lhes prestar. No fim, alguns opositores de Antioquia e Icônio reverteram completamente a situação, e Paulo foi apedrejado e dado como morto.

6. Leia Atos 14:20-26. Onde Paulo e Barnabé terminaram a viagem? O que eles fizeram no caminho de volta? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Em Antioquia da Síria. Eles visitaram as igrejas que haviam fundado, exortando-as a prosseguir na fé cristã.
B. ( ) Na ilha de Chipre, de onde iniciaram a segunda viagem missionária.

Paulo disse: “Através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At 14:22). O que isso quer dizer? Você já experimentou o que ele disse nesse verso? Mais importante ainda, como você pode crescer na fé enfrentando “tribulação”?


Sexta-feira, 17 de agosto
Ano Bíblico: Jr 24–26
Estudo adicional

Durante a vida de Cristo na Terra, Ele tinha buscado fazer com que os judeus abandonassem sua exclusividade. A conversão do centurião e da mulher siro-fenícia foram exemplos de Sua obra direta fora do povo reconhecido de Israel. Chegara, agora, o momento para uma obra ativa e contínua entre os gentios, dos quais comunidades inteiras receberam o evangelho alegremente e glorificaram a Deus pela luz de uma fé inteligente. A incredulidade e a maldade dos judeus não impediram a realização do propósito do Senhor, pois um novo Israel foi enxertado na antiga oliveira. As sinagogas foram fechadas para os apóstolos, mas as casas particulares foram abertas para o seu uso, e os edifícios públicos dos gentios também foram usados para pregar a palavra de Deus” (Ellen G. White, Paulo, o Apóstolo da Fé e da Coragem, p. 51).

“Em todos os seus esforços missionários, Paulo e Barnabé procuravam seguir o exemplo de Cristo, com sacrifício voluntário e trabalho fiel e ardoroso em prol das pessoas. Atentos, zelosos e incansáveis, não consultavam as inclinações ou a comodidade individual, mas com uma ansiedade acompanhada de orações e atividade incessante, semeavam a semente da verdade. E, com o semear da semente, os apóstolos tinham muito cuidado em proporcionar a todos os que tomavam posição ao lado do evangelho instruções práticas de valor incalculável.” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 186).

Perguntas para discussão

1. João Marcos partiu quando as coisas ficaram difíceis. Paulo e Barnabé posteriormente tiveram uma divergência sobre João Marcos (veja At 15:37). Anos depois, Paulo escreveu: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2Tm 4:11). Quais lições extraímos sobre aqueles que mostram-se infiéis ao chamado?

2. Recapitule a resposta de Paulo e Barnabé aos habitantes de Listra, quando eles foram confundidos com deuses (At 14:14-18). Como devemos responder quando somos tentados a levar o crédito pelo que Deus fez?

3. Leia Atos 14:21-23. O que podemos fazer, individualmente e como igreja, para nutrir e fortalecer a fé dos novos conversos?

4. Como evitar que as tradições e crenças que mantemos atrapalhem o avanço na verdade, a exemplo do que fizeram os opositores de Paulo?

Respostas e atividades da semana: 1. Faça uma lista dos pontos enfatizados por Lucas. Programe uma atividade missionária com os alunos no bairro onde a igreja está localizada ou em outro lugar. 2. Peça a participação dos alunos. 3. V; F. 4. Uma multidão de gentios e judeus acreditou na palavra de Paulo e Barnabé. No entanto, a cidade ficou dividida, e eles acabaram fugindo da cidade em virtude das ameaças que sofreram. 5. Acharam que Paulo e Barnabé eram deuses e quiseram lhes oferecer sacrifícios. Depois, instigadas por judeus de Antioquia e Icônio, multidões apedrejaram Paulo. Pergunte: Como alcançar pessoas dominadas pelas superstições? 6. A.



Resumo da Lição 7
A primeira viagem missionária de Paulo

 

TEXTO-CHAVE: Atos 13

O ALUNO DEVERÁ

Conhecer: Os lugares, objetivos e métodos da missão cristã.
Sentir: Perceber que o sucesso da missão depende da confiança no Espírito Santo e da Sua orientação.
Fazer: Envolver-se no trabalho missionário de sua igreja.

ESBOÇO

I. Conhecer: O porquê, o onde e o como das missões

A. Como sua igreja apoia a sua missão? Você tem um plano viável? Qual?

B. Que tipo de equipe você escolheu para ajudá-lo em seu trabalho missionário? Quais provisões financeiras e organizacionais foram feitas para sua missão?

II. Sentir: Executando a missão

A. Antes mesmo de começar seu trabalho missionário, por que você deve buscar a orientação do Espírito Santo? Por que os membros da equipe devem experimentar o poder da união entre eles antes de realizar a missão?

B. Considere a possibilidade de incluir em seu plano missionário um “ponto de apoio” nos lugares que você planeja visitar. Quem são as pessoas que poderiam ajudá-lo nesses lugares?

III. Fazer: Envolver os cristãos

Como você planeja envolver os cristãos nas cidades que pretende visitar?

Resumo: O sucesso da missão depende da nossa dependência do Espírito Santo, do apoio da igreja que envia os missionários e da dedicação deles à tarefa planejada.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: At 13:1-3

Conceito-chave para o crescimento espiritual: A missão evangélica não acontece por iniciativa de nenhum ser humano. Nosso Senhor deixou isso muito claro antes de Sua ascensão: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra” (At 1:8). O plano para deixar Ur não teve origem na mente de Abraão. Moisés não decretou por si mesmo o chamado à liberdade. Josué não decidiu dividir o rio Jordão. Isaías não escolheu sua carreira como profeta. Daniel não inventou o “telescópio profético”. Ester não escolheu livrar os judeus. Pedro não abandonou a rede de pesca por conta própria. Tampouco Saulo se tornou o primeiro grande missionário do cristianismo por sua iniciativa. Em todos esses casos, o Espírito Santo fez o chamado.

Para o professor: Antes de examinarmos a primeira viagem missionária de Paulo, faríamos bem em observar como o Espírito Santo planejou a obra missionária desse apóstolo. Tudo começou em Antioquia da Síria. A igreja dessa cidade foi fundada por cristãos que haviam fugido da perseguição decorrente do apedrejamento de Estêvão (veja At 11:19). A congregação de Antioquia foi uma das primeiras a vislumbrar uma igreja sem “muros”. Embora o evangelho tivesse sido pregado primeiramente aos judeus, outros grupos étnicos o aceitaram. Todos receberam o dom do Espírito Santo. Essa notícia tão extraordinária chocou a igreja em Jerusalém. A sede da igreja decidiu então enviar um líder confiável para investigar o fenômeno em Antioquia. Barnabé foi o homem escolhido. Ele viu o que o Espírito Santo tinha feito em Antioquia. Uma nova criação havia surgido, resultando em uma igreja multiétnica em expansão. Barnabé precisava de assistência para ministrar a essa igreja em desenvolvimento. Então, ele foi para Tarso e trouxe consigo Saulo. Juntos, eles ministraram à congregação de Antioquia. Ela não era exclusivamente romana, grega nem judaica. Nenhum nome poderia descrever essa nova comunidade. Portanto, um novo nome surgiu: “Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At 11:26).

Além do crescimento, a igreja de Antioquia tinha em seu meio profetas, mestres e importantes oficiais do governo (At 13:1-3). Enquanto esses cristãos ministravam, jejuavam e oravam, o Espírito Santo lhes ordenou: “Separai-Me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:2). Assim teve início a primeira viagem missionária.

Discussão: Você já sentiu uma luta em seu coração, um sussurro em seus ouvidos ou uma ordem direta para se envolver na missão? Como você pode traçar sua viagem missionária? Por onde ela começará, e onde pode acabar? Compartilhe com a classe sua experiência com o testemunho cristão até hoje. Fale também dos seus sonhos missionários.

Compreensão

Para o professor: O Jesus ressuscitado ordenou aos discípulos que levassem o evangelho a Jerusalém, Judeia, Samaria e aos confins da Terra. O derramamento pentecostal do Espírito Santo e o poderoso testemunho de Pedro, Estêvão e outros, já haviam abalado Jerusalém e a Judeia com a mensagem de que, em Jesus, a esperança do Antigo Testamento sobre o Messias havia se cumprido. Em Jerusalém, havia sido estabelecido um sólido fundamento para a igreja cristã, e uma oposição igualmente forte para com os membros do Caminho deu início a ondas de perseguição, começando com a morte de Estêvão. Mas a oposição e a perseguição levaram à disseminação do evangelho em Samaria e nos territórios pagãos vizinhos que faziam parte do Império Romano. A igreja de Antioquia reconheceu que era hora de cumprir a missão alcançando os confins da Terra. Paulo, Barnabé e sua equipe missionária se prepararam para realizar essa tarefa.

Comentário bíblico

I. Missão em Chipre

(Recapitule com a classe At 13:4-12.)

1. Chipre já havia recebido o evangelho daqueles que fugiam da perseguição desencadeada após o apedrejamento de Estêvão, e dali os primeiros pregadores do evangelho foram para Antioquia (At 11:19, 20). Por fim, a comunidade de fé de Antioquia, pela influência do Espírito Santo, visava a transformar uma cidade conhecida como a “Rainha do Oriente” em um centro global de apoio à proclamação das boas-novas de Jesus Cristo. E assim, Barnabé, o filho nativo, e Paulo, o ex-perseguidor, chegaram a Chipre para começar sua primeira viagem missionária.

2. Paulo apresentou o evangelho a Sérgio Paulo, o governador de Chipre, em Pafos. Essa foi a primeira apresentação do evangelho a um governador romano de que se tem notícia. Satanás estava determinado a interromper os esforços de Paulo. Para auxiliar Satanás veio um feiticeiro à corte de Sérgio Paulo, um homem chamado Barjesus [Bar-Jesus, que significa “filho de Jesus”]. Paulo confrontou o mágico pelo que ele era: filho do diabo, um instrumento nas mãos de Satanás para impedir que a luz da verdade chegasse a Sérgio Paulo. O milagre imediato que deixou o mágico cego convenceu o governador da veracidade da mensagem de Paulo. O que deixou Sérgio Paulo realmente “maravilhado” não foi a cegueira que atingiu o mágico, mas a “doutrina do Senhor” (At 13:12).

Pense nisto: A missão em Chipre marcou uma transição importante. Pela primeira vez Lucas mencionou “Saulo, também chamado Paulo” (At 13:9). A partir daí o nome “Saulo” desaparece, como se fosse para mencionar que Paulo, o apóstolo dos gentios, havia chegado. Mas a parte mais virtuosa da narrativa é a resposta submissa e humilde de Barnabé ao avanço de Paulo. Até aquele momento, Barnabé tinha sido o número um e, sem ele, talvez Paulo tivesse se tornado um elemento esquecido. Mas o homem que havia trazido Paulo para se juntar a ele passou a ocupar humildemente o segundo lugar sem murmurar. Para Barnabé, cujo nome significa “filho da consolação”, a missão era mais importante do que quem a realizava. Quais lições podemos aprender com Barnabé?

II. Missão em Antioquia da Pisídia

(Recapitule com a classe At 13:14-52.)

O sermão de Paulo em Antioquia da Pisídia talvez seja o sermão mais completo do apóstolo de que se tenha registro. Nesse sermão, Paulo declarou que a história não é um acidente, mas o plano de ação de Deus para cumprir Sua vontade. Essa filosofia está de acordo com o pensamento de outros líderes apostólicos anteriores, a saber, Pedro e Estêvão. Ao longo de todos os sermões, um tema é predominante: Deus é o Soberano da História e o Senhor do Universo. Sua mensagem universal é que o amor, a misericórdia e a graça de Deus se aplicam a todos, judeus e gentios, e essa notícia foi transmitida de século a século, desde os dias de Abraão até os de Cristo Jesus. Paulo argumentou que o elo que liga o antigo ao novo, os profetas ao evangelho, a esperança ao cumprimento, encontra-se na vida e ministério de Jesus. Ele é o cumprimento da esperança messiânica de Israel, e Nele a história nacional dos judeus alcançou seu ponto culminante. A partir de então, a salvação dos judeus e gentios depende da maneira como essas pessoas se relacionam com a graça salvadora de Jesus.

O sermão de Paulo atingiu seu ápice em Atos 13:26-39, com estes pontos preeminentes: (1) Deus revelou, por meio de Jesus, Seu plano de salvação; essa revelação é fundamental para a história de Israel, desde Abraão até Cristo. (2) Embora as pessoas por quem Cristo veio O tivessem rejeitado e crucificado, o Senhor não pôde ser derrotado. De fato, no plano de Deus, a cruz foi o sacrifício supremo pelos pecados do mundo. (3) Jesus não apenas Se ofereceu como sacrifício pelos pecados, mas também ressuscitou vitorioso sobre o pecado e a morte. Ele é o vencedor final. (4) A vitória de Cristo sobre o pecado e o poder de Sua ressurreição estão disponíveis a todos os que creem Nele, tanto judeus quanto gentios, para que todos possam desfrutar da nova comunhão em Jesus.

Pense nisto: Quando a equipe missionária chegou a Perge, no caminho para Antioquia da Pisídia, um evento triste aconteceu: João Marcos decidiu abandonar a missão e voltar para casa em Jerusalém. O texto não apresenta nenhuma razão para isso. No entanto, a partida de Marcos se tornou tão controversa que, quando os apóstolos planejaram a segunda viagem missionária cerca de três anos depois, Paulo recusou-se a levar Marcos. Barnabé, no entanto, insistiu para que levassem consigo Marcos. O conflito ficou tão intenso que a dupla missionária se separou. Quanto a Marcos, o Espírito Santo acabou por usá-lo em uma tarefa não menos importante: ele escreveu o Evangelho que leva seu nome, aliás o primeiro Evangelho a ser escrito. Anos depois, Paulo, agora um velho prisioneiro em Roma, escreveu a Timóteo: “Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2Tm 4:11). Paulo demorou bastante tempo para reconhecer que a graça significa dar segundas chances. Um cristão pode falhar em um momento, mas pode se refugiar no “esconderijo do Altíssimo” (Sl 91:1, 2; Sl 37:24; Pv 24:16). Assim, nenhuma das nossas quedas precisa ser permanente.

Aplicação

Para o professor: Antioquia oferecia segurança, riqueza e a certeza da imparcialidade religiosa aos seus habitantes. Mas os cristãos fugitivos se estabeleceram em Antioquia com um propósito mais elevado: tornar possível o impossível. Antioquia demonstrou que o cristianismo poderia ser um lar sem muros. E de fato ela se tornou assim. Mas não foi a obra dos judeus que tornou isso possível. Tampouco foi a persistência dos gentios. Nem a bondade de ambos. Foi a evidência da “graça de Deus” (At 11:23).

Perguntas para reflexão e aplicação

Como essa graça pode ser vista em sua igreja ou comunidade? Como podemos promover em nossa comunidade a gratidão pela atuação da graça de Deus?

 Criatividade

Para o professor: Compartilhem testemunhos. Os membros da igreja de Antioquia haviam fugido para essa cidade a fim de escapar da perseguição e da opressão. Pergunte aos alunos se eles, alguma vez, foram vítimas de qualquer coisa que insultasse ou rebaixasse sua humanidade. Pergunte a eles como enfrentaram, ou sentem que deveriam ter enfrentado, esse problema. Como tornar a experiência de Antioquia mais do que um sonho, mas, de fato, uma experiência de fé?


Coração de mãe

Mayumi é uma das mulheres adventistas do sétimo dia mais influentes no Japão. Mas a história da sua vida quase foi interrompida porque, em duas ocasiões antes de cursar a primeira série, esteve perto da morte. Com o pai alcoólatra e a mãe sofrendo enfermidade mental, não havia ninguém para cuidar dela. Por essa razão, Mayumi esbarrou duas vezes na chaleira cheia de água fervente no fogão. A primeira vez aconteceu quando tinha apenas três anos; a segunda, aos cinco anos. Nas duas ocasiões, a água quente

encharcou seu corpo, deixando-a com cicatrizes permanentes. “Deus salvou minha vida por duas vezes”, reconhece Mayumi. Quando tinha nove anos, a mãe desapareceu e nunca mais foi encontrada.

O primeiro vislumbre de esperança para Mayumi surgiu quando ela estava na sexta série. Um americano que havia se mudado para uma casa vizinha à que ela morava, ensinou-lhe a falar inglês e ler a Bíblia. Ela mal pôde acreditar no que viu, quando leu a regra de ouro citada por Jesus: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam, pois esta é a lei e os profetas” (Mt 7:12).

“Quando li esse verso, descobri ter encontrado o caminho que devia seguir”, disse Mayumi. “Eu não poderia mudar meu passado, e minha pele marcada nunca voltaria a ser a mesma de antes. Mas percebi que poderia dar a outras crianças o amor que eu queria de meus pais.” Foi então, que a ideia de cuidar de crianças começou a se formar em sua mente.

Trabalho na creche

Mayumi se casou aos 21 anos e se divorciou 10 anos depois. Ela se tornou alcoólatra, fumante inveterada e tentou cometer suicídio. Casou-se novamente aos 38 anos e começou a construir uma nova vida. Ao começar a trabalhar em uma creche, ficou horrorizada com o que viu. A creche tinha regras rígidas e os pais desesperados tiveram que se adaptar a elas.

Porém, o ponto da virada aconteceu quando a creche rejeitou um bebê de um ano por estar com febre. A mãe da criança estava desesperada para voltar ao trabalho, porque não tinha permissão para sair. Na manhã seguinte, ela voltou e disse que o bebê estava bem. Mayumi não conseguiu entender como a criança se recuperou tão rapidamente. Mas descobriu o truque quando mudou a fralda do bebê: a mãe havia inserido um supositório para evitar a febre. “Pensei: Não, não deveria ser assim”, disse Mayumi. “Então, comecei

minha própria creche com uma política de prioridade ao cliente. Eu aceitaria crianças em quaisquer condições, mesmo as doentes.”

A creche, localizada na casa de Mayumi, ficava aberta 24 horas por dia durante todo o ano. Quinhentas famílias fizeram inscrições para ocupar as dez vagas disponíveis. Foram 50 vezes superior ao número que poderiam receber.

Quando acontecia de uma criança ficar com febre, ela enviava uma babá à casa da criança para que as outras crianças não fossem infectadas. Enquanto Mayumi cuidava dos filhos de outras pessoas enfrentava problemas com uma das duas filhas que tinha. A mais nova se recusava a frequentar as aulas do quarto ano. A filha reclamava que os professores das escolas públicas a chamavam de “estúpida” e a puniam batendo no ombro ou no braço. O professor de música uma vez a golpeou na cabeça com um tamborim.

Conversão na escola

Mayumi procurou outras opções de escolas e encontrou uma escola adventista nas redondezas. “A escola adventista era o paraíso em comparação à escola pública”, disse Mayumi. “Os professores eram muito simpáticos.” Não demorou quase nada para que a menina se adaptasse à nova escola e, vários anos depois, foi batizada. Em seguida, Mayumi, o marido e a outra filha também foram batizados.

Após o batismo de Mayumi, ela começou a mudar. Perdeu peso, adquirindo com isso melhor saúde e elegância. Ela estava sempre feliz. Amigos, pais e até mesmo antigas crianças de creche lhe perguntam o que aconteceu, Mayumi fala sobre Jesus. Graças à sua influência, atualmente cerca de 30 crianças que ela cuidava, agora adolescentes e jovens, estudam em escolas adventistas. “Eu aconselhei os pais de meus bebês para que

fossem às escolas adventistas depois de deixarem a creche, e muitos concordaram”, ela disse. Em quatro anos, 45 crianças e seus pais foram batizados.

Hoje, Mayumi e seus funcionários dirigem uma grande creche com 50 crianças em Tóquio. Muitas pertencem a famílias não-cristãs. Porém, ela planeja abrir um centro de estilo de vida para crianças com desafios mentais, como o TDAH e a Síndrome de Asperger.

Como usamos nossa influência? Oremos para que, assim como Mayumi, tenhamos iniciativa para conquistar pessoas para Cristo.

Assista a um vídeo sobre Mayumi no link: bit.ly/mother-to-hundreds

Conhecendo o Japão

• A União do Japão abrange as Associações do Japão Oriental, do Japão Ocidental e a Missão de Okinawa.

• Existem 97 igrejas no Japão, com 15.151 membros. Com uma população de 125.310.000 habitantes, existem 8.270 japoneses para cada adventista.

• A taxa de alfabetização no Japão é de quase 100%.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018

Tema Geral: O Livro de Atos dos Apóstolos

Lição 7: 11 a 18 de agosto

A primeira viagem missionária de Paulo

Autor: Rafael Krüger
Pastor distrital
Munique, Alemanha

Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega
Esboço da lição da semana

I. Missão intencional (At 13:1-3)

II. Mudanças com Paulo (At 13:2, 9, 13)

III. As sinagogas judaicas e a religião de Paulo (At 13:5, 14; 14:1)

I. Missão intencional (At 13:1-3)

O plano missionário de Jesus em Atos 1:8 apresenta uma progressão geográfica na pregação do evangelho. Começando por onde estavam, Jerusalém, os discípulos deveriam ser também testemunhas na Judeia, Samaria e demais regiões do mundo. Muito embora a dispersão dos cristãos causada pela perseguição tenha colaborado para a pregação além das fronteiras judaicas (8:1, 4-8; 11:19-21), a igreja ainda não havia se organizado para conduzir uma ação evangelística mundial de maneira mais direta e intencional. Deus, porém, estava prestes a mudar essa situação.

1. Um centro missionário

Um dos destinos dos cristãos perseguidos foi Antioquia (11:19), que se situava cerca de 500 km ao norte de Jerusalém. Capital da província da Síria – não confundir com Antioquia da Pisídia – a cidade era a terceira maior do império, ficando atrás apenas da capital Roma e de Alexandria. Localizada próximo ao litoral, a locomoção para o restante do mundo era facilitada por barcos, meio mais barato e menos exaustivo que o transporte terrestre.

Antioquia se destaca entre as várias cidades mencionadas em Atos. Isso não se deve apenas ao grande aumento de conversos (11:21), nem  ao fato de que nessa cidade os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos (11:26). A importância desse lugar se deve à sua ligação com a missão da igreja. Foi ali que, pela primeira vez, houve um empenho intencional em evangelizar outros lugares (13:1-3). A partir de então, o evangelismo em campos mais distantes não seria mais um mero fruto de dispersões causadas por perseguição. A igreja e seus missionários estariam deliberadamente se preparando para, de maneira planejada e organizada, levar a mensagem aos confins da Terra.

Para refletir: Como sua igreja é conhecida? Será que ela, sendo grande ou pequena, pobre ou rica, tem sido um centro poderoso da pregação do evangelho e envio de missionários?

2. O Espírito Santo e a missão

Se por um lado é possível observar a liderança da igreja em Antioquia quanto à preparação e o cumprimento do chamado de Deus (At 13:2, 3), por outro, não se deve diminuir a importância e a centralidade do Espírito Santo. O serviço e o jejum não foram a principal fonte de estímulo para a missão e tampouco habilitaram as pessoas para ela. Embora tudo isso seja importante, Lucas destaca o Espírito como o Agente principal da primeira viagem missionária cristã de que se tem conhecimento. Foi Ele quem moveu os líderes da igreja de Antioquia a consagrarem Barnabé e Saulo (13:2b). Foi também esse mesmo Espírito que encheu o coração desses dois pregadores durante o trajeto de cerca de dois anos (13:9, 52).

No livro de Atos, o Espírito Santo está diretamente associado com a pregação do evangelho. Veio do Espírito, por exemplo, o poder que habilitaria os discípulos a ser testemunhas de Cristo ao redor do mundo (1:8). Foi também Dele que veio o dom de línguas, o que possibilitou a comunicação do evangelho em outros idiomas (2:4). Essas, além de tantas outras ações, levaram alguns estudiosos a chamar o quinto livro do Novo Testamento de “Atos do Espírito Santo”.

Para refletir: Todos aqueles que desejam se empenhar na missão divina devem se lembrar de um princípio que pode ser aplicado em diferentes contextos: “Não por força nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos” (Zc 4:6). O que é mais importante em suas atividades missionárias: seus métodos ou o Espírito Santo?

II. Mudanças com Paulo (At 13:2, 9, 13)

Mais de uma década se passou desde o chamado de Paulo para ser “um instrumento escolhido” para a pregação aos gentios (9:15) até sua primeira viagem missionária (13:2). Nesse tempo, Paulo foi um personagem coadjuvante na narrativa de Atos, sendo Pedro a figura principal (cf. 9:20-12:25). Até mesmo quando é chamado para uma obra mais relevante, Paulo é mencionado depois de Barnabé, o que demonstra a maior importância do seu companheiro (11:30; 12:25; 13:2). A partir de sua passagem por Antioquia da Pisídia, porém, ele ganhou destaque e passou a ser mencionado antes de Barnabé (13:13, 42). Os papéis se invertem e Paulo assume a liderança na obra para a qual foi chamado.

Em Antioquia da Pisídia ocorreu outra mudança com Paulo. Ela tem que ver com a maneira em que ele é chamado em Atos. O apóstolo tinha dois nomes: um judaico, Saulo, e outro latino, Paulo (13:9). Desde a primeira aparição na narrativa, Paulo é mencionado pelo nome judaico (7:58). A partir dessa cidade, porém, ele passou a ser citado como Paulo (13:13). Isso possivelmente tenha ocorrido porque Paulo passou a estar mais em um contexto greco-romano do que judaico.

Para refletir: Desde a sua conversão, Paulo sabia que Deus o havia escolhido para uma missão muito importante. Anos se passaram até esse chamado se concretizar. Paulo, porém, se manteve humilde durante esse processo. Em meio a uma igreja em que, infelizmente, às vezes há disputas de ego e poder, o que a atitude de Paulo tem a nos ensinar?

III. As sinagogas judaicas e a religião de Paulo (At 13:5, 14; 14:1)

No decurso de suas missões, Paulo ia às sinagogas judaicas e lá pregava o evangelho (cf. 9:20; 17:1, 10, 17; 19:8). Isso aconteceu já desde a primeira viagem (At 13:5, 14-44; 14:1). Com isso em perspectiva, é válido ponderar: Por que o apóstolo continuou indo às sinagogas mesmo após sua conversão?

Talvez a resposta mais comum seja que essa atitude era pragmática. Afinal, os frequentadores das sinagogas, judeus e gentios prosélitos, além dos tementes a Deus, tinham conhecimento do Antigo Testamento e por isso estavam familiarizados com a expectativa do Messias, o que teoricamente os tornavam mais aptos a aceitar Jesus que os pagãos em geral. Além disso, os prosélitos e tementes a Deus que se convertessem podiam ser uma ponte entre a sinagoga e outros gentios.

Embora o pragmatismo seja uma resposta válida, ela não é a única. Antes de mais nada, o apóstolo ia à sinagoga porque ele era judeu e continuou sendo judeu mesmo após sua conversão. Embora tal perspectiva possa parecer estranha hoje, é preciso lembrar que no primeiro século não havia uma clara distinção entre cristianismo e judaísmo, como temos atualmente. Os gentios, por exemplo, tratavam as diferenças entre cristianismo e judaísmo como um mero assunto judaico (At 18:12-16; 23:26-30; 26:13-19). Os próprios judeus, inclusive, viam os discípulos de Jesus como membros de uma das diferentes seitas judaicas da época (At 9:1, 2; 28:22). Mais que isso, os cristãos se consideravam os verdadeiros detentores da fé judaica. Paulo, a título de exemplo, chegou a afirmar o seguinte para os judeus: “Segundo o Caminho, a que chamam seita, assim eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei e nos escritos dos profetas” (At 24:14; cf. 3:13-26; 4:10-12; 7:51-53). Paulo jamais deixou de ser judeu. Ele continuou crendo no único e verdadeiro Deus e praticando tudo que era prescrito pela lei do Antigo Testamento e que não era cerimonial por natureza, ou seja, que não estava centrado no templo e em suas cerimônias.

Para refletir: Embora o atual judaísmo seja notoriamente diferente do cristianismo, isso não significa que haja uma descontinuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. A fé cristã está fundamentada nesses dois documentos inspirados. Com isso em mente, pense: quanto de seu cristianismo está fundamentado no Antigo Testamento? Quanto da graça, da justificação e do amor você encontra na primeira parte da Bíblia?

Conclusão

Pontos a ser enfatizados em classe:

– O surgimento de um centro cristão fora de Israel.

– A importância do Espírito Santo na missão da igreja.

– O tempo decorrido até que Paulo se destacasse.

– A ligação entre o cristianismo primitivo e o judaísmo do primeiro século.

Supervisor do comentário:

Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).