Lição 5
25 a 31 de janeiro
Do orgulho à humildade
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Êx 24-27
Verso para memorizar: “Quão grandes são os Seus sinais, e quão poderosas, as Suas maravilhas! O Seu reino é reino sempiterno, e o Seu domínio, de geração em geração” (Dn 4:3).
Leituras da semana: Dn 4:1-37; Pv 14:31; 2Rs 20:2-5; Jn 3:10; Fp 2:1-11

orgulho tem sido considerado o verdadeiro pecado original. Ele foi manifestado primeiramente em Lúcifer, um anjo nas cortes do Céu. Deus disse por intermédio de Ezequiel: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; ­lancei-te por terra, diante dos reis te pus, para que te contemplem” (Ez 28:17).

O orgulho levou à queda de Lúcifer, e agora Satanás usa esse orgulho para levar inúmeros outros à destruição. Somos todos seres humanos caídos, dependentes de Deus para nossa existência. Todos os dons que temos, tudo o que realizamos com esses dons vêm somente de Deus. Portanto, como ousamos ser orgulhosos, jactanciosos ou arrogantes quando, na realidade, a humildade deveria dominar tudo o que fazemos?

Levou muito tempo para que Nabucodonosor compreendesse a importância da humildade. Mesmo com o aparecimento do quarto homem na fornalha ardente, como vimos na lição da semana passada, o rei não mudou o rumo de sua vida. Somente depois que Deus lhe tirou o reino e o enviou para viver com os animais do campo, o rei reconheceu sua verdadeira condição.


Está chegando o período dos Dez Dias de Oração e Resgate, de 6 a 15 de fevereiro: ore e prepare-se para resgatar amigos. Ore por pessoas que se afastaram da comunidade e estão longe de Jesus. Planeje uma visita a essas pessoas. Seja um instrumento de restauração espiritual.

Domingo, 26 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 28, 29
Não é esta a grande Babilônia?

1. Leia Daniel 4:1-33. O que aconteceu com o rei? Por quê?

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Deus concedeu a Nabucodonosor um segundo sonho. Dessa vez, o rei não se esqueceu do sonho. Mas, como os especialistas babilônicos haviam fracassado novamente, o rei convocou Daniel para apresentar a interpretação. No sonho, o rei tinha visto uma grande árvore que alcançava o Céu e um ser celestial ordenando que ela fosse cortada. Somente o toco e as raízes deveriam ser deixados na terra e seriam molhados com o orvalho do Céu. Mas o que deve ter perturbado Nabucodonosor foi a parte do sonho em que o ser celestial disse: “Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e seja-lhe dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos” (Dn 4:16, ACF). Reconhecendo a gravidade do sonho, Daniel educadamente expressou o desejo de que o seu conteúdo se referisse aos inimigos do rei. Porém, fiel à mensagem transmitida no sonho, Daniel revelou que se tratava do próprio rei.

As árvores são comumente usadas na Bíblia como símbolos de reis, nações e impérios (Ez 17; 31; Os 14; Zc 11:1, 2; Lc 23:31). Portanto, a grande árvore era uma representação apropriada de um rei arrogante. O Senhor havia concedido a Nabucodonosor domínio e poder; no entanto, ele persistentemente falhou em reconhecer que tudo o que possuía vinha de Deus.

2. De acordo com Daniel 4:30, qual declaração do rei revela que ele ainda não compreendia a advertência que o Senhor lhe havia comunicado?

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Talvez, algo muito arriscado em relação ao orgulho seja o fato de que ele nos leva a esquecer quanto somos dependentes de Deus para todas as coisas. E uma vez que nos esquecemos disso, estamos em terreno espiritual perigoso.

O que você já realizou em sua vida? Você pode se alegrar com elas sem ser orgulhoso?

Primeiro Deus - Você tem uma relação verdadeira com Deus, que o ama de maneira tão grandiosa? De 6 a 15 de fevereiro participaremos dos Dez Dias de Oração e Resgate. No primeiro sábado (8/2) vamos jejuar, orar e sair para convidar pessoas afastadas de Jesus para o reencontro do último sábado (15/2). Prepare-se para resgatar amigos.

Segunda-feira, 27 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 30, 31
Advertido pelo profeta

3. Leia Daniel 4:27. Além da advertência sobre o que ocorreria, o que Daniel pediu que o rei fizesse? Por quê? (Ver Pv 14:31). Assinale a alternativa correta:

A.(  ) Que ele abandonasse os pecados e fosse misericordioso para com os pobres, pois assim seus dias seriam prolongados.
B.(  ) Que o rei libertasse os hebreus cativos em Babilônia, pois isso estava sendo uma maldição em sua vida.

Daniel não apenas interpretou o sonho, mas também indicou a Nabucodonosor uma solução: “Aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniquidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranquilidade” (Dn 4:27).

O rei havia realizado uma vasta obra de construção em Babilônia. Os jardins, um sistema de canais e centenas de templos e outros projetos transformavam a cidade em uma das maravilhas do mundo antigo. Contudo, esse esplendor e beleza, pelo menos em parte, foram conseguidos mediante a exploração de mão de obra escrava e negligência em relação aos pobres. Além disso, a riqueza do império havia sido usada para satisfazer os prazeres do rei e de seu entorno. Portanto, o orgulho de Nabucodonosor não apenas o impediu de reconhecer a Deus, mas também o fez ignorar as dificuldades dos necessitados. Tendo em vista o cuidado especial que o Senhor demonstra para com os pobres, não é de surpreender que, dos outros pecados que Daniel poderia ter destacado perante o rei, ele tivesse escolhido o pecado de negligenciar os pobres.

A mensagem ao rei não era algo novo. Os profetas do Antigo Testamento frequentemente advertiram o povo de Deus contra a opressão aos pobres. De fato, preeminente entre os pecados que provocaram o exílio do rei estava a negligência para com os necessitados. Afinal, a compaixão pelos pobres é a mais alta expressão da caridade cristã; por outro lado, a exploração deles constitui um ataque ao próprio Deus. Ao cuidar dos aflitos, reconhecemos que Deus é o Proprietário de todas as coisas, o que significa que nós não somos os donos, mas meros mordomos da propriedade divina.

Ao servir aos outros com nossas posses, honramos a Deus e reconhecemos Seu senhorio. É a Sua propriedade que, em última análise, deve determinar o valor e a função das posses materiais. Nabucodonosor falhou nesse ponto, e corremos o risco de fracassar também, a menos que reconheçamos a soberania de Deus sobre nossas realizações e manifestemos nosso reconhecimento dessa realidade ajudando os necessitados.



Terça-feira, 28 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 32, 33
O Altíssimo tem domínio

Apesar do conselho para se arrepender e buscar o perdão do Senhor, o orgulho implacável de Nabucodonosor fez com que o decreto celestial fosse executado (Dn 4:28-33). Enquanto o rei andava em seu palácio e louvava a si mesmo pelo que havia realizado, ele foi afligido por uma condição mental que forçou sua expulsão do palácio real. Nabucodonosor pode ter sofrido de uma condição mental patológica chamada licantropia ou zoantropia clínica. Essa condição leva o paciente a agir como um animal. Nos tempos modernos, essa doença tem sido chamada de “disforia de espécie”, a sensação de que o corpo da pessoa é da espécie errada e, por isso, existe o desejo de ser um animal.

4. Leia 2 Reis 20:2-5; Jonas 3:10 e Jeremias 18:7, 8. Levando em consideração esses textos, o rei teve a chance de evitar o castigo? Assinale a alternativa correta:

A.(  ) O castigo poderia ter sido evitado; porém, Nabucodonosor permaneceu irredutível em seu orgulho.
B.(  ) O castigo não poderia ter sido evitado, pois o rei estava predestinado a sofrer essa humilhação.

Infelizmente, Nabucodonosor precisou aprender da maneira mais difícil. Quando esteve investido do poder real, ele não havia sido capaz de refletir sobre seu relacionamento com Deus. Assim, ao privar o rei da autoridade real e enviá-lo para viver com os animais do campo, o Senhor lhe deu uma oportunidade de reconhecer sua total dependência Dele. A lição suprema que Deus desejava ensinar ao rei arrogante é que “o Céu domina” (Dn 4:26). De fato, o juízo sobre o rei tinha um propósito ainda maior no desígnio do Criador, conforme tão claramente expresso no decreto dos seres celestiais: “A fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles” (Dn 4:17).

Em outras palavras, a disciplina aplicada a Nabucodonosor também deveria ser uma lição a todos nós. Por pertencermos ao grupo dos “viventes”, devemos prestar mais atenção à lição principal: “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens”.

Por que é tão importante aprender a lição de que o Altíssimo tem domínio? Por exemplo, como esse conhecimento deve impactar a maneira pela qual tratamos aqueles sobre os quais temos poder? O que devemos mudar em nossa atitude?


Quarta-feira, 29 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 34-36
Levantando os olhos para o Céu

5. De acordo com Daniel 4:34-37, como e por que as coisas mudaram para o rei?

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Deus permitiu que Nabucodonosor fosse acometido por uma doença estranha, mas no fim Ele prontamente o restaurou a um estado mental sadio. Curiosamente, tudo mudou quando, ao final dos sete anos preditos pelo profeta, o rei enfermo levantou os olhos para o Céu (Dn 4:34).

“Durante sete anos Nabucodonosor foi um espanto para todos os seus súditos; por sete anos foi humilhado perante todo o mundo. Então sua razão foi restaurada, e, levantando os olhos em humildade ao Deus do Céu, ele reconheceu a mão divina no seu castigo. Numa proclamação pública admitiu sua culpa e a grande misericórdia de Deus em sua restauração” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 520).

Certamente, grandes mudanças podem acontecer quando levantamos nossos olhos para o Céu. Assim que o rei recobrou a compreensão, ele deu provas de que havia aprendido a lição.

Mas essa história não é tanto sobre Nabucodonosor, mas sobre a misericórdia do Criador. O rei tinha perdido três oportunidades anteriores de aceitar o Deus de Israel como o Senhor de sua vida. Essas circunstâncias oportunas ocorreram (1) quando ele reconheceu a sabedoria excepcional dos quatro jovens cativos da Judeia (Dn 1); (2) quando Daniel interpretou seu sonho (Dn 2); e (3) quando os três homens hebreus foram resgatados da fornalha ardente (Dn 3). Afinal de contas, se aquele resgate não o humilhou, o que o humilharia? Apesar da teimosia do governante, Deus lhe concedeu uma quarta chance; Ele finalmente conquistou o coração do rei e o restaurou ao seu ofício real (Dn 4). Como o caso de Nabucodonosor ilustra, Deus concede uma chance após outra para nos restaurar a um relacionamento justo com Ele. Como Paulo escreveu muitos séculos depois, o Senhor “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2:4). Vemos nessa história um exemplo poderoso dessa realidade.

Você já foi humilhado por Deus? O que aprendeu com essa experiência? Quais mudanças precisa fazer para não ter que “aprender a lição novamente”?


Quinta-feira, 30 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 37, 38
Humilde e grato

6. O rei arrependido declarou: “Todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada” (Dn 4:35). Dado o contexto, que ponto importante ele estava apresentando?

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Como sabemos que Nabucodonosor aceitou genuinamente o Deus verdadeiro? Encontramos uma grande evidência no fato de que o próprio rei é o autor do capítulo 4 de Daniel. A maior parte desse capítulo parece ser uma transcrição de uma carta que o rei distribuiu a seu vasto reino. Nessa carta, o rei falou sobre seu orgulho e insanidade e reconheceu humildemente a intervenção de Deus em sua vida. Os monarcas antigos raramente escreviam qualquer coisa depreciativa a respeito de si mesmos. Praticamente todos os antigos documentos reais que conhecemos glorificam o rei. Um documento como esse, portanto, no qual o rei admitia seu orgulho e seu comportamento bestial, indica uma genuína conversão. Além disso, ao escrever uma carta contando sua experiência e humildemente confessando a soberania do Senhor, o rei estava agindo como um missionário. Ele não podia mais guardar para si o que tinha vivenciado e aprendido com o verdadeiro Deus. O que vimos então, na oração e no louvor do rei (Dn 4:34-37), revela a realidade de Sua experiência.

Ele passou a ter um conjunto diferente de valores e reconheceu as limitações do poder humano. Em uma profunda oração de ação de graças, exaltou o poder do Deus de Daniel e admitiu que “todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada” (Dn 4:35). Ou seja, o homem não tem nada do que se vangloriar. Portanto, esse último vislumbre de Nabucodonosor no livro de Daniel mostra um rei humilde e grato, cantando louvores a Deus e nos advertindo contra o orgulho.

Evidentemente, o Senhor continua a mudar corações hoje. Não importa quanto possam ser orgulhosos ou pecaminosos, no Altíssimo há misericórdia e poder para transformar pecadores rebeldes em filhos do Deus do Céu.

7. Leia Filipenses 2:1-11. O que encontramos nesse texto que deveria erradicar o orgulho em nossa vida?

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Primeiro Deus - Peça que Deus lhe dê o desejo de ser purificado e transformado por Ele.


Sexta-feira, 31 de janeiro
Ano Bíblico: Êx 39, 40
Estudo adicional

O outrora orgulhoso rei tinha se tornado um humilde filho de Deus; o governante tirânico e opressor havia se tornado um rei sábio e compassivo. Aquele que tinha desafiado o Deus do Céu e Dele blasfemado reconhecia então o poder do Altíssimo e fervorosamente procurou promover o temor de Jeová e a felicidade dos seus súditos. Sob a repreensão Daquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, Nabucodonosor tinha afinal aprendido a lição que todos os reis precisam aprender, de que a verdadeira grandeza consiste na verdadeira bondade. Ele reconheceu Jeová como o Deus vivo, dizendo: ‘Eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei dos Céus, porque tudo o que Ele faz é certo e todos os Seus caminhos são justos. E Ele tem poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância’ (Dn 4:37, NVI).

“O propósito de Deus de que o maior reino do mundo mostrasse Seu louvor estava então cumprido. Essa proclamação pública, em que Nabucodonosor reconheceu a misericórdia, bondade e autoridade de Deus, foi o último ato de sua vida registrado na história sacra” (Ellen G. White,
Profetas e Reis, p. 521).

Perguntas para discussão

1. “O orgulho leva a todos os outros vícios; é o estado mental mais oposto a Deus que existe [...]. Quanto mais orgulho uma pessoa tem, menos gosta de vê-lo nos outros. Se quer descobrir quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é se perguntar: ‘Quanto me desagrada que os outros me tratem como inferior, ou não notem minha presença, ou interfiram nos meus negócios, ou me tratem com condescendência, ou se exibam na minha frente?’ A questão é que o orgulho de cada um está em competição direta com o orgulho de todos os outros. Se me sinto incomodado porque outra pessoa fez muito sucesso na festa é porque eu mesmo queria alcançar o grande sucesso. Dois bicudos não se beijam” (C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples. Martins Fontes, 2005, p. 44). Como as palavras de Lewis podem ajudá-lo a ver o orgulho em sua vida?

2. Um tema visto em Daniel 4 e nos outros capítulos é a soberania de Deus. É importante compreender esse assunto? Como o sábado nos ajuda a entender essa verdade crucial?

Respostas e atividades da semana: 1. O rei perdeu o seu trono e foi morar com os animais do campo. Ele se tornou como um bicho; cresceram-lhe os cabelos e as unhas e passou a comer capim como o boi. 2. “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?”
(Dn 4:30).
3. A. 4. A. 5. Depois de levantar os olhos ao Céu, o rei voltou ao perfeito juízo, pois finalmente reconheceu a majestade e a soberania do Senhor. 6. Se nos comparamos com o Senhor, não somos nada! 7. Assim como Cristo Se esvaziou devemos nos esvaziar da vanglória e do orgulho tornando-nos humildes.



Resumo da Lição 5
Do orgulho à humildade

ESBOÇO

TEXTO-CHAVE: Daniel 4:3

FOCO DO ESTUDO: Daniel 4:1-33; Provérbios 14:31; 2 Reis 20:1-5; Jonas 3:10; Daniel 4:34-37; Filipenses 2:1-11

Introdução

Nabucodonosor já havia se deparado com pelo menos três oportunidades para entender que todas as suas realizações deviam ser creditadas ao Deus hebreu. Mas como ele não havia aprendido essa lição, Deus lhe deu uma última oportunidade para ajudá-lo a entender a diferença entre orgulho e humildade e ter um vislumbre do caráter de Deus.

Temas da lição

1. Orgulho

Ao concentrar-se em suas próprias realizações, Nabucodonosor se esqueceu do Deus de Daniel a quem devia seu trono e tudo o mais que possuía.

2. Humildade

Somente depois de perder seu reino, Nabucodonosor reconheceu o Deus de Daniel como Originador e Mantenedor do seu poder.

3. Deus

Deus Se revela no episódio de Daniel 4 como Aquele que remove reis e estabelece reis.

Aplicação para a vida

Existe um Nabucodonosor em cada um de nós. Superar o orgulho e se tornar humilde é um ideal humanamente impossível de ser alcançado. Humildade é um objetivo inatingível. Quando pensamos que conseguimos alcançar, já perdemos. Mas Jesus pode nos dar poder para superar nossa arrogância e viver uma vida humilde. Ele pode mudar cada “tentação de orgulho em uma oportunidade de gratidão” (Christopher J. H. Wright, Hearing the Message of Daniel: Sustaining Faith in Today's World [Ouvindo a mensagem de Daniel: sustentando a fé no mundo de hoje, Grand Rapids, MI: Zondervan, 2017, p. 94).

Comentário

1. Orgulho

Daniel 4 registra um testemunho pessoal de Nabucodonosor. À medida que a narrativa se desenvolve, o rei reconhece que o orgulho foi a causa da sua queda do trono e passa a relatar como Deus agiu a fim de trazê-lo à humildade. No auge das suas realizações (cerca de trinta anos depois dos eventos relatados em Daniel 3), o rei sonhou com uma árvore gigantesca que oferecia abrigo e sustento a todas as criaturas da terra. Em seguida, devido a uma decisão celestial, a árvore foi cortada. Mais uma vez, somente Daniel foi capaz de relatar ao rei a verdadeira interpretação do sonho. Aquela árvore magnífica representava o próprio rei em sua arrogância. Na verdade, árvores e vinhas são retratadas em outras partes das Escrituras como símbolos de reis orgulhosos e reinos que Deus finalmente destruiu (Ez 17:1-15; Ez 19:10-14; Ez 31:3-12).

Com extrema sensibilidade, Daniel explicou que a árvore representava o próprio rei. Deus o removeria do trono a menos que ele mudasse sua atitude para com seus súditos (Dn 4:27). O orgulho normalmente tem repercussões na esfera social. Mas chegou a hora de Nabucodonosor ser responsabilizado por seu estilo administrativo arrogante. Se quisesse escapar de seu terrível destino, ele não tinha outra opção senão substituir a opressão pela justiça e assim refletir o caráter de Deus nos assuntos de seu reino. Mas o rei não estava disposto a deixar de lado sua arrogância e mudar seu comportamento. Um ano depois, ele estava admirando as edificações que havia construído (Dn 4:29, 30), o que é uma ironia. Afinal, “Nabucodonosor provavelmente nunca tivesse assentado um tijolo durante a sua vida. Ele não havia construído Babilônia. Ela havia sido edificada pelo suor dos milhares de escravos oprimidos, imigrantes e outras camadas pobres da nação, o tipo das numerosas multidões cuja mão de obra havia construído cada uma das célebres civilizações da decaída raça humana na história” (Christopher J. H. Wright, Hearing the Message of Daniel [Ouvindo a mensagem de Daniel], p. 101).

Naquela mesma hora, o rei foi acometido por uma doença mental, possivelmente um distúrbio mental conhecido como zoantropia ou licantropia, em que a pessoa pensa que se tornou um animal e passa a se comportar como tal. Por sete anos Nabucodonosor teve que viver entre os animais do campo. Assim, aquele que acreditava ser um deus se tornou menos que humano. Como está escrito: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16:18).

2. Humildade

Nabucodonosor aprendeu a lição que Deus lhe havia designado. Depois de sete anos entre os animais, o rei teve uma mudança radical de atitude: “Eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu” (Dn 4:34). Esse olhar para cima sinaliza a mudança na mentalidade de Nabucodonosor. Antes, do topo do orgulho, o rei olhava para baixo em sinal de desprezo. Então, quando olhou para cima, de onde vem todo poder e sabedoria, três coisas importantes aconteceram: (1) ele foi curado de sua doença mental ("tornou-me a vir o entendimento"); (2) ele reconheceu Deus como o Soberano do Universo; e (3) ele foi restabelecido ao trono (Dn 4:34-36). Como o próprio rei declarou: “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do Céu, porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba” (Dn 4:37). Ninguém mais do que Nabucodonosor podia reconhecer a verdade de que Deus humilha “aos que andam na soberba”.

Mas o processo de humilhação durou sete tempos; a palavra original muito provavelmente signifique “anos” e aqui deve ser entendida como sete anos literais. Esses sete anos se referem a um período de tempo literal durante o qual o rei, afastado do trono e humilhado, teve que viver entre os animais do campo. Portanto, ao contrário dos períodos de tempo mencionados nas seções apocalípticas de Daniel, os sete anos não devem ser interpretados de acordo com o princípio do dia/ano. Como mencionamos anteriormente, haviam se passado doze meses desde o momento do sonho do rei até o episódio em que ele se exaltou e teve início o seu período de juízo, que durou sete anos. Então, ao final dos sete anos, o rei foi restabelecido ao trono. Por isso, não há indicação de que o período de tempo mencionado em Daniel 4 deva ser interpretado de nenhuma outra forma que não seja literal.

Foi necessário um terrível juízo divino sobre o rei para despertar completamente seu entendimento, a fim de que ele percebesse que o Deus de Daniel estava no comando. Por que é tão difícil para o ser humano se tornar humilde? A razão é que estamos todos infectados com o desejo de ser servidos e exaltados, o que nada mais é do que o desejo de ser tratados como Deus (veja Gn 3). Mas como não podemos ser Deus, o orgulho produz uma amarga frustração. A humildade, no entanto, traz satisfação. Sempre encontraremos alguém a quem servir e, ao fazê-lo, experimentaremos a alegria e a satisfação de servir a Cristo (veja Gary Thomas, “Downward Mobility” [Mobilidade Descendente], Discipleship Journal, julho-agosto de 2005, p. 34-37).

3. Conversão

Uma questão que aparece com frequência em relação a esse relato é a seguinte: o rei se converteu verdadeiramente ou não? Embora alguns comentaristas acreditem que não haja evidências suficientes para confirmar uma conversão genuína, há bastante indicações que apontam nessa direção. Quando olhamos para o ponto central da confissão do rei em Daniel 4:34, 35, quatro elementos se destacam:

1. Ele reconheceu a soberania de Deus, que estabelece um reino eterno. Deus “age como Lhe agrada com os exércitos dos Céus e com os habitantes da Terra. Ninguém é capaz de resistir à Sua mão ou dizer-Lhe: ‘O que fizeste?’’’ (Dn 4:35, NVI). Há indícios do infinito e eterno nas palavras de Nabucodonosor: “O Seu reino dura de geração em geração” (Dn 4:34, NVI).

2. Nabucodonosor também reconheceu a fragilidade da natureza humana: “Todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada” (Dn 4:35). O rei passou a reconhecer o poder divino além do nível meramente teórico. Admitiu que até mesmo o maior entre os homens (aos seus próprios olhos e, sem dúvida, aos olhos de seus súditos, ele era o maior) não é nada diante do grandioso Senhor. Tal reconhecimento é sempre uma marca do coração subjugado; a fragilidade humana e sua dependência de Deus é evidente. O ser humano não é autossuficiente; é um ser criado e dependente. Sua verdadeira alegria só pode ser completada quando houver um reconhecimento da sua verdadeira dependência do Criador.

3. Nabucodonosor reconheceu a fidelidade e a justiça de Deus, “porque todas as Suas obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos” (Dn 4:37). Deus tratou Nabucodonosor de maneira severa, mas ele reconheceu quão justos e verdadeiros foram os juízos divinos. Eles foram adequados aos seus pecados.

4. “Finalmente, ele reconheceu que Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede Sua graça (comparar com Pv 3:34; Tg 4:6). A vida dele foi um retrato da aplicação que Pedro fez do seguinte princípio: ‘Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte’” (1Pe 5:6; Sinclair B. Ferguson e Lloyd J. Ogilvie, The Preacher’s Commentary Series [A Série de Comentários do Pregador], v. 21, Nashville, TN: Thomas Nelson, 1988, p. 96, 97). O padrão de Sua graça salvadora sempre se fundamenta nesse princípio de humildade.

Aplicação para a vida

1. Como você avalia suas próprias realizações quando comparadas às dos outros? Como você vê a diferença entre orgulho e elevada autoestima?

2. Em sua opinião, como podemos mostrar e viver a genuína humildade? Qual é a diferença entre humildade e baixa autoestima?

3. Qual é o lugar da humildade na liderança da igreja? Você acha que um líder humilde pode ser respeitado e seguido?

4. De que maneira Jesus ensinou a humildade? Em que ocasião do Seu ministério Cristo exemplificou a humildade de maneira mais poderosa? O que você pode aprender com Ele?

5. Qual é a sua percepção da relação entre humildade e perdão? Quanto é difícil para você perdoar alguém que lhe ofendeu?

6. A lição desta semana abre a possibilidade para uma autoavaliação. Peça que os membros da classe reflitam sobre a seguinte questão: Tente se colocar no lugar de Nabucodonosor e pergunte a si mesmo:

  • Costumo me engrandecer mais do que devo por certas realizações? De que maneira conto minhas histórias pessoais? Minha intenção é que as pessoas me vejam como sendo melhor ou mais bem-sucedido do que realmente sou?
  • Quais passos preciso dar para obter humildade?
  • Houve alguma situação na minha vida em que fui humilhado de maneira que me ajudou a entender minhas limitações e, portanto, honrar a Deus? Comente com a classe.
  • Com que frequência me lembro de dar glória a Deus por tudo que consegui alcançar? O que pode me ajudar a lembrar de dar sempre a glória ao Senhor?

Apedrejamento na Sicília

O pai de Salvina Mazza, 13 anos, a levou em um passeio de bicicleta, por 43 quilômetros na ilha italiana da Sicília. Mas não foi um passeio divertido. “Um parente que mora no vilarejo de Rosolini pediu ajuda para entender a Bíblia”, e o pai disse para ela antes de sair: “Venha e ouça para aprender como falar de Jesus.” Ele não tinha carro, por isso, viajaram de bicicleta até uma cidade próxima da montanha de Ragusa. Ali, eles se encontraram com um amigo, Giovanni Giallanza, o primeiro adventista em Ragusa. Giovanni havia apresentado o pai de Salvina à igreja adventista, depois de conhecer irmãos adventistas na Bélgica.

Após algum tempo, os dois homens e a garota chegaram à casa da família em Rosolini. Curiosos, os vizinhos apareceram nas portas e janelas de suas casas. “Quem são estes estranhos?“, perguntou alguém. “O que estão fazendo aqui?“, outro quis saber. Os vizinhos seguiram os visitantes à casa da família. Em pouco tempo a casa estava lotada. O homem que convidou os convidou fez uma pergunta bíblica. O pai de Salvina abriu a Bíblia e mostrou a resposta. O homem fez outra pergunta e, novamente, ele respondeu à luz da Bíblia.

Duas mulheres não pareciam felizes com as respostas e saíram da casa. Após vinte minutos, dois homens bem vestidos, com pastas na mão, cruzaram a porta. Depois de ouvirem o que o visitante falava, um falou para o outro: “Não há nada acontecendo aqui. Eles só estão evangelizando.“ Então saíram. Eles eram policiais enviados pelas duas mulheres que ficaram contrariadas. Passadas três horas, a reunião terminou e o pai de Salvina se despediu das pessoas. “Se vocês quiserem estudar mais, me contem que eu retornarei“, ele disse. Salvina, o pai e o amigo saíram da casa e começaram o trajeto de volta a Ragusa. Para sua surpresa, a estrada estava obstruída por uma fila com centenas de pessoas.

“Pai, tem alguma festa religiosa acontecendo?”, Salvida perguntou. “Sim”, ele disse, “é um grande festival contra nós!” Havia um tom de urgência em sua voz. “Vamos pedalar mais rápido para conseguir atravessar a multidão”, disse. Assim fizeram. A multidão começou a gritar. “Não precisamos desse tipo de igreja!“, alguém disse. “Não queremos protestantes aqui!“, outro disse. As pessoas pegaram pedras e lançaram em direção aos ciclistas. “Não reajam”, o pai disse. “Só não parem de pedalar.” Salvina pedalou o mais rápido que pôde.

Depois de alcançar uma distancia segura da multidão, o pai parou para ver se alguém havia se machucado. Todos estavam bem e inclinaram a cabeça em oração. “Senhor, muito obrigado por nos proteger. A multidão atirou pedras, mas ninguém se machucou.” Ninguém os convidou para voltarem a Rosolini. O pai de Salvina, que se chamava Carmelo Mazza, enfrentou muitas adversidades por compartilhar a fé. Ele rodou em sua bicicleta por toda a Sicília, trabalhando como fotógrafo, depois da Segunda Guerra Mundial. Mas não desanimou diante da multidão que queria apedrejá-lo nem por outras dificuldades. Em 1952, ele e Giovanni inauguraram a primeira igreja adventista em Ragusa. Eles também construíram igrejas em Mazzarrone, Modica e Vitória.

Hoje Salvina está com 85 anos de idade, porém se lembra muito bem do passeio de bicicleta. “Foi um grande milagre do qual nunca me esquecerei“, ela diz. Mesmo depois do ataque, ela não teve medo de falar de Jesus. Sempre tratou os vizinhos com paciência e amor quando a desprezam por ser adventista. Ela compartilhava a fé na escola mesmo que os colegas de classe e o padre zombassem. Até hoje ela fala com entusiasmo sobre suas convicções.

“Eu amo compartilhar o evangelho”, ela diz. Parte da oferta trimestral de 2016 ajudou a construir uma igreja em Ragusa. Os membros se reuniam em salas alugadas desde que a igreja foi estabelecida com a participação do pai de Salvina, em 1952. Eles são gratos por terem um local próprio para adorar a Deus. Muito obrigado por tornar isso possível através das ofertas.

 

Dicas da história

• Assistir ao vídeo sobre Salvina no YouTube: bit.ly/Salvina-Mazza.
• Fazer um download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq) ou no banco de dados ADAMS (bit.ly/Stoned-in-Sicily).
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2020

Tema Geral: Daniel

Lição 5 – 25 de janeiro a 1º de fevereiro

Do orgulho à humildade

Autor: Marcelo Rezende

Editor: André Oliveira Santos

Revisora: Rosemara Santos

O capítulo 4 de Daniel se destaca em todo o livro por apresentar um texto que não foi escrito originalmente pelo profeta. Aqui temos o rei Nabucodonosor se dirigindo aos leitores do livro em uma epístola, possivelmente um documento real que tenha sido amplamente divulgado pelo império na época e que foi posteriormente anexado ao livro pelo organizador autoral do texto para encerrar o ciclo das histórias de Nabucodonosor, apresentando uma perspectiva positiva do rei a ser contrastada com a história de Belsazar no capítulo seguinte.

1 – O sonho

A narração da história começa e segue em primeira pessoa, com o rei descrevendo o ambiente dos fatos até o verso 19, quando abruptamente ela passa para a terceira pessoa, voltando a ser uma narrativa em primeira pessoa, com a voz de Nabucodonosor, a partir do verso 34. Como em um filme que apresenta “mudanças de câmara” para alterar as perspectivas da história, a mudança da voz narrativa serve para que a interpretação do sonho e o subsequente cumprimento dele, passe a ser visto e compreendido pelo narrador do livro, que sempre apresenta a história pelo ponto de vista do profeta, revelando assim a verdadeira compreensão espiritual dos fatos apresentada por Daniel, não pelo rei.

A leitura de Daniel 4 nos traz uma trama muito parecida com a do capítulo 2. Vemos o rei tendo um sonho cuja interpretação não pode ser oferecida pelos seus sábios, por impotência da parte deles ou por medo, ao perceberem que o sonho trazia uma espécie de “mau agouro” contra o rei. Daniel entra em cena com a missão de interpretar o significado do sonho, que parece óbvio para o leitor uma vez que o próprio Nabucodonosor já havia anteriormente comparado Babilônia com uma árvore, ao afirmar: “Debaixo de sua eterna sombra, eu reuni todos os povos em paz”, além do fato de que a árvore tem “coração de homem” e passa a ter “coração de animal” (Dn 4:16), o que seria uma clara indicação do simbolismo e da mensagem do sonho dirigido ao rei.

A trama da história apresenta dois momentos culminantes: o primeiro quando Daniel escuta o sonho e fica perplexo com sua mensagem, mas sua interpretação aparentemente recebe uma aceitação positiva do rei. Porém, um segundo clímax emerge quando o rei manifesta novamente um surto de arrogância, gerando outra crise na narrativa, com a punição divina sobre o rei com um período de loucura (possivelmente licantropia) que durou por sete anos literais, para depois ser revertida pelo arrependimento do rei.

2 – A experiência da conversão

Uma informação valiosa sobre o significado da experiência do rei Nabucodonosor está evidenciada na oração de louvor registrada em Daniel 4:34, 35, onde vemos diversas referências ao texto do livro do profeta Isaías (Is 40:17, 23, 26, 43:13 e 45:9. Ao que parece, através de Daniel, Nabucodonosor teve contato com o livro do profeta Isaías, principalmente porque ele trazia um texto escrito anteriormente que profetizava o exílio dos judeus em Babilônia, sua restauração e libertação pelas mãos de um rei persa chamado Ciro (o próximo reino na sequência demonstrada pela estátua).

Nabucodonosor havia presenciado diversas manifestações do poder de Deus na vida de pessoas à sua volta, havia recebido mensagens da Escritura e interpretações proféticas por intermédio de Daniel, mas só experimentou a verdadeira conversão quando ele mesmo se apropriou da mensagem de Deus para si como realidade pessoal. A palavra de Deus só tem valor e poder de transformação quando é recebida como autoridade e mensagem divina para nós. Somente assim pode acontecer o milagre da transformação da visão de mundo, de acordo com o evangelho e com as prioridades do reino de Deus. Isso é conversão! E o resultado imediato disso é uma vida dedicada ao próximo, porque as pessoas que, de fato, conhecem a Deus e Seu amor de forma experimental, passam a distribuir o mesmo amor a todos aqueles que os cercam.

Existe rancor, ódio e frieza à nossa volta, dentro e fora de ambientes religiosos, porque o verdadeiro amor a Deus não está presente em muitos daqueles que se autodefinem como religiosos. Uma prova disso é a quantidade de atos de intolerância e preconceito realizados em nome de Deus ou da religião no decorrer da história passada e em nossos dias. A maior manifestação do conhecimento autêntico da verdade está explicitada em 1 João 4:20: “Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”.

Nabucodonosor conhecia a Deus como uma informação ou como um elemento cultural da religião dos seus cativos hebreus. Esse conhecimento “intelectual” só alimentou seus surtos de arrogância e grandeza, e mesmo quando tinha lampejos de convicção da soberania do Deus de Israel, ele manifestava sua devoção nos mesmos termos opressores e perseguidores com os quais ele impunha a sua religião babilônica sobre os outros. Tudo é radicalmente transformado quando a Palavra de Deus é recebida por Nabucodonosor e se torna sua experiência pessoal: ele agora conclama todos os povos à paz (Dn 4:1), exaltando a soberania divina sobre todos os soberbos reis da Terra (Dn 4:37).

Além de demonstrar o poder e a soberania de Deus sobre todos os homens e reinos de todas as épocas, a história da conversão de Nabucodonosor serve como advertência ao leitor para que examine sua própria experiência com Deus, pois não há mal que seja determinado sobre a vida humana que não possa ser evitado pela misericórdia divina. Outra lição que aprendemos com a experiência do rei babilônico é que podemos decidir pelo bem em circunstâncias favoráveis do momento, sem necessariamente sermos expostos às situações de provas e aflições, como ocorreu com o monarca do passado. Nessas situações, a pressão pela decisão correta talvez seja a única maneira de nos despertar a fim de que voltemos a trilhar o caminho da vontade divina.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre:

Atualmente, Marcelo Rezende é pastor do distrito de São Carlos, na Associação Paulista Oeste. Há 20 anos é pastor e tem servido a igreja em diversas funções ministeriais. Possui mestrado em teologia bíblica com ênfase em teologia paulina pelo Unasp-Engenheiro Coelho. É casado com Simone Ramos Rezende e juntos têm dois filhos: Sarah (que nasceu em um dia 22 de outubro – os que estudarem a lição de Daniel entenderão!), e o caçula Daniel (o mesmo nome do profeta!).