Sexta-feira
17 de outubro
AGONIA
Meu Pai, se é possível, que passe de Mim este cálice! Contudo, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres. Mateus 26:39

No versículo de hoje, a nobre submissão de Cristo dialoga com Sua angústia. É como se Ele implorasse para não morrer. Na versão de Marcos 14:33, é mencionado que Jesus “começou a sentir-Se tomado de pavor e de angústia”. Esse “pavor” no original grego é descrito por um termo que significa “ficar surpreso ou aterrorizado, alarmado ou completamente apavorado”. Já a “angústia” foi expressa por outro termo ainda mais forte, que tem como raiz a palavra ad?mone?, significando literalmente “não estar em casa”, isto é, ficar fora de si.

Ao dizer que Sua alma estava “profundamente triste até a morte” (Mt 26:38), Jesus mostra, sem nenhum exagero, o pavor diante da cruz. Tanto que o fato de suar sangue é algo comprovado pela Medicina. Trata-se de hematidrose, uma condição rara em que o indivíduo com altíssimo nível de estresse começa a transpirar sangue.

O quadro que gera simpatia pelo Mestre no coração do crente seria, aos olhos de um cético, considerado uma contradição e covardia. Contradição, pois contraria as 365 vezes que a Bíblia diz “não tema”. Jesus mesmo disse a Seus discípulos que não temessem os que matam o corpo, mas não podem tirar de nós a vida eterna (Mt 10:28). Como Ele poderia temer agora?

A suposta covardia fica por conta de 2 Timóteo 1:7, que diz: “Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder.” Como Alguém que temeu a própria morte poderia liderar os vencedores do anticristo, que, “mesmo diante da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12:11)?

Não, Jesus não era um covarde. Não era simplesmente o fato de morrer que Lhe causava terror, muito menos a dor física que enfrentaria. Era a separação do Pai que O angustiava. Ele temia aquilo que Apocalipse 20:14 chama de “a segunda morte”. Quando bebesse aquele cálice, pela primeira e única vez na eternidade, Ele e o Pai deixariam de estar em perfeita união.

Mas Sua fidelidade era tamanha que, apesar disso, aceitou o sacrifício, não porque nos amasse acima de Deus, mas porque era essa a ordem divina. Foi nesse sentido que Jesus temeu a morte, e isso deve nos encorajar, pois, mesmo diante da maior angústia, Sua determinação era sempre cumprir a vontade do Pai. Não há amor maior do que esse!