Lição 3
12 a 18 de julho
Começo difícil | 3º Trimestre 2025
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: ÊX 37
Verso para memorizar: “Depois Moisés e Arão foram e disseram a Faraó: – Assim diz o Senhor, Deus de Israel: ‘Deixe o Meu povo ir, para que Me celebre uma festa no deserto.’ Faraó respondeu: – Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz e deixe Israel ir? Não conheço o Senhor e não deixarei Israel ir” (Êx 5:1, 2).
Leituras da semana: Êx 5; Ap 11:8; Êx 6:1-13; Sl 73:23-26; 2Co 6:16; Êx 6:28-30; 7:1-7

Muitos acreditam que, ao decidir seguir a Deus, experimentarão apenas felicidade e sucesso. No entanto, esse não é o caso, como a Bíblia demonstra. Às vezes, surgem obstáculos e novas dificuldades. Isso pode ser frustrante e levantar questões complexas que nem sempre têm respostas claras ou não têm nenhuma resposta.

Os que confiam em Deus enfrentarão provações. No entanto, quando perseveramos, Ele traz soluções em Seus termos e no Seu tempo. Os caminhos do Senhor muitas vezes entram em conflito com nossas expectativas de soluções imediatas, mas devemos confiar Nele, independentemente das circunstâncias.

O tema do estudo desta semana é Moisés e a ordem de conduzir o povo de Deus para fora do Egito – um chamado tão claro quanto poderia ser. Esse chamado incluiu milagres e até mesmo o próprio Deus falando diretamente a Moisés, mostrando-lhe exatamente o que Ele desejava que fosse feito.

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Moisés foi chamado por Deus e recebeu uma tarefa específica. Não seria de se esperar que o processo fosse simples? Veremos que a realidade não é tão simples.

Domingo, 13 de julho
Ano Bíblico: RPSP: ÊX 38
Quem é o Senhor?

Seguindo a ordem de Deus, Moisés foi até o Faraó para iniciar o processo de libertação, no qual tiraria “do Egito o [Seu] povo, os filhos de Israel” (Êx 3:10).

1. Deus ordenou: “Deixe o Meu povo ir.” Qual foi a resposta do Faraó e o que podemos aprender com isso? Êx 5:1, 2

“Quem é o Senhor [...]?”, perguntou o Faraó, não com o desejo de conhecê-Lo, mas como um ato de desafio ou até mesmo de negação de Deus, a quem ele admitia não conhecer, quase como se orgulhando disso.

Quantas pessoas ao longo da história não fizeram o mesmo questionamento? Isso é trágico, pois, como Jesus disse: “A vida eterna é esta: que conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17:3).

O Egito, tendo o Faraó como seu rei, representa um poder que nega a presença e a autoridade de Deus, que se opõe a Deus, à Sua Palavra e ao Seu povo.

Faraó disse: “Não deixarei Israel ir”, revelando sua rebelião contra Deus, destacando o Egito como símbolo de um sistema que nega a Deus e luta contra Ele.

Não é surpreendente que muitos cristãos tenham visto essa mesma atitude repetida, milênios depois, na Revolução Francesa, que ocorreu entre 1789 e 1799 (ver Is 30:1-3; Ap 11:8). O Faraó se considerava um deus ou o filho de um deus – uma referência clara à crença em seu poder, força e inteligência supremos.

“De todas as nações apresentadas na história bíblica, o Egito, de maneira mais ousada, negou a existência do Deus vivo e resistiu aos Seus preceitos. Nenhum monarca se atreveu a se rebelar de forma mais aberta e arrogante contra a autoridade do Céu do que o rei do Egito. [...] Isso é ateísmo; e a nação representada pelo Egito [ou seja, a França] expressaria igual negação às reivindicações do Deus vivo, manifestando idêntico espírito de incredulidade e desafio” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 229).

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Se alguém lhe perguntasse: “Você conhece o Senhor?”, como você responderia? Se a resposta for sim, como você descreveria quem Ele é, e por quê?
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Segunda-feira, 14 de julho
Ano Bíblico: RPSP: ÊX 39
Um começo difícil

Moisés sabia, desde o início, que sua tarefa não seria fácil (por isso tentou fugir dela). No entanto, ele provavelmente não tinha consciência do que estava por vir.

2. Leia Êxodo 5:3-23. Quais foram os resultados imediatos do primeiro encontro de Moisés e Arão com o Faraó?

Antes de se dirigirem ao Faraó, Moisés e Arão reuniram os anciãos e o povo, transmitiram-lhes as palavras de Deus e fizeram os sinais miraculosos, convencendo os israelitas de que o Senhor os libertaria. Como resultado, eles adoraram o Senhor (Êx 4:29-31). As expectativas eram altas: Deus iria libertar os hebreus da escravidão!

No entanto, quando Moisés foi ao rei do Egito com as exigências de Deus, as coisas pioraram para os israelitas. Seu trabalho diário tornou-se mais árduo e difícil. Eles foram acusados de serem preguiçosos e tratados com maior severidade.

Os líderes dos hebreus ficaram descontentes, e o confronto entre eles e Moisés e Arão foi intenso. Além disso, como veremos mais adiante, isso prenunciou o tipo de conflito que Moisés enfrentaria com seu próprio povo nos anos seguintes.

3. Leia Êxodo 5:21. Coloque-se no lugar desses homens quando confrontaram Moisés e Arão. Por que eles disseram essas palavras?

Não é difícil entender por que eles ficaram tão aborrecidos com Moisés, a ponto de dizerem: “Que o Senhor olhe para vocês e os julgue” (Êx 5:21). Eles esperavam que Moisés viesse para libertá-los dos egípcios, não para tornar ainda mais difícil a vida deles sob o domínio egípcio.

Assim, além de lidar com os egípcios, Moisés e Arão tiveram que enfrentar a oposição de seu próprio povo.

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Qual é a melhor maneira de lidar com os líderes da igreja quando surgirem desentendimentos, que inevitavelmente acontecem?
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Terça-feira, 15 de julho
Ano Bíblico: RPSP: ÊX 40
O “Eu” divino

Pobre Moisés! Foi criticado pelo Faraó e, depois, seu povo quase o amaldiçoou.

Diante disso, Moisés se queixou: “Ó Senhor, por que afligiste este povo? Por que me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó, para falar-lhe em Teu nome, ele tem maltratado este povo; e Tu nada fizeste para livrar o Teu povo” (Êx 5:22, 23). Moisés ficou descontente com Deus e, nessas circunstâncias, isso é compreensível.

A resposta de Deus, porém, foi poderosa. Ele prometeu agir de forma decisiva: “Agora você verá o que vou fazer a Faraó” (Êx 6:1).

4. Leia Êxodo 5:22, 23; 6:1-8. Qual foi a resposta de Deus a Moisés? Quais importantes verdades teológicas são reveladas nesse texto?

Em vez de apenas falar, Deus agora interviria poderosamente em favor de Seu povo. Ele lembrou Moisés de alguns fatos importantes: (1) “Eu sou o Senhor”; (2) “apareci” aos patriarcas; (3) “estabeleci a Minha aliança com eles”; (4) prometi “dar-lhes a terra de Canaã”; (5) “ouvi os gemidos dos filhos de Israel”; e (6) “Me lembrei da Minha aliança” de dar a vocês a terra prometida (Êx 6:2-5).

Observe a repetição do pronome “Eu”. Deus estava dizendo, em outras palavras: “Eu sou o Senhor. Fiz determinadas coisas no passado e, portanto, vocês podem confiar que, no futuro, farei por vocês tudo o que prometi.”

O Senhor disse que faria quatro grandes coisas por Israel, porque Ele é o Deus vivo: (1) “vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito”; (2) “vou livrálos da escravidão”; (3) “vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo”; e (4) “Eu os tomarei por Meu povo e serei o seu Deus” (Êx 6:6, 7).

Essas quatro ações garantem e restabelecem o relacionamento de Deus com Seu povo. É o Senhor que realiza essas ações, e os israelitas recebem esses benefícios. Deus ofereceu essas dádivas por amor aos israelitas e faz isso por nós.

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Pense em personagens que se queixaram diante de Deus – e com boas razões. É errado derramar o coração e reclamar de alguma situação? Por que, no entanto, devemos sempre fazer isso com fé e confiança?
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Quarta-feira, 16 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 1
Não sei falar bem

O Senhor havia feito a Moisés promessas poderosas sobre o que Ele faria.

Embora esse encontro devesse ter encorajado Moisés, o entusiasmo provavelmente durou pouco, considerando a resposta que ele recebeu do povo.

5. Leia Êxodo 6:9-13. O que aconteceu em seguida? Que lições podemos tirar dessa história sobre momentos de desapontamento e dificuldades em nossa vida?

Os hebreus estavam tão desanimados pelo sofrimento que não conseguiram ouvir as palavras de Moisés, que garantiam que Deus cumpriria Sua promessa. Eles haviam esperado muito por isso, e suas expectativas não se cumpriram. Por que seria diferente agora? Eles estavam perdendo a esperança, o que deve ter sido ainda mais amargo porque, talvez pela primeira vez, eles viram esperança real de libertação.

Já estivemos em uma situação semelhante? Quem nunca se sentiu, em algum momento, deprimido, desapontado, insatisfeito e até mesmo abandonado por Deus?

Pense na história de Jó e reflita sobre Asafe, um salmista que se questionou sobre a prosperidade dos ímpios e o sofrimento dos justos. No entanto, apesar de suas dúvidas, Asafe escreveu uma das mais belas confissões de fé: “Contudo, sempre estou Contigo; tomas a minha mão direita e me susténs. Tu me diriges com o Teu conselho e depois me receberás com honras. A quem tenho nos Céus senão a Ti? Não há ninguém na Terra que eu deseje mais do que a Ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a rocha do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl 73:23-26, NVI).

Deus assegurou que está com Seu povo (Is 41:13; Mt 28:20) e lhe dá paz e conforto. Ele o fortalece para enfrentar os desafios da vida (Jo 14:27; 16:33; Fp 4:6, 7).

A fórmula da aliança, “Eu os tomarei por Meu povo e serei o seu Deus” (Êx 6:7), expressa o relacionamento profundo que o Senhor deseja ter com Seu povo.

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Reflita sobre esta frase: “Eu os tomarei por Meu povo e serei o seu Deus.” Embora envolvesse Israel como nação, como essa verdade se aplica a cada pessoa? Como esse relacionamento deve se manifestar em nossa vida diária? (2Co 6:16.)
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Quinta-feira, 17 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 2
Moisés: como Deus sobre o Faraó

6. Leia Êxodo 6:28-30; 7:1-7. Como o Senhor lidou com as objeções de Moisés?

Deus Se apresentou a Moisés como Yahweh, o que significa que Ele é o Deus pessoal e próximo de Seu povo, o Deus que entrou em aliança com o povo.

Esse Deus imanente, que está presente conosco, ordenou novamente a Moisés que falasse com o Faraó. Com falta de autoconfiança, Moisés mais uma vez apresentou uma objeção: “Como é que Faraó vai me ouvir?” (Êx 6:30). Aqui, vemos não apenas a humildade de Moisés, mas também seu desejo de fugir de uma tarefa que, até então, não havia sido bem-sucedida.

“Quando Deus ordenou que Moisés voltasse ao Faraó, o líder hebreu revelou desconfiança de si mesmo. A expressão aral sephatayim (literalmente, ‘lábios incircuncisos’), usada para expressar a falta de habilidade de comunicação de Moisés (Êx 6:12, 30), é semelhante à encontrada em Êxodo 4:10: ‘pesado de boca’” (Comentário Bíblico Andrews, v. 1: Gênesis a Ester [CPB, 2024], p. 227).

Em Sua misericórdia, Deus providenciou Arão para ajudar Moisés. O líder de Israel falaria com Arão, que então se dirigiria publicamente ao Faraó. Moisés desempenharia o papel de “Deus” diante do rei egípcio, e Arão seria seu “profeta”.

Esse relato apresenta uma excelente definição do que é um profeta: um porta-voz de Deus, que transmite e interpreta Sua palavra ao povo. Assim como Moisés falou a Arão, que então anunciou ao Faraó, Deus Se comunica com um profeta, que proclama Seus ensinamentos ao povo. Isso pode ocorrer pessoalmente, de viva voz, ou, como era mais frequente, o profeta recebia a mensagem e a registrava por escrito.

Deus também advertiu a Moisés que os encontros com o Faraó seriam confrontos tensos e prolongados. Pela segunda vez, Deus destacou que o Faraó seria obstinado e que Ele mesmo endureceria o coração do rei (Êx 4:21; 7:3). O resultado, contudo, seria positivo, pois Deus afirmou: “Os egípcios saberão que Eu sou o Senhor” (Êx 7:5). Em meio ao caos, Deus seria glorificado.

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Moisés ficou sem desculpas para não cumprir o que Deus o havia chamado a fazer. Que desculpas usamos para escapar do que o Senhor deseja que façamos?
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Sexta-feira, 18 de julho
Ano Bíblico: RPSP: LV 3
Estudo adicional

Leia, de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 214-220 (“As pragas do Egito”).

Observe como as coisas começaram mal para Moisés e seu povo depois que ele se apresentou ao Faraó pela primeira vez.

“O rei, profundamente perturbado, suspeitou que os israelitas estivessem armando um plano de revolta no trabalho. Para ele, o descontentamento era resultado da ociosidade; portanto, trataria de fazer com que não sobrasse nenhum tempo para formularem planos perigosos. [...] O material de construção mais comum naquele país era tijolo seco ao sol; dele eram feitas as paredes dos mais belos edifícios, que depois eram recobertos com pedra; e a manufatura do tijolo empregava grande número de escravos. Como o barro era misturado com palha, para dar consistência, grandes quantidades deste último material eram necessárias para o trabalho. O rei determinou então que não mais se fornecesse palha; os trabalhadores deviam procurá-la por si mesmos, sendo, porém, exigida a mesma quantidade de tijolos. [...]

“Os capatazes egípcios tinham indicado oficiais hebreus para fiscalizar o trabalho do povo, e esses oficiais eram responsáveis pelo serviço efetuado por aqueles que estavam sob seu encargo. Quando o mandado do rei entrou em vigor, o povo se espalhou por todo o Egito, para colher restolho em lugar de palha; mas viu que era impossível fabricar a mesma quantidade de tijolo de antes. Por causa desse prejuízo, os encarregados hebreus foram cruelmente espancados” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 215).

Perguntas para consideração

1. Atendendo ao chamado de Deus, você já enfrentou resultados negativos, pelo menos no início? Que lições você aprendeu ao longo do tempo com essa experiência?

2. Como o Senhor interveio em sua vida quando você orou por auxílio, mesmo quando não esperava? Podemos confiar em Deus quando coisas ruins atingem os fiéis?

3. O que você diria a alguém que afirmasse: “Não conheço o Senhor”? Suponha que a pessoa dissesse isso, não como um desafio, mas como um fato sobre sua vida. Como ajudá-la a conhecer o Senhor e explicar por que é importante que ela faça isso?

Respostas às perguntas da semana: 1. O Faraó disse que não conhecia o Senhor e não deixaria o povo ir. Essa atitude indica oposição a Deus e à Sua vontade. 2. O Faraó acusou os hebreus de serem preguiçosos e tornou o trabalho deles mais árduo. 3. Leiam o texto bíblico e comentem na classe. 4. Deus destacou que havia agido no passado e faria isso novamente. A salvação é obra de Deus em favor de Seu povo. 5. Os hebreus não deram ouvidos a Moisés. Em algumas situações difíceis não conseguimos crer que Deus cumprirá Suas promessas. 6. O Senhor providenciou Arão para ajudar Moisés e falar com o Faraó.

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Resumo da Lição 3
Começo difícil | 3º Trimestre 2025

TEXTO-CHAVE: Êx 5:1, 2

FOCO DO ESTUDO: Êx 5; 6; 7:1-7

ESBOÇO

Introdução: A situação de Israel mudou de forma inesperada. Embora Deus tenha prometido libertar Seu povo do Egito, a nação testemunhou uma piora imediata em sua vida. O Faraó fez exigências irracionais, recussando-se a deixar os israelitas irem adorar seu Deus. Suas circunstâncias eram tão ruins que os israelitas “não deram ouvidos” a Moisés, “por causa da angústia de espírito e da dura escravidão” (Êx 6:9). No entanto, Deus pediu a Moisés que falasse com o Faraó novamente. Mas Moisés se opôs duas vezes à ordem de Deus: “Eis que os filhos de Israel não me têm ouvido; como, pois, me ouvirá Faraó? E não sei falar bem” (Êx 6:12, 30).

Há diferentes diálogos nessa parte do livro de Êxodo (Êx 5; 6; 7:1-7). Encontros ou diálogos entre diferentes indivíduos e grupos preparam o palco para a poderosa demonstração da glória de Deus, como segue:

1. Moisés e Arão falam com o Faraó (Êx 5:1-5).

2. O Faraó falou com os capatazes dos escravos e os supervisores israelitas (Êx 5:6-9).

3. Os capatazes dos escravos e os supervisores israelitas falam com o povo (Êx 5:10-14).

4. Os supervisores israelitas falam com o Faraó (Êx 5:15-18).

5. Os  supervisores israelitas falam com Moisés e Arão (Êx 5:19-21).

6. Moisés fala com o Senhor (Êx  5:22, 23; 6:1-8).

7. Moisés fala com o povo (Êx 6:9).

8. O Senhor fala com Moisés (Êx 6:10-12).

Esses diálogos são seguidos por declarações do Senhor a Moisés e Arão (Êx  6:13, 26, 27). O registro familiar de Moisés e Arão está intercalado entre essas declarações (Êx  6:14-25). Então, novamente, o diálogo entre Moisés e o Senhor é registrado como um prelúdio para as dez pragas (Êx 6:28-30; 7:1-5). Na parte final dessa seção, a obediência de Moisés e Arão é positivamente enfatizada, pois eles fizeram tudo precisamente como o Senhor ordenou que fizessem (Êx 7:6). Junto com essa aprovação, suas idades são mencionadas: Moisés tinha 80 anos e Arão, 83 (Êx 7:7).

Podemos concluir, portanto, que não há aposentadoria do serviço de Deus. Ele necessita de que todos colaborem com Ele para promover Sua causa: jovens e idosos, homens e mulheres, crianças e adultos, livres e escravos, ricos e pobres, cultos e iletrados, pessoas em cargos de influência e trabalhadores comuns. Todos podem fazer sua parte, e juntos podemos cumprir a missão de Deus para nós.

Temas da lição: Ainda que o Faraó tenha dito um claro “não” à exigência de Deus de “deixar ir o [Seu] povo”, Deus preparou uma saída. Contudo, o povo perdeu a fé. Até Moisés discutiu com Deus, perguntando por que as coisas estavam piores: “Ó Senhor, por que afligiste este povo? Por que me enviaste?” (Êx  5:22). A  razão para essas perguntas difíceis reside no fato de que, após o primeiro encontro direto com o Faraó, as coisas se tornaram mais complicadas, e a vida dos israelitas piorou. Nem Moisés nem os israelitas esperavam passar por tal dilema. Eles esperaram uma rápida libertação da escravidão porque seu Deus era o poderoso Criador que podia fazer coisas que ninguém mais pode fazer. Que decepção devastadora! No entanto, Deus preparou o cenário da libertação e capacitou Moisés e Arão para um novo confronto com o Faraó.

COMENTÁRIO

O verso para memorizar preparou o cenário para o drama que estava prestes a se desenrolar.

Aqui estava Moisés, que, após 40 anos de ausência do Egito, entrou novamente no palácio do Faraó (no ano 1450 a.C.). Moisés e Arão visitaram o Faraó Tutmés III e o confrontaram com a ordem de Deus: “Deixe Meu povo sair para Me adorar no deserto” (Êx 7:16). O Faraó se recusou a reconhecer a existência do Senhor ou Sua autoridade. Ele se considerava um deus, adorava uma infinidade de deuses fabricados por mãos humanas e não quis aceitar o pedido do Deus vivo dos hebreus. Sua resposta arrogante definiu o poder do Egito como uma cultura pagã materialista que adorava seus próprios deuses na forma de ídolos. O Faraó negou a soberania de Deus e desafiou Sua própria existência: “Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz e deixe Israel ir? Não conheço o Senhor e não deixarei Israel ir. […] por que estão afastando o povo das suas tarefas? […] vocês ainda querem que eles descansem [em hebraico: shabat] de suas tarefas!” (Êx 5:2, 4, 5). A palavra hebraica para Egito é Mitsrayim, que significa uma terra de “dupla opressão”, referindo-se à escravidão severa e à busca de autoridade para comandar, governar e dizer aos outros o que fazer.

Em sua resposta à demanda do Senhor, o Faraó mencionou que Moisés e Arão queriam parar o trabalho dos israelitas e fazê-los descansar de seu labor. A palavra hebraica shabat aponta para o descanso do sábado, de acordo com alguns intérpretes judeus e cristãos. A  expressão “descanso do trabalho” aparece em apenas mais um lugar, especificamente em Gênesis 2:2 e 3 (onde é mencionada duas vezes). Curiosamente, o Faraó também negou o pedido de Moisés e Arão de libertar (do hebraico para’ [“deixar ir” ou “soltar”]) o povo. Curiosamente, o verbo para’ tem, em hebraico, as mesmas consoantes da palavra “Faraó”. Então, por trás da resposta do rei, podia haver um trocadilho: “Por que vocês agem como o Faraó, libertando o povo do seu trabalho?”

O rei Tutmés III tinha dois anos de idade quando foi colocado por um sacerdote no trono egípcio, após a morte de seu pai Tutmés II, em 1504 a.C. A  ascensão de Tutmés III ao trono foi provavelmente celebrada para impedir que Moisés se tornasse rei. Na  época, Moisés, filho adotivo da rainha-faraó, Hatshepsut, tinha 26 anos. Tutmés III foi corregente com sua madrasta até a morte dela em 1482 a.C., quando Moisés estava em Midiã. Aos 24 anos, Tutmés III iniciou seu reinado sozinho. Ele destruiu quase todos os monumentos e estátuas com o nome ou imagem de Hatshepsut e também é conhecido por suas campanhas militares bem-sucedidas. Ele é considerado o maior governante militar do antigo Egito. Ele também foi um construtor excepcional. Em 1450 a.C., na época do êxodo, ele tinha 56 anos.

Aliança de Deus

Antes de Deus tirar os israelitas do Egito, Ele lhes assegurou que cumpriria a aliança que havia estabelecido com Abraão, Isaque e Jacó. Ele prometeu aos seus antepassados que iria dar a eles “a terra de Canaã” (Êx 6:4; Gn 12:7; 17:8). Deus Se lembrou dessa aliança e, como a plenitude do tempo chegou, as coisas agora seguiriam adiante. Ele interviria por Seu povo. O Senhor encorajou Moisés a declarar firmemente ao Seu povo que Sua promessa seria concretizada. Sua palavra seria cumprida. A nova garantia é registrada na passagem crucial de Êxodo 6:6 a 8.

Deus começou com a declaração solene de autoidentificação: “Eu Sou o Senhor”. Por essa fórmula de reconhecimento, que é repetida 15 vezes em Êxodo, especialmente na parte que trata das pragas (Êx 6:2, 6, 7, 8, 29; 7:5, 17; 10:2; 12:12; 14:4, 18; 15:26; 16:12; 29:46; 31:13), o Senhor declarou Sua íntima proximidade e Seu cuidado amoroso por Seu povo, que seria reconhecido tanto pelos israelitas quanto pelos egípcios. Ele libertaria Seu povo, como prometido, e o livraria da escravidão egípcia.

O Senhor enfatizou quatro ações redentivas diferentes para os hebreus e lhes prometeu o seguinte:

1. “Eu os tirarei [forma hifil de yatsa‘, que significa “fazer sair”] de debaixo do jugo dos egípcios.”

2. “Eu os libertarei [forma hifil de natsal, que significa “resgatar”, “arrebatar”, “libertar”, “salvar”] de serem escravos deles.”

3. “Eu os redimirei [ga’al] com braço estendido e com poderosos atos de julgamento.”

4. “Eu os tomarei [laqakh] como Meu próprio povo, e serei [hayah] seu Deus.”

Essas promessas culminam com a fórmula da aliança que ressalta o relacionamento íntimo e a unidade amorosa entre o Senhor e Seu povo. Esse relacionamento é o cumprimento da promessa de Deus a Abraão em Gênesis 17:7 e 8. (Na liturgia do sêder da Páscoa dos judeus, essa passagem bíblica exerce papel fundamental e é simbolizada pelas quatro taças que os participantes bebem ao celebrar a redenção da escravidão no Egito.)

Então, pela primeira vez no livro de Êxodo, o Senhor proclama: “Vocês”, ou seja, os israelitas, “saberão que Eu Sou o Senhor, seu Deus” (Êx  6:7). Antes, era sempre o Senhor quem conhecia a opressão, o sofrimento e a aflição de Seu povo, mas agora Seu povo saberia quem é Deus.

O Senhor acrescentou mais duas promessas: (1) “Eu os levarei para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó” (Êx  6:8); e (2) “Eu darei essa terra a vocês como herança” (Êx  6:8). A  repetição destacada do divino “Eu” foi a garantia clara de que a palavra de Deus aconteceria. Quatro vezes, em Êxodo 6:2 a 8, apareceu a fórmula de reconhecimento “Eu Sou o Senhor”. Essa frase ocorre no começo e no fim dessa passagem como uma inclusio (refrão; estrutura literária semelhante a um guarda-chuva; Êx 6:2, 8), bem como em duas passagens adicionais em Êxodo 6:6 e 7.

A reação dos israelitas, segundo o versículo 9, foi muito triste. Moisés falou aos israelitas, mas eles estavam tão desanimados que não ouviram as palavras tranquilizadoras do Senhor. No  entanto, as ações redentivas de Deus estavam prestes a se manifestar em toda a sua plenitude.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

1. Que lições aprendemos com o diálogo direto e, por vezes, quase confrontador de Moisés com o Senhor? Como isso influencia sua própria caminhada com Deus? De que maneira podemos expressar nossos pensamentos, sentimentos e desejos mais profundos a Ele com sinceridade? Como podemos conversar com Deus sobre emoções negativas, como decepção, amargura, frustração, ódio, inveja e raiva?

2. Não cremos em destino ou determinismo, nem em acaso ou sorte. Cremos na direção fiel de Deus quando, de forma sincera e honesta, buscamos Sua orientação. Como podemos aprender a confiar mais em Deus e a nos apoiar plenamente em Sua liderança?

3. Deus não nos chama para buscar sucesso, mas para ser fiéis. Precisamos responder com fidelidade ao Seu chamado, sendo boas testemunhas em qualquer fase de nosso crescimento. Nosso sucesso e prosperidade estão nas mãos Dele. Como você pode, de maneira não confrontadora, ajudar os outros a reconhecer a mão e as intervenções de Deus na vida deles?

4. O  Egito tem um papel fundamental nas profecias bíblicas. Quais realidades da nossa era pós-moderna e mega-moderna o símbolo do Egito nos aponta e nos desafia a enfrentar?

5. Por que nossas expectativas em relação às intervenções e ações de Deus frequentemente não se concretizam? Por que Ele parece agir apenas quando todas as esperanças são frustradas?

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Pai furioso

Zimbábue | Tanya

O pai ficou furioso quando encontrou a certidão de batismo de Tanya em seu quarto em Bulawayo, Zimbábue.

A Bíblia de Tanya estava em cima da cômoda, e o certificado estava debaixo dela. Ele foi ao quarto dela para pegar um pouco de creme para as mãos, e seus olhos pousaram na Bíblia. Quando ele a pegou, viu a certidão de batismo embaixo.

"Eu vou bater em você!", gritou o pai.

Pegando a certidão de batismo, ele a rasgou em pedacinhos.

Tanya, que tinha 17 anos, assistiu horrorizada. Então, as lágrimas começaram a escorrer por suas bochechas.

"Não vou mais à igreja", ela chorou.

A mãe veio correndo para o quarto.

"Deixe-a ir à igreja", disse ela. "Não faz diferença."

O pai ainda queria bater em Tanya.

Mas ele não o fez.

Em vez disso, ele saiu de casa e não voltou por dois dias.

Quando o pai voltou, ele não disse nada sobre o que havia acontecido.

Tanya não conseguia entender o que estava acontecendo. Ela esperava que ele a repreendesse novamente ou talvez tentasse bater nela.

Tanya vinha se esgueirando para ir à igreja no sábado desde o ano anterior. Sua avó, que a criou, era adventista do sétimo dia. Porém ela havia falecido há um ano e Tanya havia se mudado para morar com os pais.

O pai não gostava dos adventistas. A mãe foi criada como adventista, mas parou de ir à igreja por causa do pai. Quando Tanya voltou para casa, o pai disse que ela poderia ir a qualquer igreja, exceto à Igreja Adventista. Ele não disse o motivo.

Mas Tanya amava a Igreja Adventista. Ela amava o sábado do sétimo dia e não conseguia imaginar deixar de adorar a Deus na igreja no sábado.

Muitos fins de semana, o pai estava fora da cidade porque era jogador profissional de rúgbi. Então, quando ele estava fora, Tanya ia à igreja aos sábados. Quando o pai estava em casa, ela ficava em casa. A mãe sabia que ela estava indo à igreja, mas não ia com ela nem contava ao pai sobre isso.

Tanya foi batizada enquanto o pai estava fora da cidade jogando rúgbi.

Então o pai encontrou e destruiu a certidão de batismo.

O pai não disse nada sobre encontrar a certidão de batismo sob a Bíblia de Tanya por três meses. Mas ele fazia um esforço para ficar em casa aos sábados e impedir que Tanya fosse à igreja. Nas manhãs de sábado, ele dizia: "Vamos torcer para você não ir à igreja hoje". Então, ele lhe dava tarefas para fazer para que ela ficasse ocupada a manhã toda. 

Tanya orou durante esses três meses. "Deus", disse ela, "torne possível que eu vá à igreja".

Então, em uma manhã de sábado, Tanya acordou e orou novamente: "Deus, torne possível para mim ir à igreja".

Quando ela terminou a oração, a mãe entrou no quarto e disse: "Vá dizer ao seu pai que você vai à igreja hoje e veja como ele reage".

Tanya ficou surpresa, mas concordou em tentar.

Aproximando-se do pai, ela disse: "Vou à igreja hoje".

Ele não ficou com raiva e não a mandou fazer uma tarefa. Em vez disso, ele simplesmente disse: "OK".

Agora, Tanya estava realmente surpresa! Ela não esperava aquilo dele e foi à igreja.

Tanya estava tão feliz por estar de volta à igreja! Ela agradeceu a Deus por responder às suas orações.

Já faz um ano desde que Tanya voltou à igreja. O pai sabe que ela vai todos os sábados e não se importa.

Agora Tanya tem um novo pedido de oração. Ela está orando para que o pai e a mãe vão à igreja também. Sua oração é: "Deus, por favor, ajude meus pais".

Assim como Deus respondeu à sua primeira oração para ir à igreja no sábado, ela tem certeza de que Deus responderá à sua segunda oração pela salvação de seus pais.

Tanya tem a sorte de ter sua própria Bíblia, onde pode aprender sobre Deus, mas muitas crianças no Zimbábue vivem em famílias que não têm dinheiro para comprar suas próprias Bíblias. Um dos projetos deste trimestre fornecerá Bíblias dos Aventureiros para famílias carentes no Zimbábue e em outros países da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico. Obrigado por planejar uma oferta generosa para o dia 27 de setembro.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

• Mostrar o Zimbábue no mapa. Em seguida, mostre Bulawayo, onde Tanya mora.

• Saiba que Tanya é um pseudônimo. A Missão Adventista não está publicando seu nome ou foto para proteger a privacidade dela e de sua família.

• Baixe fotos para esta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Compartilhe as postagens do Informativo Mundial das Missões e os fatos rápidos da Divisão Africana do Sul e do Oceano Índico: bit.ly/sid-2025.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º trimestre de 2025
Tema geral: “O livro de Êxodo”

Lição 3 – 12 a 18 de julho
Começo difícil

Autor: Felipe Alves Masotti
Editor: Fernando Dias de Souza
Revisora: Rosemara Santos

Nesta semana, estudaremos Êxodo 5:1 a 7:7. Este texto responde à pergunta: Quem é o Senhor? A passagem oferece respostas preliminares que se tornam cada vez mais claras ao longo do livro. Ela também antecede o relato das dez pragas contra o Egito, que são fundamentais para a compreensão do que Deus buscava fazer e comunicar, tanto ao Seu povo quanto aos seus algozes. Os acontecimentos ali descritos revelam que Moisés começou a sentir a dureza da missão que o Senhor lhe havia confiado; ou seja, a libertação do povo seria difícil e marcada por resistência. Assim, logo no início do projeto, haveria ocasiões para duvidar, mas também para que o Senhor começasse a destruir o poder opressor egípcio.

O conhecimento de Deus

Um tema que perpassa a passagem desta semana é a revelação que Deus faz de Si. Êxodo 5:1 a 5 descreve o primeiro encontro entre Faraó, Moisés e Arão. Sugestivamente, o texto alude à terminologia dos capítulos anteriores. A ideia parece ser a construção de um cenário paradoxal e irônico.

Moisés e Arão iniciam o contato com Faraó de maneira diplomática. Não sabemos os detalhes dessa conversa, nem como os líderes hebreus conseguiram a audiência. Nela, contudo, o primeiro ponto notável é a utilização da declaração característica de autoridade profética: “Assim diz o Senhor” (Êx 5:1). O verso qualifica o Senhor como “Deus de Israel”, identificando Aquele que demandava a liberdade de Seus servos. Isso esclarece a subsequente negativa de Faraó. Ao impedir a saída dos filhos de Israel, ele rivalizou com o Senhor e não reconheceu Sua revelação.

A forma como Faraó nega a saída do povo é irônica: “Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz e deixe ir Israel?” (Êx 5:2). Essa pergunta retórica se conecta a dois pontos anteriores na história. O primeiro está na pergunta que Moisés fez ao ser chamado por Deus: “Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?” (Êx 3:11). O contraste revela a arrogância das palavras do soberano egípcio. O segundo confirma essa realidade, pois o fluxo da narrativa anterior demonstrou o ímpeto de Deus em Se revelar a Moisés, destacando a ironia da situação: o humilde pastor hebreu conhecia mais o Senhor do que o arrogante monarca egípcio.

A pergunta de Faraó ainda contém outra marca do livro de Êxodo. O verbo yada’ (“conhecer”) é novamente utilizado, ecoando Êxodo 1:8. Como visto no comentário da lição 1, este é um termo significativo da história de Êxodo, pois representa uma percepção experiencial da realidade. Assim como seu antecessor que não se lembrava de José, o Faraó pensava estar ultrajando Deus ao afirmar que não O conhecia, mas acabou por decretar sua própria condenação ao não honrar Aquele que falava com ele. Sua postura era a rejeição de um povo que havia abençoado sua terra por meio da liderança estratégica de um hebreu no passado e de seu Deus (Gn 47:10). A falta de memória voluntária desse líder proclamava sua índole profana, algo inaceitável para o Altíssimo.

Além de impedir o povo de ir, Faraó decidiu oprimi-lo ainda mais. Novamente, a terminologia que descreve essa ação alude ao endurecimento de seu coração. Êxodo 5:9 utiliza a frase “imponham mais serviço”. Em hebraico, tikhbad ha’abodah expressa um trabalho pesado e emprega o mesmo verbo utilizado para dizer que o coração de Faraó se tornava duro ou pesado. Não há saída: a resistência a Deus transforma o resistente em um ser inerte e sem vida. Como qualquer criança pode reconhecer, um ser humano com um coração de pedra está morto.

Êxodo 5:19 a 6:1 registra o consequente choque de realidade com o qual Moisés é confrontado. Ao sair do palácio egípcio, após terem sido negadas suas petições por um trabalho mais razoável, os capatazes dos hebreus encontram Moisés e Arão e os confrontam. A acusação deles é pungente: “Que o Senhor olhe para vocês e os julgue, porque vocês nos fizeram odiosos aos olhos de Faraó” (Êx 5:21). Essa expressão tem uma ironia: a frase hib’ashtem ‘et-reyhenu be’eyney Par‘oh significa literalmente “vocês fizeram nosso perfume feder diante dos olhos de Faraó”. Geralmente, essa expressão é usada no Antigo Testamento para falar da perda do favor de alguém (Gn 34:30; 1Sm 13:4; 27:12; 2Sm 10:6; 16:21; 1Cr 19:6). Aqui, ela parece ser usada de forma polêmica, pois o verbo ba’ash (“feder”) é empregado mais à frente para descrever o resultado de algumas pragas (Êx 7:18, 21; 8:10). Assim, a autopercepção dos líderes hebreus foi uma profecia velada sobre o futuro dos egípcios: o Senhor haveria de reverter o horror da escravidão contra a nação opressora.

O líder divino e o sacerdote-profeta

Definitivamente, a primeira experiência diante do monarca egípcio não foi promissora. A reclamação de Moisés é respondida com uma confirmação dos propósitos de Deus, em Êxodo 6:2 a 8. Nessa passagem, Deus utiliza uma fórmula de apresentação muito comum em documentos reais do Antigo Oriente Médio: “Eu sou o Senhor” (Êx 6:2). Deus Se apresentou como um monarca superior, com autoridade sobre o Egito.

Êxodo 6:3 anuncia essa realidade por meio de uma alusão direta a Gênesis 17:1 a 8 e 35:11 e 12. A passagem afirma que anteriormente Deus Se apresentara como El Shadday (“Deus Todo-Poderoso”), mas que então o faria por meio de Seu nome próprio: YHWH. A revelação indica que a iminente libertação da nação avançaria o projeto divino de autorrevelação. Os milagres que estavam por acontecer desvendariam Seu poder aos egípcios e funcionariam como uma garantia perene de Seu favor por Israel.

Por fim, a situação inicialmente difícil levou Moisés a retornar ao seu foco dominante: seus próprios defeitos. Êxodo 6:28 a 7:7 retoma sua queixa quanto à sua incapacidade de comunicação: ele era “pesado de língua” (Êx 6:30). A passagem seguinte é uma das melhores descrições da função de um profeta. Nela, Deus parece reconhecer que as coisas, de fato, não seriam fáceis. Ao assumir como obra Sua o efeito que ocorreria no coração de Faraó, Deus aponta para a necessidade de não se alimentar expectativas irreais quanto ao cumprimento da missão. A desmoralização que Moisés enfrentava estava enraizada em suas percepções equivocadas de uma libertação simples. Deus passaria a fortalecer Seu líder ao ponto de ser visto como Deus sobre Faraó. Para um rei que se via como um deus na terra, essa era uma linguagem muito instrutiva.

Referências:

Richard M. Davidson, A Song for the Sanctuary: Experiencing God’s Presence in Shadow and Reality (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2022).

Jacques B. Doukhan, Richard M. Davidson, Genesis and Exodus. Seventh-day Adventist International Biblical Commentary, v. 1 (Nampa, ID: Pacific Press, 2025).

Michael G. Hasel, “Êxodo”, em Ángel Manoel Rodríguez (editor-geral), Comentário Bíblico Andrews (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), v. 1.

Nahum M. Sarna, Exodus: The Traditional Hebrew Text with the New Jewish Publication Society Translation (Philadelphia, PA: Jewish Publication Society, 1991).

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Felipe Alves Masotti é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Formou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) em 2008, atuando posteriormente como capelão do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro e pastor de jovens na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Curitiba. É mestre em Interpretação Bíblica pelo Unasp e doutor em Teologia do Antigo Testamento pela Universidade Andrews. Desde 2020, é professor de Antigo Testamento no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (SALT), no campus da Faculdade Adventista do Paraná (FAP). Felipe é autor, coeditor e coautor de várias obras, incluindo Daniel: Interpretação, História e Teologia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2024), But the Wise Shall Understand (Tübingen: Mohr Siebeck, 2025) e Exploring the Composition of the Pentateuch (University Park, PA: Eisenbrauns, 2020). É casado com Camila Masotti, também professora na FAP, e pai de Miguel e Helena.