Lição 4
19 a 25 de outubro
Enfrentando oposição
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Mc 15, 16
Verso para memorizar: “Porém os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, de maneira que não foram obrigados a parar, até que o assunto chegasse a Dario, e viesse resposta por carta sobre isso” (Ed 5:5).
Leituras da semana: Ed 4; 5:1-5; 2Co 6:14; Ag 1; Ne 4; 6:1-13

Os capítulos 3 a 6 de Esdras são estruturados tematicamente, abrangendo diferentes períodos históricos de oposição à reconstrução do templo. Reconhecer essa abordagem temática ajudará a esclarecer a mensagem geral.

O nome de Esdras é mencionado pela primeira vez em Esdras 7:1. Com sua chegada, em 457 a.C., as coisas mudaram, e a cidade de Jerusalém, juntamente com o muro, começou a ser reconstruída de maneira intermitente. Treze anos depois, Neemias chegou (ele foi enviado por Artaxerxes em 444 a.C.), e a construção do muro foi finalmente retomada. Embora a oposição fosse intensa, a obra foi concluída em 52 dias (Ne 6:15).

A resistência à obra de Deus é um tema predominante nos livros de Esdras e Neemias; portanto, não é surpreendente que a reconstrução do templo e da cidade de Jerusalém tenha incitado oposição e perseguição. Para onde quer que nos voltemos no mundo de hoje, há resistência à obra do Senhor. Satanás tenta assegurar que o evangelho não se espalhe rapidamente, pois é uma ameaça ao seu domínio. Em Esdras e Neemias, como os judeus lidaram com a oposição?



Domingo, 20 de outubro
Ano Bíblico: Lc 1, 2
Inicia-se a oposição

1. Leia Esdras 4:1-5. Em sua opinião, por que o remanescente israelita ­recusou a ajuda de outros povos na construção do templo?

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Superficialmente, o pedido parecia bondoso e amistoso, então por que recusar ajuda? Em certo sentido, a resposta se encontra no próprio texto. Os “adversários” foram oferecer-lhes ajuda. Adversários? Essa palavra por si só apresenta um forte indício da razão pela qual os israelitas reagiram dessa maneira.

Por que essas pessoas foram chamadas de adversárias? 2 Reis 17:24-41 explica que elas foram trazidas de outras nações para Samaria e para a região circunvizinha após a deportação dos israelitas do Reino do Norte. O rei da Assíria lhes enviou um sacerdote, que deveria ensiná-las a adorar o Deus da terra, isto é, o Deus de Israel. Contudo, a religião resultante incorporou também os deuses cananeus. Portanto, o remanescente israelita temia que essa religião fosse trazida para a adoração no templo. Sendo assim, o melhor e mais inteligente a fazer foi exatamente o que eles fizeram: dizer “não, obrigado”.

Precisamos lembrar por que tudo isso estava acontecendo. A transigência constante dos antepassados de Israel para com as religiões pagãs ao seu redor levou à destruição do templo, bem como ao exílio. Presumivelmente, durante o processo de reconstrução do templo, a última coisa que os israelitas queriam fazer era se associar aos povos vizinhos.

2. Quais outras informações do texto mostram que essa recusa foi o certo a fazer? (Veja Ed 4:4, 5). Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Os povos vizinhos começaram a desanimá-los na construção do templo e a colocar conselheiros para frustrarem o plano deles.
B. (  ) O povo ao redor subornou os israelitas em troca de auxílio.

Pense na facilidade com que os judeus poderiam ter defendido a aceitação da ajuda dos povos vizinhos na reconstrução do templo. O que 2 Coríntios 6:14 tem a dizer nesse contexto?

Movimento de oração e resgate: Você sabia que os Dez Dias de Oração de 2020 terão uma forte ênfase na busca por pessoas afastadas dos caminhos de Cristo? A preparação já começa neste trimestre, por meio de intensa oração!

Segunda-feira, 21 de outubro
Ano Bíblico: Lc 3-5
Os profetas encorajam

Infelizmente, a oposição que os judeus encontraram por parte das nações vizinhas, conforme descrita nos capítulos 4 a 6 de Esdras, deixou-os com medo e relutantes quanto a trabalhar no templo.

Como mencionamos anteriormente, o trecho do livro de Esdras que tem início no capítulo 4:6 e vai até o 6:22 não foi escrito em ordem cronológica. Por isso, examinaremos o capítulo 5 antes do capítulo 4.

3. Leia Esdras 5:1-5. Por que Deus enviou os profetas Ageu e Zacarias aos judeus? Qual foi o resultado de suas profecias?

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Os judeus tinham parado de construir porque estavam com medo. Mas Deus os havia enviado a Judá para reconstruir o templo e a cidade, e Ele tinha um plano. Já que eles estavam com medo, faria algo para encorajá-los. Por isso, o Senhor chamou dois profetas para intervir. A oposição humana não faz Deus parar; mesmo que os judeus tenham contribuído, por suas próprias ações, para essa oposição, o Senhor não os abandonou. Ele atuou por meio dos profetas para motivá-los e impulsioná-los à ação novamente.

4. Leia Ageu 1. Qual foi a mensagem para os judeus, e o que podemos ­extrair desse texto para nossa vida?

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“Os profetas Ageu e Zacarias foram despertados para enfrentar a crise. Com encorajadores testemunhos esses mensageiros escolhidos revelaram ao povo a causa de suas dificuldades. A falta de prosperidade temporal era o resultado da negligência em dar prioridade aos interesses de Deus, os profetas afirmaram. Tivessem os israelitas honrado a Deus, tivessem mostrado a Ele o devido respeito e cortesia, fazendo do reerguimento de Sua casa a primeira obra, e teriam convidado Sua presença e bênção” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 574).



Terça-feira, 22 de outubro
Ano Bíblico: Lc 6-8
Interrupção da obra

5. Em Esdras 4:6-24, o que os inimigos fizeram para interromper a obra em Jerusalém? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.(  ) Assassinaram os construtores.
B.(   ) Enviaram uma carta aos reis Dario, Xerxes e Artaxerxes, insinuando que os judeus não pagariam mais impostos caso a cidade e o templo fossem reedificados.

As “gentes da terra” escreveram cartas de acusação contra os judeus e sua obra primeiramente a Dario (Ed 5 e 6), depois a Xerxes (Assuero) e Artaxerxes. Elas Estavam fazendo tudo ao seu alcance para impedir a obra em Jerusalém.

O povo das nações vizinhas declarou que, se a cidade fosse reconstruída, o rei perderia seu poder sobre ela, pois Jerusalém sempre havia sido um local de rebelião e problemas. Infelizmente, Artaxerxes foi levado a crer que os judeus estivessem construindo somente porque queriam obter sua independência e, assim, incitar o confronto. Ele ordenou que o trabalho fosse interrompido, e o povo enviou um exército para impedir a reconstrução da cidade. Essa abordagem violenta fez com que a obra de Deus parasse.

6. Leia Esdras 4:23, 24. Por que os judeus pararam a construção? Eles não sabiam que Deus desejava que eles reconstruíssem a cidade? O que os atrapalhou?

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Evidentemente, os judeus perceberam que Deus os havia chamado para reconstruir a cidade e o templo, mas, por causa da forte oposição, eles tiveram medo. Talvez tenham inventado desculpas como “agora não deve ser a hora”, ou “se isso fosse realmente o que Deus desejava que fizéssemos, Ele teria providenciado um meio”, ou ainda “talvez nem deveríamos ter voltado para cá”. Quando a oposição nos impede de fazer o que acreditamos ser o chamado de Deus para nós, temos a tendência de questionar a orientação divina e duvidar dela. Podemos facilmente nos convencer de que cometemos um erro. O medo pode paralisar nossa mente, e os pensamentos se transformam em desespero e desamparo, em vez de nos concentrarmos no poder de Deus.

Você já vivenciou uma situação em que estava convencido de que Deus o havia chamado para fazer algo, mas nutriu dúvidas quando as coisas ficaram difíceis? (Pense, por exemplo, em João Batista.) O que aprendeu com essa experiência?


Quarta-feira, 23 de outubro
Ano Bíblico: Lc 9-11
Neemias age (444 a.C.)

7. Leia Neemias 4. O que os judeus fizeram sob a liderança de Neemias para enfrentar a oposição? Por que era importante que eles se preparassem para lutar, em vez de simplesmente não fazerem nada, acreditando que Deus os protegeria?

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Depois de inícios e interrupções, o povo começou a trabalhar novamente. Os judeus oraram e, então, Neemias organizou uma vigilância ativa. O povo fazia turnos durante o dia e à noite a fim de estar preparado para qualquer ataque iminente. Neemias também organizou as pessoas ao redor do muro, munindo-as com armas, a fim de que cada família estivesse pronta para lutar. Além disso, ele dividiu seus servos em dois grupos: um trabalhava, e o outro segurava armas. Havia também provisões especiais para todos os que trabalhavam no muro, pois estes se encontravam mais próximos do perigo. Cada construtor segurava uma espada com uma mão e com a outra acrescentava tijolos ou pedras e argamassa ao muro. Eles estavam preparados para enfrentar a oposição. Fizeram a parte deles; o Senhor fez o resto. A fé de Neemias na proteção divina é inspiradora. No entanto, ele não ficou sentado esperando que Deus fizesse tudo. Eles se prepararam da melhor maneira que puderam.

Duas passagens de Neemias estão entre as declarações mais inspiradoras da Bíblia: “Não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa casa” (Ne 4:13, 14); “O nosso Deus pelejará por nós” (Ne 4:19, 20).

Os judeus poderiam ter parado a construção novamente por causa da persistente oposição, mas, em vez de serem dominados pelo medo, agarraram-se à promessa de que Deus pelejaria por eles. Quando encontramos oposição ao nome do Senhor, às nossas crenças ou ao que o Criador nos chama a fazer, devemos nos lembrar de que “Deus pelejará por nós”.

No fim, os judeus perceberam que o Senhor estava por trás do que eles estavam fazendo, e isso lhes deu coragem para seguir em frente.

Por que é tão importante ter a convicção de que estamos realizando a vontade de Deus? Como podemos saber se o que estamos fazendo é a vontade do Senhor?


Quinta-feira, 24 de outubro
Ano Bíblico: Lc 12-14
Fazendo uma “grande obra”

8. Leia Neemias 6:1-13. Por que Neemias via o seu trabalho em Jerusalém como uma “grande obra” (Ne 6:3)? Quais foram as tentativas para detê-lo?

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O capítulo 6 de Neemias descreve muitos atentados contra a vida do servo de Deus. Sambalate e Gesém continuaram enviando cartas a Neemias a fim de levá-lo a procurá-los sob o pretexto de uma reunião. No entanto, o encontro deveria ocorrer na planície de Ono, que estava em território inimigo. Neemias percebeu a verdadeira intenção do convite. Sambalate, Tobias e Gesém viram uma janela de oportunidade que duraria apenas até que o muro fosse concluído, e os portões, fechados. Os judeus tinham a proteção do rei persa e, por isso, seus inimigos não poderiam vencê-los mediante um ataque frontal. Mas, se esses inimigos se livrassem do líder, impediriam o progresso da obra ou, até mesmo, provocariam a sua definitiva interrupção. Sambalate, Tobias e Gesém não desistiram. Mesmo que Neemias não respondesse, eles continuaram tentando. Deve ter sido frustrante para o servo de Deus ter que lidar com a oposição a cada momento. Ele lhes respondeu: “Estou fazendo grande obra” (Ne 6:3).

Pelos padrões do mundo, Neemias estava fazendo uma grande obra como copeiro do rei, visto que essa era uma ocupação de prestígio, uma das mais importantes da terra, em que ele servia como conselheiro do rei. Mas qual seria o propósito de construir uma cidade que estava em ruínas, que não tinha nenhuma importância aparente? Isso era o que ele chamava de grande obra? Neemias considerou a obra de Deus grande e mais importante do que sua carreira porque percebeu que a honra do nome de Deus estava em jogo em Jerusalém.

Além disso, quando Deus estabeleceu os serviços do santuário, Ele instituiu o sacerdócio. A fim de manter o santuário santo e especial para as pessoas, Ele permitiu que somente os sacerdotes realizassem os deveres dentro do templo. Temos dificuldade de ver a santidade de Deus; por isso, Ele tomou providências para ajudar os israelitas a entrar em Sua presença com reverência. Neemias sabia que o pátio do templo era para todos, mas não os aposentos interiores. Por suas palavras acerca do encontro no interior do templo, Semaías não só se mostrou falso profeta, sugerindo algo contrário à ordem de Deus, mas também se expôs como traidor.

Hoje, sem o santuário terrestre, como manter o senso da santidade divina? De que modo a percepção da santidade de Deus, em contraste com nossa pecaminosidade, nos leva à cruz?


Sexta-feira, 25 de outubro
Ano Bíblico: Lc 15-17
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Profetas e Reis, p. 635-660 (“Os Reconstrutores do Muro”, “Condenada a Extorsão” e “Ciladas dos Pagãos).

“A oposição e o desencorajamento que os reconstrutores nos dias de Neemias tiveram que enfrentar da parte de inimigos declarados e falsos amigos são típicos da experiência dos que trabalham hoje para Deus. Cristãos são provados, não somente pela ira, desprezo e crueldade de inimigos, mas pela indolência, inconstância, frouxidão e deslealdade de pretensos amigos e auxiliares” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 644).

“Na firme devoção de Neemias à obra de Deus, e em sua confiança igualmente firme em Deus, está a razão da derrota dos seus inimigos em ­atraí-lo ao seu poder. A pessoa indolente facilmente cai presa da tentação; mas na vida que tem alvo nobre, propósito envolvente, o mal encontra pouco terreno. A fé de quem está constantemente avançando não se debilita; pois acima, embaixo e além, ele reconhece o Infinito Amor promovendo todas as coisas para realização do Seu bom propósito. Os verdadeiros servos de Deus trabalham com determinação que não falhará, porque estão na constante dependência do trono da graça” (Profetas e Reis, p. 660).

Perguntas para discussão

1. Coloque-se no lugar de Zorobabel, Josué e os outros líderes quando seus inimigos ofereceram ajuda. Eles fizeram bem em não aceitar a oferta. Como saber quando devemos colaborar com outros que não são da nossa fé? Quais critérios seguir?

2. É perigoso fazer concessões em relação à fé. A história de Israel até o cativeiro babilônico traz exemplos de transigência. Porém, o que ocorre quando alguns vão a extremos para evitar esse problema? Jesus foi ­acusado de transgredir o sábado (Jo 9:14-16). Seus acusadores não foram ao outro extremo, ao desejar matá-lo por causa das curas feitas no sábado? Como encontrar o equilíbrio?


Respostas e atividades da semana: 1. Comente com a classe. 2. A. 3. Para profetizar em nome de Deus e encorajar o povo a voltar a construir. O Senhor, por meio de Ageu e Zacarias, levantou Zorobabel e Josué, que se dispuseram a retomar a obra. 4. A tônica da mensagem foi que o povo não havia priorizado a construção da casa do Senhor, mas suas próprias casas. Por isso, eles estavam sofrendo. 5. F; V. 6. Os judeus interromperam a construção porque foram forçados a fazê-lo. Os povos vizinhos os ameaçaram com armas, e eles ficaram com medo. 7. Eles passaram a se dividir em turnos para vigiar e construir o muro. Com uma mão assentavam tijolos, e com a outra seguravam espadas. Neemias os preparou para lutar em meio à edificação. Eles fizeram a parte deles, e Deus os protegeu. 8. Neemias considerava a incumbência de reconstruir a cidade e o templo uma grande obra, pois ela havia sido dada pelo Senhor. Além disso, o nome do Senhor estava em jogo. Primeiramente, Sambalate enviou cartas ao servo de Deus pedindo que ele fosse vê-lo. Mas Neemias percebeu que aquilo era uma cilada. Em sua última carta, Sambalate disse que Neemias estava tentando ser rei em Jerusalém. Neemias negou veementemente essa ideia. Não satisfeitos, Sambalate e Tobias subornaram Semaías a aconselhar o servo do Senhor a entrar no templo, onde queriam matá-lo. Neemias percebeu a cilada e não deu ouvidos à “profecia” de Semaías.

Resumo da Lição 4
Enfrentando oposição

ESBOÇO

TEXTOS-CHAVE: Esdras 5:5; Neemias 4:20

FOCO DO ESTUDO: Esdras 4:4-24; Esdras 5; Esdras 6; (para obter o contexo completo, veja também Neemias 3; 4; 6:1-13); Daniel 10:12, 13, 20

A lição desta semana trata dos relatos sobre a oposição que cada grupo de exilados enfrentou enquanto o templo, a cidade e as muralhas eram reconstruídos, primeiro durante a época do governador Zorobabel, depois na época de Esdras, o sacerdote, e finalmente com o governador Neemias. Embora as histórias nem sempre sejam escritas em ordem cronológica (algumas partes dos livros são agrupadas por temas), podemos desvendar a sequência de eventos com base nos reis mencionados em cada carta e nas queixas contra os judeus.

Embora o trabalho tenha sido interrompido várias vezes porque as pessoas tinham medo das ameaças das nações vizinhas ou dos reis, e perdiam a fé na proteção de Deus, o Senhor sempre enviava líderes que as encorajavam a seguir construindo. Às vezes, passavam-se vários anos até que um projeto fosse retomado, mas não era abandonado indefinidamente. Deus queria que os israelitas retornassem à terra prometida e estava com eles apesar da oposição, humilhação e, às vezes, violência. Só porque algo é difícil não significa que Deus não nos chamou para fazê-lo. O Senhor pede grandes coisas a pessoas comuns, e então Ele mesmo oferece os meios necessários para que as realizemos. Nos relatos de Esdras e Neemias, Deus inspirou líderes e profetas para que se mantivessem fortes contra a hostilidade.

Deus sempre procura pessoas de fé que confiem Nele, apesar das circunstâncias complicadas, para que Ele possa intervir em favor delas e realizar Sua obra. Deus recompensa a colaboração, a disposição para avançar e a determinação de cumprir a tarefa dada.

COMENTÁRIO

Cronologia do trabalho em Esdras

Sob o governo de Zorobabel

• 537-535 a.C. – reconstrução do altar do templo e dos fundamentos (Ed 3)

• 535-520 a.C. – abandono da obra devido à forte oposição (Ed 4 a 6)

• 520-515 a.C. – restabelecimento do trabalho sob os ministérios proféticos de Ageu e Zacarias

• 515 a.C. – conclusão do templo (Ed 6:13-22)

Antes de Esdras

• 465-464 a.C. – oposição à reconstrução de Jerusalém (Ed 4:7-23) – Artaxerxes para a obra em seus primeiros anos de reinado.

No tempo de Esdras

• 457 a.C. – Esdras chegou a Jerusalém (Ed 7) enquanto o trabalho estava suspenso.

O capítulo 3 de Esdras menciona a reconstrução do altar do templo e dos alicerces, que ocorreu entre 537 a 535 a.C. como resultado do decreto de Ciro (Ed 1:1 a 2:70). Depois de uma celebração inicial (Ed 3:10-13), o trabalho foi abandonado (Ed 4:1-5) devido à forte oposição, que começou por volta de 535 a.C. e durou até 520 a.C. (para obter detalhes, veja Ed 4:24 a 6:12). Em Esdras 4:6 é descrita brevemente a oposição à construção no tempo de Xerxes (486-465 a.C.). Depois, em Esdras 4:7-23, lemos sobre a oposição no início do reinado do rei Artaxerxes. Esdras incluiu cópias das cartas que foram enviadas aos dois reis, Artaxerxes e Dario. As cartas estão inseridas em aramaico, ao passo que o restante do livro é escrito em hebraico, o que significa que se tratava de documentos oficiais preservados na língua usada para documentos públicos na época (aramaico era a língua universal naquele tempo, assim como o inglês é hoje). Em 520 a.C., após 15 anos de vigorosa oposição, o profeta Ageu incitou as pessoas a continuar a construção do templo (leia seus cinco sermões breves e poderosos no livro de Ageu). O profeta Zacarias se uniu em apoio a esse movimento, o que resultou na conclusão do templo em menos de cinco anos e sua dedicação, em março de 515 a.C. (Ed 6:13-18), seguida pela celebração da Páscoa um mês depois (Ed 6:19-22).

Daniel 10:12, 13, 20

Deus preparou tudo para que Seu povo pudesse reconstruir o templo em Jerusalém após o retorno do exílio babilônico. Ele se envolveu pessoalmente para remover os obstáculos e abrir caminho para essa atividade divina. De acordo com Daniel 10, o anjo Gabriel e Miguel (outro nome para Jesus Cristo) estavam lutando pelas mentes dos reis persas, isto é, Ciro e seu filho Cambises, para persuadi-los a avançar no programa de reconstrução quando os invejosos inimigos locais de Israel seduziram esses governantes para cancelar o trabalho de restauração no templo. Deus estava lutando com esses príncipes para despertar a mente deles a fim de que concedessem ao povo um lugar de adoração ao Deus vivo. É triste que os judeus estivessem desencorajados e tivessem parado de trabalhar, embora o Deus poderoso estivesse do lado deles. A obra foi retomada quando o profeta Ageu apareceu em cena.

Essa situação também nos adverte contra a falta de fé e a covardia em não seguir a liderança de Deus quando Ele prepara um caminho para que avancemos a fim de cumprir Sua vontade. No entanto, a providência divina sempre funciona melhor do que nossos melhores cálculos ou planos, mas precisamos confiar em Sua orientação e seguir Sua liderança. Podemos ter certeza de que Seus planos e Sua direção são os melhores e Ele sempre tem em mente o nosso bem.

Ageu e Zacarias

Os profetas Ageu e Zacarias entraram em cena após 15 longos anos de oposição à construção. As pessoas desanimaram e pararam de trabalhar na reedificação do templo. Deus convocou e orientou esses profetas para que falassem ao povo a fim de inspirá-lo a construir, apesar da furiosa oposição. Deus encorajou os judeus a não ter medo, pois o Senhor estava com eles e Sua presença os sustentaria.

Deus Se aproximou do povo com a pergunta: “Acaso, é tempo de habitardes vós em casa apaineladas, enquanto esta casa permanece em ruínas?” (Ag 1:4). Examine todas as vezes que a palavra apaineladas (safun) ocorre na Bíblia em se tratando de projetos de construção e verá algo interessante. Todos esses exemplos estão relacionados com cedro (1Rs 6:9; 1Rs 7:3; 1Rs 7:7; Jr 22:14). Assim, Deus descreveu as casas de Seu povo como “apaineladas” (Ag 1:4) porque não eram feitas de material usado normalmente naquela região. Qual era o problema com os troncos de cedro? A princípio, os judeus pediram troncos de cedro do Líbano para reconstruir o templo. O templo deveria ser construído de acordo com o modelo que Salomão estabeleceu, intercalando blocos de pedra e chapas de madeira de cedro. Eles planejaram usar os troncos de cedro para as chapas do templo, porém, quando a oposição os “obrigou” a parar de trabalhar na reconstrução, a madeira ficou por ali. Por que não usá-la? Embora usassem a madeira destinada ao templo para suas próprias casas, Deus surgiu com outra solução: Ele os enviou às montanhas para trazer madeira de lá e construir Sua casa. Deus não exige os materiais mais caros para Sua própria casa. Em vez disso, Ele só quer uma casa em que possa morar entre Seu povo.

Ainda mais importante, Deus queria que Seu povo desejasse Sua presença entre ele, que era o propósito do templo. O problema maior era a falta de comprometimento. O templo inacabado era apenas um sintoma da apatia da nação. Quando alguém se compromete com uma tarefa ou com outra pessoa, ele não será facilmente detido por oposição. A falta de trabalho mostrava a falta de compromisso do povo para com Ele. No entanto, o encorajamento divino despertou as pessoas de sua letargia e medo e motivou-as a começar novamente o trabalho no templo. Depois disso, não hesitaram em sua obra e terminaram a tarefa cinco anos depois. Às vezes nos atolamos nas coisas mundanas e na vida confortável. Nesse momento, precisamos relembrar aquilo que é mais importante.

Cronologia da obra em Neemias

• 445/444 a.C. Chegada de Neemias a Jerusalém (Ne 1 e 2)

• A obra sofre oposição (Ne 2:11-20; Ne 4:1-23; Ne 6:1-14)

• Depois de 52 dias (menos de dois meses) é terminada a construção do muro (Ne 6:15-19)

Neemias 4

Sambalate, que junto com Tobias controlava Samaria, ao norte de Judá, ameaçava Neemias, zombava dos judeus e os ridicularizava. Ele era relacionado aos judeus através da linhagem do sumo sacerdote (por matrimônio) e, portanto, podia sentir que seu poder sobre a nação judaica seria restringido uma vez que o muro fosse restaurado. Ele acreditava que os judeus não eram fortes o suficiente, que eram inferiores, e a tarefa era grande demais para eles. Dizia que os judeus jamais poderiam reconstruir os muros. Outros líderes da região se uniram a Sambalate num golpe político para deter os israelitas. Os arábios estavam sob a liderança de Gesém e ocupavam o território ao sul abaixo de Judá; os amonitas viviam ao leste no território Persa; e Asdode estava a oeste de Judá. Assim, Judá estava completamente cercada por forças hostis. Enquanto o povo de Israel se atemorizava, Neemias considerou isso uma afronta a Deus e à nação judaica. O nome de Deus e dos israelitas foi envergonhado pelos inimigos e então ele rogou que Deus ouvisse e que caísse “o seu opróbrio sobre a cabeça deles” (Ne 4:4). Ele mesmo não retaliou, mas pediu a Deus que cuidasse disso. O servo do Senhor tinha certeza de que o Altíssimo o havia dirigido a liderar a reconstrução do muro, como mostrou a resposta favorável do rei e do povo de Israel. Devido às palavras ameaçadoras dos vizinhos que jogavam com a imaginação deles e os amedrontavam, o governador encorajou o povo a lutar, pois Deus é “grande e temível” (Ne 4:14), e pelejaria por eles (Ne 4:20). Neemias reuniu os judeus e colocou grupos deles preparados para batalha em cada brecha do muro, onde os inimigos pudessem vê-los. Dessa forma ele demonstrava ao mundo que estavam prontos para um ataque.

A estratégia funcionou; os planos dos inimigos foram frustrados. Os judeus foram relembrados a confiar no Altíssimo e a não deixar que inimigos parecessem maiores que seu Deus. A despeito de algumas outras ameaças contra os israelitas, eles continuaram construindo até que o muro fosse terminado em apenas 52 dias de trabalho (Ne 6:15).

Aplicação para a vida

O padrão de trabalhar e parar, trabalhar e parar repetidamente deveu-se ao medo do que as pessoas fariam a eles. Ameaças inimigas, decretos de reis que proibiam o trabalho e seu pequeno número, tudo conspirava para que parassem a obra.

1. Qual foi a ação do profeta para motivar as pessoas a trabalhar juntas na reconstrução do templo?

2. O que acontece quando ficamos pensando repetidas vezes sobre o que pode acontecer? Isso só piora as coisas, não é? Preocupamo-nos tanto até que o resultado se torna tão horrendo que nossas expectativas e imaginação nos impedem de confiar em Deus e seguir em frente. Os obstáculos se tornam cada vez maiores e nos esquecemos de que Deus peleja por nós. Como podemos ser como Neemias e cultivar a certeza de que Deus, de fato, estará conosco?

3. Que qualidades de liderança podemos aprender com o governador à medida que encorajamos as pessoas ao nosso redor?

4. Quais fatores lhe causaram medo e o impediram de fazer o trabalho de Deus? O que você pode fazer para encorajar aqueles que, atolados nas dificuldades, temem os desafios que os confrontam e têm dificuldade em confiar que o Senhor peleja por eles?


A busca da igreja verdadeira

Mary John Ijaa nunca imaginava que seria tão difícil encontrar uma igreja. Ela cresceu participando dos cultos da principal denominação cristã em Sudão do Sul. Mas, não se sentia feliz; não sentia unidade e amor naquela igreja. Então, aos 16 anos, mudou-se para outra igreja. Na nova igreja, ela percebeu que as pessoas competiam ferozmente para ocupar cargos, e discutiam constantemente sobre quem estava no comando. Ela não sentia o amor cristão, por isso, após dois anos saiu daquela igreja e foi para outra.

Essa igreja parecia voltada para a missão. Mas então recebeu uma grande remessa de roupas de ajuda humanitária, e os membros brigavam pela divisão dos vestidos, calças e camisas. Mary saiu. Numa quarta igreja, ela adoeceu enquanto varria o pátio. Repentinamente, sentiu um calor na perna, que logo ficou inchada. Mary foi a um curandeiro. Depois de ouvir a história sobre a onda de calor, o homem declarou que ela havia pisado em uma região amaldiçoada. Alguém na igreja teria ficado aborrecido com ela e a amaldiçoou.

O feiticeiro pegou uma lâmina de barbear e fez pequenos cortes da cabeça até os dedos dos pés de Mary. Então ele a encharcou em água quente e esfregou raízes em seu corpo. Depois disso, fez chá com essas raízes e deu para que ela bebesse. O tratamento foi feito duas vezes por dia durante três anos. Mary sentia tanta dor que não conseguia andar, apenas rastejava.

Certo dia, a dor sumiu de repente e ela voltou a caminhar. O curandeiro lhe deu alta do tratamento e informou o preço: duas cabras e uma grande soma de dinheiro. Mary não mais voltou para a igreja, porque temia que fosse amaldiçoada novamente. Então, escolheu uma quinta igreja e frequentou fielmente os cultos aos domingos, até que uma nova igreja fosse aberta na vizinhança. Essa foi a sexta igreja da qual Mary fez parte, seguindo-se a sétima e a oitava igreja.

Enquanto isso, Mary deu à luz um filho. Enquanto ainda estava acamada, sentiu uma dor aguda na garganta ao tomar água. O pescoço começou a inchar. O feiticeiro

disse que alguém tentou matá-la colocando algo na bebida. Mary passou outro ano na cama e o feiticeiro deu raízes para beber todos os dias. Finalmente, ela se recuperou.

Mary continuou visitando novas igrejas, buscando amor e união. Ela também adoeceu mais duas vezes, e os feiticeiros culparam ambos os casos por maldições. Na quarta vez, seu pescoço inchou e o inchaço se espalhou por seu corpo. O feiticeiro disse que alguém colocou algo na comida dela, mas ele não podia fazer nada para ajudar. Mary procurou mais dois feiticeiros. Todos concordaram que alguém havia envenenado a comida e usaram seus computadores para mostrar onde o veneno tinha sido ingerido. Mas ninguém poderia oferecer cura.

Já na décima igreja que estava frequentando, Mary pela primeira vez decidiu orar a Deus pedindo ajuda. Em desespero, ela orou e jejuou por três dias e foi para o hospital. Quando o médico ouviu que ela estava orando e jejuando, ele disse: “Esta é a melhor coisa a fazer. Você está consultando o Médico dos médicos.” Aplicou-lhe uma injeção e o inchaço foi embora. Ela ficou muito feliz com a resposta divina às orações, mas ainda não sentia paz na igreja. As questões vieram à tona quando ela e os dois pastores da igreja começaram a trabalhar juntos, quebrando pedras em uma montanha perto da capital do Sudão do Sul, Juba. Ela e os pastores se desentenderam sobre como vender as pedras, e Maria pensou: “Esta igreja também carece de amor e união.” Ela se perguntou para onde deveria ir.

Naquele momento, ela lembrou-se da igreja adventista. Era a única igreja que não tinha visitado, porém se lembrou de ter sentido amor no semblante dos membros enquanto falavam. “É isto”, ela falou para os dois pastores espantados, “estou mudando para a igreja adventista.”

Mary foi batizada após uma campanha evangelística em Juba, em abril de 2017. Em seguida, o esposo e o filho primogênito também foram batizados. Ela não está mais preocupada em ser amaldiçoada. “Agora estou livre e feliz”, ela diz. “Não me preocupo em ser envenenada, porque Jesus é mais forte que qualquer maldição.” Há pouco tempo, ela viu um daqueles dois pastores. “Por que você parece tão feliz e saudável?”, ele perguntou. “Descobri alegria e a verdade. Descobri a verdadeira unidade entre os filhos de Deus”, foi a resposta.

Agradecemos pelas ofertas enviadas em 2016, que ajudaram a construir salas da Escola Sabatina na igreja adventista central de Juba, frequentada por Mary. Parte das ofertas do trimestre ajudará a construir uma escola de Ensino Médio perto da igreja.

 

Dicas da História

  • Assista ao vídeo sobre Francis no YouTube: bit. ly/Mary-Ijaa.
  • Fazer o download das fotos de resolução média desta história na página do Facebook: bit.ly/fb-mq. As fotos estarão disponíveis nos domingos, seis dias antes de a história ser apresentada.
  • Fazer o download das fotos em alta-resolução no banco de dados na página: bit.ly/Searching-in-13-Churches
  • Fazer o download das fotos em alta-resolução dos projetos do trimestre no site: bit.ly/ECD-projects-2019.

Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2019

Tema Geral: Esdras e Neemias

Lição 4: 19 a 26 de outubro

Autor: Luiz Gustavo Assis
Revisora: Josiéli Nóbrega
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

 

Enfrentando a oposição

A lição desta semana enfatiza um pouco mais a oposição que Zorobabel e posteriormente Neemias enfrentaram no trabalho em Jerusalém, bem como o ministério de dois profetas que Deus comissionou para ajudar Seu povo naquela ocasião, a saber, Ageu e Zacarias. Abaixo, vamos expandir brevemente a discussão sobre estes dois tópicos: 1) quem eram os “adversários” de Zorobabel e de Neemias; e 2) o trabalho e a mensagem dos profetas Ageu e Zacarias. Estou convencido de que uma compreensão melhor desses dois itens terá um impacto positivo nos alunos da sua unidade.

1) Quem eram os “adversários” de Zorobabel e Neemias?

Para responder essa pergunta, precisamos voltar um pouco na história, ao tempo em que o reino de Israel foi alvo dos ataques militares de vários reis assírios, no 8º século a.C. Um rei assírio em especial, Tiglat-Pileser III, conquistou o território de Israel em 734-732 a.C. e deportou mais de 13 mil israelitas para territórios espalhados pelo império. Anos mais tarde, em 722 a.C, Salmaneser V sitiou e conquistou a cidade de Samaria. A deportação de samaritanos foi postergada devido à morte desse rei naquele mesmo ano. De acordo com documentos mesopotâmicos, o sucessor do trono, o rei Sargão II, deportou mais de 27 mil moradores de Samaria para a Assíria, em 720 a.C. Em 2 Reis 17:6, lemos que esses samaritanos foram enviados para Hala, à província assíria de Halahhu, Habor, Gozã (moderna Tell-Halaf, no norte da Síria), e às cidades dos medos, uma possível referência à cidade de Harhar, entre outras no norte do Irã.

Mas Sargão II não apenas deportou samaritanos para áreas específicas do império; ele também importou pessoas de várias regiões para que morassem ali. Uma versão desse evento está registrada em 2 Reis 17:24-41. Esses versos relatam como moradores de Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim foram relocados na região de Samaria, e como eles foram ensinados por um sacerdote de Betel a adorar o Deus de Israel. Se a história parasse por aí, tudo bem. O problema foi que esses estrangeiros continuaram a adorar as divindades dos seus países de origem. Ou seja, o culto ao Deus de Israel na região de Samaria estava repleto de elementos pagãos. Esse estereótipo, inclusive, explica por que judeus e samaritanos não se davam na época de Jesus (cf. Jo 4).

As deportações de Israel (ca. 734-715 a.C.)

Avancemos um pouco na história, para os dias de Zorobabel (ca. 530 a.C.). O templo de Javé em Jerusalém estava em ruínas e precisava ser reconstruído. Era a chance de começar com o pé direito o culto a Javé, sem interferências externas, seguindo o protocolo deixado por Moisés (Êx 25-40) e Salomão (1Rs 6-8). Quando moradores dos territórios ao redor de Jerusalém, descendentes daqueles que prestavam um culto a Deus repleto de elementos pagãos, perguntaram a Zorobabel se eles podiam participar da reconstrução do templo de Jerusalém, o líder respondeu: “Nós sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel” (Ed 4:3). Num primeiro momento, essa resposta parece estar carregada de exclusivismo religioso, mas quando lida no contexto apresentado acima, ela tem mais sentido. Zorobabel queria evitar a entrada de qualquer elemento pagão no culto em Jerusalém. Por isso, recusou a ajuda.

O que isso tem a ver com você e comigo? Tudo e nada! Nada porque a história de Esdras 4 não tem nada a ver com dia a dia na vida de um cristão, mas com o culto nacional ao Deus de Judá. Mas esse capítulo tem algo a nos ensinar porque, na nossa interação com pessoas de outras denominações e religiões, infelizmente muitos de nós temos agido como Zorobabel e seus auxiliares. Apenas um exemplo para você e eu refletirmos. Um dos principais alvos religiosos em muitos dos nossos púlpitos é a Igreja Católica e seus membros, referidos por muitos como “idólatras.” É difícil encontrar um adventista que nunca tenha ouvido um sermão ou estudo bíblico em que os pecados e ensinos do catolicismo foram denunciados. No entanto, quero convidá-lo(a) a ler o que nossa respeitada escritora Ellen White escreveu, no livro Evangelismo (p. 574-577), sobre como deveríamos nos relacionar com católicos. Uma leitura dessas páginas mostra uma realidade bem diferente daquilo que observamos na prática. O exclusivismo teológico visto em várias fileiras do adventismo traz consigo um risco muito grande que beira ao sectarismo.

Lembre-se de que eu e você somos apenas um pouco mais de 20 milhões de adventistas neste mundo com quase 8 bilhões de pessoas, e a maioria absoluta delas pensa de modo diferente de nós em assuntos como Deus, Bíblia, salvação, etc. A leitura de Esdras 4 nos leva à reflexão: como tenho tratado aqueles que pensam de maneira diferente de mim? Será que minha teologia e forma de encarar o mundo afasta as pessoas que estão ao meu redor? Tenho sido a “luz do mundo” e o “sal da terra”?

2) O trabalho e a mensagem dos profetas Ageu e Zacarias

Os adversários de Zorobabel e de seus companheiros não gostaram nada da atitude deles. Por isso, tentaram impedir o progresso da obra que estava sendo feita em Jerusalém. Em Esdras 4-5, lemos que eles “começaram a desanimar o povo de Judá, perturbando-o no trabalho” (v. 4, NAA). O verbo hebraico traduzido nessa passagem por desanimar (raphah) é usado em outras passagens bíblicas para descrever a companhia constante de Deus com Seu povo (Dt 4:31; 31:6, 8; Js 1:5, etc.). Ou seja, da mesma forma como Deus sempre está com Seus filhos e filhas, os adversários de Zorobabel estavam sempre atrapalhando sua obra. Eles chegaram a enviar cartas para o rei persa pedindo que ele interrompesse o trabalho que estava sendo feito em Jerusalém (4:11-16), o que de fato aconteceu (4:17-24).

Mas se eles enviaram cartas para o governante persa a fim de atrapalhar o projeto divino, Deus enviou dois mensageiros para ajudar Seu povo. De acordo com Esdras 5:1, 2, Ageu e Zacarias foram levantados por Deus nesse período de incerteza. Esdras 5:2 diz que esses dois profetas “ajudavam” o povo durante a construção do templo de Jerusalém. O verbo hebraico para “ajudar” nessa passagem (sa‘ad) é usado 13 vezes nas Escrituras, na sua maioria com o sentido de sustento. Sa‘ad é o tipo de sustento que vem de um pedaço de pão (Gn 18:5; Jz 19:5, 8; Sl 104:15), e do que Deus proporciona para Seu povo (Sl 20:2; 41:3; 94:18; 119:117). Quão maravilhoso é saber que a palavra profética pode nos proporcionar sustento em momentos de crise (cf. 2 Cr 20:20)! O “sustento” de Deus dado através de Ageu e Zacarias proporcionou prosperidade na tarefa do povo (Ed 6:14). Você pode ler um pouco da mensagem desses dois profetas nos livros que levam os nomes deles, no final do Antigo Testamento.

Vivemos numa época em que temos tempo para praticamente tudo, menos para a Palavra de Deus. Temos tempo para falar com mais de 20 pessoas por dia no Whatsapp, assistir inúmeros vídeos no Youtube, acompanhar notícias em vários portais de notícias, trabalhar, estudar, menos para ler uma porção das Escrituras no começo de cada dia. Alguns de nós estamos mais informados sobre a configuração política do Brasil e do mundo e a respeito da tabela do campeonato nacional de futebol do que em relação a histórias e promessas bíblicas. Não me leve a mal, não estou sugerindo uma vida monástica. Entretenimento, lazer e informação têm seu lugar, mas como esperamos ser bem-sucedidos na nossa caminhada neste mundo se não paramos para ouvir as mensagens proféticas que Deus nos enviou por intermédio de homens e mulheres através dos séculos? Aqueles que ocupam o púlpito nas nossas igrejas e dirigem unidades da Escola Sabatina devem sempre ter em mente que precisamos ensinar a palavra profética, e não anedotas, piadas, teorias da conspiração, mensagens vazias e ideias particulares. Assim como Ageu e Zacarias, temos um povo para “sustentar.”

Conheça o autor dos comentários: Luiz Gustavo Assis serviu como pastor distrital no Rio Grande do Sul por cinco anos e meio. Em 2013, continuou seus estudos acadêmicos nos Estados Unidos. Ele cursou um mestrado em arqueologia do Antigo Oriente e línguas semíticas pela Trinity Evangelical Divinity School (Deerfield, IL), e atualmente está no meio do seu programa doutoral em Antigo Testamento no Boston College (Newton, MA). É casado com Marina Garner Assis, que por sua vez faz seu doutorado em filosofia da religião na Boston University. O casal tem um filho, Isaac Garner Assis.

1 K. Lawson Younger, “The Deportations of the Israelites,” Journal of Biblical Literature 117/2 (1998) 201-227; idem, “Israelites in Exile. Their Names Appear at All Levels of Assyrian Society.” Biblical Archaeology Review 29/6:36-45, 65-66.