Quarta-feira
09 de setembro
Coração agradecido
Que darei ao Senhor por todos os Seus benefícios para comigo? Salmo 116:12

Ao ser dada a oportunidade para quem desejasse expressar gratidão por alguma bênção recebida, a única das minhas tias a romper a barreira dos 100 anos de vida levantou-se de seu lugar e foi à frente. Eram momentos especiais, antigamente reservados para isso, na Escola Sabatina. Eu era criança, mas a cena ficou gravada em minha memória. Com voz pausada e semblante sereno, como se estivesse desfrutando cada palavra, ela recitou o Salmo 116. Não sei se esse era seu salmo predileto, mas a intensidade do sentimento em sua expressão me marcou fortemente e me fez entender que deveria haver um motivo muito especial para aquele gesto.

Fico pensando no que o salmista sentia ao compor esse poema. Nele, o autor se derrama em ações de graças por alguma experiência na qual foi alvo da mão libertadora do Pai celestial. Ao fazer essa declaração de amor ao Senhor, ele tão somente revela o profundo sentimento de um coração agradecido que responde ao amor divino, provedor de cuidados enumerados nos versos 1 a 8. A isso seguem-se ações práticas, como entrega e confiança no poder divino (v. 9-11) e compromisso com o serviço (v. 16-19).

Os versos 12 a 15 contêm afirmações especiais da gratidão exteriorizada. “Que darei ao Senhor por todos os Seus benefícios para comigo?” Essa é a pergunta da mente humana limitada para avaliar a grandeza das bênçãos recebidas. Paradoxalmente ao ato de dar, ele se dispõe a tomar “o cálice da salvação”. Estudiosos consideram essa uma referência ao cálice usado para derramar vinho como oferta no sacrifício do ritual judaico (Êx 29:40; Nm 15:1-14). Também pode ser uma alusão à experiência de vida com seus altos e baixos; pode conter bênçãos ou sofrimentos (Sl 16:5, 6; Lc 22:42, por exemplo).

No livro dos Salmos, a palavra “salvação” geralmente aparece como símbolo de libertação, proteção, provisão e bênçãos. Na mesa do Supremo Pastor há um cálice transbordando bênçãos para nós (Sl 23:5). Pela fé, podemos tomá-lo, desfrutá-lo e, em gratidão, adorar e servir. Nada temos que Lhe possamos oferecer, honrando-O na devida medida. Tudo o que podemos Lhe dar é nosso humilde reconhecimento, ao recebermos Dele o todo que Ele é e tem para suprir nosso nada. Recebemos e agradecemos, louvamos e nos entregamos a Ele, que nos encherá de misericórdia e graça, a cada dia. Não conheço experiência mais rica para ser vivida hoje.