Lição 2
05 a 11 de outubro
Neemias
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Mt 1–4
Verso para memorizar: “Tendo eu ouvido estas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos Céus. E disse: ah! Senhor, Deus dos Céus, Deus grande e temível, que guardas a aliança e a misericórdia para com aqueles que Te amam e guardam os Teus mandamentos!” (Ne 1:4, 5).
Leituras da semana: Ne 1; 2; Dt 7:9; Sl 23:1-6; Nm 23:19

Até então, dois grupos de cativos haviam retornado a Judá como cumprimento, ao menos parcial, das promessas de Deus à nação hebraica.

Porém, Deus estava preparando mais um grupo de exilados para voltar. O último grupo de cativos foi incumbido de resolver um problema. Embora os dois primeiros grupos tivessem voltado para reconstruir a cidade de Jerusalém e tivessem completado parte desse projeto ao terminar o templo, o restante da construção foi sendo abandonado à medida que surgia a oposição das nações vizinhas. Os povos circunvizinhos não queriam que os israelitas construíssem a cidade e seus muros porque temiam que eles se tornassem uma nação poderosa como haviam sido anteriormente (Ed 4:6-24). Portanto, o retorno dos israelitas parecia ser uma ameaça que eles estavam determinados a deter. Mas Deus não chamou Seu povo para abandoná-lo no meio da tarefa que Ele o havia chamado a realizar.

Por isso, Ele estava preparando outro homem para realizar Sua vontade e cumprir Seus propósitos, e o nome dele era Neemias. Agora voltaremos nossa atenção para ele e para a obra que realizou com o auxílio do Senhor.


O dia 19 de outubro será o Dia do Pastor e das Vocações Ministeriais. Celebre esse momento em sua igreja!

Domingo, 06 de outubro
Ano Bíblico: Mt 5-7
Neemias recebe más notícias

O livro de Neemias começa de modo semelhante ao livro de Daniel (leia Daniel 1:1, 2), isto é, com más notícias. Muitos haviam retornado à sua terra de origem, mas as coisas não estavam indo muito bem para eles ali.

1. Leia Neemias 1:1-4. Por que o servo de Deus ficou tão angustiado? Qual foi sua resposta às más notícias recebidas? Assinale a alternativa correta:

A.(  ) Sua família havia sido morta. Ele então chorou.

B.(  ) O povo e a cidade estavam em ruínas. Ele chorou, lamentou e orou ao Senhor.

Alguns judeus levados cativos anos antes haviam sido enviados a Susã, um dos quatro centros administrativos do Império Persa, onde Neemias servia no palácio real como copeiro. O termo usado para a expressão “Hanani, um de meus irmãos” possivelmente indique um irmão de sangue, pois em Neemias 7:2 há uma referência semelhante a Hanani, de modo bem familiar. No entanto, essa expressão também pode ser aplicada a um conterrâneo israelita apenas. A conversa com Hanani provavelmente tenha ocorrido entre meados de novembro e meados de dezembro de 445 a.C., cerca de 13 anos após o retorno de Esdras a Jerusalém. Hanani relatou que a situação em Jerusalém estava terrível. O povo não havia conseguido reconstruir Jerusalém, e o inimigo tinha destruído os muros da cidade, deixando-a indefesa e desolada.

Neemias tinha ouvido rumores de que os samaritanos haviam destruído os muros da cidade, mas ele não tinha respostas definitivas até aquele momento. Consequentemente, o próprio rei Artaxerxes acabou com a esperança dos que tinham retornado, interrompendo o progresso da construção após as reclamações dos povos dalém do rio (Ed 4).

Apesar de o templo ter sido reconstruído, ele não estava funcionando completamente, porque as pessoas responsáveis pelo serviço do santuário não conseguiam morar em Jerusalém. A situação entristeceu Neemias quando ele sentiu em seu coração as implicações da notícia: os judeus não haviam glorificado a Deus, embora tivessem retornado para esse propósito. Em vez disso, eles haviam negligenciado a casa de Deus e a cidade santa devido ao medo do inimigo e da opressão.

Por isso, Neemias se voltou para Deus. Não reclamou da falta de fé do povo; não o considerou covarde, nem aceitou a situação. Ele orou e jejuou.

Diante das más notícias, Neemias chorou, orou e jejuou. Por que, em tempos de provação, precisamos apelar ao Senhor?


Segunda-feira, 07 de outubro
Ano Bíblico: Mt 8-10
A oração de Neemias

2. Leia a oração de Neemias 1:5-11. Quais são os componentes dessa oração? Por que o servo de Deus se incluiu no grupo dos culpados?

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1. Reconhecimento da grandeza e misericórdia de Deus: Senhor, Tu és grande e tens misericórdia (Ne 1:5).

2. Súplica para que Deus ouvisse sua oração: Ouça-me (Ne 1:6).

3. Confissão dos pecados (Ne 1:6, 7).

4. Solicitação de que o Senhor Se lembrasse das Suas promessas (Ne 1:8, 9).

5. Reafirmação de que Deus havia resgatado Seu povo (Ne 1:10).

6. Nova súplica para que Deus ouvisse sua oração: Ouça-me (Ne 1:11).

7. Pedido especial de ajuda: Deus, concede prosperidade e misericórdia (Ne 1:11).

A oração de Neemias é uma bela composição que narra a grandeza de Deus, a pecaminosidade do povo e conclui com um pedido de ajuda. Essa oração se assemelha à oração de Daniel 9, e é possível que Neemias estivesse familiarizado com essa oração. Vale a pena observar que o servo de Deus não começou sua oração com um pedido de ajuda, mas primeiro declarou a verdade sobre quem Deus é: grande e temível. Ele também destacou que Deus mantém Sua aliança e tem misericórdia daqueles que O amam, como se quisesse lembrar a Deus que Ele sempre havia sido fiel e agora não podia ser diferente.

A oração apresenta uma estrutura especial (descrita acima) que tem seu centro no verso 8, em que Neemias articula as promessas de Deus. Neemias disse: “Lembra-Te”. Em outras palavras: Lembra-Te, Deus, de que prometeste que nos dispersarias quando fôssemos infiéis, mas que também nos trarias de volta e restaurarias todas as coisas. Já que a primeira parte aconteceu, agora é hora de cumprir a segunda, pois estamos nos voltando a Ti.

Neemias não teve medo de reivindicar as promessas de Deus e ­lembrá-Lo delas. Evidentemente, não é que Deus não saiba ou não Se lembre do que prometeu. Em vez disso, Ele sente prazer em nos socorrer quando Lhe pedimos ajuda. Ele deseja que acreditemos em Suas promessas e as falemos em voz alta para Ele. Ao verbalizá-las, podemos ser fortalecidos em nossa decisão de confiar nelas, especialmente nos momentos em que estamos desesperados.

Quais promessas de Deus você pode reivindicar hoje? Por que é importante nunca desistir de clamar por elas?


Terça-feira, 08 de outubro
Ano Bíblico: Mt 11-13
Neemias se manifesta

Em Neemias 1:11, vemos que o servo de Deus era o copeiro do rei. Naquela época, os copeiros podiam ser homens de poderosa influência, já que tinham acesso constante ao rei. Os copeiros provavam as bebidas destinadas ao rei a fim de prevenir doenças ou a morte do monarca. Heródoto ressalta que os persas tinham os copeiros em grande honra, pois eram considerados oficiais superiores. Por exemplo, o copeiro do rei assírio Esar-Hadom era também seu primeiro-ministro. Portanto, Neemias ocupava uma posição elevada no reino e, por causa de seu acesso ao rei, ele pediu a Deus que o usasse para falar ao soberano sobre a situação de Judá.

3. Leia Neemias 2:1-8. O que aconteceu como resultado das orações e jejum do homem de Deus? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.(  ) O rei atendeu o pedido dele e o mandou para Judá.

B.(  ) O rei se enfureceu com a ousadia de Neemias e o matou.

A oração foi respondida no mês de nisã, aproximadamente o mês de abril de 444 a.C. Quatro meses haviam se passado desde que Hanani e os judeus trouxeram a Neemias as notícias perturbadoras sobre Jerusalém. Durante quatro meses Neemias orou e jejuou, e é possível que, enquanto os dias se passavam, ele tivesse a sensação de que Deus não estava respondendo. Mas o tempo no relógio divino é sempre perfeito. O Senhor preparou o rei para ouvir Neemias e responder-lhe favoravelmente.

Não era comum o copeiro ser dispensado de seus deveres por algum tempo a fim de governar um país diferente. Deus falou por meio de Neemias e impressionou o rei persa Artaxerxes I a fazer dele um governador do território de Judá. A menção à rainha sugere que essa talvez tenha sido uma ocasião reservada, já que não era costume a rainha estar presente em banquetes formais. Neemias não mencionou Jerusalém imediatamente para não gerar ideias preconcebidas, mas fez um apelo emocional e pessoal ao rei. No momento em que o local específico foi mencionado, o coração do rei já havia sido conquistado.

Quais são os paralelos entre o cargo de Neemias na corte e o de Daniel em Babilônia? O rei pareceu muito favorável ao pedido do servo de Deus. O que isso revela sobre o caráter do copeiro?


Quarta-feira, 09 de outubro
Ano Bíblico: Mt 14-16
Neemias é enviado

Juntamente com Neemias, o rei enviou cartas a Sambalate, o horonita, e a Tobias, o amonita, oficiais superiores da região dalém do rio, a fim de preparar o caminho para a obra a ser realizada por Neemias. Além disso, o rei ordenou a Asafe, o guardião da floresta do rei, que fornecesse ao servo de Deus toda a madeira necessária para reconstruir a cidade, os muros e os portões do templo.

4. Leia Neemias 2:9, 10. O que o texto revela sobre a oposição que Neemias e os judeus em geral enfrentariam?

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Neemias chegou a Jerusalém entre os anos 445 a 444 a.C. A oposição parece ter surgido antes mesmo que ele tentasse qualquer ação, pois o pedido entregue aos governadores foi suficiente para suscitar problemas. Embora Tobias fosse um nome judaico e significasse “O Senhor é bom” (bem como o de seu filho Joanã, que significava “o Senhor é misericordioso”), ele servia como governador de Amom. Portanto, Jerusalém estava cercada de inimigos: Sambalate, o governador de Samaria, ao norte; Tobias, o governador de Amom, ao oriente; e Gesém, o árabe (Ne 2:18, 19), que tomou posse de Edom e Moabe, ao sul. Foi lamentável que a liderança daquela região tenha rejeitado Neemias porque ele se preocupava com o bem-estar dos oprimidos. Indivíduos prepotentes não se alegram com a felicidade das pessoas a quem eles intimidam.

A chegada de Neemias “a Jerusalém com uma escolta militar, mostrando que ele estava chegando para alguma missão importante, despertou o ciúme das tribos pagãs que viviam próximo da cidade, que muitas vezes tinham manifestado sua inimizade contra os judeus lançando sobre eles descrédito e insulto. Entre os mais ativos nessa ação estavam alguns chefes dessas tribos: Sambalate, o horonita; Tobias, o amonita; e Gesém, o arábio. Desde o princípio, esses líderes observaram com olhos críticos os movimentos de Neemias e procuraram, por todos os meios ao seu alcance, subverter seus planos e dificultar seu trabalho” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 635).

Quais outras histórias bíblicas mostram a oposição enfrentada por aqueles que foram chamados por Deus para fazer Sua vontade? Compartilhe sua resposta com a classe.


Quinta-feira, 10 de outubro
Ano Bíblico: Mt 17-20
Neemias se prepara para sua tarefa

O Senhor havia chamado Neemias para essa tarefa e providenciou tudo de que ele precisava. Conhecendo as promessas de Deus e a certeza do chamado divino, ele prosseguiu, mas avançou com cautela e oração. Em outras palavras, embora soubesse que Deus estava com ele, esse conhecimento não o impediu de analisar o que deveria fazer.

5. Leia Neemias 2:11-20. O que o servo de Deus fez a fim de se preparar para o projeto de reconstrução dos muros?

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Lições sobre liderança. Lição 1: Neemias não contou a ninguém os planos que Deus pusera em seu coração realizar em Jerusalém (Ne 2:12). Ele não apenas não contou esses planos ao inimigo, mas também os omitiu dos líderes judeus. Neemias estava em uma missão de reconhecimento a fim de descobrir o que precisava ser feito. Lição 2: Antes de apresentar qualquer coisa, o servo de Deus fez sua “lição de casa” e planejou toda a obra necessária. Lição 3: Quando Neemias, por fim, falou da tarefa, ele primeiramente descreveu o que Deus havia feito até aquele momento para guiar aquela expedição e então acrescentou as palavras do rei. Ele encorajou os judeus antes de pedir o comprometimento deles. Foi um verdadeiro milagre que eles tenham reagido de modo tão favorável, apesar da resistência que viria. Mediante as orações e o jejum de Neemias, Deus preparou tanto o rei como o povo judeu para que respondessem positivamente.

6. Leia Neemias 2:19, 20. O que esses versos revelam sobre a fé desse líder? Textos como Deuteronômio 7:9, Salmos 23:1-6 e Números 23:19 podem tê-lo ajudado?

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Nossas conversas demonstram quem somos e no que acreditamos. Neemias falava palavras edificantes. Ele não tinha receio de glorificar a Deus, mesmo quando as pessoas zombavam dele. Embora conhecesse o desprezo dos inimigos pelos israelitas, ele não mediu palavras nem negou sua confiança na providência divina. Como José no Egito, Neemias não tinha medo de manifestar sua fé entre os povos que não criam em Deus.



Sexta-feira, 11 de outubro
Ano Bíblico: Mt 21-23
Estudo adicional

Texto de Ellen G. White: Profetas e Reis, p. 628–634 (“Um Homem Oportuno”).

Neemias era um homem de oração. Ele “havia clamado muitas vezes a Deus em favor de seu povo. Mas agora, ao orar, um santo propósito tomou conta de sua mente. Decidiu que, se conseguisse obter o consentimento do rei e o necessário auxílio na aquisição de ferramentas e material, assumiria a tarefa de reconstruir os muros de Jerusalém e restaurar a força nacional de Israel. E suplicou ao Senhor que lhe permitisse conquistar a simpatia do rei, para que esse plano pudesse ser levado avante. Ele orou: ‘Faze prosperar hoje o Teu servo, e dá-lhe graça perante este homem’ (Ne 1:11, ARC). Neemias tinha esperado quatro meses por uma oportunidade favorável para apresentar seu pedido ao rei” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 629, 630).

Perguntas para discussão

1. O que significa o fato de que, em toda a Bíblia, os que foram chamados por Deus enfrentaram oposição? Por que isso ocorreu em quase todos os casos? Houve pessoas chamadas por Deus que não enfrentaram oposição? Cite exemplos. Por que não devemos ficar desanimados quando, mesmo fazendo a vontade de Deus, enfrentamos obstáculos para realizar o que Ele nos chamou para fazer?

2. Leia Neemias 2:18. O que isso revela sobre o poder do testemunho pessoal, e como esse testemunho foi crucial para obter a resposta que Neemias recebeu dos judeus?

3. Esdras e Neemias não teriam realizado nada sem a ajuda do rei. Em outras palavras, esses homens de Deus trabalharam em cooperação com as autoridades políticas, que eram pagãs. Que lição é possível extrair desse fato para que, como igreja, saibamos como e quando devemos buscar auxílio dos poderes políticos, quaisquer que sejam eles? Ao mesmo tempo, ao fazer isso, por que a igreja deve ser muito cautelosa?

4. Recapitule com a classe a oração de Neemias (Ne 1:1-11). Com base nessa oração, como você pode aprofundar seu relacionamento com Deus? O que ela ensina sobre entrega, confissão e reivindicação das promessas?


Respostas e atividades da semana: 1. B. 2. Primeiro Neemias louvou a misericórdia de Deus, pedindo que Ele o ouvisse. Depois confessou seus pecados e os de Israel. Então suplicou a Deus o cumprimento de Suas promessas. Em seguida, o servo de Deus lembrou a redenção do Senhor e novamente pediu que Deus o ouvisse, clamando por misericórdia e prosperidade. Neemias se incluiu como culpado porque, embora buscasse o Senhor, reconhecia a sua condição de pecador. 3. V; F. 4. Sambalate e Tobias não gostaram de ouvir que o rei havia sido favorável a Neemias; isso indica que ele sofreria alguma oposição desses governadores. 5. Ele foi até os muros assolados e deu uma volta pela cidade a fim de verificar o que poderia ser feito. 6. Neemias acreditava que o Senhor lhe daria êxito na reedificação de Jerusalém, pois confiava em Suas promessas.

Resumo da Lição 2
Neemias

RESUMO DA LIÇÃO 2

Neemias

 

ESBOÇO

 

TEXTO-CHAVE: Neemias 1:4, 5

FOCO DO ESTUDO: Neemias 1; 2

Após o retorno dos dois grupos (o primeiro liderado por Zorobabel e o segundo por Esdras), Deus encarregou Neemias, copeiro do rei Artaxerxes (Ne 1:11), de levar ainda outro grupo de exilados de volta a Jerusalém. Neemias ficou sabendo que os “restantes” dos judeus na cidade santa estavam “em grande miséria e desprezo” (Ne 1:3) devido à oposição que encontraram na reconstrução da cidade. Neemias ficou desolado com as notícias e se lamentou durante vários dias. Ele jejuou e orou a Deus.

O rei Artaxerxes percebeu que Neemias estava triste e lhe indagou o motivo. Enquanto orava silenciosamente, Neemias disse ao rei que Jerusalém estava arruinada. Ele pediu ao rei que lhe desse permissão para ir à cidade a fim de reconstruí-la. De modo surpreendente, o rei lhe concedeu seu pedido, pois “a boa mão do [seu] Deus era” com ele (Ne 2:8).
Neemias reconheceu a providência e a graça divina.

Contudo, o servo de Deus sabia que precisava de reforço, pois os governadores “dalém do Eufrates” amedrontaram os israelitas e fizeram com que parassem a obra. Devido às reclamações desses líderes, o rei Artaxerxes tinha feito cessar a reconstrução de Jerusalém. A fim de reverter a primeira ordem do rei, Neemias sabiamente lhe pediu que enviasse consigo uma carta aos líderes da região, informando-lhes que estava em missão oficial e, portanto, não devia ser impedido.

Na conclusão do capítulo 2 de Neemias, encontramos o servo de Deus explorando a obra que precisava ser realizada e encorajando o povo a construir. Enfatize que o êxito de Neemias em assegurar o favor do rei foi consequência direta da atitude de buscar a Deus em resposta aos trágicos eventos em Jerusalém (Ne 1:3). Neemias orou e jejuou (Ne 1:4); como resultado, Deus preparou o rei e o povo para reagir favoravelmente.

Comentário

A oração de Neemias (Ne 1)

Neemias ficou angustiado após receber a visita dos recém-chegados de Judá. Como oficial da corte do rei, é possível que tivesse conhecimento do juízo de Artaxerxes contra Judá. Forças hostis em volta de Jerusalém denunciaram ao rei a obra de reconstrução e este se sujeitou diante dessa investida, convencido da potencial ameaça política que os judeus representavam (Ed 4). Por causa de rumores e por ação governamental oficial, Neemias indagou sobre a situação em Judá. Infelizmente, os rumores foram confirmados por Hanani e seus ajudantes, e a verdade apresentada deve ter sido pior do que se esperava. O servo de Deus sofreu com as notícias e se lamentou durante vários dias. Porém, imediatamente buscou auxílio divino.

A lição resume a oração de Neemias. Ao analisar sua oração, descobrimos que o ponto principal (o centro) da oração foi a súplica para que Deus Se lembrasse de Suas promessas. Assim, Neemias relembrou os leitores do quadro geral: Deus cumpre Suas promessas. O líder começou a oração com adoração e louvor, antes de pedir a Deus que o ouvisse. Ofertas de adoração e louvor, por sua vez, são seguidas pela confissão de pecados e o pedido para que o Senhor Se lembre de Suas promessas de restaurar o povo. No fim, a oração volta a relembrar ao Senhor de que aquele é Seu povo redimido. Mais uma vez, Neemias pede ao Senhor que o ouça e que o rei seja misericordioso para com ele, pois sabe que o rei tem o poder de reverter a situação em Judá e, portanto, suplica que Deus atue no coração do monarca.

Muitas vezes, esperamos que as orações sejam respondidas de imediato, mas Neemias perseverou e orou durante mais de quatro meses até que algo acontecesse. O período de oração serviu para que o copeiro fosse preparado para liderar a expedição. Ele teve tempo para pensar nos passos que tomaria quando chegasse a Jerusalém, o que faria para maximizar os resultados do processo de reconstrução, e talvez até para calcular os materiais de que precisaria. Todos esses planos devem ter se solidificado na mente do servo de Deus, pois quando o rei finalmente lhe perguntou: “Que me pedes agora?” (Ne 2:4), Neemias tinha uma resposta bem pensada.

Conversa com o rei. Neemias vai a Jerusalém (Ne 2:1-10)

Neemias iniciou seu pedido ao rei falando sobre os “sepulcros de [seus] pais” (Ne 2:5).  O respeito pelos ancestrais e pelo local adequado para o sepultamento deles era motivo de profunda preocupação na antiguidade, pois dessa forma os antigos expressavam grande respeito por seus antepassados e desejo de paz. Neemias não mencionou Jerusalém pelo nome, apenas se referiu à importância do local de sepultamento e da cidade que amava. Não se sabe se toda a negociação entre o rei e Neemias aconteceu em um só momento. Contudo, é possível que a conversa tenha continuado em um local mais reservado onde a rainha estava presente (Ne 2:6). Historiadores acreditam que o rei Artaxerxes era influenciado por mulheres. Por isso, a presença de sua esposa pode ter sido um ponto positivo para Neemias (segundo Ctesias, médico e historiador grego, o nome dela era Damaspia, embora não seja mencionado na Bíblia). Mas isso é apenas especulação.

Neemias precisava de (1) tempo; (2) credenciais para que os inimigos de Israel o deixassem passar e não lhe fizessem dano; e (3) madeira para construção. É interessante observar que Asafe, oficial do rei, guardião da floresta imperial, tinha nome judeu, o que sugere que, a exemplo de Neemias, ele seria um judeu que havia conquistado uma elevada posição. O servo de Deus precisava de madeira para três projetos: (1) vigas para os portões de uma fortaleza, construída ao norte do templo com o propósito de proteger seus recintos sagrados; (2) o muro da cidade; e (3) para sua residência. É possível que ele estivesse apenas planejando reformar uma casa que havia pertencido à sua família.

Em Jerusalém: Preparação para reconstruir os muros (Ne 2:11-20)

Neemias chegou a Jerusalém com capitães do exército e cavaleiros. No caminho, ele entregou a carta do rei a cada governador que buscou deter a obra dos muros da cidade. Após descansar por três dias, o que parece ter sido um período de tempo tradicional após uma viagem longa, Neemias levou consigo um pequeno grupo numa missão noturna secreta. Talvez o grupo fosse formado por seu irmão Hanani, associados mais próximos e parentes que foram com ele a Jerusalém ou já tivessem se estabelecido ali como moradores (eles informaram o servo de Deus sobre a condição de Israel [ver Ne 1:2, 3]). O grupo silenciosamente analisou a condição dos muros e portões de modo a não atrair atenção ao projeto de forma prematura. É provável que Sambalate e Tobias tivessem aliados em Jerusalém, e Neemias suspeitasse de que estivesse sendo vigiado.

O governador declarou: “Não declarei a ninguém o que o meu Deus me pusera no coração para eu fazer em Jerusalém” (Ne 2:12). A palavra para pôr é natan, que significa “dar, colocar ou estabelecer”. Neemias enfatizou que a missão de reconstruir as fortificações não foi ideia dele, mas de Deus. O Senhor colocou essa chama no seu coração e o desejo de concluir o projeto. Estava claro para Neemias que esse era um empreendimento ordenado por Deus.

Quando a expedição noturna terminou e Neemias obteve as informações necessárias para mapear o trabalho, ele se dirigiu aos líderes dos judeus. Depois da estratégia, era hora de agir. Ele convidou os judeus: “Reedifiquemos os muros de Jerusalém, e deixemos de ser opróbrio” [do hebraico cherpa] (Ne 2:17). Cherpa significa “chacota, escárnio, insulto e desprezo”. No Antigo Testamento, com frequência cherpa é traduzido como desgraça e reprovação no sentido de vergonha. Culturas antigas se baseavam em um sistema de honra e desonra.
A honra era o valor mais importante e a desonra devia ser evitada a qualquer custo. Portanto, Neemias tocou no ponto da desonra ao apresentar seu argumento. Ele convenceu os israelitas a agir para que revertessem a situação vergonhosa pela qual estavam passando. Ter um sistema de defesa destruído tornava-os não apenas vulneráveis, mas também os envergonhava. Associada ao sentimento de vergonha estava também a culpa. O líder expressou o sentimento de seu povo de inadequação e desgraça devido à opressão. A questão principal era a honra, o respeito e a herança que eles construiriam novamente ao participar dessa importante obra. As ruínas de Jerusalém davam mau testemunho da fé do povo em Deus.

Quando, em Neemias 2:18, o servo de Deus declarou que a mão de Deus tinha sido com ele, e compartilhou o que o rei lhe havia dito, o povo foi persuadido a exclamar: “Disponhamo-nos e edifiquemos” (Ne 2:18). Eles não deviam temer o governo persa, e, ainda mais importante, precisavam se lembrar de que Deus estava com eles. Para mudar a situação, eles se dispuseram a fazer algo. Que essa demonstração de fé seja uma lição para nós. Remoer a miséria ou buscar desculpas não faz a situação mudar; ela muda somente por meio da ação. Neemias encorajou o povo a fazer algo, a agir e a mudar sua condição. O servo de Deus exortou os judeus a se apegarem a Deus com fé, porque o Senhor estava liderando essa expedição e iria levá-la à conclusão.

Portanto, quando os líderes dos inimigos foram a Neemias, zombando e rindo da tentativa do povo para construir o muro, o servo de Deus não ficou desencorajado. Ele respondeu:

“O Deus dos Céus é quem nos dará bom êxito” (Ne 2:20). O governador não deixou que os inimigos vencessem porque não nutriu no coração os insultos deles. Em vez disso, o corajoso copeiro reclamou as promessas divinas e confiou no Seu poder.

Aplicação para a vida

Faça as seguintes perguntas:

1. Observe a oração de Neemias. Que aspectos dela você pode incluir na sua rotina de oração?

2. Reflita sobre o seguinte ponto: Neemias sabia da grande oposição à reconstrução dos muros de Jerusalém antes de chegar à cidade. Se Deus enviasse você em missão a um lugar em que haja grande dificuldade e oposição, e você soubesse disso de antemão, teria coragem de atender ao chamado? Por quê?

3. Deus chamou o copeiro para uma obra específica. Ele jejuou e orou antes de falar com o rei porque amava sua cidade e seu povo. Você pensa em jejuar e orar quando surge uma dificuldade em sua vida? Como o jejum e a oração fazem a diferença? Quando foi a última vez que você jejuou, e por qual motivo?

4. Antes de dizer às pessoas o motivo de estar ali, Neemias primeiramente inspecionou a cidade para saber o que precisava ser feito.

A. Por que o planejamento é tão importante?

B. Pense sobre os ministérios específicos dos quais você é responsável ou faz parte na igreja. O que pode ser feito para examinar sua missão antes de implementá-la?


O sapateiro evangelista

Francis Ndacha já conduziu mais de 800 pessoas ao batismo no Quênia. Ele tem apenas 32 anos e não é obreiro da Igreja Adventista. Como isso é possível? Francis não frequentava a igreja em Nyeri, uma cidade localizada na região central do Quênia. O pai, um pastor de ovelhas, pertencia a uma denominação cristã e a mãe, a outra. Ele não gostava de nenhuma das duas igrejas. Quando era mais jovem, ele abriu uma loja de calçados de segunda mão em outra cidade, Kitale, e fez amizade com alguns pregadores de uma religião pagã. Então, resolveu participar dessa religião, mas não se converteu.

Certo dia, Francis assistiu a uma sessão pública entre três pregadores dessa religião pagã e cinco pregadores cristãos. Nessa reunião, que foi denominada pelos organizadores como “Diálogo” e foi preparada com permissão das autoridades locais, os convidados se revezaram na discussão sobre suas crenças na rua. Francis ficou chocado ao ouvir que os pregadores pagãos falavam sobre espíritos bons e espíritos maus. Eles falavam que os convertidos a essa religião eram bons, os que não aceitavam eram maus. Naquele momento, Francis percebeu que não deveria se unir àquela religião pagã. Embora não tivesse muita compreensão sobre temas religiosos, ele sabia que todos os espíritos são anjos caídos, ou demônios. E se recusava a crer na existência de bons espíritos.

Quando o debate terminou, Francis perguntou aos palestrantes cristãos sobre qual igreja eles representavam. “Igreja Adventista do Sétimo dia”, um homem respondeu. Francis nunca ouvira sobre os adventistas. Ao voltar para sua loja, ele perguntou a um idoso vendedor de calçados vizinho sobre a igreja adventista. “Esta é uma igreja satânica”, o homem disse. “Ela ensina as pessoas sobre as bestas com chifre na cabeça.” Francis desistiu de ser adventista.

Oito meses se passaram e Francis frequentou outro debate publico, estando presente a todas as reuniões da semana. Os palestrantes adventistas incluíram estudos bíblicos nas apresentações e ele se convenceu de que falavam a verdade. Francis e mais três pessoas foram batizadas.

Na época do batismo, Francis 20 anos de idade e começou imediatamente a falar de Jesus. Para ajudar, ele comprou livros e DVD que ensinavam a pregar. Após um ano, vendeu a loja de calçados e começou a viajar pelas cidades, pregando nas ruas e participando de debates com pregadores de religiões pagãs. Quando as pessoas pediam para ser batizadas ele direcionava à igreja adventista.

“Enquanto pregamos, vemos muitos milagres que Cristo faz através por nosso intermédio. Somente em um mês 50 pessoas pediram para ser batizadas”, ele diz. Em certo lugar, os líderes religiosos dessa religião pagã pediram que seus pregadores fossem à capital do Quênia, Nairobi, para confrontar Francis em um debate público. Os pregadores chegaram e Francis debateu com eles durantes quatro dias. No quinto dia, os líderes locais proibiram os membros de assistir a qualquer debate. Então, a polícia pediu que Francis deixasse a cidade. "Não batizamos ninguém, mas a igreja adventista local agradeceu muito nossos esforços e nos presenteou com um novo sistema de endereços públicos para nossas reuniões de rua", disse Francis.

Em julho de 2018, ele participou de um debate em uma cidade onde muitas pessoas eram membros da religião pagã. Enquanto as pessoas ouviam Francis comparar os ensinamentos de livro sagrado delas com a Bíblia, muitas decidiram aceitar Jesus. Isso irritou um oficial que não era cristão e ordenou a prisão de Francis. Estando ele na delegacia, uma multidão se formou em frente ao local, exigindo que fosse solto. “Deixe-o pregar”, as pessoas falavam. “Agora sabemos a verdade!” Depois de cinco horas, Francis foi solto sob fiança de dez mil xelins (100 dólares) e a multidão se dispersou.

Ao voltar para as ruas, Francis dirigiu o foco das apresentações sobre as profecias. Vinte e sete pessoas foram batizadas e um homem criado em uma família pagã está recebendo estudos bíblicos para se preparar para o batismo. "Eu vi como os não-cristãos agiram e vi que eles não eram sinceros", disse ele. “Como eles poderiam usar a força e prendê-lo? Eles não são sinceros.”

Francis viaja sempre com a esposa, a filha de quatro anos, o filho de três meses e vários amigos adventistas que lhe ajudam a pregar. Ele diz que ninguém precisa ser pastor para proclamar a vinda de Jesus. “Você não precisa ser obreiro na instituição adventista para pregar. Todos podem contar as boas novas que Jesus em breve voltará!”

Dicas da história

• Assista ao vídeo sobre Francis no YouTube: bit. ly/Francis-Ndacha.

• Fazer o download das fotos de resolução média desta história na página do Facebook: bit.ly/fb-mq. As fotos estarão disponíveis nos domingos, seis dias antes de a história ser apresentada.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2019

Tema Geral: Esdras e Neemias

Lição 2: 5 de outubro a 12 de Outubro

Neemias

O terceiro retorno

No comentário anterior, descrevemos brevemente as duas primeiras ocasiões em que judeus saíram de Babilônia com destino a Judá: uma na época do rei Ciro (ca. 539 a.C.), e outra na época do rei Artaxerxes I (457 a.C.). A lição dessa semana trata a respeito de uma terceira leva de judeus que decidiram voltar para seu país de origem, dessa vez no ano 444 a.C., nos dias do copeiro Neemias, o personagem principal do estudo desta semana. Quem sabe seja importante para o estudante da lição da Escola Sabatina visualizar o território para onde aqueles milhares de judeus estavam voltando. O mapa a seguir é de Judá, ou província de Yehud como a região era conhecida durante o período persa. Como se vê, era uma área bem menos expressiva do que o reino de Israel nos dias de Davi e Salomão. Judá nessa época tinha aproximadamente 50 km de leste (Jericó) a oeste (Gezer). No comentário anterior, mencionamos a pobreza dessa área na época de Esdras. É importante ressaltar que durante o período de Neemias a situação não era diferente. Aqueles que decidiram voltar para Judá tinham um recomeço difícil pela frente.

Quem era Neemias?

Somos informados pelo relato bíblico que Neemias era um copeiro na corte do rei Artaxerxes I, na importante cidade persa chamada Susã (1:1, 11; 2:1), no atual sul do Irã. Susã já era uma cidade bastante antiga na época de Neemias. Por volta do ano 3000 a.C., Susã funcionava como um importante centro comercial dos Elamitas, povo que vivia naquela região. Quando os persas se estabeleceram como soberanos no antigo oriente na segunda metade do 6º século a.C., Susã se tornou uma das quatro capitais do império. Assim como Neemias, tanto o profeta Daniel (8:2) como a rainha Ester (1:2) também moraram ali.

Extensão do império persa nos dias de Esdras e Neemias, desde a atual Índia até a Líbia. A seta no meio do mapa indica a localização da cidade de Susã.

Pedaço de uma das colunas do palácio do rei Dario I em Susã. Museu do Louvre, Paris.

O visitante que se aventurar a conhecer aquela que foi uma importante cidade do antigo oriente por milênios encontrará somente ruínas no local. Na foto, restos do palácio do rei Dario I, em Susã. Fonte: https://www.livius.org/pictures/iran/susa/susa-palace-of-darius-i-the-great/susa-palace-of-darius-room-with-inscriptions/)

O trabalho de um copeiro não deve ser considerado de pouca importância. Copeiros tinham acesso direto ao rei e eram responsáveis por provar a bebida que era servida para ele. O fato de Neemias ter assumido essa posição no império persa sugere que ele vinha de uma família influente entre os judeus. Além disso, é muito provável que Neemias também fosse um eunuco. Aqueles que serviam o rei diretamente e também tinham acesso ao seu harém eram eunucos. Essa parece ter sido uma prática comum tanto no império assírio, como na época dos persas. Ou seja, tanto Esdras como Neemias eram pessoas altamente influentes na administração do governo persa que Deus chamou para levar Seu povo de volta a Judá.

O rei assírio Assurnasirpal II (esquerda) e um eunuco-copeiro (direita). Repare no copo na mão do eunuco usado para servir mais bebida para o rei. Museu Metropolitano de Nova Iorque. Fonte: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/322611

Oração de Neemias

O livro de Neemias começa com as más notícias de Hanani para Neemias sobre os moradores de Judá. Eles estavam passando por um grande mal (heb. ra‘ah gedolah) e desgraça (heb. herppah). Os muros de Jerusalém também estavam destruídos e seus portões, queimados (1:4). Tais notícias causaram grande tristeza em Neemias, que chorou, jejuou, lamentou e orou por muitos dias. Como a lição de segunda feira apresentou, a oração de Neemias (1:5-11) tem uma bela organização de ideias. Mas muito mais importante que sua estrutura é o fato de que essa oração foi proferida pelos lábios de alguém que verdadeiramente se importava com seu povo e com sua cidade, mesmo que Neemias nunca tivesse ali pisado.

No capítulo seguinte, Neemias aparece servindo vinho para o rei (afinal, ele era um copeiro!) e interagindo com ele sobre o motivo de sua tristeza, a situação deplorável de Jerusalém. Quando o rei perguntou o que ele poderia fazer para ajudar, Neemias foi ousado o bastante para pedir não só permissão para liderar uma comitiva para reconstruir Jerusalém, mas também cartas de autorização para que ele coletasse materiais que seriam usados na restauração da cidade, e o rei assim o fez (2:4-8a). No entanto, Neemias foi enfático em destacar algo: isso tudo foi obtido graças à bondosa mão de Deus sobre ele (2:8b). Apenas lembrando, o rei Artaxerxes I era o homem mais poderoso do mundo nessa época. Seu império cobria um território de aproximadamente 5 milhões de km2 (ver mapa acima). Mas mesmo alguém tão poderoso como Artaxerxes ainda estava sob o controle do Deus de Neemias e foi através da intercessão desse homem que Deus começou a mudar a sorte de Jerusalém e dos seus habitantes.

Como anda a sua vida de oração? João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla no 4º século d.C., escreveu: “A oração extinguiu a violência do fogo, fechou a boca de leões, silenciou revoltosos, pôs fim a guerras, acalmou os elementos, expulsou demônios, rompeu as cadeias da morte, escancarou os portões do Céu, amenizou enfermidades, repeliu mentiras, salvou cidades da destruição, deteve o curso do sol e o avanço do relâmpago. A oração é uma poderosa armadura, um tesouro que nunca acaba, uma mina que nunca se esgota, um céu que nunca fica toldado de nuvens e nunca é turbado por tempestades. Ela é a raiz, a fonte, a mãe de mil bênçãos.”

Se a preocupação de Neemias com seu povo e sua cidade podem servir de alguma lição para nós hoje, eis algumas perguntas para nossa reflexão: Quando foi a última vez que oramos pela pregação do evangelho na nossa respectiva cidade? Pelos cristãos que estão sofrendo perseguição no Oriente Médio? Pelos recém conversos da minha igreja? Pelos missionários que nossa igreja tem espalhados pelo mundo? Será que nos causa profunda tristeza saber que em algumas partes do mundo aceitar a Cristo é um crime capital? Lembre-se da história de Neemias. Jamais subestime o poder de uma oração fervorosa!

Oposição a Neemias

De acordo com o capítulo 2, os planos de Neemias encontraram resistência. A Bíblia apresenta os nomes de Sambalate, o horonita, Tobias, servo amonita, e Gesem, o arábio (2:19), como opositores da comitiva de Neemias. Em escavações arqueológicas em 1963 em Wadi-ed-Daliyeh, em Israel, os arqueólogos Paul e Nancy Lapp descobriram diversos objetos, papiros e impressões de sinetes datados do 4º século a.C. Um desses objetos, uma impressão de um sinete, contém a inscrição “Pertencente a Yeshayahu, filho de Sambalate, governador de Samaria.” Com base no tipo de escrita, os pesquisadores sugeriram a data deste objeto por volta de 400 a.C. É bem provável que o Sambalate dessa inscrição seja o mesmo da história de Neemias.

Impressão do sinete de Yeshayahu, filho de Sambalate, descoberto em Wadi-ed-Daliyeh, Israel, nos anos 60.

Usando Jerusalém como ponto de referência, Sambalate residia ao norte, em Samaria, Tobias ao leste, em Amon, e Gesem ao sul, na Arábia. Literalmente, Neemias e sua comitiva enfrentaram oposição de quase todos os lados. Mas Neemias não era somente um homem de oração, mas também de ação. O restante do capítulo 2 narra com detalhes o que ele fez mesmo diante da oposição dos seus três adversários. Por estar certo que Deus estava com ele, Neemias seguia adiante com sua tarefa. Essa é uma excelente lição para nós. Diante das adversidades, e existem muitas ao nosso redor, o que fazemos? Como nos comportamos? A declaração a seguir de Ellen White demonstra qual deveria ser nossa atitude quando enfrentarmos dificuldades em nossa jornada:

“Alguns homens não têm firmeza de caráter. Assemelham-se a uma bola de cera e podem ser moldados em qualquer aspecto concebível. Eles não possuem forma nem consistência definitivas e são inúteis no mundo. Essa fraqueza, indecisão e ineficiência precisam ser vencidas. Existe no verdadeiro caráter cristão alguma coisa de indomável, que não pode ser moldada nem subjugada pelas circunstâncias adversas. Moralmente falando, os homens precisam ter espinha dorsal, uma integridade que não é vencida pela lisonja, nem pelo suborno ou terror.” 

Conheça o autor dos comentários: Luiz Gustavo Assis serviu como pastor distrital no Rio Grande do Sul por cinco anos e meio. Em 2013, continuou seus estudos acadêmicos nos Estados Unidos. Ele cursou um mestrado em arqueologia do Antigo Oriente e línguas semíticas pela Trinity Evangelical Divinity School (Deerfield, IL), e atualmente está no meio do seu programa doutoral em Antigo Testamento no Boston College (Newton, MA). É casado com Marina Garner Assis, que por sua vez faz seu doutorado em filosofia da religião na Boston University. O casal tem um filho, Isaac Garner Assis.

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1- F. Charles Fensham, The Books of Ezra and Nehemiah (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1982), 157.

2- Citado em Leonard Ravenhill, Por que Tarda o Pleno Avivamento? (Belo Horizonte, MG: Editora Betânia, 1989), 112.

3- Mary Joan Winn Linn, Wadi Daliyeh I: The Wadi Daliyeh Seal Impressions. Discoveries in the Judean Desert 24 (Oxford: Claredon, 1997), 10.

4- Ellen White, Testemunhos para Igreja, v. 5 (Tatuí, SP: CPB, 2004), p. 280.