Lição 10
30 de maio a 05 de junho
A Bíblia como História
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Et 5-7
Verso para memorizar: “Eu Sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito” (Êx 20:2; veja também Dt 5:6).
Leituras da semana: 1Sm 17; Is 36:1-3; Is 37:14-38; Dn 1; 5; Mt 26:57-67; Hb 11:1-40

Bíblia é constituída na História. A história bíblica se move em uma direção linear de um início definido, quando Deus criou todas as coisas, para um objetivo final, quando Ele restaurará a Terra em Sua segunda vinda.

A natureza histórica das Escrituras é uma característica que as distinguem dos livros “sagrados” de outras religiões. A Bíblia admite um Deus, que age pessoalmente na História; ela não tenta provar essa existência. No princípio, Deus falou, e a vida foi criada na Terra (Gn 1:1-31). Ele chamou Abrão do meio dos caldeus. Ele libertou Seu povo da escravidão do Egito. Ele escreveu os Dez Mandamentos em tábuas de pedra com Seu próprio dedo (Êx 31:18). Ele enviou profetas e juízos. Chamou o povo a viver e compartilhar Sua Lei divina e o plano da salvação com outras nações. Por fim, Ele enviou Seu Filho Jesus Cristo ao mundo, dividindo assim a História para sempre.

Nesta semana, examinaremos algumas das principais questões da História, conforme retratadas na Bíblia, e perceberemos algumas evidências arqueológicas que ajudam a sustentar a História expressa nas Escrituras.



Domingo, 31 de maio
Ano Bíblico: Et 8-10
Davi, Salomão e a monarquia

A monarquia de Davi e Salomão representa a era dourada na história de Israel. E se Davi e Salomão não existiram, como alguns afirmam? E se o reino deles não tivesse sido tão extenso quanto a Bíblia descreve, como alguns também alegam? Sem Davi não haveria Jerusalém, a capital da nação (2Sm 5:6-10). Sem Davi não teria existido nenhum templo construído por seu filho Salomão (1Rs 8:17-20). Finalmente, sem Davi, não haveria um futuro Messias, pois mediante a linhagem de Davi um Messias foi prometido (Jr 23:5, 6; Ap 22:16). A história israelita precisaria ser completamente reescrita. No entanto, essa história, como se lê nas Escrituras, é precisamente o que dá a Israel e à igreja sua função e missão singulares.

1. Leia 1 Samuel 17. Como Deus concedeu uma vitória decisiva a Israel? Quem foi usado para essa vitória? Onde ela aconteceu?

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Observe a precisa descrição geográfica das linhas de batalha em 1 Samuel 17:1-3. O sítio de Khirbet Qeiyafa está localizado nas colinas exatamente na área do acampamento israelita descrito nesse capítulo. Escavações recentes revelaram uma fortaleza massivamente fortificada da época de Saul e Davi, com vista para o vale. Dois portões do mesmo período de tempo foram escavados. Como a maioria das cidades em Israel tinha apenas um portão, essa característica pode ajudar a identificar o local como Saaraim (1Sm 17:52), que em hebraico significa “dois portões”.

Se esse for o caso, então identificamos pela primeira vez essa antiga cidade bíblica. Em 2008 e 2013 foram encontradas respectivamente duas inscrições que muitos acreditam que representam a mais antiga escrita hebraica já descoberta. A segunda inscrição menciona o nome Esbaal, o mesmo nome de um dos filhos de Saul (1Cr 9:39).

Em 1993, escavações na cidade de Tel Dan, no norte, descobriram uma inscrição enorme escrita pelo rei Hazael de Damasco, que registrou sua vitória sobre o “rei de Israel” e o rei da “casa de Davi”. A dinastia de Davi foi descrita na Bíblia dessa mesma maneira, o que acrescenta evidências arqueológicas poderosas de que Davi existiu historicamente, exatamente como a Bíblia declara.

Imagine se o rei Davi realmente não tivesse existido, como alguns afirmam. Quais seriam as implicações disso para a nossa fé?

Deus tem sido prioridade em sua vida?


Segunda-feira, 01 de junho
Ano Bíblico: Jó 1, 2
Isaías, Ezequias e Senaqueribe

2. Leia Isaías 36:1-3; 37:14-38. Nesse relato de uma forte campanha assíria contra Judá, como Deus libertou Seu povo?

A.(  ) O Anjo de Deus destruiu o exército de Senaqueribe.
B.(  ) A ousadia de Ezequias derrotou os assírios.

Em 701 a.C., Senaqueribe atacou Judá. O relato foi registrado nas Escrituras. Essa história também foi relatada de várias maneiras pelo próprio Senaqueribe. Em seus anais históricos, descobertos na capital de Nínive, ele se vangloriou: “Sitiei e conquistei quarenta e seis das cidades fortificadas [de Ezequias] e inúmeras aldeias menores em sua vizinhança.” No palácio de Senaqueribe, em Nínive, ele celebrou o fato de ter derrotado a cidade de Laquis, na Judeia, cobrindo as paredes de uma sala central do palácio com representações em alto-relevo de seu cerco e batalha contra a cidade.

Escavações recentes em Laquis descobriram os escombros da imensa destruição da cidade, que ocorreu quando ela foi queimada por Senaqueribe. Mas Jerusalém foi miraculosamente poupada. Senaqueribe pôde ­vangloriar-se apenas disto: “Quanto a Ezequias, o judeu, eu o encerrei em sua cidade como um pássaro em uma gaiola.” Não há descrição de uma destruição de Jerusalém no período assírio nem relato sobre cativos sendo levados à escravidão.

De fato, Jerusalém foi sitiada, mas a Bíblia registra que o cerco durou apenas um dia, quando o Anjo do Senhor livrou Seu povo. Como Isaías havia predito: “Pelo que assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma, não virá perante ela com escudo, nem há de levantar tranqueiras contra ela. Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor. Porque Eu defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de Mim e por amor do Meu servo Davi” (Is 37:33-35).

É interessante que somente Laquis tenha sido preeminentemente representada em Nínive, a capital assíria. Não foram encontrados registros de Jerusalém nas paredes do palácio. Senaqueribe podia orgulhar-se apenas de ter derrotado Laquis. A prova final entre o Deus do Céu e os deuses dos assírios foi demonstrada na libertação do povo de Deus. Ele viu os atos de agressão da Assíria e ouviu a oração de Ezequias. Deus age na História.

Como você pode se lembrar de que o Deus que tão miraculosamente libertou Israel naquele tempo é o mesmo Deus a quem você ora, em quem você confia e de quem você depende?


Terça-feira, 02 de junho
Ano Bíblico: Jó 3-5
Daniel, Nabucodonosor e Babilônia

Em julho de 2007, um estudioso da Universidade de Viena estava trabalhando em um projeto no Museu Britânico quando encontrou um tablete da época de Nabucodonosor, rei de Babilônia. No tablete, ele encontrou o nome “Sarsequim” [Nebo-Sarsequim, NVI], o nome de um oficial babilônico mencionado em Jeremias 39:3. Sarsequim foi um dos muitos indivíduos, tanto reis como oficiais, que (graças à arqueologia) foram redescobertos da época de Daniel e Nabucodonosor.

3. Leia Daniel 1 e 5. Como as primeiras decisões de Daniel correspondem às ações de Deus em usá-lo como Seu servo e profeta para influenciar milhões de pessoas ao longo da História?

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Daniel resolveu firmemente (Dn 1:8) permanecer fiel a Deus em relação à sua alimentação e às suas orações. Esses bons hábitos, formados no início de sua experiência, tornaram-se o padrão que lhe daria força para sua longa vida. O resultado foi um pensamento claro, sabedoria e entendimento que vinham do Céu. Isso foi reconhecido por Nabucodonosor e Belsazar, de modo que Daniel foi elevado às posições mais altas do reino. Contudo, talvez mais importante, seu testemunho resultou na conversão do próprio rei Nabucodonosor (Dn 4:34-37).

O rei era filho de Nabopolassar. Juntos, eles construíram uma cidade gloriosa, insuperável no mundo antigo (Dn 4:30). A cidade de Babilônia era enorme, com mais de 300 templos, um palácio espetacular e cercada por enormes muros duplos com cerca de 4 e 7 metros de espessura. Os muros eram intercalados por oito portões principais, todos nomeados em homenagem às principais divindades babilônicas. O mais famoso é o portão de Ishtar, escavado pelos alemães e reconstruído no Museu de Pérgamo, em Berlim.

Em Daniel 7:4, Babilônia é descrita como um leão com asas de águia. O caminho de procissão que conduz ao portão de Ishtar é revestido com imagens de 120 leões. Uma imagem de um enorme leão lançando-se sobre um homem também foi encontrada durante escavações e permanece até hoje fora da cidade. Todas essas imagens testemunham do leão como símbolo apropriado para Babilônia, a Grande. A história bíblica e sua mensagem profética são confirmadas.

Daniel 1:8 declara que o profeta resolveu firmemente. O que isso significa? Quais coisas você precisa decidir energicamente fazer ou deixar de fazer?


Quarta-feira, 03 de junho
Ano Bíblico: Jó 6, 7
O Jesus histórico

4. Leia Mateus 26:57-67; João 11:45-53; 18:29-31. Quem foi Caifás e qual foi seu papel na morte de Cristo? Quem foi Pôncio Pilatos? Qual foi a importância da sua decisão para que o Sinédrio realizasse seus objetivos?

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Caifás foi um sumo sacerdote e instigou uma conspiração para buscar a morte de Jesus. Sua existência foi registrada também por Josefo, o historiador judeu que escreveu em nome dos romanos. “Além disso, ele também privou José, que também era chamado Caifás, do sumo sacerdócio e nomeou Jônatas, filho de Ananus, sumo sacerdote, para sucedê-lo” (Josephus Complete Works; Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1969, livro 18, capítulo 4, p. 381).

Em 1990, uma tumba familiar foi descoberta ao sul de Jerusalém, contendo doze ossuários, ou caixas de ossos. As moedas e a cerâmica da tumba datam de meados do primeiro século d.C. O ossuário mais ornamentado, com vários conjuntos de ossos, contém o nome “José, filho de Caifás”. Muitos estudiosos acreditam que essa tenha sido a tumba e caixa de ossos de Caifás, o sumo sacerdote tão diretamente envolvido na morte de Jesus.

Em 1961, uma inscrição com o nome de Pôncio Pilatos, governador da Judeia sob o imperador Tibério César, foi encontrada em uma pedra no teatro de Cesareia Marítima.

Assim, em ambos os casos, algumas das principais figuras que envolvem a morte de Cristo foram confirmadas pela História.

Historiadores seculares dos dois primeiros séculos também falam sobre Jesus de Nazaré. Tácito, historiador romano, escreveu sobre Cristo, Sua execução por Pôncio Pilatos no reinado de Tibério César e acerca dos primeiros cristãos em Roma. Plínio, o Jovem, governador romano, escreveu em 112–113 d.C. ao imperador Trajano, perguntando como deveria tratar os cristãos. Ele os descreveu dizendo que se reuniam em determinado dia antes do alvorecer, cantando hinos como se fosse para um deus.

Essas descobertas arqueológicas e fontes históricas apresentam uma base adicional, extra-bíblica para a existência de Jesus, que foi adorado
nos primeiros 50 anos após Sua morte. Os próprios evangelhos são as fontes primárias sobre Jesus, e devemos estudá-los cuidadosamente para aprender mais sobre Cristo e Sua vida.

Embora seja sempre bom ter evidências arqueológicas que apoiem nossa fé, por que nossa fé não deve depender dessas provas, por mais úteis que elas possam ser?


Quinta-feira, 04 de junho
Ano Bíblico: Jó 8-10
Fé e História

Não vivemos isolados. Nossas escolhas influenciam não apenas a nós mesmos, mas a outros também. Da mesma forma, muitas pessoas do antigo povo de Deus impactaram grandemente o futuro de outras. Em Hebreus 11, o famoso capítulo da fé, vemos um resumo da influência de muitos desses antigos heróis da fé.

5. Leia Hebreus 11:1-40. Quais lições podemos aprender com a vida desses heróis antigos?

Enoque: _____________________________________

Noé: _______________________________________

Abraão: _____________________________________

Sara: ______________________________________

José: ______________________________________

Moisés: ____________________________________

Raabe: _____________________________________

Sansão: ____________________________________

Fé não é simplesmente uma crença em algo ou alguém; é agir em resposta a essa crença. É uma fé que atua; e isso é considerado como justiça. Esses atos de fé mudam a História. Cada um deles depende da confiança na Palavra de Deus.

Noé agiu com fé quando construiu a arca, confiando na Palavra de Deus acima da experiência e da razão. Em virtude de nunca ter chovido, a experiência e a razão sugeriam que um dilúvio não tinha absolutamente nenhum sentido. Mas Noé obedeceu a Deus, e a humanidade sobreviveu. Abraão, então chamado Abrão, deixou Ur no sul da Mesopotâmia, a cidade mais sofisticada do mundo naquela época, e saiu, sem saber aonde Deus o levaria. Mas ele escolheu agir de acordo com a Palavra do Senhor. Moisés escolheu tornar-se um pastor levando o povo de Deus à Terra Prometida, em vez de se tornar o rei do Egito, o maior império do seu tempo. Ele confiou na voz do Todo-Poderoso chamando-o da sarça ardente. Raabe decidiu confiar nos relatos da libertação promovida por Deus. Ela protegeu os dois espias e se tornou parte da linhagem de Jesus. Sabemos tão pouco sobre como nossas decisões afetarão a vida de inúmeras pessoas nesta geração e nas que estão por vir!

Quais decisões cruciais estão diante de você? Como você faz escolhas? Por quê?


Sexta-feira, 05 de junho
Ano Bíblico: Jó 11-14
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 643-648 (“Davi e Golias”); Profetas e Reis, p. 331-339 (“Ezequias”) e p. 349-366 (“Libertos da Assíria”); “Métodos de Estudo da Bíblia”, seção 4.k: acesse em http://www.centrowhite.org.br/metodos-de-estudo-da-biblia.

“A Bíblia é a história mais antiga e abrangente que a humanidade possui. Veio diretamente da fonte da verdade eterna, e, ao longo dos séculos, a mão divina tem preservado sua pureza. Ilumina o remoto passado, que a pesquisa humana em vão procura desvendar. Somente na Palavra de Deus contemplamos o poder que lançou os fundamentos da Terra e estendeu os céus. Unicamente ali encontramos um relato autêntico da origem das nações. Apenas ali se apresenta a história de nossa humanidade, não maculada por orgulho e preconceito humanos” (Ellen G. White, Educação, p. 173).

“Aquele que tem conhecimento de Deus e de Sua Palavra tem consumada fé na origem divina das Santas Escrituras. Ele não testa a Bíblia pelas ideias científicas do homem. Ele traz essas ideias ao teste da norma infalível. Sabe que a Palavra de Deus é verdade, e a verdade jamais pode se contradizer; seja o que for que, nos ensinamentos da chamada ciência, contradiga a verdade da revelação divina, é mera suposição humana. Para o homem verdadeiramente sábio, os conhecimentos científicos abrem vastos campos de pensamento e informações” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 325).

Perguntas para consideração

1. O que acontece quando evidências arqueológicas são interpretadas de uma forma que contradiga a história bíblica? O que isso revela sobre o fato de que devemos depender da Palavra de Deus e confiar nela, independentemente das alegações da arqueologia ou de qualquer outra ciência humana?

2. Pense nas profecias bíblicas cumpridas no passado. Por exemplo, a maioria dos reinos de Daniel 2 e 7. Como podemos aprender com essas profecias, que foram cumpridas na História, e confiar no Senhor acerca das profecias que ainda não se cumpriram?

Respostas e atividades da semana: 1. Deus usou Davi, que acertou a cabeça de Golias com uma pedra, no Vale de Elá. 2. A. 3. As decisões de Daniel na juventude o habilitaram a cumprir uma missão e função planejadas por Deus para ele e para Seu povo. 4. Caifás foi sumo sacerdote na época de Jesus e instigou o Sinédrio a buscar a execução de Cristo; Pilatos governava a província da Judeia e se eximiu da responsabilidade de julgar Jesus, deixando que o povo judeu o fizesse. Isso levou à condenação de Cristo. 5. Enoque andou com Deus e foi levado ao Céu; Noé teve fé no que não podia ver, construiu a arca e salvou sua família; Abraão partiu sem saber aonde ia, mas Deus o recompensou; Sara confiou na promessa de que teria uma descendência numerosa; José permaneceu fiel a Deus no Egito; Moisés desprezou a cidadania egípcia e preferiu ser contado com os israelitas; Raabe arriscou a vida para acolher os espias; apesar dos seus erros, Sansão foi usado pelo Senhor e livrou seu povo das mãos dos filisteus.



Resumo da Lição 10
A Bíblia como História

RESUMO DA LIÇÃO 10

A Bíblia como História

Textos-chave: 1Sm 17; Dn 1; 5; Is 36:1-3; 37:14-38; Mt 26:57-67; Hb 11:1-40

Esboço

A História é importante porque toda a vida está enraizada nela. Não existe existência humana fora da História. Ela é o tecido da vida. É onde Deus escolheu nos colocar e Se revelar. Como a Bíblia é historicamente constituída, a História é o “lugar” em que Deus nos dá a oportunidade de testar e confirmar a veracidade de Sua Palavra. É por isso que a História e os detalhes históricos são o cenário em que a confiabilidade da Bíblia é mais desafiada e em que as críticas geralmente começam primeiro. Paulo abordou esse mesmo tema com a igreja de Corinto ao mencionar como alguns na igreja questionavam o testemunho da palavra do apóstolo: “Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé” (1Co 15:12-14). Paulo afirmou que a confiabilidade do evento histórico da ressurreição corporal de Cristo era a pedra angular da fé cristã. Se esse evento não ocorreu, nossa fé se baseia em uma farsa piedosa, não na realidade. A fé bíblica é fundamentada nos fatos históricos e em um Deus que atua na História. Nesta semana, o tema do nosso estudo é a história bíblica.

Comentário

Ilustração

O teólogo do Antigo Testamento Walter Dietrich escreveu recentemente: “Na era moderna, a História deve ser entendida e descrita como etsi deus non daretur (como se Deus não existisse)”. Mas ele admite que isso é difícil quando se avalia a história bíblica. Na Bíblia “Deus desempenha um papel ativo. [...] Ele Se envolve pessoalmente. [...] Envia profetas. [...] Move os eventos.” Dietrich conclui: “Que pessoa esclarecida pode aceitar todas essas coisas como relatos históricos?” (The Early Monarchy in Israel: The Tenth Century B.C.E. [Início da Monarquia em Israel: O Décimo Século a.C.]. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2007, p. 102, 103). Toda uma série de métodos críticos removeu a estrutura histórica da Bíblia e de seus ensinamentos, negando os mesmos eventos que Deus deu para confirmar Sua obra pessoal na vida de Seu povo. Nos últimos 200 anos, esses métodos de esclarecimento foram usados com frequência para desconstruir o claro ensino bíblico. O criticismo histórico põe em xeque eventos, e até períodos inteiros na Bíblia, e os relega à condição de mitos, sagas, histórias ou apenas teologia no sentido da imaginação humana. Esses períodos incluem a criação, o Dilúvio, o período patriarcal, a permanência no Egito, o Êxodo e a conquista da terra de Canaã, a monarquia unida, etc. Os estudiosos do Novo Testamento que usam esses métodos dissecaram as palavras de Jesus para determinar, segundo afirmam, o que Ele realmente disse e o que os outros Lhe atribuíram (falsamente). Muitos dos nossos jovens são confrontados com essas abordagens críticas quando frequentam universidades seculares. Isso levanta algumas questões importantes para o estudante sério da Bíblia. Questões históricas realmente importam para a fé? Como posso viver pela fé quando essa fé é desafiada pelo pensamento moderno e pós-moderno? Como a Bíblia, a Palavra inspirada por Deus, abre meus olhos e expande meu pensamento?

Escrituras

Como estudantes sérios da Bíblia, devemos questionar se ela deve ser avaliada com base em suposições e normas externas do modernismo e pós-modernismo ou se a Palavra de Deus deve ser avaliada com base em seus próprios termos. O testemunho interno das Escrituras indica que Deus falou ao Seu povo por meio de profetas e, às vezes, diretamente. Ele Se dirigiu a eles no tempo e no espaço. Ou seja, Ele agiu em tempo real (eventos), entre pessoas reais e em lugares reais.

Pessoas. A existência de pelo menos cem indivíduos da Bíblia, incluindo reis, servos, escribas e governadores foi confirmada por cuidadosa pesquisa arqueológica e histórica. Nas últimas duas décadas, muitas outras pessoas foram adicionadas a essa lista com a descoberta de selos, impressões de selos, pequenas inscrições e inscrições monumentais. Abaixo estão apenas alguns exemplos:

Baalis. Em 1984, em Tell el-cUmeiri, na Jordânia, os arqueólogos da Universidade Andrews descobriram uma impressão em argila de um selo com o nome “Milkom’ur” [...] servo de Baalyasha, sem dúvida uma referência a Baalis, rei dos filhos de Amom, mencionado em Jeremias 40:14. Dizia-se que esse rei desconhecido havia conspirado contra o rei da Judeia pouco tempo antes da destruição babilônica (Randall W. Younker, “Israel, Judah, and Ammon and the Motifs on the Baalis Seal from Tell el-cUmeiri” [Israel, Judá e Amom e os temas no selo de Baalis de Tell el-cUmeiri]. Biblical Archaeologist 48/3 [1985], p. 173–180).

Isaías, o Profeta. As escavações em Jerusalém em 2009 revelaram a impressão de um selo contendo o escrito “Isaías, o profeta.” A escavadora Eilat Mazar acredita que essa era de fato a impressão do selo de Isaías, o profeta. Foi encontrada a menos de três metros da impressão do selo de “Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá” (Eilat Mazar, “Is This the Prophet Isaiah’s Signature?” [Esta é a assinatura do profeta Isaías?]. Biblical Archaeology Review 44/2&3 2018, p. 64-73, 92). Em 2014, estudantes da Southern Adventist University [Universidade Adventista do Sul dos Estados Unidos] descobriram duas impressões de Eliaquim na cidade de Laquis. De acordo com Isaías 37:1, 2, todos os três indivíduos, Ezequias, Eliaquim e Isaías, estavam presentes em Jerusalém durante a invasão de Senaqueribe em Judá.

Herodes, o Grande. Em 1996, estudantes que trabalhavam com Ehud Netzer em Masada, a fortaleza de Herodes no deserto, descobriram um fragmento importado de uma ânfora de vinho. No fragmento havia uma inscrição: regi Herodi Iudaico (“para Herodes, rei da Judeia”). Foi a primeira menção ao título de Herodes, o Grande, fora do Novo Testamento e de Josefo, encontrado em um contexto arqueológico (“Pottery With a Pedigree: Herod Inscription Surfaces at Masada” [Cerâmica com Pedigree: Inscrição de Herodes é Encontrada em Massada]. Biblical Archaeology Review 22/6, novembro-dezembro de 1996, p. 27).

Cidades. Foram escavados dezenas de locais no Oriente Médio, revelando seus segredos e confirmando a existência de culturas prósperas, conforme a descrição da Bíblia. As escavações em Babilônia revelaram paredes de tijolos vitrificados coloridos cobertos com imagens de leões, touros e grifos (animal fabuloso da mitologia, com cabeça, bico e asas de águia e corpo de leão, que possui dupla natureza: divina, representada pelo espaço aéreo, próprio da águia, e terrestre, representada pelo leão. Tais animais simbolizam, ainda, respectivamente, a sabedoria e a força.) As ruínas de Azor, Megido e Gezer estavam cercadas por enormes muros duplos e portões, atribuídos às atividades de construção de Salomão (1Rs 9:15).

As cidades filisteias de Ascalom, Asdode, Ecrom e Gate foram escavadas extensivamente, revelando uma cultura sofisticada de arquitetura, arte e tecnologia. Em 1996, uma inscrição foi descoberta em Ecron, que revelou uma linhagem dinástica de cinco reis, incluindo Aquis, filho de Padi, que governou Ecrom até a destruição da cidade por Nabucodonosor (Seymour Gitin, Trude Dothan e Joseph Naveh, “A Royal Dedicatory Inscription from Ekron” [Uma Inscrição Real de Dedicatória de Ecrom], Israel Exploration Journal 47/1–2 [1997], p. 9-16). A cerâmica decorada ao estilo do mar Egeu e a tecnologia dessas cidades revelam que os filisteus eram a elite na antiga terra de Canaã. A esta pequena lista poderiam ser adicionados dezenas de outros locais, como Jericó, Jerusalém, Aco, Dã, Abel, Azeca, Libna, todos atualmente sendo escavados no Oriente Médio.

Eventos. Um dos eventos mais ilustrados da Bíblia é a campanha de Senaqueribe contra Judá em 701 a.C., como registrado em Isaías 36, 37; 2 Reis 18, 19; e 2 Crônicas 32. As escavações em Nínive, no atual Iraque, revelaram os anais do rei Senaqueribe, que descreve detalhadamente sua campanha contra Judá: “Quanto a Ezequias, o judeu, que não se submeteu ao meu jugo, eu o prendi em seu palácio real como um pássaro em uma gaiola.” Relevos esculpidos na sala central de seu palácio retratam o ataque assírio contra a cidade de Laquis, sua derrota e a procissão de prisioneiros diante do rei sentado em um trono. Escavações realizadas de 2013 a 2017 pela Southern Adventist University [Universidade Adventista do Sul dos Estados Unidos] e pela Universidade Hebraica de Jerusalém revelaram a grande destruição de Laquis, em Israel, recuperando dezenas de pontas de flechas, pedras de funda e peças metálicas de couraças entre os escombros deixados pelos exércitos assírios. No entanto, Jerusalém foi poupada, um testemunho vívido da precisão do registro bíblico referente a esse evento.

Contudo, após 200 anos, a arqueologia mal arranhou a superfície do que poderia ser encontrado. Apenas uma fração das centenas de sítios existentes foi localizada até hoje, e apenas uma fração desses foi escavada. Apenas uma fração dos locais escavados foi escavada em grau real (geralmente menos de 5%). Apenas uma fração dessas escavações foi publicada. E apenas uma fração daquelas que foram publicados contribuem diretamente para a compreensão de pessoas e eventos da Bíblia. Portanto, não devemos nos surpreender com o fato de que muitas pessoas, lugares e eventos ainda não foram descobertos. À medida que centenas de arqueólogos, voluntários e outros especialistas estão descobrindo essas antigas ruínas, mais evidências continuam a se acumular para confirmar a historicidade da Bíblia, preenchendo os detalhes de como as pessoas dessas culturas antigas trabalhavam, viviam e interagiam uns com os outros.

Aplicação para a vida

História não é apenas um assunto entediante que precisamos estudar para conseguir aprovação no colégio ou na faculdade, ou para discutirmos na classe da Escola Sabatina. É a nossa história, e é “a história Dele”. Se Deus tem atuado pessoalmente ao longo da História do mundo, você acredita que Ele ainda está ativo em sua vida hoje? Ainda experimentamos libertações miraculosas dos poderes dos nossos inimigos, de doenças e dificuldades? Muitas vezes lemos sobre os milagres realizados na Bíblia e nos perguntamos se esses milagres ainda ocorrem hoje. Se coletássemos as verdadeiras histórias de milagres de curas divinas, os sonhos que Ele enviou e Sua atuação no curso de nossa vida pessoal, de nossa família na igreja ao redor do mundo, não poderíamos escrever um livro?

1. Compartilhe com a classe como Deus tem trabalhado em sua vida. O que Ele fez por você ou talvez por um membro da família ou amigo? Faça essa pergunta à sua classe. Que testemunhos eles têm para compartilhar?

2. Um jovem adventista inicia as aulas em uma universidade pública e é confrontado por um professor que declara no início da aula que, embora alguns dos alunos tenham sido criados em igrejas e sinagogas, agora eles estão na universidade e aprenderão o que realmente aconteceu no passado. Como esse aluno deve reagir nessa situação?


UMA DECISÃO MÁ

Após meses de cultos semanais, sete presidiários estavam prontos para o batismo na Polônia. Mas como e onde batizá-los? O pastor Mariusz Maikowski teve uma ideia. O batismo poderia ser realizado no Mar Báltico em um próximo acampamento de jovens. Mariusz pediu permissão ao diretor da prisão para soltar os presos quatro dias, um dia de viagem de trem até o mar, dois dias de acampamento e um dia de volta à prisão. A lei polonesa permitia que os presos com bom comportamento e com dois terços das sentenças cumpridos saíssem da prisão por curtos períodos.

O diretor garantiu permissão especial para que seis dos sete presidiários fizessem a viagem de 400 quilômetros até Jaroslawiec. Na semana seguinte, Mariusz chegou à prisão, com vários membros da igreja, para levar os prisioneiros à estação de trem.

Outro preso, Jurek, ouviu falar dos batismos e decidiu que também queria ser batizado. Ele havia cumprido dois terços de sua sentença, deixou a prisão um dia antes e tomou providências para se juntar ao grupo adventista no trem. A viagem de trem foi uma  ocasião muito feliz. Um membro da igreja pegou o violão e o grupo começou a cantar músicas cristãs. No meio da viagem, o trem chegou à estação onde Jurek planejava embarcar, mas ele não apareceu.

No sábado, seis presidiários foram batizados no Mar Báltico.

Dois dias depois, os guardas da prisão e os presidiários ficaram surpresos ao ver todos os seis prisioneiros. Eles havia apostado em quantos deles fugiriam. Entretanto Jurek não retornou e foi emitido um mandado de prisão. Com a polícia à procura dele, Jurek não conseguia emprego. Então, se envolveu com alguns amigos bandidos e convidou seu irmão de 17 anos para fazer parte do grupo. Certa tarde, Jurek e o irmão se embriagaram no parque da cidade de Toru no norte da Polônia. Uma enfermeira passou em uma bicicleta, carregando um saco de maçãs para os colegas do hospital. Eles a roubaram, a estupraram e estrangularam. Após uma caçada policial, Jurek e o irmão foram presos.

Por 20 anos, a história de Jurek incomodou o pastor Mariusz. Jurek esteve tão perto do batismo! Se ele tivesse embarcado no trem, tudo poderia ter sido diferente. Certo dia, quando Mariusz pastoreava em Lublin, uma irmã da igreja se aproximou e disse que sua irmã estava namorando um ex-prisioneiro que precisava de um lugar para ficar. “Ele conhece muito sobre a Bíblia”, ela disse. “Como igreja podemos ajudá-lo?”

O pastor conheceu o homem, Tomek. Ele conhecia muito sobre a Bíblia e começou a visitar a igreja. Um dono de apartamento adventista alugou para ele. Mas Tomek nutria profundo ressentimento em relação a Deus. Com frequência, irrompia nele uma raiva, levando-o a  amaldiçoar Deus, durante os estudos bíblicos em seu apartamento. “Você crê em Deus porque tem uma boa família e uma boa vida”, Tomek disse ao pastor. “Eu nasci em uma família disfuncional. Meu pai e irmãos eram criminosos. Minha mãe alcoólatra. Meus irmãos mais velhos cuspiam na minha sopa. Um irmão abusava de mim constantemente. Como posso acreditar que Deus é bom?” 

Mariusz pensou na melhor maneira de responder. Durante um estudo bíblico, ele falou como uma única decisão ruim pode arruinar uma vida e contou a história de Jurek. “Veja bem, Tomek, esse homem estava muito próximo de Deus, mas uma decisão errada destruiu não somente a vida dele, mas a vida do irmão mais novo.” Tomek ficou pálido e olhou para Mariusz com olhos selvagens. O pastor ficou assustado. Os dois homens estavam sozinhos no apartamento e ele sabia que Tomek havia sido preso por assassinato.

Tomek começou a chorar. “Isso é inacreditável!”, ele disse em prantos. “Do que você está falando?”, perguntou o pastor. Tomek olhou nos olhos do pastor Mariusz e disse: “Eu sou o irmão mais novo de Jurek.” Hoje, Tomek está pensando no batismo e tentando deixar de beber. Sua influência em um centro de reabilitação para alcoólatras levou outras duas pessoas ao batismo. Seu irmão Jurek permanece na prisão.

“A história de Jurek mostra que quando estamos perto de Deus e Ele fala ao coração, devemos tomar uma decisão imediatamente”, disse Mariusz. Depois de tudo, Isaias 55:6 diz: “Busquem o Senhor enquanto se pode achá-lo; clamem por ele enquanto está perto” “Parte dessa história é triste”, continua o pastor, “mas também mostra o grande poder de Deus e o que Ele pode fazer em nossa vidas Imagine conhecer o irmão mais novo de Jurek depois de 20 anos e ser capaz de ensiná-lo sobre Deus.”

Estamos muito agradecidos pelas ofertas de 2017 que ajudaram a construir um estúdio de televisão para a Hope Channel  na Polônia, espalhando o evangelho no idioma polonês.

Dicas da História

• Pronúncia de Mariusz: .
• Pronúncia de Jurek: .
• Assista ao vídeo sobre Mariusz no YouTube: bit.ly/Mariusz-Maikowski.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq) or ADAMS databank (bit.ly/one-bad-decision).
• Faça o download das fotos nos projetos do trimestre no site: bit.ly/ted-13thprojects.

 

 


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2020
Tema Geral: Como interpretar as Escrituras
Lição 10 – 30 de maio a 6 de junho

A Bíblia como história

Autor: Isaac Malheiros
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos

A Bíblia registra e relata os atos de Deus na história.

A história da experiência humana nesta Terra é linear e progressiva, não um ciclo infinito e repetitivo como pensavam outros povos. Ela tem começo, meio e fim. A história humana caminha em direção a um objetivo final: a restauração de todas as coisas no reino eterno de Deus. A sequência dos relatos históricos é importante para a revelação profética. Jesus, por exemplo, veio “na plenitude do tempo” (Gl 4:4), e as profecias de Daniel e Apocalipse revelam eventos sucessivos na história humana.

Acreditar que a Bíblia não seja historicamente confiável não afeta apenas a compreensão da história, mas tem sérias consequências teológicas, pois a fé cristã está fundamentada nas declarações e nos atos históricos de Deus. O evangelho é definido por Paulo em termos de eventos históricos: morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (1Co 15:3-8). Por isso, um cristão bíblico não pode encarar a história como se Deus não existisse ou não Se envolvesse com ela. A Bíblia é confiável nas suas declarações teológicas e também nas suas declarações históricas.

Jesus e os apóstolos acreditavam na historicidade de personagens e eventos bíblicos (Mt 24:37; Lc 3:38; 17:29; Rm 5:14; 1Co 15:45; Hb 11; Jd 1:7, 14 etc). O registro histórico do Antigo Testamento é fundamental para nossa fé: “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15:4 NVI).

Os críticos da Bíblia e a história

Muitos críticos da Bíblia lançam dúvidas sobre a historicidade dos relatos bíblicos. Alguns afirmam que personagens como Davi e até mesmo Jesus não existiram, e que fatos como o Êxodo e a travessia do Mar Vermelho são invenções. Dizem que as profecias cumpridas na história são vaticinium ex eventu: teriam sido escritas depois dos eventos supostamente previstos, de forma a parecer que foram escritas antes do evento.

Diante das fortes evidências de que Jesus realmente existiu, os críticos passaram a desconstruir a figura divina de Cristo, em busca de um “Jesus histórico”. A pesquisa sobre o “Jesus histórico” refere-se a uma tentativa de reconstruir cientificamente a figura de Jesus de Nazaré, sem admitir Seus milagres e Sua natureza divina. O Jesus divino, o Messias que faz milagres seria o “Cristo da fé”, ou o “Jesus mitológico”.

E até mesmo alguns cristãos adeptos do “liberalismo teológico” duvidam da integridade histórica dos registros bíblicos. Para isso, usam um método de estudo chamado “histórico-crítico”, que nega tudo o que é sobrenatural. Ellen White se referiu à teologia liberal como “alta crítica”, e descreveu assim os seus efeitos: “A obra da chamada alta crítica, dissecando, conjecturando, reconstruindo, está destruindo a fé na Bíblia como revelação divina; está destituindo a Palavra de Deus do poder de dirigir, enobrecer e inspirar vidas humanas” (Educação, p. 227).

Existem dois tipos principais de abordagem sobre a confiabilidade histórica da Bíblia: o maximalismo e o minimalismo. Em linhas gerais, maximalistas creem que a Bíblia seja um registro confiável da história de Israel, e possui alto valor histórico.

Por outro lado, minimalistas supõem que o Antigo Testamento deva ser lido como ficção, a menos que haja comprovação arqueológica para sustentar os relatos. Os autores bíblicos teriam interpretado os fatos de acordo com sua fé religiosa, por isso, os registros não seriam historicamente confiáveis. Os minimalistas, de maneira geral, duvidam da existência de lugares, cidades e personagens bíblicos.

A história como propaganda antibíblica e anticristã

A formação de uma mentalidade antirreligiosa e anticristã foi um processo histórico que começou no Renascimento (séc. 14-17), passou pelo Iluminismo e se manifestou de forma violenta na Revolução Francesa (1789). Como fruto dessa mentalidade, tornou-se comum retratar negativamente a Bíblia e o cristianismo.

A Revolução Francesa “desencadeou contra Deus e Sua santa Palavra uma guerra como jamais o mundo havia testemunhado” (O Grande Conflito, p. 273). O anticlericalismo muitas vezes degenerou-se em crítica feroz à Bíblia. Tentando atingir o clero, criticava-se o próprio Deus e as Escrituras.

É inegável a rejeição iluminista e revolucionária francesa à Bíblia e ao cristianismo (leia a opinião de Ellen White sobre isso no capítulo 15 de O Grande Conflito, “A Bíblia e a Revolução Francesa”). Com o estímulo da intensa propaganda anticristã, a verdade dos fatos bíblicos e da história da igreja foi distorcida, e a versão distorcida da história sagrada acabou tomando o lugar dos eventos reais, entrando até em livros didáticos e enciclopédias.

Por isso, o cristão precisa ter um conceito correto do que é a história e separar o que é relato histórico do que é propaganda anticristã. O estudo da “história sagrada” fazia parte do conteúdo ensinado da escola dos profetas (Educação, p. 47), e precisamos estudar a história “do ponto de vista divino” (Educação, p. 239).

Sobre isso, Ellen White afirmou: “A Bíblia é a história mais antiga e abrangente que a humanidade possui. [...] Ilumina o passado remoto, que a pesquisa humana em vão procura desvendar. [...] Unicamente ali encontramos um relato autêntico da origem das nações. Apenas ali se apresenta a história de nossa raça, não maculada pelo orgulho e preconceito humanos. [...] A Bíblia revela a verdadeira filosofia da História” (Educação, 173).

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Isaac Malheiros é pastor, casado com a professora Vanessa Meira, e pai da pequena Nina Meira, de 8 anos. Tem atuado por 16 anos como pastor na área educacional, como capelão e professor, e ama ensinar a ler e interpretar a Bíblia. Atualmente, é pastor dos universitários e professor do Instituto Adventista Paranaense (IAP). É doutor em teologia (Novo Testamento), mestre em teologia (Estudos de texto e contexto bíblicos) e especialista em Ensino Religioso e Teologia Comparada.