Lição 9
24 a 30 de agosto
O ministério na igreja do Novo Testamento
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jr 45-48
Verso para memorizar: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1:27).
Leituras da semana: At 2:42-47; 4:32-37; 9:36; Mt 25:38, 40; 2Co 8:7-15; Rm 12; Tg 2:1-9

Os versos que conhecemos como a Grande Comissão (Mt 28:18-20) estão entre os mais conhecidos da Bíblia, ao menos pelos cristãos. Muitas vezes esses versos foram descritos como nossa “declaração de missão” e inspiraram todos os tipos de projetos missionários e evangelísticos. De fato, inspirados por essa passagem bíblica, os cristãos têm percorrido o mundo todo para espalhar o evangelho, às vezes a um grande custo pessoal.

Quais foram as instruções de Jesus na Grande Comissão? Fazer discípulos, batizando e ensinando as pessoas “a guardar todas as coisas que” Ele nos ordenou (Mt 28:20). E, como vimos, grande parte das determinações de Cristo tem a ver com o cuidado dos necessitados, dos sofredores, dos que são incapazes de cuidar de si mesmos. Sendo assim, precisamos nos lembrar de que as ordens de Jesus aos Seus primeiros discípulos não eram incumbências novas, algo que eles jamais tivessem ouvido ou visto antes, mas uma continuação da missão que Jesus já vinha desenvolvendo entre eles. Por isso, esse aspecto do ensino de Cristo pode ser visto claramente na vida da nova igreja como parte do cumprimento da Grande Comissão.



Domingo, 25 de agosto
Ano Bíblico: Jr 49, 50
Um novo tipo de comunidade

Depois da ascensão de Jesus e da vinda do Espírito Santo no Pentecostes, o grupo de cristãos cresceu rapidamente e criou a igreja primitiva, um novo tipo de comunidade entre os seguidores de Jesus, inicialmente liderada por Seus primeiros discípulos. No entanto, essa nova comunidade não foi somente algo que eles criaram entre si; em vez disso, foi fundada sobre os ensinamentos e ministério de Jesus e fundamentada na longa história das Escrituras hebraicas e de seus profetas.

1. Leia Atos 2:42-47 e 4:32-37. Quais são os elementos essenciais nessas descrições da comunidade da igreja primitiva?

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Embora pareça que os israelitas não conseguiram viver o projeto de uma sociedade justa e generosa, a comunidade da igreja primitiva levou a sério a ordem de que não deveria haver pobres entre eles (Dt 15:4). Uma das expressões práticas de sua fé foi compartilhar seus recursos materiais, até mesmo vendendo terras e doando o valor recebido (veja At 4:34–5:2) a fim de atender às necessidades de seus irmãos na fé, bem como ser uma bênção aos que não faziam parte daquela nova comunidade, especialmente mediante o ministério da cura (veja At 3:1-11; 5:12-16).

No entanto, essa comunidade não era uma sociedade utópica. À medida que aumentava o número de cristãos, cresciam as tensões sobre a administração desses recursos, especialmente em relação à distribuição diária de alimentos às viúvas (veja At 6:1). Os discípulos, que eram os líderes naturais do grupo, desejavam se concentrar na pregação do evangelho. Para lidar com a situação, eles precisaram se reorganizar.

Sete homens foram nomeados para se concentrar nos assuntos práticos da comunidade da igreja. Esse foi talvez o primeiro reconhecimento dos diferentes ministérios e habilidades a ser exercidos na igreja. Ao mesmo tempo, ficou demonstrada a importância do ministério prático para a vida e testemunho dos cristãos. “Os mesmos princípios de piedade e justiça que deviam orientar os líderes entre o povo de Deus nos dias de Moisés e de Davi, deviam ser igualmente seguidos por aqueles a quem foi entregue o cuidado da recém-organizada igreja de Deus na dispensação cristã” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 95).

Tente imaginar como deve ter sido aquela comunidade primitiva. Como podemos refletir os princípios que a igreja manifestou nesse período?


Segunda-feira, 26 de agosto
Ano Bíblico: Jr 51, 52
O ministério e testemunho de Dorcas

Como Jesus havia predito, à medida que a igreja começou a se espalhar “tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra” (At 1:8), novos cristãos abraçaram a fé e o ministério de Jesus. Entre eles estava Dorcas, também conhecida como Tabita, na cidade de Jope. Evidentemente ela levou a sério o ensino especial de Jesus de que, quando vestia o nu, ela o estava fazendo ao próprio Jesus (veja Mt 25:38, 40).

2. Leia a descrição de Dorcas e de seu ministério em Atos 9:36. Sua vida e ministério poderiam ser descritos em um formato semelhante a esse verso? Como você gostaria que as pessoas o descrevessem?

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Parece que o ministério de Dorcas era tão notável que a descrição dela como “discípula” (veja At 9:36), bem como sua fidelidade, energia e foco nos outros eram reconhecidos mesmo fora de sua cidade natal.

Pedro estava visitando Lida, a cidade vizinha, e o povo de Jope lhe pediu que ele viesse em resposta à morte prematura de Dorcas (veja At 9:37-41). Em sua chegada a Jope, Pedro foi recebido por muitas pessoas que haviam sido auxiliadas por Dorcas mediante o trabalho dela para com os pobres. Elas lhe mostraram as roupas que Dorcas havia feito e, evidentemente, contaram-lhe histórias de como ela as havia ajudado e a muitas outras pessoas.

O fato de que Pedro orou por Dorcas e Deus restaurou essa mulher à vida não garante que sempre dará tudo certo aos que dedicam sua vida ao serviço dos outros. Afinal, Dorcas já havia sofrido doença e morte, e Estêvão, um dos primeiros diáconos nomeados para ministrar às viúvas na igreja, também havia se tornado o primeiro mártir (veja At 7:54-60). Uma vida de serviço não é um caminho fácil, sem obstáculos; às vezes pode até ser a estrada mais difícil.

No entanto, nessa história Deus usou o reconhecimento de Seu amor e poder tanto na vida quanto na morte de Dorcas para causar um forte impacto no povo de Jope: “Isto se tornou conhecido por toda Jope, e muitos creram no Senhor” (At 9:42).

Se você morresse, as pessoas sentiriam falta da sua contribuição assim como o ministério de Dorcas foi lembrado e lamentado? Como podemos deixar um melhor legado de serviço? Considerando a história dessa mulher que fazia roupas para os necessitados, quais são suas habilidades práticas para usar no serviço às pessoas?


Terça-feira, 27 de agosto
Ano Bíblico: Lamentações
Doação como forma de compartilhar

Após sua conversão, Paulo assumiu a missão de levar o evangelho ao mundo gentílico. O sucesso que Deus lhe deu levantou questões importantes sobre a relação entre as raízes judaicas da emergente fé cristã e os novos seguidores de Jesus. Um concílio de líderes cristãos judeus e gentios se reuniu em Jerusalém para discutir o assunto e buscar a orientação divina sobre essas questões complicadas. A reunião e suas resoluções estão registradas em Atos 15.

No entanto, no relatório de Paulo acerca dessa reunião, encontrado em Gálatas 2, ele acrescentou outro elemento importante às ordens que havia recebido do concílio de Jerusalém para o seu contínuo ministério entre os gentios: “Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2:10).

E Paulo continuou a perseguir esse objetivo pessoalmente (veja, por exemplo, Atos 20:35) durante todo o seu ministério. Como ocorreu com a igreja primitiva em Jerusalém, Paulo expandiu a visão da comunidade cristã a fim de aceitar todos os crentes.

3. Leia 2 Coríntios 8:7-15. Como Paulo relacionou o evangelho e a doação generosa?

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Paulo utilizou duas referências do Antigo Testamento para exortar os cristãos a cuidar de seus irmãos em circunstâncias difíceis. Ele citou a história da generosa provisão de maná aos israelitas no deserto como um modelo de doação e do ato de compartilhar entre a comunidade mais ampla da igreja (2Co 8:15). Ele também citou o Salmo 112:9: “Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (2Co 9:9).

Paulo recomendou que seus leitores fossem intencionais nas doações, que separassem regularmente uma parte de sua renda para que ele ou Tito recolhessem essas ofertas e as entregassem aos necessitados em Jerusalém. Ele usou o exemplo de uma igreja para encorajar outras a ter generosidade semelhante. Ele escreveu: “Por meio dessa prova de serviço ministerial, outros louvarão a Deus pela obediência que acompanha a confissão que vocês fazem do evangelho de Cristo e pela generosidade de vocês em compartilhar seus bens com eles e com todos os outros” (2Co 9:13, NVI).

Como devemos priorizar nossas doações quando não podemos doar a todas as causas nem a todas as necessidades apresentadas?


Quarta-feira, 28 de agosto
Ano Bíblico: Ez 1-3
O guia de Paulo para viver e amar intensamente

Acarta de Paulo aos Romanos é mais conhecida por suas explicações detalhadas da grande doutrina da salvação pela fé mediante a morte de Cristo. Porém, após 11 capítulos sobre essa doutrina, ele muda a ênfase e oferece um guia prático para viver e amar satisfatoriamente, com base na graça e amor de Deus revelados em Jesus e na história do evangelho: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). Com efeito, O que Paulo afirma é que, por causa do que Deus fez por nós em Jesus, devemos viver dessa maneira.

4. Leia e resuma Romanos 12, observando de maneira especial as instruções para amar e cuidar dos outros, principalmente dos necessitados.

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Em certo sentido, Romanos 12 funciona como um resumo de muitos assuntos aos quais Paulo deu atenção mais detalhada em algumas de suas outras cartas. Ele falou sobre as diferentes funções e dons dentro do corpo da igreja, inclusive o dom de servir e de encorajar outros e o de doar generosamente (veja v. 3-8). Mas essas coisas devem ser feitas com entusiasmo e, acima de tudo, com amor (veja v. 9-11).

Paulo descreveu em termos práticos o que é essa maneira de viver. Ele rogou aos cristãos que fossem pacientes nas dificuldades e perseguições, cuidassem dos necessitados, fossem pacificadores em qualquer lugar e sempre que possível, como vimos anteriormente, reagissem ao mal e à injustiça com bondade, vencendo o mal com a prática do bem (veja Rm 2:20, 21).

Esse capítulo descreve o que significa viver como uma nova criatura, servindo a Deus individualmente e como parte de uma comunidade de fé. Paulo declarou a esses novos seguidores de Cristo que sua vida, prioridades e ações deveriam mudar por causa de sua resposta ao que Jesus havia feito por eles mediante Sua morte na cruz e devido à esperança de vida eterna que resultava de Seu sacrifício. Vivendo como eles estavam, em uma sociedade opressora e muitas vezes cruel no centro do Império Romano, Paulo os instruiu a viver de maneira diferente: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2).

A quais atitudes e práticas você precisa resistir em sua comunidade para viver e amar de maneira ideal como um seguidor de Jesus?


Quinta-feira, 29 de agosto
Ano Bíblico: Ez 4-7
Tiago, “o Justo”

A tradição cristã sugere que Tiago, o irmão ou meio-irmão de Jesus, tornou-se um líder da igreja primitiva em Jerusalém e atuou como presidente do Concílio de Jerusalém (veja At 15, assim como Gl 1 e 2). Se assim for, é provável que ele tenha sido o autor da carta preservada na Bíblia e que leva o nome dele.

Tiago era um nome comum na época, mas se esses foram a mesma pessoa, ele também pode ter sido o líder da igreja conhecido como Tiago, “o Justo”, o que sugere que ele era um líder sábio, que priorizava adequadamente o modo de tratar os outros e cuidava daqueles que eram muitas vezes esquecidos ou oprimidos. O livro que leva seu nome tem sido descrito como “o livro de Provérbios do Novo Testamento”, centrado na piedade prática e no propósito de viver sabiamente como seguidor de Deus.

O autor do livro de Tiago desejava lembrar seus leitores cristãos de que deviam se tornar “praticantes da Palavra e não somente ouvintes,” enganando-se a si mesmos (Tg 1:22), e de que o foco da religião que importa, pura e duradoura aos olhos de Deus, está em cuidar dos necessitados e oprimidos e em resistir às influências corruptoras da sociedade ao redor (veja Tg 1:27).

5. Leia Tiago 2:1-9 e 5:1-5. A atitude de Tiago para com os ricos é diferente da atitude comumente empregada na maioria das sociedades? Qual é a instrução específica sobre como os ricos e os pobres devem ser tratados dentro da comunidade da igreja?

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Tiago defendeu que desejar o bem a alguém, até mesmo desejar-lhe a bênção de Deus, será de pouco conforto se a pessoa estiver sofrendo de frio e fome. Prover alimento e roupas será muito mais útil na expressão e demonstração do nosso interesse por essas pessoas do que todos os nobres sentimentos e bons desejos (veja Tg 2:14-16). Tiago usou isso como um exemplo da relação entre fé e obras no contexto do nosso relacionamento com Deus. Ele também repetiu (Tg 2:8) o que Jesus ensinou sobre amar o próximo como a si mesmo, mostrando como esse mandamento deve ser obedecido no dia a dia. O preceito é vivido no serviço a Deus e aos outros, não para ganhar a salvação, mas por ser a manifestação da verdadeira fé.

Por que é tão fácil, mesmo de modo inconsciente, preferir os ricos aos pobres?


Sexta-feira, 30 de agosto
Ano Bíblico: Ez 8-10
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Beneficência Social, p. 66, 67 (“Dorcas – Seu Ministério e Influência”) e p. 35-41 (“Eis a Religião Pura”); Atos dos Apóstolos, p. 335-345 (“Uma Igreja Liberal”).

“O Salvador deu Sua preciosa vida a fim de estabelecer uma igreja capaz de cuidar de pessoas aflitas e tentadas. Um grupo de crentes pode ser pobre, sem instrução, desconhecido; entretanto, estando em Cristo, pode fazer no lar, na vizinhança, na igreja, e mesmo nas regiões distantes, uma obra cujos resultados serão de alcance eterno” (Ellen G. White, O Desejado
de Todas as Nações,
p. 640).

“Abnegada liberalidade levou a primeira igreja a um sentimento de alegria; pois os crentes sabiam que seus esforços estavam ajudando a levar o evangelho aos que estavam em trevas. Sua beneficência testificava que não haviam recebido a graça de Deus em vão. O que teria produzido tal liberalidade senão a santificação do Espírito? Aos olhos de crentes e incrédulos foi um milagre da graça” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 344).

Perguntas para discussão

1.
Que medidas a liderança de sua igreja pode tomar para se tornar mais parecida com a comunidade descrita no livro de Atos?

2. A Igreja Adventista do Sétimo Dia utiliza alguns princípios discutidos no estudo desta semana para definir como os dízimos e ofertas são compartilhados entre diferentes partes do mundo. Quais são os benefícios desse sistema que distribui mundialmente os recursos?

3.As instruções resumidas em Romanos 12 são práticas e realistas ou se parecem mais com imagens idealizadas?

4. A linguagem forte usada por Tiago, que ecoa as advertências severas dos profetas do Antigo Testamento, é apropriada e necessária?

Resumo: Impelidos pela comissão de Jesus e pelo poder do Espírito Santo, os discípulos e os primeiros cristãos partiram a fim de compartilhar a mensagem o mais amplamente possível. Fundamentada nos ensinamentos de Jesus e nas Escrituras hebraicas, a igreja primitiva compartilhava o que tinha com os necessitados dentro e fora de sua comunidade. Por meio de seu exemplo e ensino registrado em suas cartas, os primeiros líderes exortaram os cristãos a uma vida de fidelidade e serviço, especialmente para com os necessitados.

Respostas e atividades da semana:

1. Comente com a classe.

2. Ouça a resposta dos alunos.

3. Comente com a classe.

4. Com a ajuda da classe, faça uma lista das instruções de Romanos 12.

5. Segundo Tiago, não devemos fazer acepção de pessoas, pois Deus trata todos de maneira igual. Portanto, os ricos não devem ter os melhores assentos, nem os pobres os piores lugares; antes, todos devem ser tratados com igualdade.



Resumo da Lição 9
O ministério na igreja do Novo Testamento

Jesus começa a Grande Comissão (Mt 28:19, 20) com a palavra "portanto". Sempre que nos deparamos com essa palavra, precisamos olhar para o que a antecede a fim de encontrar a razão por trás da declaração que a acompanha. Neste caso, a Grande Comissão é dada com base na declaração de Jesus: “Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra” (Mt 28:18).

A ordem de Jesus para fazer discípulos, batizar, ensinar e permanecer Nele está alicerçada em Sua autoridade. Muitas vezes, vemos essa Grande Comissão simplesmente como uma ordem para "ir". No entanto, ela é um chamado para confiarmos em Seu poder e autoridade enquanto refletimos Seu caráter e ensinamentos aos outros. Seu chamado ao ministério inclui Sua compaixão pelos pobres e desamparados, conforme se encontra revelado nos evangelhos.

Na lição desta semana, examinaremos como a igreja no Novo Testamento abraçou a compaixão de Cristo pelos pobres. Vimos como a igreja primitiva, após o Pentecostes, foi organizada em torno de ministérios de compaixão, e como os discípulos e líderes da crescente igreja cristã tornaram os ministérios de compaixão centrais à sua missão.

Objetivos do professor:

• Examinar com a classe o modelo de ministério integral e equilibrado descrito em Atos 2:41-47.

• Analisar o papel dos dons espirituais concedidos para facilitar o ministério da igreja e o chamado de cada membro para ministrar às necessidades dos outros.

• Fazer uma avaliação com toda a classe sobre a eficácia da sua igreja ao se empenhar, com a ajuda do Espírito Santo, para levar adiante o ministério integral da igreja do Novo Testamento.

 

Escritura

Convide a classe para ler Atos 2:41-47. Examine os cinco elementos de ministração encontrados na vida da igreja primitiva, que se encontram refletidos nessa passagem. Quantos desses elementos são parte intencional do ministério de sua igreja?

• Adoração (At 2:42, 46, 47).

• Comunhão (At 2:42).

• Serviços comunitários (At 2:45).

• Colheita espiritual (At 2:41, 47)

• Discipulado (At 2:42).

Escritura

Leia Atos 9:36-42. Dorcas, ou Tabita, uma discípula cristã, vivia na cidade de Jope, na costa do mar Mediterrâneo. Dorcas é um nome grego que significa "gazela" e Tabita é a representação aramaica do mesmo nome. Dorcas era uma pessoa bondosa que fazia muitas coisas, especialmente roupas, para os necessitados em Jope. Ela era muito amada na comunidade. Quando ficou doente e morreu, os crentes que a conheciam enviaram com urgência mensageiros para chamar Pedro.

Quando Pedro chegou à casa em que o corpo de Dorcas tinha sido colocado, havia muitas viúvas chorando. Elas mostraram a Pedro as roupas que Dorcas tinha feito. Depois de pedir que todos saíssem da sala, Pedro orou e disse à morta: “Tabita, levante-se” (At 9:40). Ela ressuscitou. Consequentemente, muitas pessoas em Jope creram no Senhor.

O ato de trazer Dorcas de volta dos mortos não foi feito apenas por causa dela. Parte da motivação de Pedro para orar para que Dorcas fosse trazida de volta à vida certamente foi a necessidade das viúvas e de outras pessoas em Jope que precisavam da ajuda que ela podia oferecer. Dorcas é um bom exemplo de como devemos ministrar às necessidades dos nossos semelhantes. Será que a disposição de Dorcas tem sido despertada em sua igreja? A comunidade sentiria muita falta de algum ministério desenvolvido por sua igreja, caso ele deixasse de existir inesperadamente?

Ilustração

As características da igreja primitiva retratadas em Atos 2:41-46 e na vida de Dorcas continuam vivas. Aqui está um exemplo: nos últimos 18 anos, um grupo de cristãos solidários e com mentalidade comunitária, da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Spencerville, Maryland, EUA, tem se envolvido em um ministério chamado “Costurando Alegria”. Eles se reúnem semanalmente pela manhã para estudo, oração, comunhão, e trabalham juntos para atender às necessidades de sua comunidade externa. Ao meio-dia, eles “partem o pão” almoçando juntos. Por meio de reuniões com líderes do bairro, descobriram que havia muitas necessidades. O grupo tem atendido às necessidades apresentadas costurando cobertores de bebê para os filhos de pessoas que viviam em abrigos; confeccionando fronhas; montando kits de higiene pessoal para os moradores de rua; e atendendo a pedidos de colchas, cobertores, chapéus e roupas para projetos missionários em outros países. O que sua igreja tem feito para descobrir as necessidades em sua comunidade? O que é necessário fazer para prestar a assistência necessária depois que descobrimos as necessidades?

Escritura

Leia as três seguintes passagens bíblicas sobre os dons espirituais na igreja primitiva: Romanos 12:4-6; 1 Coríntios 12:4, 5 e 1 Pedro 4:10.

Observe que esses dons espirituais não são simplesmente talentos oferecidos às pessoas para que elas usem como quiserem. Esses dons são oferecidos à igreja para atender às necessidades de seus ministérios. O apóstolo Paulo apresenta uma impressionante lista de dons espirituais que Deus oferece à Sua igreja por meio de seus membros. Juntamente com a classe, estude esta lista encontrada em Romanos 12:6-8, 1 Coríntios 12:7-11, 27-31, e Efésios 4:11-13. Faça uma lista dos dons do Espírito que os membros da sua classe acham que têm. Peça-lhes que compartilhem como têm usado seus dons espirituais para o ministério dentro e fora de sua igreja.

Ilustração

Pense nisto: “As igrejas do Novo Testamento eram ministérios de comunhão e agências ministradoras nas comunidades. Nenhuma diferença de posição ou status dividia o povo de Deus. Os líderes da igreja eram responsáveis principalmente por preparar a congregação para o serviço útil e para serem testemunhas às pessoas à sua volta. A igreja não era vista como uma sociedade musical que contratava os músicos e se sentava para apreciar o concerto. A igreja era uma orquestra na qual cada membro recebia sua partitura para tocar” (Rex Edwards, A New Frontier: Every Believer a Minister [Uma Nova Fronteira: Todo Crente um Ministro], Mountain View, CA: Pacific Press, 1979, p. 6, 7).

Discuta as implicações da citação acima. Faça a seguinte pergunta à classe: Como cada um de vocês foi chamado para ministrar aos outros em nome de Jesus? Incentive os alunos a discutir as respostas em relação a este conceito: “cada crente, um missionário”.

Ilustração

Na igreja do Novo Testamento, as comunidades cristãs ativas eram cheias de crentes que serviam aos outros e estavam envolvidos em um ministério integral. Isso é verdade hoje também. As congregações integrais se apresentam de muitas formas, mas têm certas características em comum: (1) uma compreensão integral da missão da igreja, (2) a espiritualidade centralizada em Cristo, (3) uma dinâmica congregacional saudável e (4) a prática do ministério integral.

Apresentamos a seguir algumas atividades intencionais que uma igreja integral desenvolve.

Procurando obter uma compreensão integral da sua missão, a igreja integral:

• Incentiva uma visão de ministério equilibrado que inclui o discipulado, o evangelismo e a ação social.

• Apoia a caridade, a compaixão, o desenvolvimento da comunidade e a defesa da justiça. Onde quer que haja seres humanos sofrendo, oferece uma oportunidade para que a igreja brilhe como o corpo de Cristo.

• Vê o ministério como fundamentalmente relacional, procurando desenvolver relacionamentos duradouros com os que estão sendo servidos para recebê-los na comunhão da igreja.

• Entende que a missão tem âmbito local e global.

Procurando a santificação e a adoração centralizada em Cristo, a igreja integral:

• Centraliza a vida congregacional em torno da uma adoração significativa, com ênfase na profunda gratidão pela salvação por meio da graça mediante a fé em Cristo.

• Conta com o poder do Espírito Santo para um ministério frutífero.

• É guiada pela inspirada Palavra de Deus e ensina doutrinas que estão firmemente alicerçadas no princípio Sola Scriptura (A Bíblia e Somente a Bíblia) como padrão moral absoluto para o certo e o errado.

• Incentiva uma vida devocional de adoração, oração e estudo com o propósito de crescimento e discipulado.

• Compartilha o amor abnegado de Deus pelos perdidos, solitários e feridos; e cultiva um compromisso voltado para a evangelização como consequência natural da adoração a Deus.

Procurando obter uma dinâmica congregacional saudável, a igreja integral:

• Percebe que os relacionamentos dentro da igreja precisam ser amorosos e saudáveis. Ninguém quer entrar em uma igreja na qual a tensão pode ser sentida porque as famílias não têm um bom relacionamento.

• Ora e apoia os pastores e líderes, e demonstra compaixão pelo fardo que o Senhor colocou sobre os ombros dela. Também se lembra de ser paciente e perdoadora se os líderes cometem erros.

Procurando praticar o ministério integral, a igreja integral:

• Chama, treina, equipa e organiza os membros para o ministério, promovendo o desenvolvimento em toda a variedade de dons espirituais.

• Sustenta o ministério trabalhando harmoniosamente com os outros de maneira organizada. Não se considera independente, rebelde, sabe-tudo, ou um mártir que não é responsável diante de seus irmãos nem depende deles.

• Tem em mente que o ministério tem um enfoque duplo: para os que estão dentro da igreja e para os de fora. Um foco distorcido sobre um grupo pode, às vezes, enfraquecer o outro.

Faça uma avaliação com a classe de como sua igreja se classifica nas categorias acima. Orem juntos para que a abordagem do ministério integral da igreja do Novo Testamento se torne uma realidade em sua igreja.

Aplicação para a vida

No Novo Testamento, ministério significa serviço a Deus e à comunidade em nome de Jesus. O Filho de Deus mostrou o padrão para o ministério cristão. Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20:28; Jo 13:1-17).

• Pergunte à classe o que eles esperam que a igreja faça por eles.

• Desafie-os a entender que o sucesso do ministério da igreja depende mais da contribuição de cada membro para o ministério do que o que eles esperam receber.

• Liste os ministérios e serviços que sua igreja oferece aos seus próprios membros e à comunidade.

• Convide os alunos a identificar nessa lista os ministérios e serviços com os quais eles estão envolvidos e escrever os nomes deles abaixo do respectivo ministério.

• Agradeça aos que estão envolvidos e desafie os demais a ministrar nessas áreas.

O ministério certamente deve enfatizar a pregação do evangelho de Jesus Cristo para que outros possam conhecê-Lo e aceitá-Lo como Salvador pessoal e Senhor da vida deles. Deve inspirar as pessoas a ir ainda mais longe, levando-as a almejar conhecer a Cristo como a essência da sua existência e do seu ministério ao longo da vida. Além disso, os cristãos são chamados a satisfazer as necessidades das pessoas com amor e humildade, como representantes de Cristo.

Peça que os alunos se revezem para ler as seguintes passagens: Mateus 20:26; João 2:5, 9; Atos 6:1-3; Romanos 1:1; Gálatas 1:10 e Colossenses 4:12. Se você examinasse as atas da comissão da sua igreja por um determinado período de tempo, que porcentagem das decisões tomadas você acredita que estariam relacionadas com o ministério direto na comunidade em que a igreja está localizada? Como as reuniões de comissão da sua igreja podem se tornar mais missionárias?


“Olá, Hope Channel”

William Arama, pastor na cidade de Kerikeri, no norte da Nova Zelândia, leu o e-mail com interesse. “Olá, Hope Channel”, dizia a mensagem. “Minha esposa e eu nos mudaremos em breve para Kerikeri. Queremos informações sobre uma igreja para frequentar. Faz algum tempo, vimos um programa organizado por um homem em uma academia em Kerikeri. Quero saber como entrar em contato com ele. Nós também amamos seus programas. Seu irmão em Cristo, Colin Horsfall.”

Enquanto lia a mensagem, William sentiu o coração palpitar de alegria. Foi muito bom saber que alguém assistia ao seu programa e que corações eram tocados. E agora aquele casal desejava conhecer sua igreja. Ele ficou impressionado. William respondeu agradecendo a audiência e a admiração de Colin e esposa pelo canal Hope Channel. Explicou que Kerikeri, localizada na região norte da Nova Zelândia, a 250 km da capital, Auckland, era uma pequena cidade com 7.500 habitantes. Disse que a igreja adventista se reunia as dez horas da manhã, no sábado, em uma comunidade de aposentados. “Ficaremos muito felizes se o casal se unir a nós. Se precisarem de ajuda, telefone para mim”, concluiu. Colin agradeceu, prometendo entrar em contado em breve.

Faz alguns anos que William chegou a Kerikeri, para plantar a primeira igreja adventista do sétimo dia da cidade, onde havia somente uma família adventista e ele não conhecia ninguém. Depois de orar sobre como avançar a o trabalho, decidiu abrir uma academia. “Deus me deu essa ideia brilhante e disse: 'Por que você não abre uma academia?’”, lembra William. “Eu comecei com uma academia, porque sabia que conheceria muitas pessoas.” Assim foi. Ele também contribuiu para a Hope Channel da Nova Zelândia, um canal de TV afiliada da igreja adventista internacional. A Hope Channel começou a transmitir para todos os lares, graças às ofertas missionárias trimestrais de 2016.

Um dos programas que Williams apresentava dava dicas de exercícios para academia. No programa, ele descrevia como as pessoas estão preocupadas com a saúde física e perguntava: “Bem, e quanto à sua saúde espiritual?” Esse programa em particular teve grande impacto sobre Colin e a esposa, Robyn, que estavam se preparando para se mudar de Kaitaia, uma cidade localizada aproximadamente 100 quilômetros a noroeste de Kerikeri. O casal frequentava uma igreja pertencente a outra denominação cristã naquela cidade.

Certo sábado, Colin e Robyn apareceram na igreja de William pela primeira vez. Os 12 membros da igreja os receberam calorosamente. Eles assistiram ao sermão e, depois, desfrutaram do almoço com os irmãos. “Todos foram amistosos, eles se sentiram bem acolhidos, e continuam frequentando a igreja”, informa William. Ele descobriu que Colin, 75 anos, era um ciclista vencedor de medalhas na principal competição de ciclismo do país, os Jogos Mundiais dos Veteranos. Robyn gostava muito de assistir ao Hope Channel e, depois de ver William na televisão, o cumprimentava no sábado, dizendo: “Vi meu pastor favorito durante a semana”.

Em pouco tempo, Colin e Robyn pediram estudos bíblicos e estão se preparando para o batismo. William acredita firmemente que o Hope Channel abre muitas portas na Nova Zelândia, onde a Igreja Adventista tem lutado para fazer incursões em uma sociedade altamente secularizada. “Essa é a maneira pela qual Deus consegue Se aproximar daqueles que provavelmente lidam com problemas que não confiam em compartilhar com outras pessoas. Eles não querem ser vistos na igreja”, diz William. “Mas através do Hope Channel, podem sentar-se confortavelmente em casa e ouvir a mensagem de Deus.”

Muito obrigado porque, em 2016, a oferta do segundo trimestre ajudou a Hope Channel a alcançar todos os lares na Nova Zelândia, divulgando as notícias da vinda de Jesus ao redor do mundo.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2019

Tema Geral: “Meus pequeninos irmãos”: servindo aos necessitados

Lição 9: 24 a 31 de agosto

O ministério na igreja do Novo Testamento

Autor: Geraldo L. Beulke Jr.

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Quando paramos para refletir na sequência dos temas que a lição tem abordado, é inevitável perceber o desenvolvimento da linha histórica que trata do objetivo de Deus para Seu povo. É esclarecedor relembrar, em conexão com nosso tema geral, “servindo aos necessitados”, como Ellen White descreveu a história da missão e do povo da missão para introduzir o ministério relizado pela igreja no Novo Testamento:

(1) “Desde o início tem Deus operado por intermédio de Seu povo a fim de trazer bênçãos ao mundo” (Atos dos Apóstolos, p. 13).

(2) “Deus havia escolhido Israel para revelar Seu caráter aos homens” (Atos dos Apóstolos, p. 14).

(3) “Mas o povo de Israel perdeu de vista seus altos privilégios como representantes de Deus. Esqueceu-se de Deus e deixou de cumprir Sua santa missão. As bênçãos por ele recebidas não produziam bênçãos para o mundo. Os israelitas se apropriaram de todas as suas vantagens para glorificação própria. Excluíram-se do mundo para escapar à tentação. As restrições impostas por Deus na sua associação com os idólatras como um meio de prevenir-lhes o conformismo com as práticas pagãs, eles as usaram para levantar um muro de separação entre si e as demais nações. Roubaram a Deus no serviço que Ele requeria deles e roubaram ao próximo na guia religiosa e santo exemplo” (Atos dos Apóstolos, p. 14, 15).

(4) “A glória de Deus tinha que ser revelada e Sua Palavra confirmada. O reino de Cristo tinha que ser estabelecido no mundo. A salvação de Deus tinha que se tornar conhecida nas cidades do deserto; os discípulos foram chamados para realizar a obra que os líderes judaicos tinham deixado de fazer” (Atos dos Apóstolos, p. 16).

(5) “[A igreja] é o cenário de Sua graça, na qual [Deus] Se deleita em revelar Seu poder de transformar corações” (Atos dos Apóstolos, p. 12).

Igreja – a sociedade dos planos de Deus

O conceito de igreja como povo congregado por Deus está presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Mas é no Novo Testamento que podemos contemplar uma experiência mais real de identificação entre o Messias e a comunidade messiânica, entre o Cristo e aqueles que agora são chamados de Corpo de Cristo. Ao mesmo tempo em que a igreja na “dispensação evangélica” (Atos dos Apóstolos, p. 95) deu continuidade aos mesmos princípios de piedade e justiça que orientaram os líderes do povo de Deus na época de Moisés e Davi, ela substituiu a nação de Israel em sua posição, derrubando os muros de separação e se espalhando pelo mundo. A igreja foi estabelecida pelo próprio Cristo ressurreto para fazer discípulos de todas as nações, “ensinando-os a guardar” tudo o que Ele nos ordenou (Mt 28:18-20). Ensinar a guardar é ensinar a obedecer, e só se ensina a obedecer com exemplos práticos, além da teoria, mas coerentes com a teoria. Assim, a igreja do Novo Testamento não deixou de dar atenção especial aos necessitados (órfãos, viúvas, pobres e estrangeiros) e, à medida que foi preciso, por seu crescimento e necessidade de organização, foram nomeados como diáconos sete homens cheios do Espírito, a fim de que eliminassem as causas de crescentes tensões na administração dos recursos comuns e na subsistência das viúvas (At 6:1). A igreja, como sociedade dos planos de Deus, precisa estar sempre repensando suas estruturas locais para atender as necessidades sociais internas e ao seu redor. Além disso, são necessárias atitudes individuais, no sentido de haver autodoação e esforço para manter o amor como um princípio prático, como veremos nas personalidades abaixo:

Dorcas – vestindo Jesus (At 9:36-43)

Seu nome significa “gazela” e pode evocar tanto a singeleza quanto a agilidade. A descrição que Ellen White fez dela indica que ela cultivou ambas as qualidades: “Seus hábeis dedos eram mais ativos do que sua língua” (Beneficência Social, p. 66). Ela era “notável” e muito amada, pois muito amava e materializava esse amor em “boas obras e esmolas” e por meio das túnicas que tecia para vestir confortavelmente as viúvas necessitadas. Pedro estava próximo da cidade quando Dorcas morreu e foi chamado para ir a Jope. Recebido por não poucas viúvas (o texto usa a palavra “todas”, indicando várias), o apóstolo clamou pelo poder do Céu e orou por sua ressurreição. Se fosse “apenas” um milagre de ressurreição muitos já teriam crido no Senhor, mas o milagre foi ainda mais significativo pelo caráter da pessoa ressuscitada (Beneficência Social, p. 67). Se encerrarmos nossa história hoje, quais pessoas sentiriam falta de nossa contribuição, ajuda e bondade?

Paulo – doutrina e prática

O apóstolo Paulo, por preceito e por exemplo, realizou muito em favor dos necessitados, especialmente dos que pertencem à família da fé. Ele era especialista em abordar temas doutrinários profundos e, em seguida, realizar um desdobramento para questões da vida prática, através de sessões exortativas de suas cartas (Rm 12:13; 2Co 8:3, 4, 12-14; 9:12-14; Gl 6:9, 10). Essa característica dele dava sequência à mensagem dos profetas sobre a conexão entre adoração cúltica e adoração prática.

Em Atos 15, no Concílio de Jerusalém, a igreja decidiu que os cristãos gentios deveriam se abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas. Além disso, de acordo com Paulo, a liderança recomendou que ele e Barnabé não se esquecessem dos pobres (Gl 2:10), o que indica a profunda preocupação da igreja em dar atenção às advertências dos profetas do passado e aos ensinamentos de Jesus a respeito dessa questão.

Tiago – a verdadeira religião (Tg 1:22, 27)

É comumente aceito que o autor dessa epístola/sermão tenha sido Tiago, irmão ou meio-irmão de Jesus. Ele foi convertido por ocasião da aparição de Jesus após Sua ressurreição (1Co 15:7) e se tornou líder da igreja em Jerusalém, presidindo também a primeira reunião teológico-administrativa da igreja, o Concílio de Jerusalém, dando o parecer final (At 15:13-21). Em Tiago 1:22 e 27, temos a conexão do que estudamos até aqui na Lei, nos Profetas, nos Salmos e em Jesus com a igreja primitiva. Precisamos ser “praticantes” dos ensinamentos das Escrituras, não meros “ouvintes”. E o conceito de religião, no verso 27, que trata da preservação da identidade (manter-se incontaminado do mundo) e da nossa relevância (atender os aflitos em suas necessidades). Empregando a expressão “nosso Deus e Pai”, Tiago evocou a figura da família, na qual a principal característica é o amor e a busca pelo bem-estar dos seus membros.

Um apelo de Ellen White é muito apropriado para encerrar nossas considerações: “Não esperem que lhes seja dito qual é o seu dever. Abram os olhos, e vejam os que estão ao seu redor; relacionem-se com os desamparados, aflitos e necessitados. Não se escondam deles, e não busquem fechar a porta às suas necessidades. Quem apresenta as provas mencionadas em Tiago, de possuir religião pura, imaculada de egosísmo ou corrupção?” (Beneficência Social, p. 102, 103).

Eu desejo responder positivamente a essa pergunta! E você?

Conheça o autor do comentário: O pastor Geraldo L. Beulke Junior é natural de Porto Alegre, RS. Graduou-se em Teologia no ano de 2003 e já serviu à Igreja tanto na obra educacional quanto distrital, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Espírito Santo. Atualmente, pastoreia o Distrito de Mangueiras, em Tatuí, São Paulo. Em 2014, concluiu o mestrado em Interpretação e Ensino da Bíblia, pelo SALT – FADBA, e está cursando o programa de doutorado em Teologia Pastoral pelo SALT – UNASP – EC. É casado com a pedagoga Elisama Gama Beulke, com quem tem três filhos: Lara, de 12 anos, Alícia, de 9, e Willian, de 1 ano.