Lição 13
22 a 28 de setembro
Viagem a Roma
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Obadias, Jonas
Verso para memorizar: “Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César” (At 27:24).
Leituras da semana: At 27; 28; Rm 1:18-20

Há muito tempo Paulo desejava visitar Roma, mas sua prisão em Jerusalém mudou tudo. Ao ceder à pressão legalista dos líderes da igreja de Jerusalém, ele acabou ficando sob custódia romana por quase cinco anos, incluindo o tempo gasto na viagem de navio para a Itália. Essa mudança representou um forte revés para seus planos missionários.

Apesar disso, o próprio Jesus prometeu que o apóstolo ainda testemunharia Dele em Roma (At 23:11). Mesmo quando falhamos com o Senhor, Ele ainda pode nos dar outra chance, embora nem sempre nos poupe das consequências de nossas ações. Paulo não apenas foi levado a Roma como prisioneiro, mas também não há evidência bíblica de que ele tenha ido à Espanha, como esperava fazer (Rm 15:24). Depois de ser libertado do que é conhecido como “o primeiro encarceramento romano”, Paulo foi novamente detido, dessa vez para sofrer o martírio (2Tm 4:6-8) sob a ordem de Nero, em 67 d.C.

Paulo foi a Roma. E, enquanto aguardava em prisão domiciliar para ser julgado perante o imperador, apesar de suas algemas (Ef 6:20; Fp 1:13), ele pregava sem impedimento a quem quer que fosse até ele (At 28:30, 31), inclusive para figuras importantes da casa de César (Fp 4:22).



Domingo, 23 de setembro
Ano Bíblico: Mq 1–4
Navegando para Roma

Após ficar preso em Cesareia por cerca de dois anos (At 24:27), Paulo foi enviado a Roma. A julgar pela primeira pessoa do plural e a riqueza de detalhes usados para descrever a longa e turbulenta viagem marítima para a Itália (At 27:1–28:16), Lucas acompanhava o apóstolo, assim como outro cristão chamado Aristarco (At 27:2). Outro personagem importante na história foi o centurião romano, Júlio, responsável também por outros prisioneiros (At 27:1).

Eles partiram no final do verão. O Dia do Jejum (At 27:9) se refere ao Dia da Expiação, na segunda metade de outubro. Por causa das condições climáticas do inverno, normalmente se evitava viajar pelo Mediterrâneo entre novembro e março. Dessa vez, no entanto, eles enfrentaram dificuldades desde o início, e somente depois de muita demora chegaram à pequena baía de Bons Portos, na ilha de Creta (At 27:8).

1. Leia Atos 27:9-12. Enquanto estavam em Bons Portos, como Paulo interveio na história e como sua intervenção foi recebida?

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As advertências de Paulo foram ignoradas, e eles decidiram navegar mais 65 quilômetros para o oeste, até o porto de Fenice onde poderiam passar o inverno com segurança. Infelizmente, com uma súbita mudança climática, eles pegaram uma tempestade tão violenta que a tripulação não teve outra opção senão deixar o navio ser conduzido pelo vento na direção sudoeste, para longe da terra. Logo eles começaram a lançar a carga ao mar e até mesmo alguns equipamentos do navio em uma frenética tentativa de aliviar o peso, visto que ele já começava a ser inundado pelas águas. A situação era dramática. Depois de vários dias sem a luz do sol, pouca visibilidade, chuva pesada e ventos fortes, sem saber onde estavam e em completo esgotamento, eles finalmente perderam “toda a esperança de salvamento” (At 27:20, NVI).

2. De acordo com Atos 27:21-26, qual foi a segunda intervenção de Paulo na história? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Ele fez uma oração, e a tempestade cessou.
B. (  ) Ele declarou que Deus havia lhe dito que ninguém ali morreria.

Em palavras proféticas, Paulo relatou à tripulação uma mensagem que tinha acabado de receber de Deus. Não havia motivo para se desesperarem nem perderem a esperança. Ainda haveria perigo e perda, mas todos sobreviveriam.

Por que um servo do Senhor como Paulo teve que sofrer? O que aprendemos com isso?


Segunda-feira, 24 de setembro
Ano Bíblico: Mq 5–7
O naufrágio

Em sua segunda intervenção na história, Paulo assegurou a todos os que estavam a bordo – 276 pessoas no total (At 27:37) – que, apesar de que nem tudo sairia bem, não haveria mortes; somente o navio afundaria (At 27:22). Quatorze dias depois, as palavras do apóstolo se cumpriram. Ainda sob a terrível tempestade e com o navio completamente à deriva, os marinheiros sentiram que estavam próximos da terra firme, possivelmente porque podiam ouvir o barulho da rebentação das ondas (At 27:27). Depois de sondarem a profundidade por diversas vezes, e temendo que o navio se chocasse contra as rochas ao longo da costa, eles lançaram quatro âncoras da popa para reduzir a velocidade do navio; enquanto isso, pediam desesperadamente aos seus deuses que o dia logo amanhecesse (At 27:28, 29).

3. Leia Atos 27:30-44. Quais lições podemos aprender com essa história?

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No início da viagem, o centurião tratou Paulo de modo favorável, mas ele não tinha motivos para confiar no julgamento náutico do apóstolo. Após duas semanas, no entanto, as coisas mudaram. Paulo já havia ganhado o respeito do centurião, com sua intervenção profética sobre o naufrágio (At 27:21-26) que se aproximava de seu cumprimento.

Paulo exortou todos a bordo a se alimentarem, caso contrário não teriam forças para nadar e chegar à terra firme. A Providência divina não nos isenta de fazer o que normalmente seria nosso dever. “Ao longo dessa narrativa, mantém-se um equilíbrio entre a garantia de Deus quanto à segurança daqueles homens e os esforços deles para assegurar que isso acontecesse” (David J. Williams, Acts. Grand Rapids, MI: Baker Books, 1990, p. 438).

Com a aproximação da manhã, os marinheiros avistaram a terra – uma baía onde decidiram encalhar o navio. No entanto, o navio nunca chegou à praia. Em vez disso, atingiu um banco de areia e acabou se rompendo pela força das ondas. O plano dos soldados de matar os prisioneiros para evitar que fugissem foi interrompido pelo centurião, principalmente por causa de Paulo. No fim, ninguém perdeu a vida, exatamente como Deus havia prometido.

Desejando manter Paulo vivo, o centurião proibiu os soldados de matar os prisioneiros. O que isso revela sobre o testemunho e o caráter de Paulo?


Terça-feira, 25 de setembro
Ano Bíblico: Naum
Em Malta

Somente quando chegaram à costa, os sobreviventes descobriram que estavam em Malta, uma pequena ilha no centro do Mediterrâneo, ao sul da Sicília. Nas duas semanas em que estiveram à deriva no mar, rendidos à força do vento, eles navegaram por cerca de 800 quilômetros desde Bons Portos, em Creta. Agora teriam que esperar os três meses de inverno antes de continuar a viagem (At 28:11).

4. De acordo com Atos 28:1-10, o que aconteceu com Paulo na ilha de Malta e como Deus conseguiu usá-lo? Assinale a alternativa correta:

A. (  ) Ele foi picado por uma cobra, porém saiu ileso. Deus o usou para curar o pai de Públio e os demais habitantes da ilha de Malta.
B. (  ) Ele foi preso, porém pôde testemunhar do amor de Deus.

O povo de Malta foi hospitaleiro. Diante da chegada de Paulo e seu grupo fizeram uma fogueira para aquecê-los, já que todos estavam molhados e com frio. A temperatura em Malta nessa época do ano não ultrapassaria os 10 °C.

O incidente da cobra atraiu a atenção do povo para Paulo. A princípio, os pagãos entenderam o fato de que ele havia sido picado por uma cobra como um ato de retribuição divina. Eles pensavam que Paulo era um criminoso que havia conseguido escapar da morte por afogamento, mas que ainda assim havia sido apanhado pelos deuses, ou talvez pela deusa grega Dik?, a personificação da justiça e da vingança. Visto que Paulo não morreu, ele foi aclamado como deus, conforme havia acontecido em Listra vários anos antes (At 14:8-18). Embora Lucas não se demore na descrição do episódio, é seguro presumir que Paulo aproveitou a situação para testemunhar do Deus a quem servia.

Públio era o procurador romano de Malta ou apenas um dignitário local, mas ele acolheu Paulo e seus companheiros por três dias, até que encontrassem um lugar para ficar. A cura do pai desse homem deu a Paulo a oportunidade de se dedicar a um ministério de cura entre os malteses.

No relato de Lucas, não há menção de um único converso ou uma única congregação deixada pelo apóstolo quando partiu de Malta. Essa omissão pode ser inteiramente ocasional, mas ilustra o fato de que nossa missão no mundo vai além de batismos ou plantio de igrejas; ela também envolve o cuidado desinteressado para com as pessoas e suas necessidades. Esse é o aspecto prático do evangelho (At 20:35; compare com Tt 3:14).

É impressionante que esses habitantes da ilha pouco instruídos tivessem um senso de justiça divina. Em última análise, de onde vinha essa consciência? (Veja Rm 1:18-20).


Quarta-feira, 26 de setembro
Ano Bíblico: Habacuque
Paulo finalmente chega a Roma

Depois de três meses em Malta, Paulo e seus companheiros finalmente puderam continuar a viagem (At 28:11). Eles chegaram a Putéoli (At 28:13), atualmente conhecida como Pozzuoli, na baía de Nápoles, de onde seguiriam por terra para Roma (veja At 28:11-16).

A notícia da aproximação de Paulo chegou rapidamente a Roma, e um grupo de cristãos decidiu viajar vários quilômetros ao sul para recebê-lo. Embora ele nunca tivesse estado em Roma, o apóstolo tinha muitos amigos na cidade: colaboradores, conversos, parentes e muitos outros que lhe eram extremamente queridos (Rm 16:3-16). O encontro na Via Ápia deve ter sido particularmente comovente, acima de tudo por causa do naufrágio e do fato de que Paulo era agora um prisioneiro. Como resultado de tal demonstração de amor e cuidado por parte de seus queridos amigos, o apóstolo agradeceu a Deus e se sentiu profundamente animado, visto que estava prestes a enfrentar o julgamento perante o imperador.

Em seu relatório oficial, Festo deve ter escrito que, de acordo com a lei romana, Paulo não era culpado de nenhum crime importante (At 25:26, 27; 26:31, 32). Isso provavelmente explica por que o apóstolo foi autorizado a alugar uma casa (At 28:30), em vez de ser enviado para uma prisão comum ou campo militar. Entretanto, de acordo com o costume romano, ele foi mantido acorrentado a um soldado. O fato de que Paulo custeou as próprias despesas implica que, de alguma forma, ele pôde trabalhar (At 18:3).

5. De acordo com Atos 28:17-22, o que Paulo fez assim que se estabeleceu?

A. (  ) Começou a escrever suas últimas epístolas.
B. (  ) Convocou os líderes judeus para declarar sua inocência.

Embora Paulo não pudesse ir à sinagoga, a sinagoga podia vir até ele. Portanto, logo após sua chegada, e seguindo a política de ir primeiramente aos judeus (Rm 1:16), ele convocou os líderes judaicos locais para declarar sua inocência e explicar, como o fizera anteriormente, que ele não havia sido preso por nenhuma outra razão senão pela esperança de Israel (At 23:6; 24:15; 26:6-8). Sua intenção não era tanto se defender, mas criar uma atmosfera de confiança que lhe permitisse pregar o evangelho, mostrando como a ressurreição de Jesus era o cumprimento da antiga esperança de Israel. Surpresos por não terem recebido nenhuma informação de Jerusalém sobre Paulo, os judeus decidiram ouvi-lo.

Leia Atos 28:22. O que o texto revela sobre a hostilidade contra os cristãos ainda naquele momento? Como podemos permanecer fiéis mesmo quando outros falam contra a nossa fé?


Quinta-feira, 27 de setembro
Ano Bíblico: Sofonias
A vitória do evangelho

Em um dia determinado, os judeus vieram em grande número para ouvir a apresentação de Paulo sobre o evangelho (At 28:23).

6. Leia Atos 28:24-31. Qual foi o objetivo de Paulo ao citar Isaías nesse contexto?

A citação de Isaías 6:9 e 10 descreve o que acontece quando as pessoas se recusam a aceitar a mensagem divina. Embora alguns judeus tivessem crido, outros não o fizeram; e, por causa da confusão que se formou, o apóstolo não teve escolha senão, mais uma vez, voltar-se para os gentios (At 13:46, 47; At 18:6).

Paulo teve que esperar dois anos para ser julgado pelo imperador. Enquanto isso, embora restrito à sua prisão domiciliar, ele pôde compartilhar o evangelho sem restrição com aqueles que vinham até ele. A última cena de Atos enfatiza a vitória do evangelho, pois nenhuma força judaica nem romana conseguiu interromper seu progresso.

Não está claro por que Lucas conclui seu livro nesse ponto, pois há evidências de que, por causa da fragilidade do caso contra Paulo, ele foi posto em liberdade, realizou outra viagem missionária e foi novamente levado para Roma e executado (2Tm 4:6-8). Tendo em vista o propósito literário de Lucas, talvez o fato de que o evangelho havia sido pregado até mesmo na distante cidade de Roma indicava que ele já havia alcançado os “confins da Terra” (At 1:8).

“A paciência e o bom ânimo de Paulo durante sua longa e injusta prisão, bem como sua coragem e fé, eram um constante sermão. Seu espírito, tão diferente do espírito do mundo, dava testemunho de que um poder mais alto que o da Terra habitava com ele. E, por seu exemplo, os cristãos foram impelidos a defender com mais energia a causa do evangelho no trabalho público do qual Paulo havia sido afastado. Dessa maneira, as algemas do apóstolo tiveram tal influência que, quando seu poder e utilidade pareciam aniquilados e, ao que tudo indicava, bem pouco poderia fazer, ele alcançou para Cristo frutos em campos dos quais parecia inteiramente excluído” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 464).

Do ponto de vista da missão da igreja, no entanto, pode-se dizer que o livro de Atos (ou a história da propagação do evangelho) ainda não foi concluído, e é aqui que cada um de nós entra em cena. Muitos outros capítulos emocionantes e dramáticos já foram escritos ao longo dos séculos, às vezes com o próprio sangue das fiéis testemunhas de Deus. Agora é nossa vez de acrescentar mais um capítulo – talvez o último – e concluir a missão que Jesus deixou aos discípulos, e “então, virá o fim” (Mt 24:14).



Sexta-feira, 28 de setembro
Ano Bíblico: Ageu
Estudo adicional

Cristo confiou à igreja uma sagrada responsabilidade. Cada membro deve ser um conduto através do qual Deus possa comunicar ao mundo os tesouros de Sua graça, as insondáveis riquezas de Cristo. Não há nada que o Salvador deseje mais do que agentes que representem Seu Espírito e Seu caráter ao mundo. Não existe nada que o mundo necessite mais do que a manifestação do amor do Salvador através da humanidade. Todo o Céu está à espera de homens e mulheres por cujo intermédio Deus possa revelar o poder do cristianismo” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 600).

“Deus tem esperado por muito tempo que o espírito de serviço se apodere de toda a igreja, de maneira que cada um trabalhe para Ele segundo sua habilidade. Quando, em cumprimento da comissão evangélica, os membros da igreja de Deus fizerem a obra que lhes é indicada nos necessitados campos nacionais e estrangeiros, todo o mundo será logo advertido, e o Senhor Jesus retornará à Terra com poder e grande glória” (Ibid., p. 111).

Perguntas para discussão

1. Como os outros foram influenciados pela fé revelada por Paulo na viagem a Roma?

2. Paulo nunca desistiu de sua fé nem de sua missão. Em Roma, apesar de sua liberdade limitada, ele continuou pregando. O que podemos fazer quando somos tentados a desistir de pregar o evangelho a alguém?

3. Leia Romanos 1:14, 15. Por que Paulo sentia a obrigação de pregar o evangelho? Nossa obrigação é menor que a dele? Considere esta afirmação: “Salvar pessoas deve ser a obra vitalícia de todo aquele que professa seguir a Cristo. Somos devedores ao mundo pela graça que nos foi dada por Deus” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 53).

4. O texto de Isaías 6:9 e 10 pode ser aplicado a nós? Recebemos a verdade, mas se endurecermos o coração a ela, ou mesmo a aspectos que entrem em conflito com nossos desejos, que perigo enfrentaremos?

5. Imagine que você fosse o soldado acorrentado a Paulo. O que acha que ele viu no homem a quem estava tão intimamente ligado?

Respostas e atividades da semana: 1. Paulo aconselhou o centurião a invernar em Bons Portos, já que partir dali seria perigoso. Porém, seu conselho não foi seguido, visto que todos desejavam partir o quanto antes. 2. B. 3. O prisioneiro Paulo ajudou a liderar o navio em meio à crise; enquanto o navio fosse útil, os marinheiros eram indispensáveis; o apóstolo se preocupou com a saúde e capacidade de cada viajante para enfrentar as dificuldades; Paulo conquistou a confiança do centurião e salvou a vida dele. Peça que os alunos compartilhem outras respostas. 4. A. 5. B. 6. Advertir os judeus de que eles estavam cumprindo a profecia de Isaías, pois ouviram e viram o evangelho, mas endureceram o coração e rejeitaram a conversão. Como podemos hoje ter uma atitude de incredulidade quanto às verdades reveladas a nós? O que podemos fazer para fugir da incredulidade?



Resumo da Lição 13
Viagem a Roma

TEXTO-CHAVE: Atos 27:24

O ALUNO DEVERÁ

Conhecer: Compreender que circunstâncias, perigos e provações não podem impedir a propagação do evangelho. Apenas um coração “fechado” pode fazer isso.

Sentir: Coragem no chamado que recebemos para compartilhar o evangelho.

Fazer: Abrir o coração ao evangelho e reconhecer os lugares e situações em que podemos compartilhá-lo.

ESBOÇO

I. Conhecer: As circunstâncias não podem impedir a propagação do evangelho

A. Quais circunstâncias na vida de Paulo poderiam tê-lo impedido de pregar o evangelho?

B. O que pode nos impedir de propagar o evangelho?

II. Sentir: Coragem para compartilhar o evangelho

A. Você já esteve tão sobrecarregado com as circunstâncias da vida a ponto de não poder compartilhar sua fé em Deus? Comente sobre essa experiência.

B. Como esses sentimentos limitam o evangelho?

C. De que maneira você pode se encorajar com a história de Paulo?

III. Fazer: Estar aberto ao evangelho em sua vida e levá-lo aos outros

A. É importante que os cristãos estejam abertos ao evangelho para que ele avance?

B. Como podemos encontrar uma abertura na vida das outras pessoas, por onde o evangelho possa ser compartilhado?

Resumo: O livro de Atos termina com a história da viagem de Paulo a Roma. Ele encontrou muitas dificuldades ao longo do caminho: foi rejeitado pelos líderes judeus em Jerusalém, foi aprisionado, sobreviveu a um naufrágio, mas em todas essas adversidades perseverou compartilhando o evangelho. O único lugar em que a mensagem pode ser interrompida é o coração daqueles que a rejeitam.

Ciclo do aprendizado

Motivação

Focalizando as Escrituras: At 27:24

Conceito-chave para o crescimento espiritual: Nunca deixe de compartilhar sua fé, mesmo quando as circunstâncias e a rejeição o desanimarem de fazer isso. Certifique-se de estar sempre aberto ao evangelho em sua vida e de procurar maneiras de compartilhá-lo com outras pessoas.

Para o professor: Ao longo desta lição, os alunos terão a oportunidade de examinar suas dificuldades para compartilhar o evangelho. É importante reconhecer que a única limitação ao evangelho é a nossa disposição de compartilhá-lo e a vontade de alguém para ouvi-lo. Se o compartilharmos, sempre haverá pessoas que o ouvirão, e as circunstâncias da vida não poderão impedir a propagação do evangelho.

Discussão inicial: Uma das maiores limitações para o evangelho hoje é a falta de aceitação da sua mensagem. Esse fator limitante é válido tanto para o cristão, que compartilha a mensagem, quanto para o ouvinte, que a recebe. Como pastor, um dos obstáculos que Cory enfrentou na pregação do evangelho foi sua própria indignidade. Às vezes, ele estava em seu escritório, preparando um sermão e pensando consigo mesmo: Que direito eu tenho de compartilhar essas boas-novas? Minha vida está longe de ser perfeita. Mas Cory entregava essa preocupação a Deus em oração e encontrava sempre a mesma resposta: Sua indignidade não torna o evangelho indigno de ser ouvido. Imagine se Paulo tivesse se entregado ao desânimo por causa das acusações dos judeus incrédulos ou das dificuldades que enfrentou. Seu testemunho poderia ter sido silenciado, mas ele perseverou e permaneceu aberto a compartilhar o evangelho. Embora o evangelho tenha sido detido na porta do coração dos que o rejeitaram, Paulo continuou espalhando as boas-novas àqueles que desejassem recebê-las.

Perguntas para discussão

1. Quais dificuldades o impediram de compartilhar sua fé no passado?

2. Você já se sentiu indigno de compartilhar o evangelho? Por quê?

Compreensão

Para o professor: Ao conduzir o estudo da história da viagem de Paulo a Roma, ajude sua classe a pensar nos vários obstáculos que eles também encontram na obra de propagar o evangelho.

Comentário bíblico

Nesta última lição, examinaremos a difícil viagem de Paulo a Roma e a resposta dos líderes judeus em Roma. O estudo contemplará os diferentes obstáculos que Paulo enfrentou e como ele perseverou.

I. As dificuldades da viagem de Paulo

(Recapitule com a classe At 27:1–28:16.)

Paulo foi mantido como prisioneiro em Cesareia por dois anos. Tanto Félix quanto Festo não consideraram Paulo culpado de nenhum crime civil, mas a fim de escapar das intenções assassinas dos líderes religiosos em Jerusalém, o apóstolo apelou para César. Finalmente, havia chegado a hora de Paulo começar essa importante viagem na qual percorreriam centenas de quilômetros pelo mar. A viagem era ainda mais difícil devido às rigorosas condições climáticas e o inverno que se aproximava. A viagem de Alexandria a Roma poderia demorar apenas 10 dias, mas em condições adversas, poderia se estender por 45 dias. De acordo com a experiência e o bom senso, os marinheiros deviam evitar navegar de novembro até meados de março, e o lento progresso de Paulo e de seus 275 companheiros de viagem significava que eles precisariam parar para o inverno (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 733.)

O porto em que se encontravam não era ideal. Muito provavelmente seria parcialmente aberto ao mar e, portanto, não era seguro o navio ficar no porto (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 733.) Apesar das advertências de Paulo, o capitão e o centurião romano decidiram tentar chegar ao próximo porto. Essa tática não funcionou, e a tripulação teve que jogar ao mar a carga e os equipamentos do navio para sobreviver, à medida que ficavam à deriva. A tentativa fracassada de chegar ao próximo porto fez com que eles naufragassem na ilha de Malta. Depois de invernarem com os amáveis nativos na ilha, eles conseguiram embarcar em outro navio, apenas para navegar mais 800 quilômetros aproximadamente, antes de chegar a Roma (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 745.)

Perguntas para discussão

1. Quais perigos em viagem você já enfrentou?

2. A causa do evangelho é importante o bastante para que você continue nessa jornada compartilhando as boas-novas da salvação?

3. Você já fez uma viagem difícil por causa do evangelho?

II. O esforço de Paulo para ganhar o coração das pessoas na viagem

(Recapitule com a classe At 27:9-11, 21-26, 33-36; 28:3-6, 7-10.)

As circunstâncias da viagem foram bastante difíceis. Paulo, no entanto, tinha outras dificuldades para enfrentar em meio à tempestade e ao naufrágio. Por causa do evangelho, ele tinha que ganhar a confiança daqueles com quem estava viajando. Quando teve que ser tomada a decisão sobre invernar em um porto não muito seguro ou seguir em frente, Paulo aconselhou o centurião dizendo que, se eles tentassem continuar a viagem, as coisas não acabariam bem. O centurião não lhe deu ouvidos. Quando se perderam em meio à tempestade, toda a tripulação ficou mais disposta a ouvir Paulo, pois ele os lembrou de sua advertência inicial para que não seguissem viagem.

Paulo, então, assumiu a função de conselheiro espiritual para todo o navio, informando-lhes que um anjo tinha aparecido a ele dizendo que o navio seria perdido, mas nenhuma vida pereceria (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 738.) Paulo conquistou o centurião o bastante para que este conseguisse deter a trama de seus soldados de matar todos os prisioneiros a fim de que eles não escapassem. Depois que o navio naufragou, os nativos os ajudaram a construir fogueiras. Ao jogar alguns pedaços de madeira na fogueira, uma víbora se agarrou à mão do apóstolo. Os nativos tiveram certeza de que Paulo era um assassino e que em breve morreria. No entanto, quando isso não aconteceu, eles concluíram que o apóstolo devia ser um deus. Em seguida, Paulo curou o pai do chefe daquela aldeia e muitas outras pessoas. Os nativos ficaram tão agradecidos que providenciaram tudo o que era necessário para que eles continuassem a viagem até Roma.

Pense nisto: 1. O que nos impede de confiar uns nos outros? 2. Suponha que alguém não possa confiar na pessoa que está compartilhando o evangelho. Que efeito essa desconfiança tem sobre a pessoa que ouve o evangelho e sobre a receptividade desse indivíduo às boas-novas? 3. O que é mais fácil superar quando se trata de compartilhar o evangelho: circunstâncias físicas ou questões de confiança? Explique.

III. Paulo se encontra com os líderes judeus em Roma

(Recapitule com a classe At 28:17-31.)

Quando chegou finalmente a Roma, Paulo ainda ficou preso, muito provavelmente algemado a um guarda romano, mas, aparentemente, em prisão domiciliar (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 757.) As pessoas podiam visitá-lo, e os líderes judeus aceitaram o convite para se encontrar com o apóstolo. Paulo apresentou o evangelho a eles. Fazendo com que soubessem que ele não havia quebrado nenhuma das tradições judaicas, mas que mantinha a mesma esperança de Israel (a ressurreição dos mortos), Paulo apresentou Jesus Cristo como o tão esperado Messias. Alguns líderes ficaram convencidos, mas outros não. Eles foram embora, discutindo entre si, e Paulo citou Isaías 6:9, 10 para adverti-los da dureza de seu coração (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 754, 755.) Ele então declarou que o evangelho de Jesus Cristo era invencível e ninguém poderia impedir seu avanço. Mesmo que os judeus o rejeitassem, a mensagem chegaria aos gentios. Paulo havia chegado a Roma, e ali ele testemunhou aos mais poderosos oficiais do país.

Pense nisto: 1. Por que o evangelho é realmente irreprimível? A rejeição do evangelho faz cessar seu progresso? Explique. 2. Se Paulo foi martirizado depois de testemunhar em Roma, isso significa que seu depoimento foi reprimido? Por quê? 3. Quais foram os sucessos da igreja primitiva em relação à missão de compartilhar o evangelho, conforme relatados no livro de Atos?

Aplicação

Para o professor: O único obstáculo que realmente pode impedir o avanço do evangelho é nossa recusa em aceitá-lo. Tanto para quem compartilha como para quem ouve o evangelho, é essencial pensar nos obstáculos do coração.

Perguntas para aplicação

1. Quais obstáculos o evangelho enfrentou em seu coração e em sua mente?

2. Compreender esses “problemas do coração” nos ajudam a compartilhar o evangelho? Como?

3. Você já percebeu a vitória do evangelho sobre alguns obstáculos? Quais?

Criatividade

Para o professor: Realize as atividades listadas abaixo conforme o tempo, o espaço, os recursos e as preferências da sua classe.

Atividades

1. Peça à classe que encene a história da viagem de Paulo a Roma na próxima adoração infantil de sua igreja.

2. Monte um percurso com diferentes obstáculos, representando as lutas de Paulo.

3. Faça uma grande pintura do naufrágio, usando um lençol e tintas.

4. Quais percepções sobre a viagem de Paulo essas atividades o ajudaram a descobrir? Essas atividades o incentivaram à decisão de nunca permitir que os obstáculos o impeçam de compartilhar sua fé?


Programa do Décimo Terceiro Sábado

Hino Inicial - “Bem-vindo sábado” HA, 532
Boas-vindas - Coordenador ou professor da Escola Sabatina
Oração
Programa - “O sábado na oficina”
Ofertas - Enquanto as ofertas são recolhidas as crianças cantam “Sim Cristo Me ama”, em Chinês [ver p. …. do Manual do Professor, ou no bit.ly/childrensmission].
Hino Final  - “Jesus é melhor”, HA 91
Oração Final

Participantes: Narrador e orador para apresentar a história.
[Observação: os participantes não precisam memorizar as partes, mas devem estar bem familiarizados com o script, para que não seja necessário lê-lo. Ensaie até que os participantes estejam seguros para adicionar inflexão, quando necessário.]

O sábado na oficina

Narrador: Durante o trimestre, conhecemos pessoas da Coreia do Sul, Japão, Mongólia e China, países que pertencem à Divisão do Pacífico Norte-Asiática. Hoje, conheceremos um homem de Taiwan.

Orador: Lubrificar e polir metais de bicicleta não produz retorno financeiro muito alto em uma oficina no centro de Taiwan, mas contém um grande benefício: não precisa trabalhar aos sábados. Jin Rong Gao e a esposa se uniram à equipe de 16 pessoas quando se mudaram para a cidade de Shih-kang há vários anos. O casal, que deixou o antigo emprego por causa do sábado, começou com uma renda mensal fixa de 15 mil dólares taiwaneses, ou seja, 500 dólares. “Naquela época, não tínhamos muito trabalho”, diz Jin Rong. “Mas estávamos felizes por não precisarmos trabalhar no sábado.”

Depois de alguns meses, ele começou a pensar no seu irmão, quatro irmãs e outros membros da família que ainda enfrentavam conflitos por causa da observância do sábado. Então, pediu que o chefe contratasse os parentes, mas o pedido foi recusado porque não havia muito trabalho. Jin Rong persistiu até que o pedido foi atendido.

Durante três anos recebendo um pequeno salário, Jin Rong considerava a possibilidade de procurar outro emprego. Mas havia o perigo de ser obrigado a trabalhar aos sábados, por isso, acomodava-se onde estava. “Queria manter a fé mais do que desejava um melhor salário”, diz.

Deus conhecia as necessidades de Jin Rong. Então, de repente, a oficina recebeu vários pedidos de uma fábrica que montava bicicletas, e o salário do casal passou a 70 mil dólares taiwaneses por mês. Além disso, ele também foi promovido a chefe da oficina. Jin Rong estava agradecido pelo novo salário, mas preocupado com a possibilidade de ser obrigado a trabalhar no sábado para atender os pedidos. Seus medos se concretizaram numa tarde de sextafeira, quando o chefe anunciou em uma reunião na oficina que todos os 16 funcionários precisariam começar a trabalhar aos sábados. Imediatamente Jin Rong falou: “Não posso.” O chefe respondeu: “Depende de você. Se deseja guardar o sábado, perderá o emprego.”

Naquela noite, Jin Rong teve dificuldade para dormir. Não só o trabalho dele estava em jogo, mas também o da esposa e de sete parentes. Falou com Deus sobre a situação. No sábado pela manhã, todos foram à igreja, decididos a manter a fé, mesmo à custa do emprego.

O chefe ficou furioso. Mais da metade dos funcionários estava na igreja, em vez de atender a uma ordem urgente. Irado, ele ordenou que os outros sete funcionários folgassem naquele dia, e voltassem para trabalhar depois do pôr do sol sábado e também no domingo. Disse ainda que informassem o novo horário de trabalho a Jin Rong. Alegremente, os funcionários adventistas trabalharam após o pôr do sol do sábado e no domingo.

Passaram-se três dias antes de o chefe retornar à oficina. Na terça-feira, ele foi direto para Jin Rong e perguntou: “Você gostaria de ganhar mais dinheiro?” Jin Rong ficou chocado! “Você não disse que eu perderia meu emprego se eu escolhesse o sábado?”, perguntou. O chefe disse que a demanda por quadros de bicicletas havia crescido tanto que ele decidiu abrir uma segunda oficina. Jin Rong seria encarregado da nova oficina, uma promoção que incluiu contratação e treinamento de novos funcionários e um aumento salarial significativo. A única exigência era a de trabalhar no sábado.

A oferta de trabalho representou uma oportunidade promissora, mas Jin Rong lembrou-se do conselho: “Entregue seu caminho ao Senhor; confie Nele, e Ele agirá” (Sl 37:5). Assim, decidiu abrir caminho para o Senhor e rejeitar a oferta. Em vez de ficar chateado, o chefe anunciou uma mudança permanente no cronograma da oficina. Ele não queria perder um bom funcionário como Jin Rong, e então anunciou que a oficina sempre fecharia aos sábados e operaria depois do pôr do sol e aos domingos. “Ninguém trabalha nos sábados, nem mesmo meu chefe”, disse Jin Rong.

Os colegas de trabalho ficaram impressionados com a fé consistente de Jin Rong, e quatro deles foram batizados. Às vezes, Jin Rong fica cansado de trabalhar nos fins de semana, mas não há outra alternativa. Ele diz: “Embora seja cansativo, agradecemos a Deus por Ele ter permitido que mantivéssemos a fé. Agradeço por Ele ter ouvido nossas orações e por nos permitir viver de forma pacífica.”

Narrador: As pessoas em Taiwan e no restante da Divisão do Pacifico Norte-Asiática também oram para ser fiéis e para ajudar a compartilhar as boas novas da breve vinda de Jesus! Sejamos generosos em nossas ofertas, para que mais pessoas aprendam sobre o evangelho.

[Ofertas]


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018
Tema Geral: O livro de Atos dos Apóstolos
Lição 13: 22 a 29 de setembro

Viagem a Roma

Cristian Piazzetta
Capelão da Escola Adventista
Cachoeirinha, RS

Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Franco Santos

 

Esboço da lição da semana:

I. Início da Viagem para Roma (At 27:1-8)

II. Desfecho de Lucas-Atos (At 27:9–28:1-15)

III. Paulo em Roma (At 28:16-29)

IV. A vitória do Evangelho (At 28:30, 31)

I. Início da Viagem para Roma (At 27:1-8)

Os dois capítulos finais de Atos narram a viagem de Paulo a Roma para ter seu caso decidido perante o tribunal de César. É evidente que o desejo do apóstolo sempre tinha sido estar na capital imperial para fins evangelísticos (Rm 1:11; 15:23), mas diversas circunstâncias o haviam impedido de fazê-lo. Mas agora, embora limitado por sua condição de prisioneiro, Paulo finalmente realizaria esse antigo desejo, cumprindo assim a expectativa do próprio Jesus de que sua mensagem fosse levada até aos confins da Terra (At 1:8).

II. Desfecho de Lucas-Atos (At 27:9–28:1-15)

Paulo foi enviado a Roma com outros prisioneiros, sob custódia de um centurião chamado Júlio (At 27:1); ele estava acompanhado por Lucas e Aristarco. A viagem é descrita com riqueza de detalhes, talvez para aumentar a expectativa do leitor quanto ao que aconteceria com o apóstolo. No decorrer do Evangelho de Lucas e do Livro de Atos, há paralelos interessantes entre Jesus e Paulo: ambos são presos por turbas judaicas e, em seguida, entregues às autoridades romanas (Lc 22:47-53; 23:1-5; At 21:10, 11, 27-36); ambos são confrontados com acusações falsas (Lc 23:1, 2; At 21:28; 24:5-9); ambos são julgados pelo sinédrio (At 22:30–23:10), por um rei judeu (Lc 23:6-12; At 25:13–26:30) e pelo administrador romano local (Lc 23:1-3; At 24:1-23); ambos são sentenciados a sofrer açoites em algum momento em seus julgamentos (Lc 23:16, 22; At 22:24); ambos são considerados inocentes (Lc 23:4, 15, 20-22; At 23:29; 26:31, 32) e ambos recebem tratamento injusto meramente por razões políticas (Lc 23:18-25; At 24:24-27; 25:6-9). Assim, a pergunta com a qual o leitor se depara é: Paulo sofrerá o mesmo destino que Jesus e será executado pelos romanos somente para agradar seus inimigos judeus?

Além desses paralelos, precisamos nos lembrar de que Lucas constrói sua narrativa em torno da missão dos discípulos descrita em At 1:8: “Sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra”. Lucas mostra que, durante a viagem, um anjo informou a Paulo que ele chegaria a Roma para testemunhar diante do imperador (At 27:24). Além do julgamento injusto ao qual havia sido submetido, Paulo enfrenta uma tempestade marítima incrivelmente violenta (27:13-20), a fome (v. 21, 33), um naufrágio noturno (v. 39-41, 44), o desejo dos soldados de matar todos os prisioneiros (v. 42, 43), a picada de uma cobra venenosa (28:3) e o preconceito dos pagãos (v. 3-5). O ponto que Lucas está tentando enfatizar com um relato tão dramático e detalhado é que “aconteça o que acontecer, Deus cumprirá Seu propósito em ter Paulo pregando as boas-novas do evangelho bem no coração do império”.

III. Paulo em Roma (At 28:16-29)

Embora não conheçamos as circunstâncias que deram origem à igreja de Roma, é evidente que seus membros tinham um considerável respeito e apreço por Paulo. Ao se aproximar da cidade, vários fiéis foram ao seu encontro em diversos pontos da estrada (At 28:15). Talvez a mensagem de que ele estava a caminho tenha sido transmitida antecipadamente quando o apóstolo passou a semana em Putéoli, aproximadamente 270 km ao sul (v 13, 14). Como resultado dessa demonstração de afeto por parte de seus amados irmãos, o apóstolo agradeceu a Deus e se sentiu profundamente encorajado a enfrentar seu julgamento final pelo imperador (v 15).

Em seu relatório oficial a César, Festo deve ter escrito que, de acordo com a lei romana, Paulo não era culpado de nenhum crime significativo (At 25:26, 27; cf. 23:29). Isso explica por que ele teve permissão de alugar uma residência privada (28:30), em vez de ser enviado a uma prisão regular ou campo militar.

Logo após sua chegada, seguindo a política de ir primeiro ao judeus (At 13:5, 14; 14:1; 17:1), Paulo convidou líderes judaicos a fim de declarar sua inocência e explicar sua prisão. Seu propósito era criar uma atmosfera de confiança que lhe permitisse compartilhar o evangelho com eles. Intrigados pelas alegações de Paulo, decidiram dar-lhe uma oportunidade (v. 22, 23). O resultado, como de costume, foi uma resposta variada: alguns creram, enquanto outros não (v. 24). Para expressar seu desapontamento, Paulo citou Isaías 6:9, 10 para transmitir o juízo de Deus sobre eles devido à sua rejeição deliberada do evangelho (v. 26, 27). Sua conclusão – de que a salvação de Deus seria então levada aos gentios (v. 28) – pode ser facilmente mal compreendida como se os judeus não tivessem mais oportunidade de conversão. Mas essa passagem somente reverbera declarações prévias de Paulo (At 13:46, 47; 18:6). Ao longo de suas jornadas, ele sempre se voltava aos gentios após ter pregado aos judeus de cada localidade.

Seguindo a prática romana, Paulo permaneceu acorrentado a um soldado o tempo inteiro (At 28:16, 20) e foi dessa maneira que ele levou adiante seu ministério, tanto escrevendo cartas – as famosas epístolas da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) – como dando testemunho de Jesus Cristo (At 28:31). A partir de informações em outras de suas cartas, sabemos que após esse aprisionamento de dois anos em Roma, ele deve ter sido posto em liberdade devido à fragilidade das acusações contra ele e deve ainda ter realizado outra viagem, provavelmente passando por Creta (Tt 1:5), Éfeso (1Tm 1:3), Colossos (Fm 22), Trôade (2Tm 4:13), Corinto e Mileto (2Tm 4:20) e Nicópolis (Tt 3:12). No entanto, por algum motivo, ele novamente foi preso e conduzido a Roma – o segundo aprisionamento. É nesse momento que ele declara suas famosas palavras: “Quanto a mim, estou já sendo oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a Sua vinda” (2Tm 4:6-8). A tradição da igreja nos informa que Paulo foi executado alguns anos depois desse segundo aprisionamento, em 67 d.C.

IV. A vitória do evangelho (At 28:30, 31)

Paulo finalmente foi a Roma. Apesar de sua condição de prisioneiro e da triste nota sobre a rejeição do evangelho por parte dos judeus, a última cena de Atos é de triunfo e reafirmação (At 28:30, 31). Além de retratar o cumprimento da promessa dada por Deus de que Paulo testemunharia de Jesus naquela grande cidade, e até mesmo diante do imperador (At 23:11; 27:24), ela também destaca o cumprimento da missão dada aos discípulos em Atos 1:8. Talvez seja por isso que Lucas não tenha se preocupado em mencionar a libertação de Paulo após os dois anos de prisão. O apóstolo jamais deixou a região mediterrânea, nem mesmo foi à Espanha, como desejava, mas o que Jerusalém representava para o mundo judaico, Roma representava para o gentílico. Nesse sentido, ao pregar o evangelho na capital do império, Paulo havia atingido os confins da Terra e, portanto, cumprido sua missão aos gentios. Mas, esse era apenas o começo. Ainda havia muito a ser feito e, mesmo hoje, cada cristão tem o elevado privilégio de replicar em seu círculo de influência aqueles esforços iniciais a fim de completar a missão da igreja.

Conclusão

Pontos a ser enfatizados em classe:

- As condições extremas da viagem de Paulo a Roma.

- O cuidado divino em permitir que ele chegasse ao seu destino.

- O desejo de Paulo de compartilhar o evangelho mesmo na prisão.

- O legado literário de Paulo em Roma: as epístolas da prisão.

- A vitória do evangelho nos trinta primeiros anos da igreja cristã.

Supervisor do comentário:

Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).