Sexta-feira
15 de janeiro
Motivos e ações
Não há nenhum justo, nem um sequer. Romanos 3:10

Cumprindo a lei de trânsito, o motorista que dirigia lentamente parou ao sinal vermelho. Agiu bem ou mal? O piloto que estava em primeiro lugar numa corrida diminui o ritmo e deixou quem estava em segundo lugar vencer. Agiu bem ou mal? Um mendigo se aproxima do vidro do carro e pede dinheiro; o condutor vai embora e não dá nada ao pedinte. Agiu bem ou mal?

Existem ações que aparentam ser óbvias e fáceis de classificar; mas, na realidade, nada é tão simples assim. Bons atos não transformam ninguém em boa pessoa. Quem pratica boas ações não está necessariamente agindo com bondade. E se soubéssemos que o primeiro motorista dirigia às duas horas da manhã e, com má vontade, levava uma vizinha ao hospital? E se descobríssemos que o piloto havia ganhado um bom dinheiro, às escondidas, para não chegar em primeiro lugar? E se soubéssemos que o dono do carro até queria ajudar, mas não tinha um centavo na carteira?

A situação pode se tornar ainda mais complicada. O que dizer de um árbitro que analisou um lance e expulsou o jogador? Agiu bem ou mal? Torcedores do time “beneficiado” afirmam que ele agiu bem; mas a torcida adversária considera que ele agiu mal. O que fazer? E quanto àquele que olhou a resposta na prova do colega porque não podia ser reprovado? O que dizer do jovem que viajou nas férias para um país pobre a fim de trabalhar em favor dos mais necessitados? Agiu bem? Uma menina tirou duas sacolas cheias de roupas e as deu a uma pessoa. Agiu bem? O apóstolo Paulo nos leva à reflexão, ao dizer: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá” (1Co 13:3). O amor vai além das ações e alcança as intenções.

Devemos sempre considerar a complexidade dos julgamentos. Afinal, é possível ser bom? A verdade é que, sem Deus, nunca seremos bons, puros ou justos. Somente Ele pode purificar nossas intenções. Nossos atos de misericórdia não valerão nada se não forem motivados pelo amor que vem de Cristo. Diante do desejo de ser bom, nossa atenção não deve se voltar para nossos atos nem para os outros, mas para Ele. Só assim poderemos ser canais por onde flui o amor de Deus.