Ao falar da prisão injusta de João Batista, Jesus disse que a sociedade de Seu tempo era “semelhante a meninos que, sentados nas praças, gritam aos companheiros: ‘Nós tocamos flauta, mas vocês não dançaram; entoamos lamentações, mas vocês não prantearam’” (Mt 11:16, 17).
Essa comparação é extraída das brincadeiras infantis, em que a imaginação das crianças favorece o faz de conta. Um dia elas dramatizavam uma festa de casamento, no outro, um funeral. Por ser tudo “de mentirinha”, os adultos não se envolviam com aquilo; então as crianças protestavam: “Vocês não dançam quando nos casamos nem choram quando morremos. Isso não é justo!”
Crianças geralmente não entendem que criar um filho e perseguir um bandido é diferente de brincar de boneca ou de polícia e ladrão. Mas criança é criança. O problema surge quando temos uma sociedade de adultos se comportando de modo infantil, pensando que a vida é uma
simples brincadeira.
Os contemporâneos de Jesus viviam em suas fantasias e se ressentiam quando outros não participavam delas. Criticavam João Batista por não se envolver em sua alegria autoindulgente, e Jesus, por não adotar sua austeridade hipócrita. Sentiam-se como os donos da bola, determinando quando o jogo deveria parar.
Hoje não é diferente. Psicólogos têm apontado o crescente número de adultos que permanecem infantilizados, longe do amadurecimento emocional. Isso está se tornando uma característica marcante de nossa sociedade.
O “adulto infantilizado” é aquele sujeito que não conseguiu realizar de maneira satisfatória a transição da adolescência para a fase adulta. Por diversas razões, o ciclo de desenvolvimento não se completou de forma adequada, resultando em sérios transtornos psicológicos.
É fundamental superar a síndrome de Peter Pan que marca essa geração. É imperativo que sejamos responsáveis por nossa família, nossas ações e decisões. Devemos disciplinar nosso ego e parar de atribuir nossos fracassos aos outros. Jesus nos ensinou a ser como crianças, porém jamais sugeriu que fôssemos infantis.