A parábola do semeador contada por Jesus (Mt 13) me lembra que algumas sementes caem à beira do caminho; algumas, em caminhos pedregosos; outras, em áreas espinhosas; e outras, ainda, em terra fértil. Os resultados são óbvios para um observador atento. É maravilhoso ver os resultados do plantio em um solo cuidadosamente preparado. Mas também podemos encontrar muitos tesouros em uma terra infértil.

Vários anos atrás, comentei sobre uma flor dourada rendada que cresce em uma vala no extremo da Ilha de Grand Manan, no Canadá, onde passamos nossos verões. Meu amigo parou, entregou-me uma colher e disse para eu pegar uma flor. Eu fui. E hoje, muitos anos depois, tenho essa flor crescendo em muitos pontos do jardim da minha casa. Eu abri a planta original e joguei os bulbos cheios de sementes pelo quintal.

Fiz esse mesmo processo várias vezes, como quando transformei uma velha entrada de cascalho em um refúgio de flores silvestres. Algumas plantas levam vários anos para amadurecer antes de produzir flores. Mas ainda existem algumas espécies que o meu lançamento de sementes não conseguiu reproduzir. Às vezes, preciso lembrar a mim mesma que a paciência posteriormente terá um efeito sobre essas plantas desejadas. Cada semente que lanço enfrenta muitos perigos. Sempre há gananciosos comedores de sementes, como pardais e ratos, que adoram fazer um banquete. Estou sempre de olho, mas nem sempre consigo afugentá-los, pois eles rastejam sob as plantas já crescidas.

Acho que a obra de Deus em mim e nas outras pessoas é parecida com esse processo de semeadura. Minha percepção do mundo pode ser moldada por um comentário feito por um visitante, ou por uma cena que vejo através da janela da minha casa, ou pelas palavras de um devocional instigante. Esses orbes dourados, as coreópsis, lembram-me que também estou ajudando a moldar o caráter daqueles com quem tenho contato. Elas me lembram que minhas ações e palavras afetam os outros e que as palavras ditas no tempo certo trarão uma colheita de mais pessoas para o reino de Deus.

Não cabe a mim decidir quais sementes germinarão. Mas devo continuar semeando, regando e vigiando. Deus cuidará do restante.

Patrícia Cove