Quarta-feira, 20 de janeiro de 2010. Que dia agitado havia sido esse! Planejei relaxar e assistir ao meu programa favorito de televisão às 18h30. Às 18h20, acabou a eletricidade. Esperando que em breve ela fosse restaurada, acendemos velas para ter iluminação. Na manhã seguinte, lidei com a inconveniência de tentar preparar um desjejum adequado sem eletricidade; ficamos sem energia por 15 horas.

Embora enfrentando esse grande transtorno, eu me lembrei das pobres vítimas do catastrófico terremoto no Haiti, que havia ocorrido apenas oito dias antes. Muitos ainda não tinham eletricidade nem alimento nem água potável. De repente, percebi quantas bênçãos diárias considero como algo automaticamente garantido – especialmente em comparação com essas vítimas do terremoto.

Um jornal citou Enazizi, de 69 anos, que teria dito: “Eu orei constantemente.” Essa vítima, ao que tudo indica, ficara presa sob as ruínas do tremor. Quando o abalo aconteceu, ela estava em uma reunião informal da igreja, realizada na casa de alguém. O pároco, que também se encontrava na reunião, havia ficado preso ali perto – perto o suficiente para poderem conversar. As equipes de resgate, por vários dias, não encontraram Enazizi. A essa altura, o padre já não respondia às conversas dela. Enazizi entendeu que ele havia morrido, e disse ao jornal: “Depois disso, falei somente com meu chefe, Deus, já que parecia não haver mais nenhum auxílio humano.”

Dizem as autoridades que a chance de as vítimas sobreviverem a um prolongado período sob escombros diminui sensivelmente após o terceiro dia. Mas o filho de Enazizi, Maxime Xavier, nunca desistiu da esperança de que sua mãe fosse encontrada. Ele também estava orando. Felizmente, a equipe de resgate acabou por encontrar Enazizi e a levou, na traseira de um caminhão, ao hospital. Os médicos que a examinaram declararam que ela havia sofrido desidratação, o deslocamento de um quadril e a fratura de uma perna.

Recordando essa história durante meu apagão de 15 horas, entendi dois fatos espirituais: primeiro, existe força na esperança; segundo, sou grandemente abençoada, a despeito de algum transtorno na vida.

Deus, perdoa-me quando choramingo por causa de simples inconveniências. Por minhas bênçãos, preciso Te dar graças cada dia. Amém.

Priscilla E. Adonis