Certo pastor adventista, preso sob falsas acusações, passou quase dois anos encarcerado. Embora inicialmente perplexo, ele percebeu que a prisão era o campo missionário que Deus lhe havia designado. Quando seus companheiros de cela souberam que ele era pastor, pediram para que pregasse. Ele atendeu ao pedido e distribuiu literatura. Chegou a batizar alguns prisioneiros e realizar a Ceia do Senhor. Ele admitiu: “Às vezes, era difícil realizar o trabalho na prisão, mas tive alegria, especialmente ao ver orações respondidas e vidas transformadas.”
Paulo escreveu os livros Filipenses e Colossenses enquanto estava preso (Fp 1:7; Cl 4:3). Em Filipos, Paulo e Silas foram acusados injustamente. Depois, o carcereiro “prendeu os pés deles no tronco”. À meia-noite, eles “oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam” (At 16:24, 25). Eles sabiam como se alegrar em todas as circunstâncias.
Nesta semana, refletiremos sobre algumas das situações enfrentadas por Paulo. Ele entendeu que havia um propósito maior em tudo o que acontecia; por isso, temos muito a aprender com seu exemplo ao enfrentarmos provações.
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Filipenses e Colossenses são conhecidas como “Cartas da Prisão”, porque foram escritas enquanto Paulo estava encarcerado; Efésios e Filemom pertencem ao mesmo grupo de livros. A maioria dos estudiosos acredita que essas cartas foram escritas enquanto Paulo estava em Roma, por volta dos anos 60 a 62 d.C. (veja At 28:16).
1. Leia Efésios 3:1 e Filemom 1. Como Paulo descreveu sua prisão? Qual era a importância disso para sua missão?
Paulo dedicou a vida ao serviço de Jesus Cristo. Se esse serviço incluía ser preso, ele estava preparado. O apóstolo se descreve como um “embaixador em cadeias” (Ef 6:20). Ele havia realizado viagens missionárias, estabelecido igrejas e treinado obreiros para o Senhor. Ele poderia ter se perguntado: “Por que estou aqui, quando poderia fazer muito mais sem essas correntes?” Quando estava preso pela segunda vez, em Roma, Paulo escreveu 2 Timóteo, que é considerada uma Epístola Pastoral. Portanto, pelo menos cinco livros do NT foram escritos enquanto ele estava na prisão.
Em nenhuma dessas cartas, Paulo menciona exatamente onde estava preso. Por isso, alguns sugerem que tenha sido em Éfeso ou Cesareia. No entanto, não há evidências bíblicas de que ele tenha sido preso em Éfeso. Cesareia poderia ser uma possibilidade mais viável, mas não havia nenhuma ameaça à vida de Paulo nessa cidade. Porém, quando a Carta aos Filipenses foi escrita, claramente havia essa ameaça (veja Fp 1:20; 2:17).
Essa carta dá outras pistas sobre o local em que Paulo estava preso. Em primeiro lugar, ele menciona um “pretório”, que pode se referir à residência oficial do governador de uma província, como a de Jerusalém, onde Jesus foi interrogado por Pilatos (Mt 27:27; Jo 18:33), ou a de Cesareia, onde Paulo esteve preso (At 23:35). Contudo, Paulo usou esse termo para se referir a um grupo de pessoas, não a um local. Ele disse que “toda a guarda pretoriana” passou a conhecer o evangelho (Fp 1:13). Em Roma, essa guarda era formada por soldados de elite, chegando a 14 mil pessoas que protegiam o imperador e guardavam seus prisioneiros.
Segundo, Paulo também enviou saudações dos crentes que estavam na “casa de César” (Fp 4:22), indicando que ele estava preso em Roma, em contato com os que serviam no palácio imperial.
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Enquanto estava na Macedônia, Paulo mencionou ter enfrentado prisões (2Co 6:5; 11:23; 7:5). A primeira prisão registrada aconteceu em Filipos (At 16:16-24). Depois, ele foi preso por um breve período em Jerusalém, antes de ser transferido para uma prisão em Cesareia.
Em outra ocasião, Paulo disse estar “entre algemas” (Fm 10, 13). Durante sua prisão domiciliar em Roma, ele estava acorrentado a um soldado romano de elite. Inácio de Antioquia, líder cristão do início do 2o século d.C. que também esteve nessa condição, descreveu os soldados como “feras selvagens [...] que só pioram quando são bem tratadas” (Michael W. Holmes, ed., The Apostolic Fathers: Greek Texts and English Translations [Baker Academic, 2007], p. 231).
2. Como Paulo conseguia suportar as provações? Qual era o foco de sua vida? 2Co 4:7-12
Por mais difíceis que fossem as circunstâncias, Paulo sempre conseguia enxergar um lado positivo, e isso lhe dava forças para suportar as pressões. Mesmo enfrentando todos os ataques de Satanás, ele tinha a certeza de que Deus não o havia desamparado.
3. Quais recursos espirituais Paulo tinha para enfrentar as dificuldades? 2Co 6:3-7
Somos tentados a olhar para as circunstâncias que enfrentamos, ou para fraquezas e fracassos, e desanimar. Nesses momentos, precisamos nos lembrar das ferramentas extraordinárias que Deus nos deu para enfrentar o mal. Uma das mais importantes é a própria Bíblia, a “palavra da verdade” (2Co 6:7), pois nela aprendemos com os erros e acertos de outras pessoas. Além disso, o Espírito Santo “torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que o coração é purificado. Por Ele, o crente se torna participante da natureza divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer toda tendência hereditária e cultivada para o mal e gravar o próprio caráter em Sua igreja” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 540).
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Na segunda viagem missionária, depois que Timóteo se juntou à equipe, Paulo e seus companheiros foram impedidos pelo Espírito Santo de continuar viajando pela Ásia Menor. Em uma visão, Paulo contemplou um homem suplicando: “Passe à Macedônia e ajude-nos”. Sem hesitar, eles se dirigiram ao porto mais próximo, embarcaram e cruzaram o mar Egeu até Neápolis. No entanto, em vez de evangelizar esse lugar, seguiram para Filipos (At 16:6, 9). Lucas se juntou ao grupo em Trôade, conforme indica o uso da palavra "fomos" (At 16:11).
Paulo planejava suas missões de modo estratégico. Filipos era a “principal cidade” do distrito da Macedônia (At 16:12, NVI). Era uma das mais prestigiadas do Império Romano, tendo recebido o status de Ius Italicum (“direito itálico”), o mais alto reconhecimento que uma cidade obtinha. Isso significava que seus habitantes tinham os mesmos direitos que as pessoas nascidas na Itália, incluindo isenção de impostos sobre terras e impostos pessoais. Além disso, qualquer pessoa nascida nesse local recebia automaticamente a cidadania romana. Filipos era um ponto-chave na Via Egnácia, a principal estrada que ligava Roma ao Oriente. Estabelecer uma comunidade cristã nessa cidade facilitaria a propagação do evangelho para localidades próximas, como Anfípolis, Apolônia, Tessalônica e Bereia (At 17:1, 10).
Curiosamente, a língua oficial de Filipos na época dos apóstolos era o latim, como demonstrado por muitas inscrições que existem nessa língua. Em Filipenses 4:15, Paulo se dirigiu aos seus leitores usando um adjetivo com sonoridade latina, philipp?sioi (“filipenses”), possivelmente em reconhecimento à condição especial da cidade no império. No entanto, o grego era o idioma mais comum nos mercados e na região, sendo a principal língua usada para pregar o evangelho. Paulo e sua equipe participaram de uma reunião de oração às margens do rio, onde Lídia e sua família se converteram (At 16:13-15). Sendo “vendedora de púrpura”, ela deve ter sido uma das apoiadoras financeiras do ministério de Paulo em Filipos. Depois, a prisão de Paulo e Silas influenciou a conversão de outra família, a do carcereiro.
O Espírito Santo guiou Paulo a Filipos porque sabia que a cidade seria um ponto estratégico para a expansão do evangelho na Europa, apesar das perseguições que viriam. Por mais cruel que seja, a perseguição, em algumas circunstâncias, pode abrir oportunidades para que o evangelho alcance pessoas que, de outra forma, talvez nunca o ouviriam.
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Não há registro de uma visita de Paulo a Colossos, o que revela a eficácia de sua estratégia evangelística. O evangelho chegou à cidade por meio de Epafras, morador local que levou a mensagem aos seus conterrâneos (Cl 4:12; 1:7). Mas como ele foi convertido? Possivelmente isso ocorreu na década de 50 d.C., quando Paulo esteve na cidade vizinha, Éfeso, e “todos os habitantes da província da Ásia ouviram a palavra do Senhor” (At 19:10; At 20:31).
O evangelho se espalhou nessa região (Ap 1:4). A explicação para esse crescimento, incluindo a chegada da mensagem a Colossos, é o trabalho dos que ouviram a pregação de Paulo em Éfeso – cidade mais importante da Ásia Menor e grande centro portuário – e depois levaram o evangelho para suas cidades. Epafras foi um desses convertidos e, tornando-se colaborador de Paulo, retornou a Colossos para compartilhar a mensagem do evangelho.
Só recentemente arqueólogos começaram a escavar Colossos, localizada cerca de 15 quilômetros a sudeste de Laodiceia. Por isso, há menos informações sobre ela do que a respeito de outras cidades da região. No entanto, há evidências de que ela possuía uma população judaica significativa, de “cerca de dez mil judeus na região da Frígia” (Arthur G. Patzia, “Ephesians, Colossians, Philemon”, New International Biblical Commentary [Hendrickson, 1990], p. 3). Moedas de Colossos sugerem que, como em outras cidades romanas, seus habitantes adoravam inúmeros deuses. As práticas pagãs e as influências culturais eram desafios na evangelização e na fidelidade ao evangelho. Outro cristão conhecido de Colossos foi Filemom, que talvez tenha se convertido na mesma época que Epafras.
4. Leia Filemom 15, 16 e Colossenses 4:9. Que atitude Paulo sugeriu, de forma sutil, que Filemom tomasse em relação a Onésimo?
A lei romana exigia que Paulo devolvesse o escravo Onésimo a Filemom. No entanto, o apóstolo apelou ao coração e à consciência de Filemom como irmão na fé e o incentivou a receber Onésimo, “não mais como escravo, mas [...] como irmão amado” (Fm 16, NVI).
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5. Leia Filipenses 1:1-3 e Colossenses 1:1, 2. Como Paulo descreve as igrejas de Filipos e Colossos? O que essa descrição nos ensina?
Em suas cartas, Paulo costumava saudar os cristãos chamando-os de “santos”. Isso significa que, por meio do batismo, eles foram separados para ser o povo especial de Deus. De igual forma, Israel, por meio da circuncisão, foi separado como uma “nação santa” (Êx 19:5, 6; 1Pe 2:9, 10). Isso não tem a ver com a prática católica de canonizar pessoas como “santos”.
É interessante comparar as saudações encontradas nas duas cartas. Em Filipenses, Paulo mencionou “bispos e diáconos” (Fp 1:1); em Colossenses, ele se dirigiu aos “santos e fiéis irmãos em Cristo” (Cl 1:2). No NT “fiéis irmãos” refere-se a pessoas que desenvolviam um ministé-
rio na igreja (Ef 6:21; Cl 4:7; 1Pe 5:12). Isso indica que Paulo não se dirigiu apenas aos membros, mas também aos líderes. O apóstolo mencionou funções de liderança descritas com detalhes em outras passagens (1Tm 3:1-12; Tt 1:5-9). Isso mostra que, desde o início, a igreja já possuía e valorizava uma organização estruturada.
Treinar colaboradores como Timóteo e Epafras e preparar líderes para as igrejas era uma prioridade de Paulo, pois ampliava seus esforços. Havia uma estratégia para alcançar novos convertidos e fortalecer a igreja. Os primeiros adventistas seguiram o modelo de organização da igreja do NT, como mostram artigos da Review and Herald, revista oficial da igreja, na década de 1850. Tiago White escreveu: “A ordem divina apresentada no NT é suficiente para organizar a igreja de Cristo. Se algo adicional fosse necessário, teria sido dado por inspiração” (Review and Herald, 06/12/1853). Muito antes de Paulo escrever a essas igrejas, os apóstolos já haviam começado a estabelecer líderes em Jerusalém (At 6:1-6; 11:30). Segundo Ellen G. White, “a organização da igreja em Jerusalém deveria servir de modelo para as outras comunidades, em todos os lugares em que mensageiros da verdade conquistassem conversos para o evangelho” (Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 58).
Sabemos que Paulo, em algumas ocasiões, usou assistentes literários para escrever suas cartas. Timóteo também é citado como remetente adjunto de algumas epístolas (2Co 1:1; Fm 1). No entanto, o fato de Paulo usar a palavra “eu” em vez de “nós” revela que sua autoridade apostólica estava por trás dessas cartas.
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“Deus escolheu você para a salvação por meio da santificação do Espírito e da fé na verdade. Portanto, permaneça firme. [...] Se você servir a Deus com fidelidade, enfrentará preconceitos e oposição. Ainda assim, não permita que a injustiça o irrite nem retribua o mal com o mal. Preserve sua integridade em Jesus Cristo e mantenha seu olhar fixo no Céu. Deixe que os outros digam o que quiserem e sigam seus próprios caminhos; quanto a você, avance com mansidão e humildade, seguindo o exemplo de Cristo. Realize sua obra com propósito firme, pureza de coração e com todas as suas forças, apoiando-se no braço de Deus. Talvez você nunca compreenda plenamente a verdadeira e elevada natureza de sua missão. O valor de sua vida só pode ser medido pela vida que foi entregue para salvá-lo. [...]
“Para cada pessoa que está crescendo em Cristo, haverá momentos de luta intensa e prolongada, pois os poderes das trevas estão determinados a impedir esse progresso. Contudo, enquanto mantivermos nossos olhos fixos na cruz de Cristo em busca de graça, jamais cairemos. O Redentor nos promete: ‘De maneira alguma deixarei você, nunca jamais o abandonarei’ (Hb 13:5); ‘Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos’” (Mt 28:20; Ellen G. White, The Youth’s Instructor, 9/11/1899).
Perguntas para consideração
1. Paulo foi preso várias vezes, sempre de forma injusta. Como você reage quando é tratado de maneira semelhantemente injusta? Que promessas bíblicas trazem conforto nesses momentos?
2. Tertuliano, líder da igreja antiga, afirmou: “Quanto mais somos cortados por vocês, mais numerosos nos tornamos; o sangue dos cristãos é uma semente” (Alexander Roberts e James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers [Hendrickson, 1999], v. 3, p. 55). No entanto, a perseguição dificultou o cumprimento da missão. Como apoiar os perseguidos por sua fé?
3. Apesar das dificuldades, Paulo escreveu: “Alegrem-se sempre” (Fp 4:4). É possível ser alegre quando alguém que você ama está doente ou falece, ou quando passamos por outras lutas? A chave para compreender essa passagem é perguntar: “Devemos nos alegrar sempre em quê?” Ou seja, independentemente da situação, qual é o fundamento da nossa alegria?
Respostas às perguntas da semana: 1. Paulo se via como prisioneiro de Cristo, não de Roma. Sua prisão foi usada no plano de Deus para salvar pessoas. 2. Ele confiava no poder de Deus. Seu foco era refletir jesus em meio ao sofrimento. 3. A presença do Espírito Santo, pureza de coração, paciência e o poder de Deus agindo por meio da verdade. 4. Que Filemom o recebesse como irmão, não mais como escravo. 5. Santos e fiéis. Isso mostra que, mesmo com desafios, eles permaneceram firmes em Cristo.
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TEXTO-CHAVE: Fp 4:4
FOCO DO ESTUDO: Rm 8:12-39
ESBOÇO
Introdução: Paulo enfrentou muitas provações e tribulações enquanto espalhava a mensagem de salvação. Com exceção de Jesus, poucos suportaram tanto sofrimento quanto Paulo por causa do evangelho. A lista de dificuldades enfrentadas por ele merece uma cuidadosa consideração e reflexão. Essas dificuldades incluem: tribulação, angústia, perseguição, fome, sede, nudez, espada, espancamentos, falta de moradia, insultos, calúnias, perplexidades, privações, açoites, tumultos, labutas, noites sem dormir, jejuns, castigos, dor, pobreza, humilha-
ção, apedrejamentos, naufrágios, viagens frequentes, etc. Além disso, ele sofreu situações de risco de morte em diversas formas: por afogamento, assaltos (tanto do seu povo quanto dos gentios) e aflições na cidade, no deserto, no mar, etc. Os sofrimentos de Paulo também incluíam enfermidades e fraquezas, além do desafio de cuidar das igrejas.
Obviamente, suas prisões também não podem ser ignoradas (compare com Rm 8:35; 1Co 4:11-13; 2Co 4:8, 9; 6:4, 5, 9, 10; 11:23-29; 12:10; Ef 4:1). A vida de Paulo esteve longe de ser fácil.
É preciso respirar fundo para recitar toda a lista anterior sem fazer uma pausa. E, não raramente, muitos de nós nos sentimos desanimados por muito menos. No entanto, se a lista de sofrimentos de Paulo é impressionante, sua confiança inabalável é ainda mais surpreendente. Ele declara: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio Daquele que nos amou” (Rm 8:37).
A lição desta semana enfatiza dois temas principais:
1. Os sofrimentos de Paulo por causa do evangelho, especialmente suas prisões.
2. As estratégias de Paulo para pregar o evangelho da maneira mais eficaz possível, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.
COMENTÁRIO
Ilustração
G. Curtis Jones relata um episódio envolvendo o médico missionário Wilfred Grenfell (1865-1940). Quando lhe perguntaram por que se dedicara de forma tão intensa às missões cristãs, Grenfell respondeu com a seguinte história:
“Uma noite, uma mulher terrivelmente queimada foi levada ao hospital onde eu era médico residente. Seu marido havia chegado em casa embriagado e jogado uma lamparina de querosene sobre ela. A polícia foi chamada, e, por fim, trouxeram o marido meio sóbrio. O oficial de justiça se inclinou sobre a cama e insistiu para que a paciente contasse à polícia exatamente o que havia acontecido. Ele ressaltou a importância de dizer toda a verdade, pois ela só tinha mais algum tempo de vida.
“A pobre alma virou o rosto de um lado para o outro, evitando encarar o marido, que estava aos pés da cama. Finalmente, seus olhos repousaram sobre as mãos fortes dele, seguindo-as pelos braços e ombros até alcançar o rosto. Seus olhares se encontraram. A expressão de sofrimento dela desapareceu por um instante, enquanto ternura e amor tomavam conta de seu semblante. Ela olhou para o magistrado e disse calmamente: ‘Senhor, foi apenas um acidente’, e tombou de volta sobre o travesseiro, morta. Grenfell acrescentou: ‘Isso se pareceu com a maneira de Deus agir, e Deus é assim. Seu amor enxerga através dos nossos pecados.’ Curtis Jones descreve esse tipo de amor como um ‘amor que sofre’” (G. Curtis Jones, 1000 Illustrations for Preaching and Teaching [Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers, 1986], p. 55).
Quer você concorde ou não com o que a mulher fez – e pode-se argumentar com bastante razão que ela errou –, o ponto permanece poderoso. Assim como o amor demonstrado pela mulher na história contada por Grenfell, o amor de Paulo também incluía o sofrimento.
Amor que sofre
Em Romanos 8:35, Paulo expressa sua profunda certeza do amor de Cristo por ele, e por todos nós, por meio de uma pergunta retórica: “Quem nos separará do amor de Cristo?” A resposta é um retumbante: “Ninguém!”
Se Deus “não poupou o Seu próprio Filho” (Rm 8:32), por que alguma dificuldade seria capaz de nos separar do amor de Cristo? Deus provou Seu amor ao nos dar Seu único Filho e, com Ele, todas as coisas. Paulo não precisava de mais evidências do amor de Deus. E nós também não precisamos.
Paulo está tão confiante no amor de Deus que o menciona repetidamente (Rm 8:37, 39). Por causa do amor, Jesus suportou voluntariamente o sofrimento e a morte por nós (Jo 13:1, 34; 15:9, 12). Por sua vez, Paulo estava disposto a suportar o sofrimento e até a morte por Ele. Na verdade, somente o amor de Cristo por nós pode sustentar nossa fé em tempos de provação.
Em Romanos 8:35, Paulo apresenta uma lista composta por sete de seus sofrimentos: tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada. Talvez essa série de sete provações sugira completude, no sentido de representar a totalidade de todas as dificuldades que Paulo enfrentou. Como já mencionado, a lista de sofrimentos de Paulo é muito mais extensa do que essa relação. Até esse ponto, ele já havia suportado todas as tribulações mencionadas, exceto o último elemento: a espada, e esta se tornaria sua última provação, a qual o apóstolo enfrentou com notável coragem. Sua firme certeza em Cristo lhe permitiu encarar a morte com paz interior. No momento de sua morte, Paulo “estava olhando para o grande além, não com incerteza ou terror, mas com alegre esperança e ansiosa expectativa. Ao encontrar-se no lugar do martírio, não viu a reluzente espada do carrasco nem a relva verde que tão logo iria receber seu sangue; olhou em direção ao calmo céu azul daquele dia de verão, para o trono do Eterno. Suas palavras foram: ‘Ó Senhor, Tu és o meu conforto e minha recompensa! Quando poderei tocar-Te? Quando poderei ver-Te por mim mesmo, sem uma cortina de separação?’” (Ellen G. White, História da Redenção [CPB 2021], p. 221).
Paulo estava confiante de que, se participarmos dos sofrimentos de Jesus, também seremos “glorificados com Ele” (Rm 8:17). Ele combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé. Sabia que uma coroa de justiça lhe seria concedida na ressurreição, quando Cristo voltasse (ver 1Co 15:51-55; 2Tm 4:7, 8).
As estratégias de Paulo para pregar o evangelho
Por conta das árduas circunstâncias sob as quais Paulo pregava o evangelho, ele precisou empregar estratégias sábias para assegurar o sucesso de sua missão.
Primeiramente, Paulo selecionava intencionalmente cidades importantes do mundo antigo onde poderia espalhar com mais facilidade a mensagem do evangelho. Corinto, por exemplo, foi escolhida por sua localização geográfica privilegiada. “Essa conjuntura apresentou uma oportunidade para a propagação do evangelho. Uma vez estabelecida em Corinto, a mensagem cristã seria prontamente comunicada a todas as partes do mundo” (Ellen G. White, A Vida de Paulo [CPB 2025], p. 69). Paulo também concentrou seus esforços em Filipos, por ser um dos “centros urbanos mais influentes em seu trajeto. [...] Seu significado estratégico na história do império tornava a cidade um passo evangelístico natural para quem se preparava para alcançar Roma” (Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary, v. 3 [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2014], p. 2380, 2381). De modo semelhante, Éfeso era uma das maiores cidades do Império Romano, contando com uma população de aproximadamente 250 mil pessoas na época de Paulo.
Em segundo lugar, Paulo investiu tempo na formação de pessoas para o ministério evangelístico. De fato, ele “fez com que fosse parte de seu trabalho educar jovens para o ministério evangélico. Levou-os consigo nas suas viagens missionárias, e assim eles adquiriram uma experiência que mais tarde lhes permitiu ocupar cargos de responsabilidade. Quando estava longe deles, ele ainda acompanhava o trabalho deles, e suas cartas a Timóteo e a Tito são uma prova de quão intenso era seu desejo de que eles fossem bem-sucedidos” (Ellen G. White,
Obreiros Evangélicos [CPB, 2024], p. 79). No que diz respeito a Timóteo, Paulo o considerava não apenas seu colaborador, mas também coautor (ver 2Co 1:1; Fp 1:1; Cl 1:1; 1Ts 1:1; 2Ts 1:1; Fm 1:1).
Em terceiro lugar, Paulo seguia a abordagem “primeiro aos judeus” (At 13:46; Rm 1:16), conforme Jesus ordenara explicitamente (Lc 24:47; At 1:8; 3:25, 26). Essa abordagem explica por que Paulo iniciava suas atividades missionárias em uma nova cidade pela sinagoga (At 9:20; 13:5, 14, 46; 14:1; 17:1, 2, 17; 18:4).
Refletindo sobre a instrução de que o trabalho dos discípulos deveria começar em Jerusalém, Ellen White escreveu: “Onde quer que o povo de Deus esteja – nas cidades populosas, nos vilarejos ou nos recantos do interior –, ali existe um campo missionário doméstico. [...] O primeiro trabalho deve ser feito na família; em seguida, devem buscar ganhar seus vizinhos para Cristo e apresentar-lhes as grandes verdades para este tempo” (The Advent Review and Sabbath Herald, 22/05/1888, p. 1160).
Em quarto lugar, Paulo mantinha comunicação regular com as igrejas por meio de cartas. Por causa de sua “preocupação com todas as igrejas” (2Co 11:28), muitas vezes ele não podia permanecer por muito tempo com os novos conversos nas cidades onde pregava. Assim, utilizava as cartas como um meio de manter contato com as igrejas e oferecer-lhes instruções. As cartas também serviam como uma forma de preencher o vazio causado por sua ausência física (1Co 5:3; Fp 2:12).
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Reflita sobre os temas a seguir. Depois, peça aos alunos que respondam às perguntas para discussão.
Pregar o evangelho pode ser um desafio para muitos cristãos, especialmente quando as normas da sociedade entram em conflito com a Palavra de Deus. Ao longo dos séculos, inúmeras pessoas enfrentaram sofrimento, e até mesmo a morte, no cumprimento de sua missão. Essa realidade foi verdadeira nos primeiros momentos da missão cristã, e não será diferente em seu desfecho (Ap 14:13). À medida que prosseguimos na obra missionária e suportamos os sofrimentos que a acompanham, há apenas uma força capaz de nos sustentar: o amor de Cristo.
A maioria dos cristãos compreende os riscos envolvidos em seguir a Cristo, mas também devemos entender a importância suprema de cumprir a comissão: “Vão e façam discípulos de todas as nações” (Mt 28:19). A tarefa é árdua, mas confiamos na orientação de Deus em cada passo do caminho. Embora possa se tornar uma ameaça à vida de diversas formas, essa missão é recompensadora. Jesus diz: “Seja fiel até a morte, e Eu lhe darei a coroa da vida" (Ap 2.10).
Em sua obra missionária, Paulo utilizou diversas estratégias para garantir sua eficácia: (1) Escolheu cidades importantes como bases de apoio, a partir das quais podia espalhar com mais facilidade a mensagem do evangelho. (2) Investiu tempo na formação de outros obreiros. (3) Deu prioridade a alcançar primeiro aqueles que estavam mais próximos. (4) Manteve contato constante com aqueles a quem ministrava. Devemos integrar todas essas estratégias em nossos próprios esforços missionários. Paulo sabia, no entanto, que, embora as estratégias fossem importantes, elas nunca substituiriam o papel do Espírito Santo: “Irmãos, não quero que vocês estejam desinformados a respeito dos dons espirituais” (1Co 12.1); “Há somente um corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança para a qual vocês foram chama-
dos. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos"(Ef 4.4-6). Jamais devemos esquecer esse ponto essencial.
Perguntas:
1. Quais são alguns dos desafios que você já enfrentou ao pregar o evangelho?
2. De que forma você já aplicou as quatro estratégias missionárias de Paulo mencionadas anteriormente, e quais foram os resultados?
Décimo terceiro sábado: Adventistas por todos os lugares
Chile | Jonaton
Jonaton não conseguia se livrar dos adventistas. Originário do Equador, ele nunca havia conhecido um adventista antes de se mudar para o Chile quando adolescente. Mas após sua chegada, os adventistas pareciam estar em toda parte.
Agora, o Chile não tem um número esmagador de adventistas. A Igreja Adventista tem cerca de 106.000 membros no país de quase 20 milhões de pessoas. Isso é cerca de um adventista para cada 88 pessoas.
Mas para onde Jonaton olhava, parecia haver adventistas.
No Equador, Jonaton cresceu em uma família cristã que raramente ia à igreja. Seus pais não eram muito religiosos, mas Jonaton sempre acreditou em Deus e com frequência conversava e orava para Ele.
Quando ele era adolescente, dois tios que moravam no Chile o convidaram para se mudar para o país para trabalhar e estudar. Jonaton pensou que era uma grande oportunidade. Ele chegou no Chile um mês antes do país fechar durante a pandemia da Covid.
Com o confinamento, Jonaton não podia trabalhar. Ele não podia estudar. Ele ficou preso na fazenda do tio no sul do Chile, e não sabia o que fazer.
Com o passar das semanas, Jonaton soube que a fazenda de seu tio era adjacente a um acampamento adventista. Dois dos zeladores adventistas do acampamento fizeram amizade com ele. Todas as sextas-feiras à noite, eles ofereciam-lhe uma comida deliciosa e guloseimas. Jonaton começou a entender que sexta-feira à noite era um momento especial. Os zeladores lhe disseram que era o começo do sábado. Mas Jonaton não estava interessado em aprender sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Na mesma época, um homem comprou outro pedaço de terra ao lado da fazenda do tio. Ele se apresentou e perguntou a Jonaton: “Como está sua vida espiritual?”. Ele também era adventista do sétimo dia.
Todos os dias, o homem visitava Jonaton e falava com ele sobre Deus e a Bíblia. Jonaton ouvia educadamente, mas não estava interessado.
Logo, ele aprendeu que o versículo bíblico favorito do homem era Josué 1:9. Sempre que o homem enfrentava um desafio, ele reivindicava a promessa do verso. Então, o homem começou a pedir a Jonaton para repetir o verso sempre que se encontravam.
Jonaton memorizou rapidamente o versículo e passou a repeti-lo para seu vizinho, dizendo: “Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares”.
Em pouco tempo, o versículo se tornou o versículo favorito de Jonaton. Era o único versículo da Bíblia que ele sabia de cor.
Em seguida, o segundo tio de Jonaton no Chile ligou para dizer ao adolescente para se preparar para ir à universidade.
Jonaton perguntou qual universidade. Seria uma boa universidade na capital, Santiago?
Mas o tio já tinha decidido.
“Você vai estudar na Universidade Adventista do Chile”, disse ele.
Jonaton ficou surpreso. Ele pensou consigo mesmo: “Adventistas de novo! Eles estão por toda parte!” Mas ele não compartilhou seus pensamentos com seu tio. Em vez disso, ele perguntou: “Por que a Universidade Adventista do Chile?”
“Eles são mais gentis com os imigrantes e ajudarão com o seu visto”, disse o tio. “A universidade também tem um bom ambiente cristão”.
As restrições da Covid ainda estavam em vigor, então Jonaton começou as aulas on-line na Universidade Adventista do Chile. Rapidamente, ele percebeu que a vida na universidade era diferente. Tudo parecia estar centrado na fé. Os professores oravam antes de cada aula e falavam sobre adoração. Jonaton gostou de tudo que viu e ouviu. Mas ele não estava interessado em aprender mais sobre a Igreja Adventista.
No seguinte ano, as restrições da Covid foram suspensas, e Jonaton se mudou para o dormitório masculino no campus. A vida, de repente, ficou muito diferente. Havia regras no dormitório. Normalmente, Jonaton jogava futebol ou saía apara fazer comprar às sextas-feiras pela noite. Mas ele não podia participar dessas atividades na universidade e não conseguia entender o porquê.
Novos amigos adventistas abriram suas Bíblias e explicaram o significado do sábado. Eles mostraram como Deus descansou no sétimo dia da Criação em Gênesis 2:1-3, e como Deus lembrou Seu povo de observar o sábado, o quarto mandamento em Êxodo 20:8-10.
Jonaton começou a entender o que os dois zeladores adventistas haviam tentado ensinar a ele na fazendo de seu tio. Sem perceber, ele começou a copiar o comportamento de seus amigos e guardar o sábado.
Então ele conheceu uma garota. Jonaton viu que ela era muito focada em Deus e queria se tornar uma missionária. Para se aproximar dela, ele decidiu que precisaria conhecer mais sobre sua vida, crenças e hábitos como adventista. Então, começou a fazer estudos bíblicos.
À medida que Jonaton se aprofundava na Bíblia, ele sentia que era errado estudá-la com o propósito de conquistar uma mulher. Ele decidiu esquecer a mulher e se concentrar em conhecer a Deus. Ele racionalizou que os relacionamentos humanos são fugazes, mas o relacionamento com Deus é eterno.
Certo sábado, um pregador na igreja da universidade desafiou os alunos a procurarem indicações de que Deus estava chamando-os para segui-Lo.
Jonaton se perguntou se Deus o havia chamado.
Então ele lembrou-se dos zeladores adventistas que se tornaram seus amigos na fazenda de seu tio. Ele lembrou-se do homem adventista que lhe havia ensinado Josué 1:9. Lembrou-se de que seu tio o mandou para a Universidade Adventista do Chile.
Naquele momento, ele percebeu que só poderia haver uma razão pela qual ele sempre parecia estar rodeado de adventistas: Deus o estava chamando.
Jonaton entregou seu coração a Jesus e foi batizado.
Hoje, ele tem 19 anos e serve a Deus de todo seu coração. Ele ainda ama a promessa de Josué 1:9.
“Meu versículo preferido na Bíblia e o primeiro versículo da Bíblia que eu memorizei é Josué 1:9, que diz: “Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares”, disse ele.
Parte da oferta deste trimestre, também conhecida como oferta para projetos missionários, irá para dois projetos na Universidade Adventista do Chile, em Chillán, no Chile. Um projeto ampliará os dormitórios para permitir que mais 50 alunos, como Jonaton, estudem no campus. Atualmente, a universidade tem cerca de 3.000 alunos, a maioria deles não é adventista e vive fora do campus. Os novos dormitórios estarão disponíveis para todos, mas são especialmente necessários para os alunos adventistas de Teologia e Educação que vêm para a universidade de lugares distantes e estão estudando para trabalhar nas igrejas e escolas adventistas. O segundo projeto é abrir um novo centro para o Serviço Voluntário Adventista que enviará 30 missionários para o mundo a cada ano. O centro terá cinco salas de aula para treinar alunos a serem missionários e um auditório com 250 lugares. Os outros projetos deste trimestre são 100 salas para Escola Sabatina infantil em igrejas de baixa renda em todo o Chile, e uma nova igreja no campus do Instituto Adventista Pernambucano de Ensino, no Brasil. Muito obrigado por planejar uma oferta generosa.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
• Mostre a América do Sul e Chillán, Chile no mapa.
• Assista a um vídeo curto no YouTube sobre Jonaton em: bit.ly/Jonaton-SAD.
• Faça o download das fotos desta história pelo Facebook: bit.ly/fb-mq.
Em breve um novo recurso de estudos para você.

