Segunda-feira
22 de fevereiro
Rios e regatos
Convém que Ele cresça e que eu diminua. João 3:30

O escritor Conan Doyle afirmou que “a principal prova da verdadeira grandeza de um homem está na capacidade que ele tem de perceber toda a sua pequenez”.

Toda pessoa não convertida tem dificuldade para entender a situação em que se encontra. Por exemplo, se é inteligente e poderosa, orgulha-se de ser assim. Olha por cima e diz: “Todos os caminhos levam a Roma; mas eu sou Roma.” Se é pobre e de pouco talento, considera-se um joão-ninguém, tem uma autoestima muito baixa. Só mesmo o cristianismo para corrigir esses extremos e reconduzir a pessoa para um conceito correto de si mesma.

Em meus tempos de estudante, tive o privilégio de sobrevoar várias vezes a floresta amazônica, chamada de “Inferno Verde”, por Alberto Rangel. Certa vez, entre as cidades de Manaus e Belém, deliciei-me com um cenário fantástico e indescritível. Lá de cima, através da pequena janela da aeronave, contemplei o rio Amazonas e muitos de seus afluentes. E me lembrei de algumas comparações poéticas feitas por Ellen White: “O vasto e profundo rio, que oferece caminho ao tráfego e às viagens dos povos, é considerado um benefício ao mundo inteiro; mas que dizer dos riachinhos que ajudam a formar aquele nobre rio? Se não fossem eles, o rio desapareceria” (Educação, p. 81).

O que seria do Amazonas sem a contribuição de outros rios? Deve ele se orgulhar de ser um rio caudaloso? Na igreja e nas atividades humanas em geral, o que seria das pessoas que ocupam cargos importantes sem a cooperação de trabalhadores e obreiros humildes? Ellen White continua dizendo: “Assim também, há homens que, ao serem chamados para dirigir alguma grande obra, são honrados como se o êxito fosse devido a eles, apenas; mas esse êxito exigiu a fiel cooperação de um número quase incontável de obreiros mais humildes, obreiros de quem o mundo nada conhece” (Educação, p. 82).

Consideremos, agora, uma lição de estímulo para os que se acham pequenos. “Mas o riacho que segue silenciosamente através de bosques e prados, levando saúde, fertilidade e beleza, é tão útil em sua marcha como o grande rio” (Educação, p. 82). O que interessa não é a quantidade de talentos que possuímos, mas nossa atitude para com eles. Afinal, rios e regatos correm para o oceano. E o oceano é Deus.

Rubens S. Lessa, 28/2/2000