Sábado
13 de outubro
Vulnerável como uma criança
Eis que Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Mateus 10:16, ARA

Ter netos me deixou assustadoramente consciente do quanto as crianças são vulneráveis. Quando Silas tinha seis anos e meio e Íris, dois, ambos estavam muito à mercê de adultos e do seu ambiente. Quando as duas mãozinhas decididas de Íris aprenderam a virar a maçaneta da porta, seus pais precisaram tomar precauções adicionais, conforme aprenderam no dia em que ela conseguiu sair e começou a andar pelo jardim do vizinho, felizmente sem ir até a rua.

As crianças também eram psicologicamente vulneráveis. Um dia, o vovô gritou zangado com Silas, achando que aquilo o deixaria mais inclinado a prestar atenção. Em vez disso, Silas fugiu para o quarto, agora desconfiado do vovô. Silas e Íris têm bons pais, que os amam e incentivam, mas a mãe deles trabalha diariamente com crianças cujos pais estão muito mais preocupados com o próprio bem-estar do que com o de seus filhos. Quer ignorando as necessidades básicas da criança, quer agredindo-as verbalmente ou menosprezando-as, esses pais picam ou retalham a frágil autoestima dos filhos, sem consciência da terrível destruição que causam.

Quando Jesus enviou Seus discípulos para disseminar as boas-novas, Ele tinha consciência da vulnerabilidade deles. Os cristãos, hoje, não são vulneráveis apenas diante dos “lobos” mundanos, mas também dos lobos vestidos com lã de cordeiro, que agridem os cristãos ao usar mal a Escritura. Alguns desses lobos conservam seus seguidores cristãos num contínuo estado de criancice, levando-os a ter medo de pensar por si mesmos ou a confiar no próprio juízo por medo de que ofenderão a Deus por não se tornarem “como crianças”. Cristãos insensíveis ou profanos agridem os outros com palavras duras de julgamento ou atos como mexericos ou traição. Essas feridas raramente são trazidas à luz, tratadas e curadas. São deixadas a aleijar a vítima ou a infectá-la com seu veneno.

“Sejam prudentes”, Jesus nos aconselha, assim como fez com os discípulos. A prudência é uma proteção contra falsos mestres. Ele nos ensinou a sermos cuidadosos em nossos relacionamentos, tratando os outros com amor e bondade. Quando permitimos que Deus coloque o perdão em nosso íntimo, quando levamos aos feridos uma atenção que promove a cura, a vulnerabilidade se transforma em oportunidade para que Deus atue em nossa vida e na vida de outras pessoas.

Dolores Klinsky Walker