Lição 12
15 a 21 de junho
“Que viram em tua casa?”
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Sl 1–9
Verso para memorizar: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9).
Leituras da semana: Is 38; 39; 58:6, 7, 10, 12; 1Co 7:12-15; 1Pe 3:1, 2; Hb 6:12; 13:7; 3Jo 11

Talvez tenhamos chegado a um estágio em que, graças ao Senhor, nossa vida esteja indo bem: família, trabalho, saúde e finanças. Ou talvez não. Possivelmente, seu lar esteja em aflição ou em crise. Seja como for, quando alguém visita seu lar, como os emissários da Babilônia visitaram o rei Ezequias, qual resposta poderia ser dada à pergunta que o profeta Isaías posteriormente fez ao rei: “Que viram em tua casa? (Is 39:4).

O que as pessoas e os anjos celestiais veem em nossa casa? Qual influência permeia nosso lar? É possível “sentir” o perfume da oração? Existe gentileza, generosidade, amor, ou tensão, ira, ressentimento, amargura e discórdia? Algum visitante vai embora com a sensação de que Jesus está ali?

É importante que façamos essas perguntas a nós mesmos a respeito do tipo de lar que promovemos. Nesta semana, examinaremos algumas questões que contribuem para uma vida familiar maravilhosa, apesar das inevitáveis tensões e lutas que os lares enfrentam atualmente.



Domingo, 16 de junho
Ano Bíblico: Sl 10–17
Aprendendo com o erro de um rei

1. Leia o relato sobre a cura de Ezequias e a visita dos embaixadores da Babilônia. Que princípios dessa história podemos aplicar à nossa família? 2Cr 32:25, 31; Is 38; 39

As Escrituras mostram que os mensageiros foram atraídos pela recuperação miraculosa do rei Ezequias. No entanto, Ezequias parece ter se calado sobre sua experiência de cura. Ele não enfatizou as coisas que teriam aberto o coração desses curiosos embaixadores ao conhecimento do verdadeiro Deus. É impressionante o contraste entre sua gratidão por ter sido curado no capítulo 38 e seu silêncio a respeito da cura no capítulo 39.

“Deus o desamparou, para prová-lo”. Essa visita de Estado era uma ocasião muito importante; entretanto, não há registro de que Ezequias buscou, em oração, orientação especial a respeito dela da parte dos profetas nem dos sacerdotes. Deus também não interveio. Sozinho, longe dos olhos do público e sem consultar conselheiros espirituais, Ezequias aparentemente deixou que a obra de Deus em sua vida e na vida de sua nação desaparecesse de sua mente. Possivelmente, a intenção do historiador em 2 Crônicas 32:31 tenha sido mostrar como a bênção de Deus pode facilmente passar despercebida e não ser devidamente valorizada, e como os que recebem Sua misericórdia tendem a se tornarem autossuficientes.

2. Abaixo estão algumas lições sobre fidelidade na vida familiar a partir da experiência de Ezequias. Em sua opinião, existem outras? Quais?

Toda visita a um lar cristão é uma oportunidade para que as pessoas encontrem ali seguidores de Cristo. Provavelmente, poucos visitantes iniciarão conversas sobre coisas espirituais. Os cristãos devem encontrar maneiras sensíveis e apropriadas de compartilhar as boas-novas.

Os cristãos não são chamados a ostentar sua prosperidade material nem realizações, embora possam reconhecê-las como bênçãos de Deus. Eles são chamados a “anunciar as grandezas Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9, NVI), ou a usar a experiência de Ezequias como um símbolo para declarar que eles estavam à beira da morte, mas Cristo os curou; estavam mortos no pecado, mas Cristo os ressuscitou e os fez sentar nos lugares celestiais (Ef 2:4-6).

Como você pode usar sua casa para testemunhar aos outros? Como você pode compartilhar mais diretamente sua fé em Cristo com os visitantes em sua casa?


Segunda-feira, 17 de junho
Ano Bíblico: Sl 18–22
Família em primeiro lugar

As pessoas do nosso lar são o primeiro alvo natural dos nossos esforços evangelísticos. Não há campo missionário mais importante.

3.Leia João 1:40-42. Quais lições aprendemos sobre o dever de compartilhar a fé no lar? (Veja também Dt 6:6, 7; Rt 1:14-18). Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Devemos evangelizar nossa família e cuidar dela.

B. (  ) O alvo são os vizinhos; a família não precisa ser evangelizada.

Testemunhando com entusiasmo. André fez mais que um simples relato; ele providenciou para seu irmão, Simão, um encontro com Jesus. Um relato entusiasmado sobre Cristo e a apresentação Dele como pessoa é uma fórmula muito simples para compartilhar o evangelho com parentes em nosso lar! Após a apresentação, André recuou. A partir daquele momento, Jesus e Pedro tiveram um relacionamento próprio.

Promovendo a fé dos filhos. Os filhos muitas vezes podem ser negligenciados como importantes destinatários dos nossos esforços evangelísticos. Os pais pressupõem erroneamente que os filhos simplesmente absorvam a espiritualidade familiar, mas isso não é algo automático. Embora as crianças e jovens aprendam com o exemplo, os mais jovens da família do Senhor também precisam de atenção individual e oportunidade de ser pessoalmente apresentados a Ele. Deuteronômio 6 insiste nesse ponto: deve ser dada atenção à mais eficaz educação religiosa. Os hábitos espirituais de culto pessoal e familiar devem ser encorajados no lar. Devemos dedicar tempo e fervorosos esforços em favor das crianças e jovens.

4. O que aprendemos com os esforços evangelísticos de Noemi? Rt 1:8-22

Rute viu Noemi em seus piores momentos: quando ela tentou despedir sua nora e quando, irritada e deprimida, lançou sobre Deus a responsabilidade por suas perdas (Rt 1:15, 20, 21). Nenhum testemunho mais eloquente que o de Rute pode ser dado a fim de mostrar que os jovens podem se encontrar e se comprometer com um Deus perfeito, mesmo quando apresentados a Ele por um pai ou mãe imperfeitos.

O lar é o campo missionário mais importante. Essa noção afeta sua atitude em relação às pessoas que moram com você? Reúna sua família e façam juntos uma lista de esforços específicos para levar Cristo a parentes que ainda não conhecem a salvação.

Fortaleça sua vida por meio do estudo da Palavra de Deus: acesse o site http://reavivadosporsuapalavra.org

Terça-feira, 18 de junho
Ano Bíblico: Sl 23–30
A paz que vence

5. Qual é o conselho do Novo Testamento para os casamentos divididos pela religião? 1Co 7:12-15; 1Pe 3:1, 2

bênção de ser um cônjuge cristão. Em 1 Coríntios, Paulo respondeu à inquietação dos convertidos. Eles desejavam saber se permanecer casado com um cônjuge incrédulo poderia ser ofensivo a Deus ou trazer contaminação para si e para seus filhos. Paulo disse que não. A condição sagrada do casamento e sua intimidade devem continuar após a conversão de um parceiro. A presença de um cristão “santifica” o cônjuge e os filhos do casal. A palavra “santifica” deve ser entendida no sentido de que o incrédulo entra em contato com as bênçãos da graça ao viver com um companheiro cristão.

Por mais doloroso que seja, o cônjuge descrente pode decidir abandonar o casamento. Embora as consequências sejam sérias, a palavra misericordiosa do nosso Deus, que sempre defende a liberdade de escolha do ser humano, é que, caso o descrente queira se separar, “que se separe”. O cristão, “em tais casos [...], não fica debaixo de servidão” (1Co 7:15, NVI).

Chamados para viver em paz. Evidentemente, a preferência da Palavra de Deus é que, apesar dos desafios de um lar espiritualmente dividido, seja encontrada uma forma pela qual a paz de Cristo reine ali. A esperança é manter o casamento intacto, evidenciar o triunfo do evangelho em meio às dificuldades e promover o conforto do cônjuge com quem o cristão é uma só carne, embora ele(a) seja incrédulo(a).

6. Quais são as limitações da responsabilidade de um cônjuge cristão para com o outro que é descrente?

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Há maior probabilidade de levar o cônjuge não cristão para Cristo quando o cristão manifesta benignidade, fidelidade inabalável, serviço humilde e testemunho cativante. Em um casamento cristão, a submissão surge da reverência a Cristo (compare com Ef 5:21). Antes de se relacionar em submissão cristã com um incrédulo, o cristão deve se submeter e ser fiel primeiramente a Deus. A fidelidade às reivindicações de Deus não exige que o cônjuge cristão sofra abuso nas mãos de um parceiro violento.

Você conhece alguém que luta com a incredulidade do cônjuge? Você pode ajudar essa pessoa?


Quarta-feira, 19 de junho
Ano Bíblico: Sl 31–35
A vida familiar deve ser compartilhada

7. Nos versos abaixo, investigue os usos da palavra “imitar”. O que eles revelam sobre o processo de se tornar cristão e crescer na fé? O que eles sugerem sobre a relação entre exemplo e testemunho? 1Co 4:16; Ef 5:1; 1Ts 1:6; Hb 6:12; 13:7; 3Jo 11

A ênfase do Novo Testamento na imitação reconhece a importância do exemplo no processo de aprendizagem. Temos a tendência de nos tornar semelhantes às pessoas ou às coisas que observamos. Esse princípio se aplica aos relacionamentos em geral, especialmente no lar, onde a imitação é comum. Os filhos imitam seus pais e irmãos; e os cônjuges imitam um ao outro. Esse conceito apresenta um indício importante de como casais e famílias podem testemunhar de Cristo a outras pessoas.

O poder da influência social. Testemunhamos do nosso lar quando damos oportunidade para que outros compartilhem da nossa experiência doméstica. Muitos simplesmente não têm um bom exemplo de relacionamentos familiares. Em nosso lar, eles podem ver como o espírito de Jesus faz a diferença. Ellen White escreveu: “A influência social é uma força maravilhosa. Se quisermos, podemos valer-nos dela para auxiliar as pessoas que nos rodeiam” (A Ciência do Bom Viver, p. 354).

Quando os casados convidam outros casais para uma refeição, relacionamento social ou estudo bíblico, ou quando participam juntos de um programa de desenvolvimento conjugal, os visitantes veem um modelo. A demonstração de reciprocidade, afirmação, comunicação, resolução de conflitos e adaptação de diferenças testemunham da vida familiar em Cristo.

8. No contexto dos modelos, com o que devemos sempre tomar cuidado? (Jr 17:9; Jo 2:25; Rm 3:23). Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Com expectativas exageradas em relação aos nossos modelos.

B. (  ) Com os maus exemplos. O cristão não pode errar jamais.

Siga cristãos que seguem a Cristo. Todo exemplo humano é falho; o testemunho do lar cristão não é uma demonstração de perfeição absoluta. A noção de imitação do Novo Testamento é um chamado para que os indivíduos sigam cristãos que seguem a Cristo. A ideia é que as pessoas compreendam a fé cristã conforme a veem demonstrada na vida de outras pessoas tão humanas e falíveis quanto elas.

Como você pode tornar seu lar um melhor exemplo de testemunho cristão?


Quinta-feira, 20 de junho
Ano Bíblico: Sl 36–39
Centros de amabilidade contagiante

9. Compare as referências bíblicas sobre hospitalidade com incidentes reais na casa de diversas famílias da Bíblia listadas a seguir. (Is 58:6, 7, 10-12; Rm 12:13; 1Pe 4:9). Mencione os atributos da hospitalidade demonstrados:

Abraão e Sara (Gn 18:1–8): __________________________________________________________________________________________

Rebeca e sua família (Gn 24:15-20, 31-33): __________________________________________________________________________________________

Zaqueu (Lc 19:1-9): __________________________________________________________________________________________

Hospitalidade é atender às necessidades básicas de outra pessoa, tais como: descanso, alimentação e companhia. É uma expressão tangível do amor abnegado. Jesus atribuiu significado teológico à hospitalidade ao ensinar que alimentar os famintos e dar de beber aos sedentos eram atos de serviço feitos a Ele (Mt 25:34-40). A utilização do lar para o ministério pode variar de um simples convite aos vizinhos para uma refeição à hospitalidade radical de emprestar um quarto para uma vítima de abuso. Pode envolver simples cordialidade, uma oportunidade de oferecer oração a alguém ou a realização de estudos bíblicos. A verdadeira hospitalidade brota do coração daqueles que foram tocados pelo amor de Deus e desejam expressar seu amor em palavras e ações.

Às vezes, as famílias reclamam que lhes faltam acomodações, estrutura, tempo e vigor para oferecer hospitalidade. Outros se sentem inadequados, sem habilidade e inseguros quanto a ir além do que é familiar para se associarem com os incrédulos. Alguns desejam evitar as complicações que surgem do envolvimento com os outros. Muitas famílias contemporâneas confundem hospitalidade com entretenimento.

Em que aspectos sua vida doméstica reflete sua condição espiritual? Que mudanças você precisa fazer para que seu lar se torne mais forte espiritualmente e seja uma bênção aos semelhantes?


Sexta-feira, 21 de junho
Ano Bíblico: Sl 40–45
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Lar Adventista, p. 35-39 (“Poderoso Testemunho Cristão”), p. 348-352 (“Atitude em Relação a um Companheiro Descrente”);  A Ciência do Bom Viver, p. 349-355 (“O Ministério do Lar”); Profetas e Reis, p. 340-348 (“Os Embaixadores de Babilônia” ).

O poder do lar no evangelismo. “Muito mais poderosa que qualquer sermão pregado é a influência de um verdadeiro lar no coração e na vida [...]

“Nossa esfera de influência poderá parecer limitada, nossas capacidades diminutas, escassas as oportunidades, nossos recursos reduzidos; no entanto, se soubermos aproveitar fielmente as oportunidades de nossos lares, maravilhosas serão nossas possibilidades” (Ellen G. White, A Ciência
do Bom Viver
, p. 352 e 355).

Perguntas para discussão

1. A influência de algum lar o ajudou a tomar uma decisão em favor de Cristo? O que lhe causou essa impressão?

2. De que maneira você pode ministrar a uma família com um cônjuge descrente?

3. Fale sobre algumas pressões no lar que atrapalham a fé. Faça uma lista dessas coisas; em seguida, anote as soluções possíveis.

4. A vida familiar é um meio de testemunhar a filhos, cônjuges descrentes, parentes e visitantes. Às vezes não conseguimos compartilhar a fé no lar de maneira tão completa quanto desejamos. Nem sempre ocorrem conversões de parentes e visitantes. Contudo, como membros imperfeitos da família, buscamos indicar o caminho a um Salvador perfeito. Mediante a hospitalidade expressa em nome do Salvador, trazemos para o reino da graça todos cuja vida tocamos. Pense na influência de seu lar nos que vêm visitá-lo. Como você pode torná-lo um melhor testemunho de fé para todos os que entram por suas portas?

Respostas e atividades da semana:

1. Comente com a classe.

2. Com a ajuda dos alunos, faça uma lista das lições.

3. A.

4. Mesmo um testemunho imperfeito tem valor para Deus. Por isso, Rute decidiu cuidar da sogra e servir ao Senhor.

5. Os cônjuges cristãos devem alcançar os cônjuges incrédulos pelo bom comportamento, que vale mais do que mil palavras.

6. Ainda que o cônjuge cristão promova a harmonia no lar, ele não deve forçar o incrédulo a participar de cultos no lar, respeitando seu livre-arbítrio.

7. Desejamos imitar Cristo. À medida que crescemos na fé, nos tornamos mais parecidos com Ele. Nesse sentido, podemos dizer aos outros que nos imitem como imitamos Cristo. As pessoas reconhecerão que O imitamos pelo nosso exemplo.

8. A.

9. Devemos repartir nosso pão com o faminto, cobrir o nu e cuidar dos órfãos e viúvas. Abraão e Sara, Rebeca e sua família, assim como Zaqueu deram exemplos de hospitalidade. Hospedaram o Senhor e Seus anjos; Rebeca deu água ao servo de Abraão e aos camelos. Zaqueu recebeu Jesus com alegria.



Resumo da Lição 12
“Que viram em tua casa?”

Todos nós já ouvimos falar do aparente “testemunho silencioso” que, como cristãos, devemos apenas exalar por onde quer que formos, e que deveria levar as pessoas a fazer fila para nos perguntar: “O que você tem de diferente? Eu quero um pouco disso!”. Então lhes falaríamos de Jesus, e as conversões logo se seguiriam. Sem dúvida, testemunhos confirmam que esse fenômeno acontece, mas na maior parte das vezes, se formos honestos, esse cenário é uma espécie de lenda urbana cristã que tem deixado muitos adventistas esperando durante anos por esses encontros. Enquanto isso, a culpa entra sorrateiramente quando alguém se pergunta por que seu “testemunho silencioso” não é tão alto a ponto de chamar a atenção.

Há uma instituição, no entanto, em que a eficácia do “testemunho silencioso” parece ter o maior potencial para atrair o mundo – essa instituição é a família cristã que rompeu completamente com o atual modelo de pais estressados e sobrecarregados de trabalho, com filhos negligenciados, indisciplinados e superestimulados. Ela se destacará como um painel luminoso à noite. Pais em harmonia um com o outro, filhos que obedecem alegremente, um espírito leve de felicidade e contentamento – tudo tornado possível graças aos princípios de Deus e à Sua presença – tem uma influência que é difícil de igualar.

Visto que as famílias são unidades relacionais, Cristo pode brilhar por meio delas de tal maneira que crie um testemunho singular. A lição reconhece esse potencial e defende a necessidade primordial de focalizar a família como o primeiro campo missionário. Ela analisa os conceitos de modelagem e imitação como métodos para influenciar outros dentro e fora da família. Finalmente, ela considera a hospitalidade como uma conexão influente entre a família cristã e o mundo.

Escritura

“E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1:28).

O verso acima foi falado antes da queda. A ideia divina para a família foi apresentada no Éden. Quando participamos ativamente da vida familiar, estamos nos conectando com uma instituição edênica. A família ainda conserva os ecos da glória do Éden, prenúncio de um novo Éden mais glorioso do que o primeiro (Ap 21:1; 22:2). Visto que a família tem esse poder de nos ligar ao reino de Deus, as famílias piedosas podem ter uma atração inexplicável sobre os incrédulos, pois podem ser o único vislumbre do Céu que eles tenham visto.

“Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27).

Juntos, o homem e a mulher, ligados em família, podem exibir as dimensões relacionais de Deus. Assim, torna-se imperativo que as famílias façam do seu lar uma prioridade. As famílias são portadoras da imagem de Deus. O potencial de refletir essa imagem os investe com um valor sagrado e incalculável. Não há programa da igreja nem responsabilidade externa que deva interferir no investimento pessoal necessário para manter uma família saudável e feliz. Quantos relatos precisam ser compartilhados de adultos que dedicaram todo o seu tempo ao trabalho da igreja apenas para perder os próprios filhos para o mundo, os quais testemunham que foram negligenciados?

Mas alguém pode responder que os sacrifícios familiares são necessários para o evangelismo e a salvação das pessoas. Para implodir essa ilusão para sempre, preste atenção no seguinte relato. Lee Venden conta de uma conversa que teve alguns anos atrás com um líder da igreja que era, na época, assistente do presidente da Divisão Norte-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia (DNA).

“Estávamos conversando sobre um extenso levantamento da DNA realizado na América do Norte. Provavelmente a revelação mais surpreendente foi que se, desde a fundação da igreja, o ÚNICO crescimento no número de membros da DNA tivesse sido biológico, e se tivéssemos simplesmente retido 80% das pessoas, o número de membros da igreja na América do Norte na época dessa conversa teria ultrapassado 8 milhões” (extraído da correspondência de e-mail pessoal com Lee Venden). Considerando que o número de membros na DNA tenha sido de 1,24 milhão em 2017, essa estatística é surpreendente.

Resumindo, considerando que o amor é tanto uma definição essencial de Deus (1Jo 4:8) quanto um termo relacional, é compreensível a razão pela qual os seres humanos têm uma vantagem em revelar a imagem de Deus em seus relacionamentos. A família originou-se antes do pecado. Portanto, poderia servir como um microcosmo do antigo paraíso. Além disso, quando os propósitos de Deus se tornam uma prioridade na vida familiar, cada um pode ser uma influência na salvação de pessoas. O mundo pode entrar em contato com esses pequenos vislumbres do Céu na Terra por meio da hospitalidade.

Hospitalidade

O que é hospitalidade? Os dicionários dizem que é a recepção amigável de convidados ou desconhecidos. Providenciar alimento, lugar para descansar e amizade aos convidados é certamente uma virtude praticada em toda parte e não deve ser diferente nas populações cristãs. No entanto, como cristãos, há uma preocupação permanente com o aspecto espiritual das pessoas, bem como com suas necessidades físicas. Essa preocupação acrescentará aspectos diferentes ao significado e à prática da hospitalidade.

Primeiramente, surge a pergunta: “Quais convidados ou desconhecidos devem ter uma recepção amigável?” Essa pergunta soa como uma repetição da pergunta feita a Jesus: “Quem é o meu próximo?” (Lc 10:29). É importante fazer a ligação entre as duas, porque a resposta de Jesus na parábola do bom samaritano apresenta uma apropriada reviravolta na hospitalidade, embora ela seja difícil de engolir. A reviravolta é que Jesus virou a questão de cabeça para baixo. Ele preferiu transformar a pergunta de “Que tipo de pessoa você deve receber?” para “Que tipo de pessoa você será?” Associado com as linhas ministeriais e com esse ponto de partida apresentado por Jesus, a lição de quinta-feira desta semana diz: “Usar o lar para o ministério pode variar desde simplesmente convidar os vizinhos para uma refeição à hospitalidade radical de emprestar um quarto a uma vítima de abuso.”

Zaqueu é um caso em questão – um ladrão de colarinho branco que recebeu a inesperada honra de Jesus (o famoso Profeta e Rabi) chegando à sua casa para almoçar (Lc 19:5). E o que aconteceu em seguida? Transformação, restauração e “salvação” (Lc 19:8, 9) –
nenhum sermão, nenhum estudo bíblico, somente um gesto de hospitalidade. Observe que esse exemplo é uma espécie de hospitalidade reversa, porque Jesus Se convidou para ir à casa de Zaqueu; mas o princípio prevaleceu porque Jesus mostrou favor a um homem que era excluído pela sociedade.

Quando a hospitalidade se torna uma expressão da graça de Deus para com os excluídos, ela foi reconstruída a partir da prática cultural padrão (ou seja, “Não fazem os gentios também o mesmo?” [veja Mt 5:47]) para um momento com potencial de significado eterno. O título da lição desta semana pergunta: “O que viram em Tua casa?” Bem, as pessoas não verão nada, a menos que sejam convidadas. Mas se as convidarmos, o convite em si pode ser como o gracioso chamado de Deus para todos, independentemente de sua condição passada ou presente. E se eles veem dentro do lar um amor vibrante e celestial, compartilhado na família em nome de Cristo, isso pode ser o suficiente para criar neles um apetite insaciável por uma nova vida e um novo mundo.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Muitas sociedades parecem investir muito em educação, carreira, ascensão social, posição, riqueza e talvez até mesmo serviço comunitário. Cultivar famílias saudáveis raramente está no topo da lista de prioridades. Quase não se vê o sacrifício de qualquer uma das principais prioridades em favor de um tempo de melhor qualidade com a família. Esse estado deve ser evitado. A vida eterna dos filhos e cônjuges está em jogo, sem mencionar os membros da comunidade ao redor que estão assistindo e falando sobre a família em vista. Aqui estão algumas perguntas que podem iniciar a discussão para tornar a família uma prioridade em prol do reino de Deus (e da felicidade de todos).

1. No final da lição de quinta-feira, na lição 2, foi feita uma pergunta profunda: “Quantas pessoas, no final de sua vida, desejariam ter passado mais tempo no escritório e menos tempo com a família?” O que pode ser feito agora para evitar que essa circunstância se torne o infeliz testemunho (escritório contra a família) de seus anos de aposentado?

2. A hospitalidade radical pode envolver preocupações em relação à segurança da família. Que tipo de preparativos poderiam ser feitos em tal situação?

3. A hospitalidade pode ser expressa pela igreja local, bem como pelo lar. Como uma igreja pode se tornar conhecida em sua comunidade pela hospitalidade?


Proposta inesquecível

A mãe e o padrasto de Grecielly discutiam constantemente em sua casa em Aracaju, Brasil. As discussões pioraram com o passar do tempo e sua infância foi cheia de gritaria e caos. Ela cresceu sem Deus e nunca foi à igreja.

Certo dia, aos 18 anos, uma tia muito carinhosa os visitou e ficou chocada com o que viu. “Sua família é muito bonita, mas precisa de Deus”, disse. “Vamos à igreja. Entraremos na primeira igreja que encontrar.” Então, foram a mãe, o padrasto, a irmã mais nova, a meia-irmã, o meio-irmão e Grecielly. O primeiro templo que encontraram pertencia à igreja adventista e entraram. Alguns jovens estavam dirigindo séries evangelísticas e, posteriormente, foram à casa daquela família, para ministrar estudos bíblicos.

Na época, Gracielly estava estudando e perdeu os estudos bíblicos. Mas a mãe e irmãos participaram e todos passaram a frequentar a igreja. Finalmente, a paz preencheu o lar – por pouco tempo. Os pais voltaram a discutir e as brigas pioraram.

Certo dia, a mãe não conseguindo mais suportar a situação, abandonou o lar. Depois disso, todos deixaram de frequentar a igreja. Grecielly não queria deixar os meio-irmãos, por isso, decidiu ficar com o padrasto. Passaram-se vários meses até que, em uma tarde, o telefone tocou. Rafael, um empresário de 26 anos, disse que estava procurando uma secretária e perguntou se ela desejava o emprego. Ele visitara a escola naquele dia e pediu recomendações ao diretor. O meio-irmão, de 12 anos ouviu a conversa e sugeriu seu nome.

Grecielly aceitou o emprego. Em pouco tempo, notou que seu chefe não agia como outros chefes. Ele orava antes do trabalho e não comia certos alimentos. Certo dia, Grecielly pegou carona com o chefe. Ele colocou uma música que ela ouviu na igreja adventista, e ela começou a cantar junto. Rafael perguntou: “Você conhece a igreja adventista?” Ela balançou a cabeça afirmativamente. Rafael disse que era adventista e a convidou para ir à igreja com ele. Ela recusou, mas ele continuou insistindo até que, finalmente, Grecielly aceitou o convite. No sábado seguinte, ela foi e nunca mais deixou de frequentar a igreja. Ela gostou muito do culto na igreja adventista e começou a receber estudos bíblicos. Quando aprendeu sobre o dízimo, imediatamente, devolveu a Deus 10% do seu salário.

Grecielly foi batizada em fevereiro de 2017. Jenivaldo, o meio-irmão com 2 anos, foi batizado alguns meses depois. As irmãs viam quando ela orava e a mudança do comportamento. As roupas e o jeito de falar haviam mudado. As irmãs, Yasmin, 18 anos, e a meia-irmã, 15 anos, Évelyn, foram batizadas em outro dia juntas. Cinco meses após o batismo, Rafael e Grecielly ficaram noivos. Eles estão construindo um novo lar e se casarão quando terminar a casa.

Grecielly ora para que os pais encontrem a Deus. Ela e os irmãos estão ligados a Deus. A vida mudou completamente. O modo de falar, as amizades e vestimentas, tudo mudou. Ela trabalha nos departamentos infantil e de música. As irmãs são recepcionistas. O irmão é desbravador. Parte da oferta desse trimestre ajudara a igreja adquirir um novo local de adoração para que as pessoas tenham mais espaço para as reuniões de sábado. Muito agradecemos pelas ofertas.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2019

Tema Geral: Estações da família

Lição 12: 15 a 21 de junho

“Que viram em tua casa?”

Autor: Moisés Mattos

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução: O título da lição desta semana é copiado da pergunta que o profeta Isaías fez ao rei Ezequias após a visita dos emissários do império babilônico ao monarca judeu. Empolgado pela deferência da missão oficial empreendida pelos representantes da nação mais importante daquela época, Ezequias mostrou-lhes toda a sua riqueza e até o que não deveria ter revelado. Isso aguçou nos pagãos o sentimento de cobiça, o que mais tarde redundou numa invasão babilônica contra a nação escolhida por Deus. O rei se preocupou com tudo, menos com a glorificação do nome do Senhor pela cura que havia recebido, que, inclusive foi o motivo da visita feita pelos pagãos. Porém, Ezequias não se preocupou em testemunhar aos idólatras sobre o poder de Deus.

Seja como for, a pergunta ainda é atual: O que as pessoas estão vendo em nossa casa? Somente coisas materiais ou algo mais?

Como cristãos, nosso lar deve ser um conduto das bençãos de Deus às pessoas e não meramente um dormitório ou um lugar em que nossas conveniências são atendidas.

I – Família: primeiro campo missionário

Buscar pessoas em todos os cantos do mundo impressionando-os com o evangelho é tarefa de todos os cristãos em todo o tempo. Porém, somos impactados por estas palavras de Ellen White: "Nossa obra para Cristo deve começar com a família, no lar. [...] Não existe campo missionário mais importante do que esse” (Serviço Cristão, p. 158).

Exemplos como o de Noemi, que apresentou o verdadeiro Deus para sua nora Rute (Rt 1:14-18) e de André, que apresentou Cristo para seu irmão Simão (Jo 1:40-42), mostram que o lar é o nosso primeiro campo missionário.

Aliás, neste último caso, André fez a maior descoberta da sua vida e em seguida a compartilhou com o irmão, que foi o primeiro fruto do seu trabalho missionário. É interessante que André poderia ter se sentido rebaixado por causa do brilho e da liderança de Simão. No entanto, trabalhou em silêncio, nos bastidores, de forma construtiva. Ele discipulou outro irmão.

II – Família: diferenças que podem ser oportunidades missionárias

Às vezes, um membro da família não é crente. Ou apenas um dos membros é cristão praticante. Isso pode gerar desconforto. Em 1 Coríntios 7:12-15, Paulo falou sobre o relacionamento entre um cônjuge cristão e um não cristão. Muitas mulheres casadas com não cristãos recebiam o evangelho. A mesma situação ocorria com homens casados com mulheres descrentes e se tornavam cristãos. Por isso, Paulo explicou que, se o marido ou esposa descrente quisesse permanecer casado com o cristão, este deveria permanecer casado. Isso poderia ser um fator que até ajudaria na conversão do descrente por causa do testemunho do crente.

Se é possível ganhar para Cristo um descrente, como agir para conquistá-lo? Embora o texto de 1 Coríntios 7 contenha instruções para o caso de um cônjuge não cristão, em linhas gerais ele fornece subsídios sobre como lidar com outros casos do gênero: "O crente não deveria abandonar nem desejar se separar do descrente porque este poderia ser levado a aceitar Cristo como Salvador pelo exemplo e influência do crente. A conversão do incrédulo traria felicidade e bênçãos à família como um todo e para o incrédulo em particular. Esse propósito é tão importante que o cristão deve se dispor a ser paciente e tolerante a fim de realizá-lo. Ele jamais deve desistir de sua fé, a despeito de toda provocação que surja. Deve haver contínua comunhão com Deus em oração para que o cônjuge incrédulo seja resgatado da incredulidade para uma vida pacífica, harmoniosa e feliz de preparação para o lar celestial.

“Assim, apesar de ser inicialmente uma dificuldade, este quadro pode ser uma oportunidade para salvar pessoas para o reino de Deus” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, 1 Coríntios, v. 6, p. 782).

III – Família: testemunho por influência

Uma família pode influenciar os outros para Deus de diversas formas:

A) Pelo poder do exemplo

“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única.” Essa frase atribuída a Albert Schweitzer pode com certeza ser aplicada ao lar cristão como um pólo de influência na sociedade. "Esse princípio se aplica aos relacionamentos em geral e especialmente no lar, onde a imitação é comum. Ali os filhos imitam seus pais e irmãos; e os cônjuges geralmente imitam um ao outro. Esse conceito apresenta um indício importante de como casais e famílias podem testemunhar de Cristo a outros casais e famílias” (Lição de quarta-feira).

B) Pelo poder dos relacionamentos

"Quando os casais convidam outros casais para uma refeição, para atividades sociais ou estudos bíblicos, ou quando participam juntos de um programa de desenvolvimento conjugal, os visitantes veem um modelo. A demonstração de reciprocidade, afirmação, comunicação, resolução de conflitos e adaptação de diferenças testemunham da vida familiar em Cristo” (Lição de quarta-feira).

C) Pelo poder da hospitalidade

"A utilização do lar para o ministério pode variar de um simples convite aos vizinhos para uma refeição à hospitalidade radical de emprestar um quarto para uma vítima de abuso. Pode envolver a simples cordialidade, a iniciativa de oferecer orações a alguém ou a realização de estudos bíblicos. A verdadeira hospitalidade brota do coração daqueles que foram tocados pelo amor de Deus e desejam expressar seu amor em palavras e ações” (Lição de quinta-feira).

Conclusão: "Para mim, ele foi um hipócrita. Meu pai foi capaz de falar de paz e amor de modo que o mundo todo pudesse ouvir. Mas não conseguia mostrar isso às pessoas que ele devia considerar as mais importantes de sua vida: sua esposa e seu filho. Como é possível que alguém fale de paz e amor e tenha uma família em pedaços, sem qualquer comunicação, praticando o adultério e o divórcio? Você não pode fazer isso, se for honesto com você mesmo".

Essas palavras chocantes são de Julian Lennon, filho do ex-beatle John Lennon. Julian diz ter sido abandonado pelo pai quando tinha cinco anos de idade. Hoje, mesmo com a maturidade, Julian não é fã de seu pai. Embora as notícias mais recentes digam que ele conseguiu finalmente perdoar o pai, o que aconteceu no passado o marcou profundamente.

No Sermão do Monte, Jesus reprovou a ação dos que davam esmolas, oravam ou jejuavam sem que seus corações participassem de seus atos (Mt 6:2-5). A hipocrisia, em qualquer área, é sempre um vício a deplorar. Mas é no interior da família que o efeito da máscara do hipócrita é mais devastador. Os filhos querem ver nos pais a coerência entre o que falam e o que fazem, entre o que exigem e o que exibem.

Dá para afirmar que famílias bem-sucedidas possuem alguns traços comuns. Por exemplo, elas criam um ambiente de boa comunicação, onde os familiares se expressam e também ouvem uns aos outros. Eles também se incentivam e se apoiam. Há respeito entre todos. Desenvolve-se mútua confiança. Cada um empresta um pouco do seu tempo à família. As responsabilidades são divididas. É clara a linha divisória entre o certo e o errado.

Uma família assim também cultiva sua crença em Deus e torna a religião algo desejável para pais e filhos. E vai além: esse testemunho impacta vizinhos, parentes, amigos e até desconhecidos.

"A maior prova do poder do cristianismo que se pode apresentar ao mundo é uma família bem ordenada, bem disciplinada. Isso recomendará a verdade como nenhuma outra coisa o poderá fazer, pois é um testemunho vivo de seu virtual poder sobre o coração” (Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 160).

Conheça o autor do comentário: O Pastor Moisés Mattos graduou-se em teologia em 1989 e concluiu o mestrado na mesma área no ano 2000 pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Cursou também uma pós-graduação em gestão empresarial. Serve à Igreja Adventista há 29 anos como professor de ensino religioso; pastor distrital; departamental em nível de Associação e União; presidente de Missão e Associação. Atualmente, exerce sua atividade como pastor na Associação Paulista Oeste-UCB. É Casado com a professora Luciana Ribeiro de Mattos, e pai de Thamires (jornalista) e Lucas (estudante de publicidade e propaganda).