Manassés foi um rei degradante que experimentou o milagre da conversão. Ele reinou por 55 anos em Jerusalém, embora os primeiros anos provavelmente tenham sido em corregência com seu pai, Ezequias. Praticou idolatria, bruxaria e até sacrificou seu filho aos deuses pagãos (2Rs 21:3-9). Ele desviou o povo de Judá e fez “pior do que as nações que o Senhor tinha destruído de diante dos filhos de Israel” (v. 9).
O Talmude babilônico atribui a ele o assassinato do profeta Isaías, que, segundo a tradição, foi decepado a mando do rei. Hebreus 11:37 parece fazer uma alusão a isso quando menciona alguns que foram “serrados ao meio”. Curiosamente, apesar de seu péssimo currículo moral, Manassés é um rei bem documentado pelos achados da arqueologia, que testemunham certo sucesso administrativo em seu governo. Isso ilustra como um líder corrupto pode, paradoxalmente, ser um bom administrador.
Um selo autenticado de seu governo mostra a mesma iconografia de seu pai, o escaravelho alado, símbolo do deus-sol do Egito. Como vimos ontem, essa foi a marca da falha de Ezequias em estabelecer uma aliança com o Egito contra os assírios (Is 36:6). Além disso, pode ter simbolizado um desejo de unir o Norte e o Sul com a bênção de um deus pagão.
Sua biografia revela que santidade não vem por herança genética. Mesmo sendo filho de um bom rei, seus primeiros anos foram um desastre espiritual, o que mostra que nós, mais do que o ambiente em que nascemos, somos responsáveis pelas decisões que tomamos.
Deus não é sádico; no entanto, Ele não poupa o indivíduo de sentir dor se isso conduzi-lo de volta aos caminhos do bem. O apelo não atendido nos tempos de paz tocou o coração de Manassés no momento da dor, quando estava aprisionado pelas correntes babilônicas.
Por fim, Deus atende até mesmo os piores pecadores que se arrependem e se humilham diante Dele. Mesmo antes da encarnação de Cristo, a graça operava transformações, antecipando o que Paulo escreveria no futuro: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2Co 5:17). Se Deus ouviu alguém como Manassés, certamente nos ouvirá também. Basta irmos com fé até Seu trono de graça.