Segunda-feira
07 de julho
A serviço do Senhor – 2
Ele o cobrirá com as Suas penas, e, sob as Suas asas, você estará seguro; a Sua verdade é proteção e escudo. Salmo 91:4

Depois de um ano e meio vivendo no Sudão do Sul, a guerra civil eclodiu novamente entre partidos rivais. Os civis foram aconselhados a abandonar suas casas e a procurar abrigo em campos de refugiados ou no complexo missionário da nossa igreja, que estava rodeado por muros altos de concreto. Cerca de 7 mil pessoas foram para o nosso complexo, hospedando-se na escola primária, nos edifícios da igreja e na sala de extensão da clínica. Aqueles que não conseguiam encontrar espaço nos edifícios procuravam abrigo sob as árvores. À medida que os combates continuavam, os deslocados internos que sofriam de malária, tosse e febre vinham buscar medicação. Por terem fugido de suas casas, muitos não tinham dinheiro para pagar as consultas e os tratamentos médicos. Depois de fazer várias visitas à clínica, o presidente da sede da nossa igreja local me pediu que ficasse em casa, pois ele temia que eu pudesse ser atingida por balas perdidas.

Em uma noite de chuva, ouvi uma batida na porta dos fundos. Quando abri a porta, as pessoas – encharcadas – correram para dentro da lavanderia. Além das quatro famílias já amontoadas dentro da nossa casa, cada centímetro da lavanderia agora estava ocupado. O complexo estava escuro como breu, pois não havia eletricidade. No dia seguinte, eu estava trabalhando na clínica, mas tive que ir para casa tomar um copo d’água. Logo depois, ouvimos tiros, pois um jipe cheio de soldados tinha entrado no complexo. Os refugiados que estavam amontoados na sala de extensão da clínica fugiram ao ver que um soldado invadira o lugar. Harville e eu observávamos, dentro de casa, a confusão do lado de fora. Estávamos agachados, preocupados com os tiros e orando sinceramente para que Deus nos protegesse.

Após vários dias de combates intensos, ambas as partes rivais declararam um cessar-fogo temporário. A sede mundial da nossa igreja ordenou que deixássemos o complexo imediatamente, pois a paz e a ordem na cidade eram incertas. Dois dias depois, os bloqueios de estradas foram removidos e o aeroporto foi reaberto. Saímos do complexo e passamos pelo que parecia ser uma cidade fantasma.

No entanto, Deus está no controle. Ao buscar um copo d’água, fui salva do encontro com um soldado. Deus poupou minha vida das balas perdidas enquanto eu repetidamente caminhava até a clínica – a Seu serviço.

Ellen Porteza Valenciano