Lição 8
18 a 24 de maio
Paternidade e maternidade
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Cr 26–28
Verso para memorizar: “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, Seu galardão” (Sl 127:3).
Leituras da semana: Gn 18:11; Jr 31:25; Mt 11:28; Sl 127; Pv 22:6; 1Sm 3:10-14; Fp 3:13

Os nascimentos são ocorrências tão comuns e normais que nem sempre compreendemos plenamente a maravilha que eles representam. Imagine o que Eva deve ter sentido ao segurar o bebê Caim em seus braços. As mudanças que ela experimentou no seu corpo em crescimento durante aqueles meses, a dor excruciante do parto, e então ver aquela criancinha tão parecida com eles, mas tão indefesa. Que experiência deve ter sido para Sara, com seus 90 anos, e muito após a idade fértil, contemplar o rosto de seu filho, Isaque; ela devia sorrir toda vez que pronunciava o nome dele. Depois de orar tanto tempo por um filho, Ana segurou Samuel e disse: “Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a petição que eu Lhe fizera” (1Sm 1:27). Imagine a perplexidade no coração de Maria, ainda jovem, ao abraçar seu filho, o Filho de Deus, em uma combinação de admiração e medo.

Ao mesmo tempo, nem todos têm o privilégio e a responsabilidade que vêm com a criação dos filhos. Nesta semana, examinaremos a estação da paternidade e maternidade, com seus desafios, medos, satisfação e alegria.


No próximo sábado, 25 de maio, participaremos do Impacto Esperança! Entregaremos a milhões de pessoas o livro Esperança para a família!

Domingo, 19 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 29–31
A paternidade e a maternidade sem filhos

1. Leia Gênesis 18:11; 30:1; 1 Samuel 1:1-8 e Lucas 1:7. O que essas pessoas tinham em comum? Como Deus respondeu aos seus anseios? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Elas estavam arrependidas porque tiveram muitos filhos.

B. (  ) Elas desejavam ter filhos e não conseguiam.

Os filhos são uma bênção. Mas, por alguma razão, Deus nem sempre abençoa todas as pessoas com filhos. Algumas esperam e pedem a Deus uma família, e Ele atende graciosamente seu pedido, às vezes de maneira miraculosa, como no caso de Sara; outras pessoas igualmente fervorosas em suas petições diante do trono de Deus recebem um silêncio ensurdecedor. Sempre que veem amigos louvarem a Deus pela gestação e a chegada de seus bebês, a ferida dessas pessoas fica cada vez mais profunda ao conviver com o ninho vazio. Até mesmo perguntas inocentes como “Quantos filhos você tem?” servem como lembretes dolorosos de um “clube restrito” do qual os que não têm filhos são excluídos, mesmo que eles queiram participar.

Aqueles que têm passado por uma experiência como essa devem aceitar que Deus entende sua tristeza. O salmista declarou a respeito de Deus: “Registra, Tu mesmo, o meu lamento; recolhe as minhas lágrimas em Teu odre; acaso não estão anotadas em Teu livro?” (Sl 56:8, NVI). Embora pareça calado, “como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR Se compadece dos que O temem” (Sl 103:13).

Enquanto isso, outras pessoas, por várias razões, simplesmente optam por não ter filhos. É possível compreender, em um mundo como o nosso, tão cheio de sofrimento, dor, mal e potenciais calamidades, porque alguns decidem não ter filhos. Em alguns casos, pessoas decidem adotar crianças em vez de gerar filhos biológicos; dessa maneira, elas podem criar filhos que já estão no mundo, muitas vezes dando-lhes a chance de uma vida muito melhor do que a que eles teriam se não fossem adotados.

Nosso mundo é um lugar complicado, e é provável que encontremos pessoas em todos os tipos de situações no que diz respeito a ter ou não filhos. Seja qual for o caso em que nos encontremos em relação a essa questão, podemos viver com a certeza do amor de Deus por nós e de que Ele deseja um final feliz para nossa história. Ao mesmo tempo, devemos ser sensíveis para lidar com pessoas que, por qualquer motivo, não têm filhos.

Jesus nunca teve filhos biológicos. Quais lições esse fato nos ensina?

No dia 26 de maio, logo após o Impacto Esperança, realize em sua comunidade uma feira de saúde e outras ações solidárias. Multiplique esperança para as famílias!

Segunda-feira, 20 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 32, 33
Pais e mães solteiros

Um fenômeno que o mundo enfrenta é o dos pais e mães solteiros. Às vezes pensamos em pais solteiros como aqueles que conceberam um filho fora do casamento. No entanto, esse não é sempre o caso. Agar foi pressionada a ter um filho com Abraão e depois foi forçada a partir com seu filho (Gn 16:3, 4; 21:17). Bate-Seba ficou grávida como resultado da investida sexual de um homem poderoso (2Sm 11:4, 5). Elias foi enviado a uma aldeia chamada Sarepta para ajudar uma viúva (1Rs 17:9). Quando Jesus começou Seu ministério, José, Seu pai adotivo, havia morrido, deixando Maria viúva e desamparada. “A morte a tinha separado de José, que com ela havia compartilhado do mistério do nascimento de Jesus. Não havia agora ninguém mais a quem pudesse confiar suas esperanças e temores. Os dois meses anteriores tinham sido muito dolorosos” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 145).

Ser um pai ou mãe solteiro(a) talvez seja uma das tarefas mais desafiadoras para qualquer pessoa. Muitos(as) enfrentam dificuldades, como a administração de suas finanças, o relacionamento com o pai ou a mãe da criança, ou simplesmente a necessidade de ter um tempo para si ou um tempo com Deus, além do desejo de saber se um dia serão amados(as) novamente.

2. Quais promessas todos, inclusive os pais e mães solteiros, encontram nos seguintes versículos? Jr 29:11; 31:25; 32:27; Mt 11:28; Pv 3:5, 6; Is 43:1, 2. Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A. (  ) Um novo casamento e prosperidade aos pais e mães solteiros.

B. (  ) Paz, descanso, proteção e cuidado da parte do Senhor.

Devemos ajudar os pais e mães solteiros. Tiago escreveu: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações” (Tg 1:27). Poderíamos parafrasear o texto assim: “visitar os pais e mães solteiros em suas tribulações”. Nossa ajuda não precisa ser apenas financeira. Poderíamos dar a esses pais e mães um pouco de descanso, ficando com seus filhos algum tempo para que eles possam fazer outras tarefas, descansar, orar e estudar a Bíblia. Podemos servir como mentores de seus filhos ou ajudar a consertar objetos. Podemos ser as mãos de Deus de várias maneiras, a fim de apoiar pais e mães solteiros.

Sem julgar como eles chegaram a essa situação, o que você pode fazer para incentivar e ajudar os pais e mães solteiros?


Terça-feira, 21 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 34–36
A alegria e a responsabilidade de educar filhos

3. Leia o Salmo 127. Qual é a mensagem fundamental desse pequeno salmo? Quais princípios importantes devemos aplicar a nós e à nossa maneira de viver?

Quando você deseja preparar seu prato favorito, você segue uma receita. Se você adicionar todos os ingredientes necessários e seguir todas as etapas, na maioria das vezes obterá os resultados desejados. No entanto, ser pai ou mãe não é como arte culinária. Nenhum filho é exatamente igual ao outro, e mesmo que você faça tudo como fez com outros filhos, esse filho pode ser diferente. Isso pode ter a ver com o sexo deles, a ordem em que nasceram, seu temperamento ou uma série de outras razões. O plano de Deus é que os pais conduzam e ensinem seus filhos a amar e obedecer ao Senhor (Dt 6:4-9; Sl 78:5-7). A ordem de Deus para os pais é ensinar “a criança no caminho em que deve andar” (Pv 22:6), não ficar interferindo e controlando a vida dos filhos para ter certeza de que eles nunca tomarão decisões erradas.

Embora desejemos que nossos filhos passem, de crianças fofinhas e indefesas, a adultos independentes e bem-sucedidos, nossa responsabilidade suprema é que eles conheçam, amem e sirvam a Jesus Cristo. Como pais e mães, podemos seguir o plano para o desenvolvimento espiritual de nossos filhos traçado em Deuteronômio 6. Há quatro pré-requisitos importantes: que reconheçamos “o SENHOR, nosso Deus” (Dt 6:4), que O amemos de todo o coração (Dt 6:5), que guardemos a Sua Palavra (Dt 6:6) e que compartilhemos com nossos filhos o que sabemos sobre Ele (Dt 6:20-23).

Deuteronômio 6 apresenta dois princípios importantes. O primeiro é o princípio do “ensinar-falar” (Dt 6:7). Ensinar (inculcar, ARA) se refere à educação formal, enquanto o falar se refere à instrução informal. Em ambos os casos, a comunicação da verdade bíblica ocorre dentro do contexto do relacionamento pai/mãe–filho. Momentos formais de ensino podem ocorrer durante o culto familiar quando estudamos a Palavra de Deus com nossos filhos. O ensino informal surge espontaneamente nas circunstâncias do dia a dia e é ainda mais importante. Os incidentes cotidianos podem se tornar um meio eficaz para comunicar a verdade bíblica (Gn 18:19). O segundo é o princípio de “atar–escrever” (Dt 6:8, 9). A verdade espiritual deve estar atada às nossas ações (“mãos”) e atitudes (“cabeça”), mas também deve ser escrita em nossa vida privada (“umbrais”) e pública (“portas”). Ela deve passar do nosso coração para o nosso lar e do nosso lar para o mundo.



Quarta-feira, 22 de maio
Ano Bíblico: Ed 1–3
A paternidade e a maternidade como discipulado

4. Leia Gênesis 18:18, 19 e 1 Samuel 3:10-14. Contraste esses dois pais. Quais foram os resultados de seu “estilo” de paternidade?

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Os pais e mães têm a responsabilidade de discipular seus filhos, de maneira que estes se tornem discípulos de Jesus. Alguns pais e mães acreditam que a maneira de ensinar e corrigir seus filhos é a aplicação do castigo físico – quanto mais, melhor (Pv 22:15; 23:13; 29:15). Passagens como essas têm sido mal utilizadas para abusar de crianças e forçá-las à submissão total, mas muitas vezes isso também leva à rebelião contra seus pais e contra Deus.

A Bíblia ensina os pais e mães a governar com bondade (Ef 6:4, Cl 3:21) e a instruir os filhos na justiça (Sl 78:5; Pv 22:6; Is 38:19 Jl 1:3). Como pais e mães, devemos sustentar nossos filhos (2Co 12:14) e dar-lhes um bom exemplo (Gn 18:19; Êx 13:8; Tt 2:2). Somos instruídos a governar bem o nosso lar (1Tm 3:4, 5, 12) e a disciplinar nossos filhos (Pv 29:15, 17), enquanto refletimos o amor de Deus (Is 66:13; Sl 103: 13; Lc 11:11).

Infelizmente, a Bíblia revela histórias de paternidade e maternidade malsucedidas. Isaque e Rebeca demonstraram favoritismo para com seus filhos, Esaú e Jacó (Gn 25:28), e posteriormente Jacó demonstrou a mesma atitude para com José (Gn 37: 3). Eli, apesar de ser um líder religioso, não conseguiu corrigir seus filhos (1Sm 3:10-14). Samuel, que também foi criado por Eli, revelou-se um pai muito deficitário (1Sm 8:1-6). O rei Davi, ao cometer adultério e ordenar um assassinato, ensinou seus filhos, que seguiram seu exemplo. O rei Manassés sacrificou seus filhos aos demônios (2Rs 21:1-9), assim como o rei Acaz (2Rs 16:2-4).

No entanto, felizmente também encontramos nas Escrituras alguns exemplos de bons pais e mães. Mordecai foi um pai adotivo maravilhoso para Hadassa, a rainha Ester (Et 2:7), e Jó orava por seus filhos regularmente (Jó 1:4, 5). Em todos esses exemplos, bons e ruins, podemos aprender lições sobre a paternidade e a maternidade.

O que aprendemos com os exemplos de pais e mães que vemos na Bíblia? De que maneira podemos usar alguns desses princípios na interação com os filhos dos outros?


Quinta-feira, 23 de maio
Ano Bíblico: Ed 4–6
Lutando por seu filho pródigo

5. Leia Provérbios 22:6. Qual é a sua compreensão dessa passagem? Isso é uma garantia, uma promessa ou uma probabilidade?

Às vezes, como pai ou mãe, você faz tudo o que deve: dedica tempo ensinando a seus filhos as coisas certas, vive de acordo com seu conhecimento de Deus, envia-os a boas escolas, frequenta a igreja regularmente, envolve-se no trabalho missionário com eles – e eles acabam deixando a fé na qual foram criados. A dor é excruciante, e em nenhum momento você deixa de se preocupar com a salvação deles. A causa não é necessariamente culpa do pai ou da mãe. Os filhos têm mente própria e, em última análise, são responsáveis perante Deus por suas ações.

Alguns tomam as palavras “ainda quando for velho, não se desviará dele” como uma promessa, uma garantia de que a paternidade e a maternidade adequadas sempre resultarão na salvação de seus filhos. Mas Provérbios muitas vezes apresenta princípios e nem sempre promessas incondicionais. O que podemos extrair desse texto é a garantia de que as lições aprendidas na infância durarão por toda a vida. Toda criança chega a uma idade em que aceita a herança de seus pais como sua ou a rejeita. Pais cuidadosos em apresentar a seus filhos a instrução piedosa têm a certeza de que o que ensinaram a seus filhos sempre estará com eles, e se os filhos se afastarem, as sementes que plantaram no coração deles estarão continuamente com eles, chamando-os de volta ao lar. Ser bom pai ou boa mãe é nossa escolha; o que nossos filhos se tornam é escolha deles.

O que os pais devem fazer quando um filho se desvia? Entreguem seus filhos a Deus em fervorosa oração. Se existe alguém que entende sua dor é Deus, cujos filhos, aos bilhões, deram as costas a Ele, o Pai perfeito. Vocês podem sustentar seu filho pródigo com amor e oração e estar prontos para ficar ao lado dele enquanto ele luta com Deus.

Não tenham vergonha de pedir apoio e oração; não se culpem e não se concentrem tanto no filho pródigo a ponto de esquecer o restante da família. Ser pai ou mãe de um filho pródigo pode dividir seu lar; portanto, construam uma frente unificada e estabeleçam limites claros para seu filho. Lembrem-se de que Deus ama seu filho mais do que vocês o amam. Contemplem um futuro melhor e aceitem que seu filho é uma obra de Deus em desenvolvimento.

Nessa situação, é natural se culpar. Mesmo que você tenha cometido erros, por que é melhor se concentrar no futuro e nas promessas de Deus? (Veja Fp 3:13).


Sexta-feira, 24 de maio
Ano Bíblico: Ed 7–10
Estudo adicional

Vocês devem tomar tempo para falar e orar com seus pequenos, e não devem permitir que nada interrompa essa ocasião de comunhão com Deus e com seus filhos. Podem dizer às suas visitas: ‘Deus me deu uma obra a fazer, e não disponho de tempo para tagarelar.’ Elas devem compreender que vocês têm uma obra a fazer para o tempo e a eternidade. Sua primeira obrigação é para com seus filhos” (Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 266, 267).

“Pais, vocês devem começar sua primeira lição de disciplina quando seus filhos são criancinhas de colo. Ensinem-lhes a submeter sua vontade à de vocês. Isso se pode fazer mantendo a justiça e a firmeza. Os pais devem ter inteiro domínio sobre si mesmos, e com brandura, mas com firmeza, dobrar a vontade da criança até que ela nada espere senão ceder aos desejos deles. Os pais não começam no tempo certo. A primeira manifestação de mau temperamento não é reprimida, e os filhos crescem obstinados, o que aumenta à medida que eles crescem, e se arraiga à proporção que eles se fortalecem” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 218).

Perguntas para discussão

1. O que significa ser “filho” de Deus? Como podemos entender essa imagem e qual conforto podemos extrair dela?

2. Um pai, logo após o nascimento de seus filhos, disse o seguinte: “Aprendi duas grandes verdades teológicas nos primeiros anos após o nascimento dos meus filhos. A primeira é a realidade do livre-arbítrio; a segunda é a realidade da natureza humana pecaminosa.” Como as criancinhas podem ter ensinado essas verdades a esse pai?

3. Qual é o momento adequado para moldar a vontade das crianças? Como isso deve ser feito? Como podemos moldar a vontade de nossos filhos de acordo com o plano de Deus quando não nos submetemos totalmente à Sua vontade?

4. Pense mais sobre a questão dos pais e mães solteiros. Como sua igreja, como um todo, pode ajudar os pais e mães solteiros e os filhos que eles estão criando sozinhos?

5. Como podemos incentivar pais e mães cujos filhos se afastaram da fé?

 

Respostas e atividades da semana:

1. B.

2. F; V.

3. O Senhor é quem edifica nossa casa, não nosso próprio esforço. Precisamos depender de Deus para a criação dos filhos.

4. Abraão foi pai de uma grande nação; seu filho Isaque foi temente a Deus. Já Eli foi reprovado pelo Senhor pela indulgência com que criou seus filhos, que eram homens maus.

5. Comente com a classe. Sugestão: É uma probabilidade.



Resumo da Lição 8
Paternidade e maternidade

Nos tempos da Bíblia, era muito importante ter filhos. Mães imploraram a Deus (ou a seus maridos) que lhes dessem um filho. Deus às vezes agia miraculosamente para responder ao pedido (pense em Ana chorando no tabernáculo ou Raquel pensando na morte como uma alternativa à esterilidade). Hoje, a questão de ter filhos envolve uma série de fatores, como infertilidade, método contraceptivo, aborto, adoção, o fato de ser pai ou mãe solteiros e métodos de disciplina. Seja qual for o fardo que se carrega em relação a filhos, é imprescindível lembrar que Deus Se preocupa com a situação de cada família. Essa é a parte fácil. Estender esse mesmo cuidado a si mesmo ou àqueles que estão fazendo escolhas impróprias em relação a seus filhos é a parte difícil.

Educar filhos pode ser considerado uma ramificação do discipulado. Embora as Escrituras ofereçam orientações preciosas para os pais (2Co 12:14; Ef 6:4; Cl 3:21), a maioria das famílias destacadas na Bíblia apresenta muitos exemplos do que não fazer na formação dos filhos, ou seja, favoritismo, negligência da disciplina, vida sem o temor de Deus, etc. Se pudermos aprender com seus erros e com os nossos próprios, os filhos, cada um deles, será uma estrela na coroa celestial de seus pais. No entanto, na esperança de que nossos filhos sejam salvos, Provérbios 22:6 tem sido invocado de uma forma que não se harmoniza bem com o livre-arbítrio e com a metanarrativa (grande narrativa) do grande conflito entre o bem e o mal. Espera-se que um breve estudo sobre esse famoso texto traga alguma clareza e nos apresente algumas outras opções interpretativas.

Escrituras

O texto de Provérbios 22:6 é raro e contém a quantidade certa de ambiguidade de interpretação e significado teológico para produzir esperança existencial ou trauma psicológico – ou ambos. É um pedacinho exegeticamente substancial da literatura de sabedoria do Antigo Testamento cujas potenciais traduções para o português poderiam ser virtualmente opostas entre si. Provérbios 22:6 fez parte da lista intitulada “My Favorite Mistranslations” [Meus Erros de Tradução Favoritos], de Douglas Stuart, em suas palestras no W. H. Griffith Thomas Memorial Lectureship (Série de palestras anuais no Seminário Teológico de Dallas), em fevereiro de 2013. Estudar esse verso pode servir para descobrir o valor do estudo bíblico mais profundo. O fato de que esse verso é sem dúvida o versículo mais conhecido ou citado sobre a educação de filhos no Antigo Testamento, o torna digno de análise.

A tradução padrão

O que estou chamando de tradução padrão é aquela seguida por quase todas as traduções para o português (e várias traduções para o alemão e o francês), que seguem bem de perto a versão Almeida Revista e Atualizada: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22:6).

Em primeiro lugar, a lição apresenta um ponto crucial que merece ser repetido. Não importa como esse texto seja traduzido, ele não significa que toda criança desobediente seja resultado direto de má educação por parte dos pais. Então, vamos descartar essa hipótese. Sempre deve-se levar em conta o gênero literário do texto, e esse se enquadra em uma antologia de sabedoria cheia de provérbios e ditados incisivos (suscintos, fortes e significativos). Um provérbio não seria um provérbio se incluísse uma lista de qualificações, exceções e exclusões. Assim, esse verso deve ser considerado um princípio geral de como as experiências nos primeiros anos podem ter consequências em longo prazo.

Os que preferem a tradução padrão tiveram que defender a frase “no caminho em que deve andar” porque o hebraico apenas lê “de acordo com o seu caminho”. Os tradutores, no entanto, fundamentando-se no tema geral de Provérbios, ficaram convencidos, pelo contexto, de que o “caminho” nesse caso era o caminho dos sábios e dos justos que Salomão e seus amigos defendiam, e assim acrescentaram “deve” para preservar esse sentido. Um ponto negativo sobre essa tradução vem daqueles que entendem que a expressão “seu caminho” se refira a um indivíduo descobrindo suas propensões vocacionais e sendo encorajado a seguir nessa direção. Essa visão é a orientação que o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia toma sobre esse verso ao observar que a “ocupação da vida deve estar em harmonia com a inclinação natural” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 3, p. 1.020). No entanto, alguns acreditam que essa visão impõe ao texto uma perspectiva psicológica ultrapassada e que não se encaixa com os temas de Provérbios.

A tradução minoritária

Outra tradução também discorda do modificador “deve” na frase “o caminho em que deve andar” e acredita que o hebraico deve ser considerado como “de acordo com o seu caminho”. Doug Stuart e outros também têm dificuldades com o hebraico na’ar, traduzido como “criança” na versão padrão, e optam por “um jovem não casado” (As palestras completas de Doug Stuart’s, em inglês, da série Griffith, em 2013, intituladas “My Favorite Mistranslations” [Meus Erros de Tradução Favoritos]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DJnnbIypnz8&t=16s>). À luz desse entendimento, o verso passa a envolver nossos adolescentes, em lugar de nossas crianças. Stuart propõe a tradução: “Instrua um adolescente no seu próprio caminho, e quando estiver velho, não se desviará dele”.

O texto agora é entendido como uma promessa, não no sentido de que a boa educação garanta bons resultados, mas de que a educação relapsa terá resultados prejudiciais no longo prazo. Stuart cita a tradução do filósofo judeu medieval Ralbag (sigla para Rabino Levi ben Gershon): “Ensina uma criança de acordo com suas más inclinações, e ela continuará no seu mau caminho por toda a vida”.

Então, por que esse ângulo de tradução não tem uma representação mais ampla nas versões modernas? É provável que haja certa inércia de interpretação criada a partir de uma tradução popular e antiga, à qual as versões subsequentes geralmente têm dificuldade em resistir. Gordon Hugenberger apresenta uma teoria sobre o possível equívoco inicial: “É provável que os primeiros tradutores tenham omitido esse entendimento do texto como uma advertência, não por causa de qualquer dificuldade no hebraico, mas porque ele constrói a primeira frase como uma ordem irônica. Essa ordem diz ao leitor para fazer algo que ele não deveria fazer: ‘Ensinar uma criança de acordo com o seu caminho’. Na verdade, tal instrumento retórico é inteiramente compatível com a literatura de sabedoria, como Provérbios, que usa o sarcasmo com bons resultados. Compare Provérbios 19:27, ‘Pare de ouvir a instrução, meu filho, e você se afastará das palavras de conhecimento”’ (Gary D. Practico and Miles V. Van Pelt, Basics of Biblical Hebrew Grammar [Noções Básicas de Gramática Hebraica Bíblica], Grand Rapids: Zondervan, 2007, p. 163).

Uma interpretação de 1.000 anos...

A seguinte “tradução” é mais uma interpretação histórica do que uma tradução. Mas há suficientes evidências relacionadas para torná-la uma possibilidade fascinante.

O Códice de Leningrado, que é o mais antigo manuscrito completo da Bíblia hebraica, apresenta notas nas margens. Essas notas foram escritas pelos massoretas, um grupo de escribas e eruditos judeus que, entre os anos 600 e 1000 a.C., criaram sinais diacríticos em torno do texto hebraico consonantal na tentativa de padronizar a pronúncia. Em outras palavras, eles acrescentaram um sistema de vogais ao texto para que a comunidade judaica não se esquecesse de como pronunciar seu texto hebraico. Eles também escreveram notas técnicas e linguísticas nas margens. São essas notas que potencialmente nos dão uma janela de mil anos de idade e que mostram como eles compreendiam Provérbios 22:6.

O entendimento massorético de Provérbios 22:6 remonta até Enoque e como se escreve o seu nome. Existem duas formas de escrever o nome de Enoque em hebraico. Os massoretas anotaram a ortografia variante em suas margens. Geralmente o nome de Enoque contém o que é chamado de holem waw (o holem waw dá o som de “o” no nome de Enoque). Mas há três casos em que é escrito “incorretamente” e contém apenas o holem (que ainda dá o mesmo som de “o”).

Tendo em mente que há mais de um Enoque, notamos que a primeira ocorrência da escrita com uma falha no nome Enoque no manuscrito massorético está em Gênesis 25:4. Os massoretas anotaram em sua margem sobre esse verso que os três textos contendo esse uso defeituoso foram Gênesis 25:4, Números 26:5 (este caso é um pouco diferente porque são os “Anoquitas”, ou, poderíamos dizer, a família de Enoque ou “Enoquitas” que possuem o uso defeituoso), e Provérbios 22:6. Em outras palavras, os massoretas veem o nome de Enoque com sua ortografia alternativa em Provérbios 22:6.

Mas espere: o nome de Enoque não aparece em Provérbios 22:6, ou aparece? Acontece que a forma verbal de “ensinar” em Provérbios 22:6 é escrita exatamente da mesma forma que a ortografia defeituosa do nome de Enoque. (Uma nota àqueles que estão familiarizados com o hebraico: é verdade que os massoretas poderiam estar comentando sobre o Qal, a forma imperativa de chanak, mas de acordo com Wilhelm Gesenius, o holem defeituoso é padrão para os imperativos de Qal. Não seria mais provável que anotassem uma variante irregular em “Enoque”, em vez da conjugação habitual de chanak?)

Além do mais, os massoretas escreveram uma nota marginal em Provérbios 22:6, diretamente conectada à palavra hebraica “Enoque/ensinar”. Sua referência marginal, que não está na forma de uma sentença, literalmente diz: “duas vezes”, “começo de”, “verso”, “Matusalém”. Note que esse é o comentário dos massoretas sobre a palavra hebraica hanoch, que em português pode significar “Enoque” ou “ensinar”. Em português, uma interpretação suavizada da nota marginal massorética de Provérbios 22:6 diz: “Em dois casos, a palavra [hanoch] começa um verso. ... Matusalém”. O fato de que Matusalém tenha sido escrito como um comentário sobre hanoch abre a possibilidade de hanoch ser interpretado, ou visto, como “Enoque”, em vez de, ou além de, traduzir hanoch como “ensinar”.

O outro caso em que esta palavra “Enoque, ou ensinar” inicia um texto é 1 Crônicas 1:3, que diz: “Enoque, Matusalém, Lameque”. Este Enoque está se referindo ao mesmo Enoque que andou com Deus em Gênesis 5. À luz dessas notas marginais, parece plausível que os massoretas tivessem Enoque em mente quando liam Provérbios 22:6, e possivelmente Matusalém também. Aqui está uma interpretação fundamentada na versão de José Lukowski, a quem devemos toda essa discussão: “[Use o exemplo de] Enoque para uma criança de acordo com o seu caminho [isto é, o caminho de Enoque]; e mesmo quando for velho [como Matusalém] não se desviará dele” (Pv 22:6). Disponível em: <https://hermeneutics.stackexchange.com/questions/21709/what-is-the-proper-translation-of-proverbs-226/21787#21787>. Livremente parafraseada, a interpretação de Lukowski poderia ser traduzida: “Eduquem seus filhos no caminho de Enoque, e eles permanecerão fiéis até serem tão velhos quanto Matusalém”,  encorajando os pais a educar os filhos a fim de conhecer e caminhar pessoalmente com Deus como Enoque fez. Como resultado, uma vida de perseverante retidão os conduziria à velhice (ver Êx 20:12), como ocorreu com Matusalém.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Todos nós queremos que nossos filhos andem no caminho de Enoque, não importando se os massoretas o encontraram ou não em Provérbios. O fato de Enoque nunca ter visto a morte serve como uma analogia da esperança que temos de que nossos filhos nunca experimentem a segunda morte, a extinção eterna (Ap 20:14).

1. Como podemos tornar a experiência de “andar com Deus” tão atrativa aos nossos filhos que eles desejem isso para si mesmos, assim como nós, pais, queremos isso para eles?

2. Um orador cristão que havia acabado de concluir um projeto literário agradeceu publicamente à sua família pelo apoio. “Quero agradecer à minha esposa, que amorosamente ajudou. [...] e a meus filhos, que amorosamente atrapalharam. Os filhos podem ser tanto uma bênção quanto uma provação (talvez a provação seja a bênção). De que maneira os seus filhos ajudaram a amadurecer e moldar seu caráter?


Adotando duas crianças

As crianças continuavam batendo na porta da casa de Juan e Juanita no complexo do Hospital Adventista na África. Juan e Juanita, um casal de médicos voluntários argentinos estava em um período missionário, vivendo com uma pequena ajuda financeira, mas compartilhavam com alegria o arroz e outros alimentos de sua cozinha. Algumas crianças estavam famintas e pareciam enfrentar outros desafios, talvez necessidades emocionais.

“Chegamos a questionar se realmente conseguiríamos ajudá-las”, Juan diz. Decididos a compreender melhor o que as crianças enfrentavam, o casal visitou o vilarejo onde morava um adolescente que fazia alguns serviços para eles. A casa do rapaz os surpreendeu. Ele tinha dois irmãos menores, de três e cinco anos que moravam sozinhos. Além disso, era inverno e eles estavam doentes.

O rapaz não estava em casa na maior parte do dia. Sugerir que ele medicasse os irmãos menores era esperar muito. O casal tinha um quarto extra em casa então levaram para o complexo hospitalar onde moravam, para que ficassem dez dias até completar o tratamento. Quando a saúde dos garotos melhorou, Juan e Juanita descobriram que eles não tinham pai. A mãe trabalhava distante e não podia criá-los. Juan e Juanita decidiram cuidar deles.

O casal ajudou com suas necessidades básicas, matriculou na escola adventista e os levou à Escola Sabatina. Durante o culto familiar, os meninos ouviam histórias bíblicas e se identificaram especialmente com as histórias de milagres, como a libertação do povo de Deus, da escravidão, descrita no livro de Êxodo. Apesar da tenra idade, os meninos se ofereciam para ajudar nos afazeres domésticos. Certo dia, Juanita acordou cedo e encontrou o menino de cinco anos na cozinha, em frente a pia, na ponta dos pés, lavando pratos. “Ele sorriu para minha esposa e disse que sabia que estávamos cansados, por isso, quis que descansássemos um pouco mais”, disse Juan.

O tempo passou. Juan e Juanita desejavam conhecer a mãe dos meninos. Pensavam que ela deveria ser muito amorosa e honrada para ter filhos tão nobres. Quando o período de um ano do casal com os Serviços Voluntários Adventistas terminou, eles fizeram arranjos para os meninos morarem com amigos. Depois de algum tempo, Juan e Juanita voltaram para uma nova missão e descobriram que o irmão adolescente havia morrido. A mãe levou os filhos mais novos. Juan a procurou, desejoso de visitá-los. “Foi uma benção encontrá-los,” Juan conta. “Ela é uma pessoa amável. Passamos algum tempo com ela. Os meninos ficaram tímidos porque não nos víamos há algum tempo.”

Quando seu segundo período missionário terminou, o casal decidiu visitar a família uma última vez. Juan passou uma semana com eles, fazendo amizade com a mãe enquanto ajudava com documentos legais e outras questões práticas. Juanita precisava trabalhar durante a semana, mas encontrava-se com eles nos fins de semana. O casal presenteou a família com uma coleção de livros bíblicos infantis com lindas ilustrações, uma Bíblia para cada pessoa, no idioma nativo, e o livro de Ellen White, O Grande Conflito. Sob uma arvore, dirigiram uma classe especial da Escola Sabatina e um culto para a comunidade e se despediram. “Esse foi um momento lindo porque sentimos que aquele capitulo de nossa vida havia encerrado”, Juan disse. “Oramos para que o Senhor regue as sementes que foram plantadas.”

A experiência africana mudou o coração de Juan e Juanita. Eles notaram que Ellen White não era apenas uma autora produtiva com dons proféticos. Ela também tinha uma fé viva, praticando o que pregava cuidando de crianças necessitadas em sua própria casa. “Para mim, isso foi revolucionário”, disse Juan. “Muitas vezes vemos missionários trabalhando na comunidade, mas com que frequência eles levam o trabalho missionário para suas casas?”

Os missionários que fazem isso podem entreter anjos invisíveis, disse Juan, apontando para uma passagem favorita em O Desejado de Todas as Nações, à página 639: “Ao abrirdes a porta aos necessitados e sofredores de Cristo, estais acolhendo anjos invisíveis. Convidais a companhia de seres celestiais. Eles trazem uma sagrada atmosfera de alegria e paz. Vêm com louvores nos lábios, e uma nota correspondente se ouve no Céu. Todo ato de misericórdia promove música ali. O Pai, em Seu trono, conta os abnegados obreiros entre Seus mais preciosos tesouros.”

Juan, tinha 30 anos quando ele e Juanita ajudaram os meninos. Agora, aos 34 anos, apela aos adventistas para serem dispostos e praticar o evangelho, realizando trabalho missionário na própria casa e, pela graça de Deus, alcançar o coração das pessoas.

“Essa foi uma experiência transformou meu coração”, disse Juan, que cresceu como garoto missionário. “Senti transformar-me em um verdadeiro missionário no campo. Antes eu era filho de missionário, agora sou um missionário de coração e mente.”


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2019

Tema Geral: Estações da família

Lição 8: 18 a 24 de maio

Paternidade e maternidade

Autor: Moisés Mattos

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução: Numa história muito conhecida, um príncipe solteiro se vangloriava de ter escrito um livro com 6 regras mágicas e infalíveis para a educação dos filhos. Eis que o referido se casou e depois de algum tempo foi pai de seis lindas crianças. Um amigo com senso de humor o abordou perguntando sobre a aplicabilidade das suas seis regras infalíveis para criar filhos. Ao que o príncipe respondeu com ar de vergonha: "Pois é, naquele tempo eu tinha seis regras e nenhum filho. Hoje, a coisa mudou: Tenho 6 filhos e nenhuma regra”.

Da teoria para a prática, a maternidade e a paternidade se apresentam com notáveis diferenças. Nesta semana, analisamos essa experiência humana tentando fornecer dicas sobre o assunto com base nas Escrituras.

I – Análise de casos especiais

A. Paternidade e maternidade sem filhos

Embora ter filhos seja uma benção, o fato de não tê-los não é uma maldição. Por motivos de saúde ou por livre escolha alguns casais não chegam à paternidade ou maternidade. Por vezes, essas pessoas podem ser discriminadas por membros da própria igreja, mas essa é uma questão de decisão e, como tal, não deve ser condenada. Seja como for, esses casais podem ser úteis à igreja e à sociedade trabalhando para ajudar o próximo à sua maneira. O próprio Jesus optou por não Se casar e, logicamente, não ter filhos. Quanto ao apóstolo Paulo, também não temos nenhuma informação sobre paternidade, apenas lemos que ele tinha um sobrinho, que em algum momento lhe foi útil (At 23:16).

B. Pais e mães solteiros

Esta categoria de progenitores é vista com frequência cada vez maior no mundo atual. Mães cujos companheiros não assumiram os filhos ou pais separados enfrentam um dia a dia por vezes trabalhoso. Embora dentro do plano original uma criança devesse ter pai e mãe trabalhando por ela, devemos entender que essa é uma contingência dos dias atuais e precisamos exercer um olhar cristão e amoroso sobre a situação. "Devemos ajudar os pais e mães solteiros. Tiago escreveu: ‘A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações’ (Tg 1:27). Poderíamos parafrasear o texto assim: ‘visitar os pais e mães solteiros em suas tribulações’. Nossa ajuda não precisa ser somente financeira. Poderíamos dar a esses pais e mães um pouco de descanso, ficando com seus filhos algum tempo para que eles possam fazer outras tarefas, descansar, orar e estudar a Bíblia. Podemos servir como mentores de seus filhos ou ajudar a consertar objetos. Podemos ser as mãos de Deus de várias maneiras, a fim de apoiar pais e mães solteiros” (Lição de segunda-feira).

II – Maternidade e paternidade com:

A. Responsabilidade

Criar filhos e educá-los, além de nobre, é muito difícil e envolve responsabilidade. "Custa alguma coisa criar filhos no caminho do Senhor. Custa as lágrimas de uma mãe e as orações de um pai. Exige perseverante esforço, paciente instrução, um pouco aqui e um pouco ali. Mas essa obra vale a pena. Os pais podem, assim, construir ao redor dos filhos muralhas que os preservarão do mal que inunda nosso mundo” (Ellen White, Orientação da Criança, p. 31). A leitura do texto bíblico sugere uma sequência para o desempenho da função dos pais em relação à educação e formação espiritual dos filhos. "Como pais e mães, podemos seguir o plano para o desenvolvimento espiritual de nossos filhos traçado em Deuteronômio 6. Há quatro pré-requisitos importantes: que reconheçamos “o SENHOR, nosso Deus” (Dt 6:4), que O amemos de todo o coração (Dt 6:5), que guardemos a Sua Palavra (Dt 6:6), e que compartilhemos com nossos filhos o que sabemos sobre Ele” (Dt 6:20-23; Lição de terça-feira).

B. Discipulado

Discipular quer dizer transmitir valores não somente pelas palavras mas pelo exemplo coerente. Por vezes observamos que mesmo personagens bíblicos (como Davi, Isaque, Rebeca e Jacó, por exemplo), em algum momento, falharam nessa tarefa. Os pais precisam ser disciplinados para que consigam disciplinar seus filhos e dar a eles a oportunidade de ser também discípulos do Senhor. Essa disciplina deve ser:

1) Amorosa e justa

"Uma palavra de advertência ou de reprovação, dita oportunamente, será de grande valor. Mediante paciente e vigilante amor, ela poderá dar à mente das crianças a verdadeira direção, nelas cultivando belos e atrativos traços de caráter” (Ellen White, Ciência do Bom Viver, p. 170).

2) Simpática e participativa

"Há perigo de tanto os pais como os professores comandarem e ditarem demasiadamente, ao passo que deixam de se colocarem suficientemente em relações sociais com os filhos e alunos. Mantêm-se com frequência muito reservados e exercem sua autoridade de maneira fria, destituída de simpatia, que não pode atrair o coração dos educandos. Caso reunissem as crianças bem junto a si, e lhes mostrassem que as amam, e manifestassem interesse em todos os seus esforços, e mesmo em suas brincadeiras, tornando-se por vezes mesmo uma criança entre elas, isso lhes daria muita satisfação e lhes granjearia o amor e a confiança, e mais depressa as crianças respeitariam e amariam a autoridade” (Ellen White, Conselhos sobre Educação, p. 4).

3) Firme e consequente

"Se os pais estão unidos nessa obra de disciplina, os filhos compreenderão o que deles se requer. Mas se o pai, pela palavra ou por um olhar, não aprova a disciplina que a mãe impõe; se acha que ela é demasiado estrita e que ele deve compensar a dureza por meio de mimos e condescendência, a criança ficará arruinada” (Ellen G. White, O Lar Adventista, p. 315).

C. Intencionalidade

O maior desejo de um pai ou mãe cristãos é um dia estar no Céu com os filhos. Com isso em mente, esforçamo-nos e trabalhamos para a realização desse sonho. A vontade de Deus é conjugada com a nossa em salvar cada um com sua respectiva família (At 16:31). Via de regra, orar e se esforçar nisso é sucesso garantido. Mas não se pode desconhecer que as forças do inimigo e o próprio livre-arbítrio em alguns casos fazem com que filhos escolham caminhos tortuosos na vida. O filho pródigo é um exemplo disso. O pais podem se lamentar, sofrer e até se culparem por isso. Mas, não precisa ser assim se cada um fizer a sua parte. Por isso, há necessidade de uma intencionalidade na educação dos filhos.

Conclusão: O texto de Provérbios 22:6 diz: “Instrui o menino no caminho em que deve andar.” Mas qual caminho? Claro que o caminho é Jesus (Jo 14:6). E podemos ensinar pregando e falando. Mas o melhor é ensinar vivendo. Como fazer isso com nossos filhos? Algumas considerações podem ser feitas: A criança precisa da segurança de um lar cercado de amor, carinho e atenção. Essa segurança se estabelece:

1) No auto conceito que se estabelece desde os primeiros momentos de vida. A criança percebe e tira informações sobre sua adequação ou inadequação, aceitação ou rejeição.

2) Autonomia: Isso é dar à criança a capacidade de ser dona de si mesma, ou seja, a capacidade de conduzir a própria vida. Mas, a autonomia exige responsabilidade em tudo que a pessoa escolhe e faz. No tempo certo ela escolherá o caminho em que deve andar.

3) Autocontrole: É preciso aprender desde cedo a se controlar. Não é negar seus sentimentos mas controlá-los. A criança precisa de limites. Isso vai gerar relacionamentos saudáveis, primeiro com Deus e depois com as pessoas.

Conheça o autor do comentário: O Pastor Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu o mestrado na mesma área no ano 2000 pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Cursou também uma pós-graduação em gestão empresarial. Serve à Igreja Adventista há 29 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente, exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste-UCB. É Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, e pai de Thamires (jornalista) e Lucas (estudante de publicidade e propaganda).