Lição 5
27 de abril a 03 de maio
Fé contra todas as dificuldades
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Ez 33
Verso para memorizar: “Guardo a Tua palavra no meu coração para não pecar contra Ti” (Sl 119:11).
Leituras da semana: Sl 119:162; Jo 16:13-15; 2Pe 1:20, 21; Ef 2:8, 9; Rm 3:23, 24; 6:15-18

Os reformadores protestantes tinham algo de que as pessoas do século 21 precisam desesperadamente – um propósito para a vida. No livro The Empty Self, o renomado psicólogo americano Philip Cushman fala de pessoas que levam vidas sem propósito. Suas crenças são superficiais. Poucas coisas de real significado são importantes para elas, e não têm nada pelo que valha a pena morrer. Por isso, não têm nada pelo que vale a pena viver. 

Mas os homens, as mulheres e as crianças da Reforma Protestante eram diferentes. Eles tinham um propósito duradouro pelo qual valia a pena viver. Aquilo em que acreditavam importava e não estavam dispostos a com- prometer a sua integridade. Negar crenças era negar a própria identidade. 

Nesta semana, com exemplos da Reforma, veremos como os ensinos bíbli- cos transformadores dão base para o verdadeiro significado da vida. Com- preender essas verdades nos preparará para a crise final no conflito entre o bem e o mal. Fomos chamados a continuar a batalha dos reformadores. Podemos descobrir o Deus grande o suficiente para todos os desafios, Aquele que dá sentido e propósito à vida como nada no mundo jamais poderia dar. 

* Esta lição se baseia nos capítulos 7 a 11 do livro O Grande Conflito. 

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Domingo, 28 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 34
A Palavra de Deus somente

1. Qual foi a atitude de Davi em relação às Escrituras? Como isso impactou os reformadores e a nós? Sl 119:103, 104, 147, 162 

A Bíblia foi a base da fé dos reformadores e a essência de seus ensinos. Eles entendiam que lidavam com a inspirada “Palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1Pe 1:23). Amavam cada palavra. Quando liam suas páginas e acreditavam em suas promessas, a fé deles era fortalecida. “O mesmo se dá quanto a todas as promessas da Palavra de Deus. Por meio delas, Ele está falando a nós, individualmente; falando tão diretamente como se pudéssemos ouvir Sua voz. É por intermédio dessas promessas que Cristo nos comunica Sua graça e poder. Elas são folhas daquela árvore que é ‘para a cura dos povos’ (Ap 22:2). Recebidas, assimiladas, elas serão a fortaleza do caráter, a inspiração e o sustentáculo da vida. Nenhuma outra coisa pode possuir tal poder restaurador. Nada além delas pode comunicar o ânimo e a fé que dão energia vital a todo o ser” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver [CPB, 2021], p. 65). 

As Escrituras fazem resplandecer alegria sobre a tristeza, esperança sobre o desânimo, luz sobre as trevas. Elas dão direção na confusão, certeza na perplexidade, força na fraqueza e sabedoria na ignorância. Quando meditamos na Palavra de Deus e, pela fé, confiamos em suas promessas, o poder divino vivificante energiza todo o nosso ser nos aspectos físico, mental, emocional e espiritual. 

Os reformadores encheram a mente com as Escrituras. Viveram pela Palavra, e muitos morreram por causa dela. Não eram cristãos casuais, complacentes e descuidados. Sabiam que, sem o poder da Palavra, não resistiriam ao mal. 

A paixão de Wycliffe era traduzir a Bíblia para o inglês a fim de que as pessoas pudessem lê-la e entendê-la. Visto que isso era ilegal, ele foi julgado, condenado como herege e sentenciado à morte. Em seu julgamento, Wycliffe fez um apelo. “‘Com quem vocês pensam que estão lutando?’, disse ao concluir. ‘Com um idoso à beira da sepultura? Não! Com a Verdade – Verdade que é mais forte do que vocês e os vencerá’” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 76). As últimas palavras de Wycliffe se cumpriram quando a luz da verdade divina dissipou as trevas da Idade Média. 

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De que maneira as Escrituras o consolam na provação?


Segunda-feira, 29 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 35
Transmitindo a Palavra de Deus

2. Ao proclamar a verdade, que confiança Paulo tinha apesar dos desafios que enfrentava? 2Co 4:1-6; 2:14 

O apóstolo Paulo enfrentou enormes dificuldades em sua obra de difundir o evangelho; no entanto, ele confiava que a Palavra de Deus triunfaria, “porque”, como disse, “nada podemos contra a verdade, senão a favor da verdade” (2Co 13:8). 

Os reformadores enfrentaram dificuldades semelhantes; porém, pela fé, foram fiéis à Palavra. Um exemplo de coragem diante de probabilidades esmagadoras é William Tyndale. O maior desejo de Tyndale era dar à Inglaterra uma tradução precisa e legível da Bíblia. Ele decidiu traduzir a Bíblia das línguas originais e corrigir alguns erros na tradução de Wycliffe de cerca de 140 anos antes. Tyndale também foi preso e julgado. Muitas de suas traduções da Bíblia, que foram impressas em Worms, Alemanha, foram apreendidas e queimadas publicamente. Seu julgamento ocorreu na Bélgica em 1536 d.C. Ele foi condenado sob a acusação de heresia e sentenciado à fogueira. Seus carrascos o estrangularam enquanto o amarravam à estaca e depois queimaram seu corpo. Suas últimas palavras foram ditas com fervor: “Senhor, abra os olhos do rei da Inglaterra”. Deus milagrosamente respondeu à oração de Tyndale. 

Quatro anos após sua morte, quatro traduções inglesas da Bíblia foram publicadas. Em 1611, a versão King James da Bíblia foi impressa. Os 54 estudiosos que realizaram o trabalho se basearam grandemente na tradução de Tyndale para o inglês. Uma estimativa sugere que o AT da Bíblia King James de 1611 seja 76% da tradução de Tyndale, e o NT seja 83%. Em 2011, a versão King James da Bíblia comemorou seu 400o aniversário, ultrapassando a marca de um bilhão de Bíblias impressas. Traduzida para muitos idiomas, impactou dezenas de milhões de pessoas ao redor do mundo. O sacrifício de William Tyndale valeu a pena. 

Apesar das dificuldades e dos desafios, Tyndale e seus companheiros confiavam que Deus estava no controle. A vida de Tyndale fez a diferença para a eternidade. 

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Leia Daniel 12:3 e Apocalipse 14:13. Como esses textos se aplicam à vida de Tyndale? Eles nos encorajam a respeito da oportunidade que temos de influenciar outros para a eternidade?


Terça-feira, 30 de abril
Ano Bíblico: RPSP: Ez 36
Iluminados pelo Espírito

Um dia, enquanto estudava na biblioteca da Universidade, Martinho Lutero teve um momento decisivo, quando descobriu uma cópia da Bíblia em latim. Ele não sabia que um livro como esse existia e leu capítulo após capítulo, ficando surpreso com a clareza e o poder das Escrituras. Ao debruçar-se sobre suas páginas, o Espírito Santo iluminou sua mente à medida que verdades obscurecidas pela tradição pareciam saltar das páginas da Bíblia. Ao descrever sua primeira experiência com a Bíblia, escreveu: “Oh, que Deus dê esse livro para mim!” 

3. Que princípios podemos tirar dos seguintes textos a respeito de como devemos interpretar a Bíblia? Jo 14:25, 26; 16:13-15; 2Pe 1:20, 21 

Nesses versos, temos a certeza de que o mesmo Espírito Santo que inspirou os escritores bíblicos nos guia enquanto lemos as Escrituras. Ele é o intérprete da verdade. Infelizmente, muitos minimizam o elemento sobrenatural da Bíblia e exageram no elemento humano. Uma vez que Satanás não pode mais manter a Bíblia longe de nós, ele usa a segunda melhor estratégia: despojá-la de seu caráter sobrenatural, torná-la meramente uma boa literatura ou, pior ainda, uma ferramenta opressora da religião para controlar as massas. 

Os reformadores viram claramente que o Espírito Santo – não os sacerdotes, prelados e papas – era o intérprete infalível das Escrituras. Em um interessante diálogo, Maria, rainha da Escócia, disse a John Knox, reformador escocês: “‘Você interpreta as Escrituras de uma maneira, e eles [os professores católicos romanos] as interpretam de outra; em quem deverei acreditar e quem deverá ser juiz nesse assunto?’ ‘Creia em Deus, que claramente fala em Sua Palavra’, respondeu o reformador; ‘e, além do que a Palavra lhe ensina, não creia nem em um nem em outro. A Palavra de Deus é clara por si mesma; e se aparecer qualquer dificuldade em algum lugar, o Espírito Santo, que nunca é contrário a Si mesmo, em outros lugares explicará a questão de maneira mais clara, de modo que não poderá ficar dúvida a não ser para os que obstinadamente permanecem na ignorância’” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 213, 214).

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Quarta-feira, 01 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 37
Somente Cristo, somente a graça

4. Como funciona o plano da salvação? Ef 2:8, 9; Rm 3:23, 24; 6:23; 5:8-10 

Deus oferece a salvação como um dom. O Espírito Santo nos leva a aceitar pela fé o que Cristo ofereceu por meio de Sua morte na cruz do Calvário. Jesus, o divino Filho de Deus, ofereceu Sua vida perfeita para expiar nossos pecados. 

A justiça divina exige obediência. A vida perfeita de Cristo está no lugar de nossa imperfeição. A lei que quebramos nos condena à morte eterna. Por nossas escolhas pecaminosas, “ficamos aquém” do ideal de Deus. Sozinhos, não podemos atender às exigências de Deus. Merecemos a morte. Mas há boas notícias: “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6:23). É um dom imerecido; se fosse pelas obras, nós a conquistaríamos. Se há uma verdade no evangelho, é que não obtemos a salvação por nossas obras. 

Martinho Lutero e os reformadores protestantes descobriram Cristo, e Ele somente, como fonte de salvação. Foi então que Lutero começou a pregar a mensagem da graça salvadora de Cristo. Multidões se reuniram para ouvir suas mensagens sinceras e transformadoras. Suas palavras eram como um copo de água fria no deserto estéril da vida das pessoas. O povo tinha sido algemado pelas tradições da igreja medieval e escravizado com rituais antigos que não ofereciam vida espiritual. As mensagens bíblicas de Lutero tocaram o coração, e vidas foram transformadas. 

Ao ler o NT, Lutero comoveu-se com a bondade divina. Ficou surpreso com o desejo de Deus de salvar toda a humanidade. A visão popular ensinada pelos líderes da igreja era que a salvação era uma combinação de obra humana com obra divina. Lutero descobriu que a morte de Cristo na cruz era suficiente para todos. 

“Cristo foi tratado como nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados por Sua justiça, na qual não tínhamos parte. Sofreu a morte que era nossa, para que recebêssemos a vida que era Dele” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 14). 

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Se a salvação é a obra de Deus, que papel as boas obras desempenham na vida cristã? Como afirmar a importância das boas obras sem torná-las o fundamento da esperança?


Quinta-feira, 02 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 38
Obediência: o fruto da fé

5. Leia Romanos 3:27-31; 6:15-18; 8:1, 2. O que esses versos nos ensinam sobre a salvação somente por meio da justiça de Cristo? 

Um novo vento soprava na igreja cristã nos dias de Lutero. Dezenas de milhares de pessoas foram ensinadas a desviar o olhar de seu eu pecaminoso e olhar para Jesus. Olhando para si mesmas e para o que eram, essas pessoas viam apenas razões para desencorajamento. Que crente não sente isso? Por isso, precisamos olhar para Jesus. 

A graça nos transforma. John Wesley participou de uma reunião dos morávios, em Londres, e ficou maravilhado ao ouvir a introdução de Lutero à leitura de Romanos. Ali, entendeu o evangelho. Ele se sentiu estranhamente atraído pelo Cristo que havia dado a vida por ele. Exclamou: “Senti que confiava em Cristo, em Cristo somente para a salvação; e me foi dada a certeza de que Ele havia tirado meus pecados, até os meus, e me salvado da lei do pecado e da morte” (John Whitehead, The Life of the Rev. John Wesley, M.A. [Londres: Stephen Couchman, 1793], p. 331). 

6. Leia 1 Pedro 2:2; 2 Pedro 3:18; Colossenses 1:10; Efésios 4:18-24. Que verdades vitais essas passagens revelam sobre a vida cristã? 

Os reformadores estudaram a Palavra sistematicamente para descobrir mais verdades. Não contentes com o estado das coisas, nem com uma experiência religiosa rígida com pouco ou nenhum crescimento, ansiavam conhecer mais a Cristo. Na Idade Média, muitos fiéis à Bíblia pagaram um preço alto por seu compromisso. Foram torturados, presos, exilados e executados. Suas propriedades foram confiscadas, suas casas queimadas, suas terras devastadas e suas famílias perseguidas. Quando foram expulsos de suas casas, buscavam uma cidade “da qual Deus é o arquiteto e construtor” (Hb 11:10). Quando foram torturados, abençoaram seus algozes e, quando definharam em masmorras escuras e úmidas, reivindicaram as promessas de Deus de um futuro mais brilhante. Embora o corpo estivesse preso, eram livres em Cristo, livres nas verdades de Sua Palavra, livres na esperança de Seu breve retorno. 

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Quando você olha para si mesmo, que esperança de salvação você tem?


Sexta-feira, 03 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 39
Estudo adicional

Os fiéis servos de Deus não estavam lutando sozinhos. Enquanto ‘principados’, ‘potestades’ e ‘forças espirituais do mal, nas regiões celestes’ (Ef 6:12) se aliavam contra eles, o Senhor não Se esquecia de Seu povo. Se seus olhos pudessem ser abertos, teriam visto uma prova da presença e do auxílio divinos, como foi concedida ao profeta no passado. Quando o servo de Eliseu mostrou ao seu senhor o exército hostil que os cercava, excluindo toda possibilidade de escape, o profeta orou: ‘Senhor, peço-Te que lhe abras os olhos para que veja’ (2Rs 6:17). E ele viu que a montanha estava cheia de carros e cavalos de fogo; o exército do Céu estava pronto para proteger o homem de Deus. Da mesma forma, os anjos guardaram os obreiros na causa da Reforma” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 176). 

“Quando poderosos adversários estavam se unindo para destruir a fé reformada, e milhares de espadas pareciam prestes a se desembainhar contra ela, Lutero escreveu: ‘Satanás está exercendo sua fúria; ímpios pontífices estão conspirando, e nós somos ameaçados de guerra. Exortem o povo a contender valorosamente perante o trono do Senhor, pela fé e oração, de modo que nossos inimigos, vencidos pelo Espírito de Deus, possam ser constrangidos à paz. Nossa necessidade fundamental e nosso principal trabalho é a oração. Que o povo saiba que, neste momento, está exposto à lâmina da espada e à ira de Satanás; e que o povo ore’” (O Grande Conflito, p. 176). 

A justificação pela fé, a verdade que Lutero redescobriu, é o fundamento do evangelho, sobre o qual repousa a esperança de salvação. Seu hino, “Castelo Forte”, ressalta o evangelho (Hinário Adventista do Sétimo Dia, no 73). 

Perguntas para consideração 

  1. Como explicar o equilíbrio entre graça e lei, fé e boas obras? 

  2. O que é legalismo? Por que é fácil cair no legalismo? Ele é prejudicial à fé cristã? 

  3. Qual é o perigo de não entender corretamente o conceito de “salvação pela graça”? 

  4. O que alguns querem dizer quando usam o termo “graça barata”? 

Respostas e atividades da semana: 1. Davi se deleitava na Palavra de Deus e se apegava a ela. Os reformadores tiveram grande prazer nas descobertas que fizeram; devemos obter sempre o conhecimento da Palavra. 2. Ele sabia que a verdade venceria. 3. Devemos interpretar com o auxílio do Espírito Santo. Ele nos instrui e nos guia a toda a verdade. 4. A salvação é pela graça mediante a fé. 5. A justiça de Cristo nos justifica e nos dá poder para obedecer. 6. A vida cristã é de conhecimento e crescimento.

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Resumo da Lição 5
Fé contra todas as dificuldades

TEXTO-CHAVE: Salmo 119:11 

FOCO DO ESTUDO: Sl 119:162; 2Pe 1:20, 21; Jo 16:13, 14; Ef 2:8, 9; Rm 3:23-31; Rm 5:8-10; Rm 6:22, 23 

ESBOÇO 

Introdução: O estudo desta semana destaca três princípios centrais que caracterizam o grande conflito: 

1) O caráter de Deus é amor e justiça. 

2) O único caminho para a salvação reside em Seu amor e justiça. 

3) Os primeiros dois princípios derivam de uma única fonte: a revelação de Deus que Jesus Cristo e as Sagradas Escrituras manifestam. 

Durante a era medieval, esses três princípios pareciam estar eternamente envoltos nas trevas do maligno, destinados a não serem defendidos ou proclamados novamente. Contudo, Deus convocou vários defensores notáveis, os reformadores, a se levantarem no meio do campo de batalha e a hastearem novamente o estandarte da verdade divina. Esses guerreiros eram poucos, porém a escassez nas fileiras dos reformadores foi destinada a mostrar que o movimento não era humano, mas divino, tanto em suas origens quanto em suas operações. Conquistamos a vitória somente quando testemunhamos o que a Palavra de Deus proclama e os feitos que o poder da graça divina pode fazer e, com efeito, realiza, por nós e em nós. Por tais razões, os reformadores perceberam que sua missão consistia em proclamar os cinco pilares, ou solas (somente) : Sola Scriptura (Somente a Escritura), Sola Gratia (Somente a Graça), Sola Fide (Somente a Fé), Solus ou Solo Christus (Somente Cristo) e Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus). 

Temas da lição: A lição desta semana explora dois temas principais: 

  1. Estar ao lado de Deus no grande conflito envolve expressar fé inabalável nas Escri- turas como a única revelação do caráter e do amor Dele por nós. 

  2. Estar do lado de Deus no grande conflito também significa manifestar fé inabalável na graça divina como a única fonte e meio de salvação. 

COMENTÁRIO 

Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide 

Por que o princípio protestante do Sola Scriptura é tão significativo para o grande con- flito? De que maneira ele está interligado com a salvação e com os outros princípios pro- testantes, especialmente Sola Gratia e Sola Fide? (Observação: De acordo com Efésios 2:8, essa abordagem considera Sola Gratia e Sola Fide como um princípio único).

Deus Se manifesta a nós é através da natureza, da história, da natureza humana e da nossa consciência. Esse tipo de revelação divina é denominado revelação geral. No entanto, a revelação geral não é específica, uma vez que não é apresentada de forma proposicional, ou seja, não é comunicada diretamente por meio de palavras. Além disso, o pecado resultou em mudanças substanciais na natureza, na história, na natureza humana, na moralidade, no pensamento humano e na nossa percepção da realidade, o que traz desafios à nossa compreensão e assimilação da revelação geral. 

Por essas razões, Deus Se manifesta principalmente por meio da revelação especial, e esta implica que Ele Se revela de maneira pessoal e proposicional. Após a queda, Deus não abandonou a humanidade, embora o pecado tenha alterado gravemente Seu relacionamento com a raça humana. 

Por milênios, Deus trabalhou por meio de patriarcas e profetas a fim de combater a desinformação do diabo e para alcançar um objetivo ainda mais importante, chamar a humanidade a entendê-Lo corretamente, confiar Nele e aceitar Seu plano de salvação. No entanto, Deus não Se limitou a essa forma de revelação intermediária. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, encarnou como ser humano para que o Senhor pudesse estar conosco pessoalmente (Jo 1:1-3, 14) e assim demonstrar pessoalmente Seu amor por nós. Para nos salvar, Deus tomou sobre Si a culpa do nosso pecado, tornando-Se pecado por nós para que pudéssemos nos tornar a justiça de Deus Nele (2Co 5:21). Jesus Cristo, o Deus encarnado, representou o ápice da revelação especial e pessoal de Deus para a humanidade, e até mesmo para todo o Universo (Hb 1:1-3). Por meio de Jesus, Deus revelou plenamente Seu caráter de amor e justiça, e Seu poder criativo e salvífico. Após a ascensão de Cristo, Deus continuou Sua revelação profética por meio da presença e atividade do Espírito Santo. 

Por meio do processo de inspiração, Deus trabalhou com os profetas e apóstolos, e por meio deles (Ef 2:20), para registrar Sua revelação, a fim de que pudesse ser publicada e disseminada globalmente (2Tm 3:16; Mt 28:20). Esse registro da revelação divina está nas Escrituras Sagradas, focadas na revelação de Deus em Cristo (Jo 5:39, 40; Lc 24:27). 

Assim sendo, as Escrituras desempenham papel fundamental na revelação especial de Deus, ostentando plenamente o selo de autoridade divina como a própria Palavra de Deus. Através delas, o Pai deseja que todos compreendam Sua verdadeira essência e conheçam Suas ações passadas, presentes e futuras para a salvação da humanidade. 

Ataques 

Satanás empregou várias estratégias para minar a revelação especial de Deus. Uma delas foi fazer com que a humanidade duvidasse do que Ele revelou em Sua Palavra. Mas depois que a Bíblia se provou verdadeira, repetidas vezes o diabo redirecionou seu foco para sua estratégia principal: tornar as Escrituras dependentes da interpretação e tradição humanas. Nos tempos do Novo Testamento, muitos tiveram dificuldade em aceitar Jesus, não devido à falta de clareza das Escrituras, mas porque desejavam interpretar a Palavra de Deus por meio de suas próprias tradições (Mc 7:1-13). Assim, o diabo atingiu seus três objetivos: negligenciar “os mandamentos de Deus”, “pôr de lado os mandamentos de Deus” e anular “a Palavra de Deus” (Mc 7:1–13, NVI).

Inicialmente, como no caso dos judeus, a tradição pode até ter sido bem-intencionada. Mas, se não for cuidadosamente regulada pelos princípios bíblicos, a tradição finalmente dá origem à própria essência do pecado: a remoção da autoridade divina; uma tentativa de controlá-Lo; e o estabelecimento da autoridade humana sobre Deus, Seu reino e Sua revelação. Quando colocamos a tradição acima da Bíblia, destruímos o propósito e o significado da revelação especial de Deus, que é mostrar Seu verdadeiro caráter, propósitos e planos e apresentar o caminho da redenção. Em vez do amor de Deus e da salvação pela graça, as pessoas são ensinadas a seguir as instruções dos líderes religiosos e um caminho penoso de salvação (Mt 23:4 

Assim como Cristo fez, os primeiros cristãos repudiaram a tradição e reinterpretaram as Escrituras de acordo com seu sentido pretendido (Jo 5:39, 40; Lc 24:25-27; At 2:14-32). Mais tarde, porém, os cristãos seguiram o exemplo do judaísmo e desenvolveram sua própria interpretação das Escrituras influenciada pelas várias pressuposições culturais, políticas ou filosóficas. Na época de Lutero, a Bíblia e sua interpretação estavam firmemente nas mãos do magistério da Igreja. De acordo com a autoridade deles, a Bíblia era divina e sagrada demais para ser interpretada por pessoas “comuns”. Assim como os escribas faziam nos dias de Jesus, os bispos, sacerdotes e estudiosos católicos romanos, sob o pretexto de preservar a identidade e a unidade da Igreja, afirmavam que nem todos podiam ler e entender a Bíblia. A supressão das Escrituras do conhecimento do povo resultou em uma carência de compreensão autêntica sobre Deus e uma escassez de espiritualidade, com resultados terríveis. Consequentemente, a ausência da verdade bíblica deu margem à proliferação descontrolada do pecado; em resultado disso, a Igreja almejou assumir autoridade e controle sobre Deus, Seu reino e o processo de salvação. Devido a essa trajetória, a Igreja, à semelhança dos antigos líderes judaicos, estabeleceu uma nova abordagem de salvação com base nas obras. De acordo com esse ensinamento, as pessoas são salvas pela Igreja e por meio dela, fazendo o que ela lhes diz para fazer. Conforme essa doutrina, a salvação das pessoas é mediada e operada pela Igreja, seguindo suas instruções. Como consequência, o ensinamento eclesiástico foi convertido em práticas rituais hierárquicas e sacramentais, enquanto a doutrina da salvação foi distorcida para incluir a adesão a penitências e indulgências. Essa abordagem privou Deus dos próprios meios que Ele havia estabelecido para Se comunicar diretamente com todas as pessoas, ou seja, as Escrituras. 

Ao estabelecer o princípio do Sola Scriptura, os reformadores protestantes se levantaram contra essa estratégia demoníaca que operava dentro da Igreja. Eles estabeleceram que a Bíblia era a única forma de revelação especial que Deus deu à Igreja naquela época e que as pessoas precisavam ter permissão para ouvir a Deus diretamente por meio da Bíblia. A base do princípio do Sola Scriptura não implica que os reformadores protestantes tenham excluído outras formas de conhecimento, como a razão, as artes ou a experiência. O que os reformadores queriam dizer com o Sola Scriptura é que a Bíblia é a revelação oficial de Deus que molda nossa visão de mundo, dizendo-nos quem Ele é, o que Ele fez, quem somos e o que aconteceu conosco na queda. Além disso, as Escrituras revelam como o Pai nos salva e o que Ele espera de nós. Assim, a autoridade da Escritura está acima da autoridade da Igreja e acima de qualquer outra autoridade humana ou forma de conhecimento. A Palavra de Deus criou a Igreja e não o contrário.

O princípio do Sola Scriptura está direta e inseparavelmente relacionado ao estabelecimento de outro princípio, o Sola Gratia/Sola Fide. Quando Martinho Lutero leu a Bíblia sem o filtro da tradição, descobriu nela o verdadeiro caráter de Deus e Seu verdadeiro caminho de salvação. Nas Escrituras, os protestantes descobriram a mensagem central que Deus quis comunicar à humanidade em meio ao grande conflito: nosso Senhor é um Deus de amor e justiça e não um tirano. Mesmo quando nos rebelamos contra Ele, o Senhor Se sacrifica em nosso lugar. Nosso Pai nos presenteou com Sua justiça, permitindo nossa restauração em Seu reino quando acolhemos esse presente com fé. 

O ataque liberal 

Os protestantes liberais não restringiam o acesso das pessoas à leitura individual das Escrituras. Em vez disso, esses pensadores liberais reinterpretaram a própria definição e a natureza da Bíblia. Para eles, o livro sagrado não era mais a revelação divina especial, mas meramente um produto de uma mente, cultura e moralidade humanas em evolução. Assim, a Bíblia não era a Palavra de Deus para a humanidade, mas meras palavras humanas, imaginações ou especulações sobre Deus, que brotavam do ambiente natural ou histórico das pessoas. Por esse motivo, conforme a perspectiva do protestantismo liberal, uma leitura direta, natural, literal e devota das Escrituras como a Palavra de Deus era um ato equivocado. Em vez disso, devemos ler a Palavra de Deus da mesma forma e com os mesmos métodos que usaríamos para ler literatura, história, cultura ou filosofia. 

Consequentemente, em vez do tradicional método histórico-gramatical protestante de ler a Bíblia, os adeptos da teologia protestante liberal impuseram sobre as Escrituras o método histórico-crítico de interpretação bíblica. O princípio protestante do Sola Scriptura entrou em colapso porque, nessa linha de pensamento, a Palavra de Deus não mais era a única fonte autorizada da revelação especial de Deus. Em vez disso, a Bíblia se tornou apenas um dos muitos documentos históricos ou significativos que a humanidade já produziu. Outro problema foi que o princípio do Sola Gratia/Sola Fide também entrou em colapso porque tanto a Escritura quanto o caminho da salvação se tornaram produtos da habilidade humana e do esforço moral e religioso. Além do mais, ao contrário da Bíblia (At 4:12), Cristo é meramente um dos muitos meios de salvação. Tragicamente, essa visão das Escrituras e esse método de interpretação bíblica tornaram-se dominantes em todas as denominações cristãs. 

Como igreja remanescente de Deus no fim dos tempos, mais uma vez os adventistas do sétimo dia foram encarregados por Ele da missão de proclamar os princípios bíblicos fundamentais do Sola Scriptura e Sola Gratia/Sola Fide. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

  1. Os “cinco solas” têm relevância em sua própria vida? 

  2. Defender a Bíblia em sua região é difícil? Isso faz parte do grande conflito?

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"Deus, ajude-me"

Uzbequistão | Alla

Quando era pequena, Alia não entendia o que sua avó estava fazendo enquanto se ajoelhava diante de ícones em sua casa, na República Soviética do Uzbequistão.

"Eu estou orando", dizia a avó.
"Por que você está orando?", Alia perguntava.

"Para quem você está orando?"

"Estou orando para o Deus que mora no Céu",
dizia a avó. "Precisamos amá-Lo porque Ele nos ama. Precisamos temê-Lo." A avó tinha um crucifixo de Jesus na parede, e Alia perguntava quem estava pendurado nele.

"Esse é Jesus, nosso Deus", respondia a avó. "Ele veio à Terra, e as pessoas O mataram."

Isso era tudo o que a jovem Alia sabia sobre Deus. Ela não tinha muita fé, mas entendia que poderia orar a Deus. Então, sempre que estava com medo, ela orava.

"Deus, ajude-me", ela orava.
A União Soviética caiu, e o Uzbequistão se tornou um país independente. As ruas, que uma vez eram tranquilas, se tornaram mais perigosas à medida que bêbados e usuários de drogas saíam à noite. Quando Alla voltava para casa à noite, ela orava: "Deus, ajude-me."

Alia se casou e teve um filho e uma filha. Uma igreja abriu na cidade, e ela levava seus filhos lá todos os domingos. Ela acendia velas e orava. Mas toda vez que saía da igreja, ela se sentia vazia por dentro.Algo parecia estar faltando.

Certo dia, uma amiga lhe deu um livro de presente. Era o livro Patriarcas e Profetas. Alia jamais havia ouvido falar da autora, Ellen White. Mas ela ficou maravilhada com seu relato vívido das histórias do Antigo Testamento. Ela leu pela primeira vez que o sétimo dia, o sábado, era o shabbat de Deus. O desejo de ir a uma igreja em que as pessoas adoravam no sábado cresceu nela. Mas onde?

Muitos anos se passaram.

Então uma velha amiga, veio visitá-la de outra cidade. Ela disse a Alia que estava adorando no sábado em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia. Alia ficou surpresa e encantada. Ela se perguntou: "Será que realmente há pessoas no Uzbequistão que guardam o sábado?"

Sua amiga, que era ateia, falou com entusiasmo sobre como ela havia aprendido sobre Deus e como agora ela O amava de todo o coração.

Para Alla, sua amiga era uma nova pessoa. Ela não se parecia nada com oque era antes.

Um tempo depois, Alla foi visitar sua amiga que morava a quatro horas de ônibus. Ela visitou a Igreja Adventista no sábado. Ela gostou de tudo, mas a igreja era muito longe para ir todos os sábados.

"Deus, ajude-me", ela orou.

Então a filha de AI la, Violeta, casou-se e mudou-se para a capital do Uzbequistão, Tasquente.

Após isso, o esposo de Alia faleceu, e ela se mudou para Tasquente para ficar com Violeta. Ela soube por sua amiga adventista que havia três igrejas adventistas em Tasquente.
Alia e Violeta começaram a adorar na igreja a cada sábado. Um membro da igreja se ofereceu para dar estudos bíblicos. Mãe e filha completaram todas as 28 lições. AI la começou a pensar em entregar seu coração a Jesus através do batismo.

"Deus, ajude-me", ela orou.

Então o diretor da Universidade Adventista de Zaoksky, o seminário da igreja na Rússia, chegou à cidade para reuniões evangelísticas. Quando ele fez um apelo, ela foi a primeira a ir à frente. Ela e sua filha foram batizadas com outras oito pessoas.

Hoje, AI la e Violeta são fiéis diaconisas da igreja.

"Estamos felizes em servir a Deus", disse Alia.

Deus havia ouvido suas orações. Ele a ajudara, e seu coração estava pleno.

Parte das ofertas do décimo terceiro sábado deste trimestre ajudará a abrir a primeira escola primária adventista do sétimo dia em Tasquente, Uzbequistão.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre a localização de Uzbequistão no mapa. Então, mostre Tasquente, capital do Uzbequistão, e futuro local de uma escola primária adventista, um dos projetos da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre. Mostre também Zaoksky, Rússia, onde está a Universidade Adventista de Zaoksky, localizada bem ao sul de Moscou. O diretor da universida­de falou nos encontros em Tasquente. Três anos atrás, parte das ofertas foram destinadas à construção de um novo prédio para a escola adventista de ensino fundamental e médio em Zaoksky. 
  • Assista a um pequeno vídeo no YouTube de Alia descrevendo como ela aprendeu sobre Deus: bit.ly/Alla-ESD. 
  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Euro-Asiática: bit.ly/esd-2024. 
  • Leia mais sobre a filha de Alia, Violeta, na próxima semana.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024

Tema Geral: O grande conflito

Lição 5 – 27 de abril a 4 de maio

Fé contra todas as dificuldades

Autor: Eleazar Domini

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 

Introdução

O que constitui a base doutrinária do cristão? A Bíblia somente? Ou há outros elementos extrabíblicos que precisam ser considerados, tais como magistério da igreja e tradição oral? Aqui se encontra a principal diferença entre os protestantes e os católicos. Para os protestantes, a Bíblia, e somente a Bíblia, constitui a regra de fé e prática para o cristão, sendo ela a única fonte doutrinária segura. Para os católicos, a Bíblia não pode ser a única fonte doutrinária. A Bíblia seria apenas um livro, fruto da igreja e, portanto, a ela subordinada. A tradição oral registrada na patrística, bem como o magistério da igreja, têm primazia no que se refere à questão das fontes doutrinárias. É a igreja que interpreta a Bíblia e está, portanto, acima dela.

As visões protestantes e católicas se distanciam ainda mais quando o assunto é salvação. Para os católicos, a salvação é concedida por meio de um somatório entre a graça e as obras de caridade que o cristão deve praticar. Para os protestantes, a salvação é pela graça e somente pela graça, sem necessidade alguma de boas obras para a obtenção de mérito diante de Deus. Tais diferenças surgiram mais evidentemente e se intensificaram a partir do movimento da Reforma iniciado por Martinho Lutero.

I – Sola Scriptura

Um dos maiores legados deixados pela Reforma foi o princípio do Sola Scriptura. Por séculos, a Igreja Católica foi detentora da Palavra de Deus e fez mau uso das Escrituras: somente o clero podia interpretá-la, somente a Igreja tinha a palavra final sobre o texto sagrado. Se ao menos a Bíblia fosse seguida à risca, seria menos ruim. No entanto, a Igreja se valia de interpretações pessoais, de acréscimos à Palavra (apócrifos), das opiniões do magistério da Igreja e da tradição. Ou seja, a Bíblia acabava por ocupar uma posição de inferioridade. Como ninguém tinha acesso às Escrituras, o que a “Santa Igreja” dizia era lei.

Com Wycliffe, Martinho Lutero e demais reformadores, a Bíblia voltou a ocupar seu papel na cristandade. Os enganos promovidos pela Igreja durante séculos foram desmascarados à luz da Palavra de Deus. Os princípios do Sola Scriptura (Somente as Escrituras), Sola Fide (Somente a Fé), Sola Gratia (Somente a Graça), Solus Christus (Somente Cristo) e Soli Deu Gloria (Somente a Deus a Glória) estavam em contraste com as enormes exigências e o pavor que a Igreja impunha sobre os cidadãos. Ao mesmo tempo, a simplicidade do evangelho contrastava com a pompa e a ganância do clero, fazendo com que as pessoas preferissem a leveza e a liberdade da cruz a ter que viver na opressão e na masmorra da falsa religião.

Ao exaltar a Bíblia, ao colocá-la no centro de onde deveriam advir todas as doutrinas, a Reforma foi como um grande farol em meio à tempestade e às densas trevas que cobriam a Europa. Ao raiar a luz, obviamente, esta incomodou bastante. Uma contrarreforma foi iniciada a partir da Igreja Católica. Infelizmente, milhares de pessoas morreram com o que ficou conhecido como a “santa inquisição”. Não morriam, porém, sem esperança; ao contrário, agora tinham alegria em servir a Cristo e, se fosse necessário, dariam a vida por Ele. Infelizmente, muitos hoje sequer vivem pela Palavra, quanto mais morrer por ela.

 II – Sola Gratia

No grande período de trevas da Idade Média, o medo era a principal ferramenta da Igreja. Ninguém podia discordar da Igreja, ninguém podia ler e interpretar a Bíblia sozinho, ninguém teria salvação senão através da Igreja. Seu slogan, que até hoje perdura, foi: “fora da Igreja, não há salvação”. Para manter as pessoas debaixo de suas ordens, foram criadas doutrinas heréticas, como inferno eterno, purgatório, indulgências, confissão auricular, entre outras. Pessoas davam altas somas de dinheiro, bens e propriedades para a Igreja a fim de obter perdão dos pecados e receber a salvação. Os ricos, por mais ímpios que fossem, sempre recebiam a salvação, pois tinham condições de pagar por ela através das indulgências. Aos pobres, restava o medo, obediência absoluta a tudo quanto a Igreja dizia e as penitências.

Em meio a essas densas trevas, surgiu alguém dizendo que a salvação só pode ser obtida pela graça de Cristo, e que não há necessidade de indulgências, de penitências, de obras; só precisamos aceitar a graça redentiva do Mestre. As pessoas não mais precisavam recorrer a um pecador para obter o perdão de seus pecados. Isso foi como um bálsamo para as pessoas. Só o fato de agora saberem que poderiam ter a salvação sem precisar pagar por ela, de que não precisavam fazer penitências ou se confessar a homens, mas ir diretamente a Jesus, trouxe alívio indescritível a quem teve contato com as grandes verdades trazidas pela Reforma.

III – Fé x Obras

“Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra” (Rm 11:6, ACF).

Um dos pontos principais trazidos pela Reforma foi a salvação pela graça, por meio da fé, independentemente das obras. A má compreensão, entretanto, do papel das obras pode levar o cristão à desobediência e à rejeição prática da graça de Cristo. Por não entender plenamente o papel das obras, Martinho Lutero chegou a declarar que a carta de Tiago, que mostra o valor das obras, era uma carta de palha. Como conciliar a fé com as obras? A resposta é simples: A fé é para a salvação, as obras sempre serão o resultado da salvação recebida. É possível que uma pessoa que não creia em Deus e rejeite Sua Palavra tenha boas obras de caridade, mas isso não significa que terá a salvação. Porém, para aquele que recebeu a salvação pela graça, é impossível não demonstrar isso através de boas obras. Satanás pode até se transfigurar em anjo de luz, mas um anjo de luz jamais se transfigurará em Satanás.

O texto que, talvez, sintetize melhor o papel da graça/fé e das obras, seja a passagem clássica de Efésios 2:8 a 10: “Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” As pessoas leem até aqui e param. Mas o verso 10 traz exatamente o papel e o valor das obras: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Note que as boas obras existem para andarmos nelas e foram preparadas por Deus. Ele não é contra as boas obras. Todo cristão deve ter obras. A única coisa que não pode fazer é achar que tais obras sejam meritórias, isto é, que elas tenham qualquer valor salvífico ou que contribuam em um mínimo que seja para a salvação.

 

Conclusão

Como ficou muito claro, a única regra de fé e prática para os cristãos deve ser a Bíblia. Rejeitamos o magistério da igreja, a tradição oral ou qualquer outra coisa que se ponha como fonte doutrinária ou acréscimo às doutrinas das Escrituras Sagradas.

Quanto à salvação, ela é apenas pela graça por meio da fé. Nenhuma indulgência, nenhuma obra podem contribuir no mínimo que seja para salvação. Não há possibilidade de que as obras humanas, por melhores que sejam, obtenham méritos salvíficos, visto que as nossas justiças são “trapo da imundícia”. Dependemos, portanto, das obras e dos méritos de Cristo. Elas sim, são perfeitas e podem substituir as nossas, que são falhas e defeituosas.

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.

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