Domingo
19 de janeiro
Dons
Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. 1 Coríntios 12:31

Por muito tempo convivi com um impasse em minha vida espiritual: simplesmente não conseguia identificar qual era o meu dom. Muitos imaginam que a esposa do pastor deve cantar, tocar piano, pregar, liderar as mulheres, assumir o departamento infantil, entre outras tarefas.

Como esposa de pastor, eu vivia angustiada, pois não canto, não toco nenhum instrumento musical, e sou extremamente tímida. A timidez me atrapalhava muito no desempenho de determinadas funções na igreja. Sempre gostei de preparar sermões, mas não queria falar em público. Até mesmo ensinar na salinha das crianças me deixava desconfortável. Decidi clamar a Deus para que me ajudasse a vencer esse obstáculo e a encontrar o meu dom a fim de que eu pudesse me sentir mais útil.

Comecei a estudar inglês e espanhol ainda muito jovem, e Deus me deu a oportunidade de fazer a graduação em Tradutor e Intérprete. Ao todo, passei dez anos no campus estudando, dando aulas e realizando trabalhos de tradução, até que meu marido formou-se em Teologia e fomos servir a Deus no sul da Bahia. Pouco tempo depois, uma pessoa entrou em contato comigo perguntando se eu poderia traduzir o livro do projeto Impacto Esperança daquele ano, uma iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia de levar esperança a todas as pessoas por meio da literatura impressa.

Traduzir é algo de que gosto muito, ainda mais quando, por meio desse trabalho, colaboro em anunciar as boas-novas do evangelho. O livro foi publicado e espalhou-se pelo país como folhas de outono. Tempos depois recebi uma carta que originalmente tinha sido enviada à Casa Publicadora Brasileira, editora que me encomendou a tradução e publicou a obra Ainda Existe Esperança, traduzida do espanhol. O remetente era um presidiário. Na carta ele agradecia à tradutora do livro a oportunidade de ler a mensagem ali contida, que lhe trouxe esperança e libertação. Ora, quem é que se importa em saber quem traduziu um livro? Geralmente, o leitor se interessa em saber quem é o autor da obra, não é mesmo?

Ainda hoje me emociono ao reler aquela carta e refletir em como Deus usou aquele rapaz para também me abençoar. A partir de então, percebi que minha habilidade de traduzir é um precioso dom que o Senhor me concedeu. Além disso, Deus tem me auxiliado a vencer a timidez e a descobrir outros dons e talentos, como a pregação, por exemplo. Quando Lhe suplicamos por ajuda e discernimento, o Senhor nos conduz a cada passo da jornada e nos dá muito mais do que pedimos.

Fernanda Caroline de Andrade Souza