Lição 6
04 a 10 de maio
As duas testemunhas
Sábado à tarde
Ano Bíblico: RPSP: Ez 40
Verso para memorizar: “A erva seca e as fl ores caem, mas a palavra do nosso Deus permanece para sempre” (Is 40:8).
Leituras da semana: Ap 11:3-6; Zc 4:14; Ap 12:5, 6, 14, 15; Dn 7:25; Is 54:17; Sl 119:89; Ap 11:15-18

Ao longo dos séculos, a Bíblia foi dissecada, posta em dúvida e descar- tada. Foi acorrentada em mosteiros, queimada em praças e rasgada. Os crentes foram ridicularizados, presos e martirizados. No entanto, a Palavra de Deus prevaleceu. 

A igreja medieval perseguiu fiéis. Contudo, a Bíblia iluminou as trevas. Quando William Tyndale foi julgado por sua fé, lhe perguntaram quem o havia ajudado a espalhar a Bíblia. Ele respondeu: “o bispo de Durham”. Os juízes ficaram chocados. 

Tyndale explicou que o bispo havia comprado um lote de exemplares de sua tradução da Bíblia e o queimou publicamente. O bispo não sabia que estava ajudando a causa da verdade, pois havia comprado as Bíblias a um preço alto. Com a compra, Tyndale imprimiu muito mais Bíblias do que aquelas que foram queimadas. 

Nesta semana, estudaremos um dos ataques mais cruéis às Escrituras e à fé cristã. Na Revolução Francesa, o sangue fluiu nas ruas da França. A guilhotina foi montada na praça de Paris, e milhares foram mortos. O ateísmo se tornou a religião do Estado. No entanto, o testemunho da Palavra de Deus não pôde ser silenciado. 

* Esta lição se baseia nos capítulos 12 a 17 do livro O Grande Conflito. 

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Domingo, 05 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 41
Duas testemunhas

1. Quais são as cinco características das duas testemunhas? Ap 11:3-6 

Em Zacarias 4, o profeta viu duas oliveiras, uma à direita e outra à esquerda do candelabro de ouro – a mesma imagem que encontramos em Apocalipse 11. Zacarias é informado de que representam “os dois ungidos, que estão a serviço do Senhor de toda a Terra” (Zc 4:14). As oliveiras alimentam o azeite no candelabro para que ele continue a dar luz. O salmista escreveu: “Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra; ela é luz para os meus caminhos” (Sl 119:105). O azeite representa o Espírito Santo (Zc 4:2, 6). A visão de João em Apocalipse 11 descreve a Palavra de Deus sendo proclamada no poder do Espírito Santo para iluminar o mundo. 

Essas duas testemunhas podem profetizar e impedir que a chuva caia pelo tempo que previrem. Podem transformar água em sangue e ferir a Terra com pragas. Pela Palavra de Deus, Elias disse que nenhuma chuva cairia sobre Israel e, em resposta à sua oração, não houve chuva por três anos e meio (Tg 5:17). Então ele orou e a chuva voltou, enquanto os falsos profetas de Baal falharam em acabar com a seca (1Rs 17; 18). Moisés, pela Palavra de Deus, anunciou dez pragas sobre os egípcios, incluindo transformar água em sangue, pois o Faraó se recusou a deixar o povo de Deus ir (Êx 7). 

Aqueles que tentaram prejudicar as Escrituras serão consumidos pelo fogo que sai da boca das duas testemunhas. “Visto que eles proferiram tais palavras, eis que transformarei em fogo as Minhas palavras na sua boca e farei deste povo a lenha; e o fogo os consumirá” (Jr 5:14). A Palavra de Deus pronuncia juízo sobre todos os que a rejeitam. 

Em João 5:39, Jesus declarou que as Escrituras do AT testificavam (davam testemunho) Dele. Ele também disse que o evangelho seria proclamado “para testemunho” ao mundo inteiro (Mt 24:14). A base desse testemunho é o AT juntamente com o NT. A palavra traduzida como “testemunho” nesses dois versos vem da mesma raiz (martys) da palavra traduzida como “testemunhas” em Apocalipse 11:3. 

Quem são essas duas testemunhas? Tendo em vista esses pontos bíblicos e as características dadas em Apocalipse 11, concluímos que as duas testemunhas devem ser as Escrituras do AT e do NT, que comunicam a luz e a verdade de Deus ao mundo. 

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Alguns minimizam o AT como irrelevante. Qual é o erro dessa atitude?


Segunda-feira, 06 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 42
Períodos de tempo proféticos

2. Compare Apocalipse 11:3; 12:5, 6, 14, 15 com Daniel 7:25. Que semelhanças há nesses períodos proféticos? 

As duas testemunhas profetizaram “durante mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco” (Ap 11:3). Esse é o mesmo período dos quarenta e dois meses durante os quais os “gentios” (que se opõem à verdade) pisariam a cidade santa (Ap 11:2). Os inimigos de Deus pisam a divina verdade por 1.260 dias (42 x 30 = 1.260, cada dia simboliza um ano), e as duas testemunhas profetizam contra eles nesse período. 

Como vimos na lição 4, o chifre pequeno, que surgiria no fim do Império Romano, perseguiria os fiéis “por um tempo, tempos [literalmente, ‘dois tempos’] e metade de um tempo” (Dn 7:25). Um “tempo” é um ano (360 dias). Então, três tempos e meio equivalem a 1.260 dias. 

Apocalipse 12:6 fala dos 1.260 dias de perseguição do povo de Deus. Apocalipse 12:14 fala de um tempo, tempos e metade de um tempo. Apocalipse 13:5 fala dos 42 meses , que são mencionados em Apocalipse 11:2, 3 junto com os 1.260 dias. Todas essas profecias descrevem diferentes aspectos do mesmo período de tempo. 

Quando a autoridade das Escrituras é negligenciada, autoridades humanas tomam seu lugar. Isso muitas vezes leva à perseguição dos que defendem a Bíblia, o que ocorreu no tempo de domínio papal (538-1798 d.C.), quando a igreja medieval mergulhou em profunda escuridão espiritual. Os decretos humanos substituíram os mandamentos divinos. As tradições ofuscaram a simplicidade do evangelho. A igreja romana se uniu ao poder secular para estender sua autoridade sobre a Europa. 

Durante esses 1.260 anos proféticos, a Palavra de Deus – Suas duas testemunhas – foi revestida de pano de saco. Suas verdades estavam escondidas sob uma vasta pilha de tradições e rituais. Essas duas testemunhas ainda profetizavam; a Bíblia ainda falava. Havia aqueles que a apreciavam e viviam de acordo com seus preceitos. Mas, em comparação com as massas na Europa, eram poucos. Os valdenses, João Hus, Jerônimo, Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvino, João e Carlos Wesley e muitos outros reformadores foram fiéis à Palavra de Deus como a entendiam. 

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Que ensinos defendidos pelos cristãos são baseados na tradição e não na Bíblia?


Terça-feira, 07 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 43
As duas testemunhas são mortas

3. O que aconteceria com as duas testemunhas (AT e NT)? Ap 11:7-9 

Em 538 d.C., Roma pagã havia ruído. Justiniano entregou a autoridade civil, política e religiosa ao papa Vigílio. Começava o período de domínio da igreja medieval, que continuou até 1798 d.C. O general francês Berthier, sob o comando de Napoleão, marchou para Roma em 10 de fevereiro de 1798. O papa Pio VI foi preso e levado para a França, onde morreu. Essa data marca o fim dos 1.260 anos da autoridade papal. 

Mais de 500 anos antes de Cristo, Daniel previu com precisão os eventos que ocorreriam mais de 2.300 anos depois. Podemos confiar nas profecias bíblicas. 

A verdade do evangelho foi mantida viva pelo testemunho da Palavra. Porém desafios ainda maiores ameaçavam a verdade bíblica. A besta que ascendeu do poço sem fundo (Satanás) declarou guerra contra as Escrituras. Ele iniciou novos ataques à autoridade da Bíblia por meio da Revolução Francesa, que começou em 1789. 

O governo estabeleceu oficialmente o culto da razão como uma religião ateísta, destinada a substituir o cristianismo. Um festival da razão foi realizado em todo o país em 10 de novembro de 1793. Igrejas foram transformadas em templos da razão, e uma mulher foi entronizada como a deusa da razão. Bíblias foram queimadas nas ruas. Deus foi declarado inexistente, e foi decretado que a morte é um sono sem fim. Satanás atuou por meio de homens ímpios para matar as duas testemunhas de Deus. Seus cadáveres “ficarão estirados na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (Ap 11:8). 

O Egito tinha uma cultura de muitos deuses que negava o verdadeiro Deus (Êx 5:2). Sodoma representa a imoralidade. Na Revolução Francesa, as duas testemunhas de Deus jaziam mortas devido ao ateísmo e à imoralidade desenfreados, enquanto as restrições normais eram afrouxadas na revolução e no derramamento de sangue. 

Os corpos das duas testemunhas não seriam sepultados durante “três dias e meio” (Ap 11:9), ou seja, três anos e meio literais. O ateísmo esteve em seu auge na Revolução Francesa por cerca de três anos e meio. Esse período se estendeu de 26 de novembro de 1793, quando um decreto de Paris aboliu a religião, a 17 de junho de 1797, data em que o governo francês removeu suas leis religiosas restritivas.

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Quarta-feira, 08 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 44
As duas testemunhas ressuscitam

4. Leia Apocalipse 11:11. Que predição foi feita sobre a Palavra de Deus? 

No fim da Revolução Francesa, a Palavra de Deus, de forma figurada, voltaria à vida. Haveria um reavivamento. Grande temor cairia sobre os que vissem a Palavra divina mais uma vez se tornar o poder vivo para a salvação. No fim do século 18, Deus levantou homens e mulheres comprometidos em levar o evangelho até os confins da Terra. Pessoas espalharam a mensagem da Bíblia rapidamente, como William Carey, que viajou para a Índia e traduziu a Bíblia para dezenas de dialetos indianos. Impulsionados pelo poder da Bíblia, missionários foram enviados ao redor do mundo. 

Não foi por acaso que esses esforços missionários surgiram após a Revolução Francesa. A Palavra de Deus é viva e, embora parecesse “morta”, vivia no coração dos crentes e ressuscitaria para a vida plena, como previram as profecias do Apocalipse. “Certa vez, o incrédulo Voltaire declarou com arrogância: ‘Estou cansado de ouvir dizer que 12 homens estabeleceram a religião cristã. Eu provarei que basta um homem para destruí-la.’ Gerações já se passaram desde que ele morreu. Milhões têm aderido à guerra contra a Bíblia. Ela, porém, está tão longe de ser destruída que, onde havia cem exemplares no tempo de Voltaire, hoje há 10 mil, ou melhor, 100 mil exemplares do Livro de Deus. Nas palavras de um antigo reformador em relação à igreja cristã, ‘a Bíblia é uma bigorna que tem gastado muitos martelos’” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 243). 

5. O que o salmista disse sobre a Bíblia? Sl 119:89; 111:7, 8 

A Bíblia pode ser atacada ou suprimida, mas nunca será erradicada. Alguns cristãos professos minam sua autoridade, questionando partes da Bíblia ou enfatizando seus elementos humanos para que ela perca seu selo divino, e a verdade é boicotada. 

Que não sejamos seduzidos pelos ataques à Bíblia. Ela ainda está viva, falando ao coração, dando vida nova aos que querem ouvi-la e seguir seus ensinamentos. 

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Que profecias falam a você, pessoalmente, e por quê?


Quinta-feira, 09 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 45
Verdade triunfante

Apesar dos ataques do inimigo, a obra de Deus na Terra alcançará um clímax glorioso. O evangelho será pregado a “cada nação, tribo, língua e povo” (Ap 14:6). O grande conflito entre Cristo e Satanás terminará com Cristo derrotando por completo os poderes do inferno. O reino de Deus triunfará, e o pecado será erradicado para sempre do Universo. Apocalipse 11 começa com a tentativa de Satanás de destruir a fé cristã e erradicar a crença em Deus por meio da Revolução Francesa, mas o capítulo termina com o triunfo do reino de Deus sobre os principados e poderes do mal. O texto encoraja todos os que passam por provas de fogo pela causa de Cristo e Sua verdade. 

6. Leia Apocalipse 11:15-18. Que eventos ocorrem no final dos tempos, ao soar a sétima trombeta? 

Os reinos do mundo se tornam do nosso Senhor vitorioso. O mal é derrotado. Jesus vence, e Satanás perde. A justiça triunfa. A verdade reina. Devemos prestar atenção à seguinte instrução: “Aquilo que é edificado sobre a autoridade do homem será destruído; mas o que está alicerçado na rocha da imutável Palavra de Deus permanecerá para sempre” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 243). 

7. O que João viu aberto no Céu? O que mais ele viu nesse espaço celestial? Ap 11:19 

O templo de Deus no Céu foi aberto. Ao contemplar o lugar santíssimo, ele viu a arca da aliança. No santuário do AT, que era um modelo do original celestial, a glória de Deus era revelada entre as duas figuras angélicas na tampa da arca. Dentro da arca estava a lei. Embora sejamos salvos somente pela graça mediante a fé, a obediência à lei revela se nossa fé é genuína. A lei é a base ou o padrão do juízo (Tg 2:12). Isso se torna especialmente importante no fim dos tempos (Ap 12:17; 14:12). 

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Como o contraste impressionante entre a impiedade da Revolução Francesa e o glorioso clímax retratado em Apocalipse 11 fala a nós no presente?


Sexta-feira, 10 de maio
Ano Bíblico: RPSP: Ez 46
Estudo adicional

Quando a Bíblia foi proscrita pela autoridade religiosa e secular; quando seu testemunho foi deturpado, e homens e demônios empenharam todos os esforços para descobrir como desviar da Palavra a mente do povo; quando os que ousavam proclamar suas sagradas verdades eram perseguidos, traídos, torturados, confinados nas celas das masmorras, martirizados por sua fé ou obrigados a fugir para a fortaleza das montanhas e para as grutas e cavernas da Terra – foi então que as fiéis testemunhas profetizaram vestidas de pano de saco. Contudo, continuaram com seu testemunho por todo o período de 1.260 anos. Nos mais obscuros tempos, houve fiéis que amavam a Palavra de Deus e eram zelosos por Sua honra” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 227, 228). 

“Quando a França rejeitou publicamente a Deus e descartou a Bíblia, os homens ímpios e os espíritos das trevas se alegraram com a realização do objetivo acalentado por tanto tempo – um reino livre das restrições da lei de Deus. [...] O poder restritivo do Espírito de Deus, que põe limite ao cruel poder de Satanás, foi removido em grande medida, e foi permitido que aquele cujo único prazer consiste na miséria humana realizasse sua vontade” (O Grande Conflito, p. 241). 

“A menos que a igreja siga o caminho aberto pela Providência, aceitando todo raio de luz e cumprindo todo dever que lhe seja revelado, a religião fatalmente se transformará em formalismo, e a espiritualidade vital desaparecerá” (O Grande Conflito, p. 269). 

Perguntas para consideração 

  1. Como os princípios do grande conflito são revelados na Revolução Francesa? 

  2. Ao defender o ateísmo, alguém escreveu: “Somos livres para estabelecer nossos objetivos e nos aventurar em qualquer fronteira intelectual sem se preocupar com placas de ‘entrada proibida’”. Essas ideias explicam o que ocorreu na Revolução Francesa? 

  3. O que há de significativo na visão do santuário em relação aos eventos finais? 

Respostas e atividades da semana: 1. Autoridade para profetizar; vestidas de pano de saco; tem o Espírito Santo e luz; de sua boca sai fogo e devora os inimigos; têm autoridade para fechar o céu, transformar água em sangue e ferir a Terra com flagelos. 2. Todas essas profecias descrevem diferentes aspectos do mesmo período de tempo. 3. As duas testemunhas morreriam; seus cadáveres ficariam estirados na praça; muitos os contemplariam; eles não seriam sepultados durantes três dias e meio. 4. Ela voltaria à vida. 5. A Palavra de Deus permanece para sempre. 6. Os reinos deste mundo se tornam de nosso Senhor. O mal é derrotado. 7. O santuário de Deus no Céu; a arca da aliança no santuário.

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Resumo da Lição 6
As duas testemunhas

TEXTO-CHAVE: Isaías 40:8 

FOCO DO ESTUDO: Ap 11:2-11; Ap 12:6, 14, 15; Zc 4:14; Sl 119:105; Jo 5:39; Dn 7:25; Is 40:8; Sl 119:89; Is 54:17 

ESBOÇO 

Introdução: Este estudo se concentra no papel fundamental, na autoridade e no poder da Palavra de Deus no grande conflito. Direcionaremos nossa atenção para a expressão da Palavra de Deus por meio das duas testemunhas que pregaram vestidas de saco durante o período profético dos 1.260 anos. 

Depois que Jesus subiu ao Céu, o diabo direcionou seus esforços e energia contra a Palavra de Deus, as Escrituras, e contra o povo de Deus. A missão da igreja era testifi- car de Jesus Cristo e de Sua Palavra, que é a revelação do caráter e da vontade de Deus. Em Apocalipse 11, a Palavra de Deus é representada pela expressão “duas testemunhas”, relacionada à expressão “os dois ungidos”, do Antigo Testamento (Zc 4:14). Essa metáfora ilustra como ela possui presença e poder contínuos, uma vez que sua origem é divina e sua transmissão ocorreu por meio da inspiração do Espírito Santo. 

O paralelo entre Jesus e a Palavra é óbvio: da mesma forma que Ele ministrou por três anos e meio sob pressão e perseguição de Seu próprio povo, que deveria tê-lo acolhido, as Escrituras também ministraram ao mundo por três anos e meio proféticos, ou 1.260 anos históricos. Isso ocorreu sob a pressão daqueles que alegavam ser os guardiões dela. Assim como Jesus, a Palavra de Deus passou pela morte e ressurreição. A Escritura, a Palavra divina, experimentou um ciclo de “morte e ressurreição”. Jesus foi vencedor. De igual maneira, a Sua Palavra também alcançará a vitória, e Seu povo triunfará por meio Dele e de Sua Palavra. 

Temas da lição: A lição desta semana destaca dois temas principais: 

  1. As duas testemunhas de Apocalipse 11 simbolizam as Escrituras Sagradas. Essas testemunhas ministraram em um tempo de perseguição, durante o período profético de 1.260 anos, entre 538 d.C. e 1798 d.C. 

  2. No fim desse período , as duas testemunhas morreram e ressuscitaram, assim como Jesus, indicando que Deus terá, por meio de Jesus e em Sua Palavra, a vitória no conflito. 

COMENTÁRIO 

Profetizando em vestes de saco 

Por que os adventistas sustentam a ideia de que as duas testemunhas, ou as Escrituras Sagradas, foram suprimidas durante a Idade Média? As pessoas daquela época não conhe- ciam a Bíblia? As catedrais e igrejas não eram adornadas com temas bíblicos? Os escolásticos não ensinavam a seus alunos a Bíblia nas classes universitárias? A resposta para todas essas perguntas é afirmativa. Mas então, por que insistir que o período de 1.260 anos, entre 538 d.C. e 1798 d.C., foi uma época de perseguição, em que as duas testemunhas usavam vestes de saco, um símbolo de crise e humilhação? 

Antes de responder à pergunta, vamos complicar um pouco mais a questão. Alguns podem ser rápidos em apontar que a perseguição contra as Escrituras existia antes de 538 d.C. De fato, os romanos tentaram zombar das Escrituras ou suprimi-las durante as primeiras perseguições contra os cristãos. O imperador pagão Diocleciano (284-305 d.C.) visava especificamente a aniquilação da Bíblia, determinando que os cristãos deveriam renunciar ao livro sagrado e denunciá-lo. Embora a maioria dos cristãos não tivesse a Bíblia, alguns que tinham manuscritos bíblicos os entregavam para serem queimados e profanados publicamente. Outros, no entanto, morriam em favor de sua fé. Por fim, a Palavra de Deus emergiu honrada e vitoriosa do ataque violento. Ao término do período profético de 1.260 anos, os revolucionários franceses, bem como regimes ditatoriais ateístas e comunistas que surgiram posteriormente, também buscaram a supressão das Escrituras cristãs, seguindo o exemplo do imperador Diocleciano. 

Entretanto, ao contrário de Diocleciano, os revolucionários franceses conseguiram aniquilar as Escrituras em seu território por um curto período de tempo (Ap 11:7-9). É verdade que tanto o imperador quanto os insurgentes da Revolução Francesa buscaram difamar a Palavra de Deus. Não obstante, os revolucionários franceses adotaram uma abordagem mais radical, com a intenção de erradicá-la por completo, em vez de permitir que ela continuasse a profetizar em vestes de saco. Além disso, o período de 1.260 anos em que as duas testemunhas enfrentaram humilhações vai muito além dos primeiros séculos de perseguição, dos dez anos sob o domínio de Diocleciano ou dos breves anos da Revolução Francesa. Por essas razões, é necessário buscar em outro momento histórico para compreender o significado da Palavra de Deus que profetiza vestida com vestes de saco. 

Assim, para entender quando e como as duas testemunhas ou as Escrituras ministraram vestidas de saco, precisamos enfatizar dois fatos. Primeiro, as duas testemunhas pregaram durante um período de 1.260 anos. Como detalha nossa lição, os adventistas do sétimo dia entendem que esse período se estendeu de 538 d.C. a 1798 d.C. e abrangeu o surgimento, o estabelecimento e o governo da Igreja Católica Romana. Um segundo ponto é que as duas testemunhas não foram mortas durante esse período, mas foi durante esse tempo que usaram vestes de saco. 

As alusões a Zacarias (Ap 11:4; Zc 4:14), Elias (Ap 11:5, 6) e Moisés (Ap 11:6), em Apocalipse 11, parecem sugerir que o ministério profético das duas testemunhas que usavam vestes de saco ocorreu no contexto da perseguição ao povo de Deus. Apocalipse 11 não diz que elas foram mortas durante os 1.260 anos, mas diz que elas receberam poder de Deus para profetizar em vestes de saco durante esse tempo (Ap 11:3). Elias usou vestes de saco durante um período de profundas crises espirituais no norte de Israel, quando aquela nação mudou consciente e deliberadamente a lei de Deus, colocando-se acima da revelação do Senhor e contra ela. Da mesma forma, a questão principal não é se a Igreja Católica Romana tinha algum conhecimento das Escrituras ou se as usou para fazer teologia durante os 1.260 anos de supremacia e perseguição da igreja de Deus. A questão é: 

Qual foi a atitude da Igreja em relação às Escrituras durante o período de perseguição? A atitude deles se parecia muito com a do norte de Israel: eles conheciam a revelação especial de Deus, mas se colocaram deliberadamente acima dela. 

O princípio do Sola Scriptura enfatiza que a Bíblia é a revelação completa, autossuficiente e clara de Deus. Sempre que a revelação divina é um inconveniente, ou um estorvo para um projeto humano, o diabo e seus seguidores introduzem tradições a fim de justificar a reinterpretação das passagens bíblicas desvantajosas, ou simplesmente introduzem novos ensinos e práticas grosseiramente contrárias às Escrituras. A tradição da Igreja e o magistério são retratados como os intérpretes exclusivos da Bíblia e como a única autoridade com poder para criar e estabelecer dogmas. A Palavra de Deus é diminuída, depreciada e colocada sob o controle da Igreja, embora a Escritura estipule que deve ocorrer o contrário. A despeito disso, várias citações do Catecismo da Igreja Católica (CIC) são surpreendentes: 

De acordo com o CIC, a comunicação que o “Pai fez de Si próprio, pelo seu Verbo, no Espírito Santo”, continua “presente e ativa na Igreja”: e, portanto, a tradição da Igreja é uma parte inseparável da revelação especial de Deus, assim como os profetas e os apóstolos (CIC, p. 79). Por isso, “a Igreja, a quem está confiada a transmissão e interpretação da Revelação, “não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência” (CIC, p. 82). 

É verdade que o CIC estipula que o magistério, sendo o único intérprete da Escritura (CIC, p. 86, 100), “não está acima da Palavra de Deus, mas sim ao seu serviço” (CIC, p. 86). No entanto, ele não se baseia apenas na Escritura, mas também na tradição (CIC, p. 82). Visto que a tradição é de igual autoridade com a Escritura e porque a autoridade para interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiada unicamente ao Magistério da Igreja, ao Papa e aos bispos em comunhão com ele (CIC, p. 100), o magistério extrairá materiais tanto da tradição quanto das Escrituras, sempre que for conveniente. 

As experiências do norte de Israel e de Judá ilustram que, quando a tradição é equiparada à Bíblia, esta não é apenas rebaixada de um status divino para humano, mas também, mais tarde, é invalidada (Mt 15:3-6). Isso ocorre por meio de interpretações errôneas que são ajustadas para se adequar a uma perspectiva humana, resultando na anulação de sua autoridade. Esse processo de extinção da autoridade bíblica foi o que ocorreu na Igreja Católica Romana. À medida que a Igreja enfatizava cada vez mais a tradição e aceitava pressuposições filosóficas, seus ensinos e práticas mudaram tão radicalmente que ela já não era mais compatível com o modelo apostólico. 

Assim, ao interpretar erroneamente e ensinar diretamente contra as Escrituras, a Igreja Católica Romana alegou falsamente os seguintes erros: 

  • Ela possui a capacidade de mudar o sábado do sétimo dia de Deus para o primeiro dia da semana, deliberadamente desrespeitando o quarto mandamento e reduzindo, consequentemente, a posição de Deus como Criador e Soberano. 

  • Cristo deixou a Igreja a cargo do bispo de Roma e da hierarquia eclesiástica sacramental. 

  • A Igreja é um elemento necessário da salvação que vem de Deus. 

  • A Igreja e os santos podem mediar em favor das pessoas e oferecer-lhes mérito para a salvação.

  • Maria, a mãe de Jesus, nasceu com uma natureza sem pecado (imaculada conceição). 

  • Maria tem papel especial na salvação, sendo chamada Mediadora (Mediatrix), Advogada, Auxiliadora, títulos reservados nas Escrituras apenas para Cristo e o Espírito Santo. 

  • A salvação é pelas obras, tais como penitências e indulgências. 

  • A alma é imortal, o inferno é eterno e o purgatório existe. 

  • Existem sete sacramentos que concedem salvação. 

  • As crianças devem ser batizadas. 

  • A própria substância do pão e do vinho são literalmente transformadas no corpo e no sangue de Cristo durante a missa (transubstanciação). 

  • Os leigos não podem tomar o cálice durante a comunhão. 

  • Os próprios sacerdotes são um sacramento e transmitem a salvação. 

  • Os padres da igreja não devem se casar, pois devem permanecer celibatários. 

  • Os cristãos podem e, de fato, devem venerar e adorar imagens e estátuas, transgredindo assim flagrantemente o segundo mandamento. 

Diante de uma rejeição evidente das Escrituras por parte do autoproclamado povo de Deus por mais de mil anos, não é de se espantar que Deus retrate a Escritura, ou Suas duas testemunhas, como envoltas em vestes de saco, ministrando profecias. 

Sim, finalmente elas foram mortas em um contexto secular e não religioso (durante a Revolução Francesa). No entanto, a própria Revolução Francesa ateísta foi uma reação à antiga ilegalidade da Igreja Católica contra o próprio Deus, contra Sua revelação especial e contra a humanidade, que precisa desesperadamente de salvação. O grande conflito é complexo. O diabo visa destruir a revelação de Deus em Sua Palavra escrita. Mas o objetivo especial de Satanás é suprimir a Palavra de Deus em Sua igreja. Esse alvo satânico não teve sucesso, nem nunca terá. O princípio protestante do Sola Scriptura, as sociedades bíblicas e missionárias, as três mensagens angélicas adventistas e o alto clamor prevalecerão. 

APLICAÇÃO PARA A VIDA 

  1. Imagine que você vivesse no ano 700, cerca de 160 anos após 538 d.C., o início do período profético de 1.260 anos. Suponha ainda que, como estudioso da Bíblia, você compreendesse que os 1.260 anos de perseguição contra as duas testemunhas apenas haviam iniciado e, por conseguinte, vários séculos ainda se desdobrariam até o término dessa perseguição. De que maneira você nutriria sua esperança, sabendo que você e as gerações seguintes aguardariam ainda por mais de mil anos? Como as suas respostas poderiam servir de inspiração para sua fé atualmente, à medida que esperamos a volta de Jesus? 

  2. Ainda que a Revolução Francesa tenha influenciado globalmente com sua perspectiva, ideais e ações, esse impacto foi sentido mais diretamente no mundo ocidental. Caso viva no Ocidente, como você pode continuar a celebrar a ressurreição e o ministério das duas testemunhas? Se você reside em regiões do mundo que não foram diretamente afetadas pela revolução secular ou ateísta na França, de que maneira sua sociedade ou comunidade local procurou suprimir as duas testemunhas ou forçá-las a profetizar com vestes de saco? Como você pode contribuir com o ministério das duas testemunhas?

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Recusando o batismo

Uzbequistão | Violeta

Violeta não sentia que estava pronta para o batismo quando o pregador da igreja adventista fez um apelo durante a reunião evangelística em Tasquente, capital do Uzbequistão.

Seu conhecimento sobre a Bíblia parecia pequeno. O chamado do pregador para as pessoas entregarem suas vidas por completo a Deus parecia algo muito grandioso.

"Eu não consigo fazer isso!", ela pensava. "Eu não vou fazer!"

Violeta estava cultuando com sua mãe na Igreja Adventista por algum tempo. As duas haviam terminado os estudos bíblicos com um pequeno grupo.

Então o diretor da Universidade Adventista de Zaoksky, seminário da igreja na Rússia, veio para Tasquente para dirigir encontros evangelísticos. Quando ele fez o apelo para as pessoas entregarem seus corações para Deus através do batismo, a mãe de Violeta foi a primeira a irà frente. Então Violeta viu ofilho do pastor del4anos ir também. Depois disso, uma terceira pessoa foi. Mas Violeta não cedeu. "Não", pensou ela. "Eu não vou me batizar neste momento."

Na noite seguinte, o pregador fez o apelo novamente. Violeta lembrou-se de que um amigo da igreja a incentivava a se batizar, dizendo: "Se você terminou os estudos bíblicos, pode se batizar". Mas ela não se sentia preparada. Ela não achava que conhecia a Bíblia o suficiente.

Enquanto fazia seu apelo, o pregador parecia estar olhando diretamente para ela. Ela balançou firmemente sua cabeça como se estivesse dizendo não.

Na última noite das reuniões, o pregador fez o apelo final.

"Quem gostaria de entregar seu coração a Jesus através do batismo?", perguntou ele. Violeta pensou quanto ao que fazer. Ela estava convencida de que a Igreja Adventista ensinava apenas a verdade da Bíblia, mas ainda não se sentia pronta.

O pregador convidou as pessoas que haviam aceitado seus apelos nas noites anterio­res a irem à frente novamente. A mãe de Violeta e outras doze pessoas foram à frente. O pregador as recebeu, mas não desistiu. Ele fez outro apelo.

"Deve haver mais alguém ar', disse ele. "Mais alguém quer vir à frente?"

Ele chamou e chamou. Cada vez que ele falava, Violeta sentia que ele estava falando diretamente com ela.

"Será que eu devo ir?", ela pensou.

Antes que percebesse, ela já estava se levantando e indo à frente.

"É isso", o pregador disse. "Essa era a pessoa pela qual estávamos esperando."

Mas Violeta não foi a última pessoa a ir.Quando chegou à frente, um senhor de 60 anos se levantou e ficou do lado dela. Eles fizeram os estudos bíblicos juntos. "Eu estava com medo",disse ele. "Mas quando eu avise levantando, encontrei a coragem de ir também."

Violeta ficou surpresa. Ela jamais imaginou que sua luta interior e sua decisão final pudessem afetar outra pessoa. Seu coração se encheu de alegria.

Hoje, Violeta está feliz por ter se batizado. Ela disse que percebeu que não havia razão para esperar. Ela não precisava conhecer toda a Bíblia para se batizar. Tudo o que ela precisava era entregar sua vida por completo a Jesus e crer Nele de todo o coração. Afinal, quando o carcereiro perguntou a Paulo e Sila o que ele precisava fazer para ser salvo, eles responderam: "Creia no Senhor Jesus e você será salvo-você e toda a sua casa" (Atos 16:31, NAA).

Violeta também ficou emocionada porque Deus pôde usar sua decisão para encorajar o senhor de 60 anos a se batizar.

O impacto de sua decisão continua a crescer. Agora, seu filho de 9 anos também quer ser batizado. "Quero que ele cresça no caminho certo", ela disse.

Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir a primeira escola primária adventista do sétimo dia em Tasquente, Uzbequistão, onde o filho de Violeta e outras crianças poderão aprender sobre Deus.

Por Andrew McChesney

Dicas para a história

  • Mostre a localização do Uzbequistão no mapa. Então, mostre Tasquente, capital do Uzbequistão, e futuro local da escola adventista, um dos projetos da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre. Mostre também Zaoksky, Rússia, onde está a Universidade Adventista de Zaoksky, localizada bem ao sul de Moscou. O diretor da universidade falou nos encontros em Tasquente. Três anos atrás, parte das ofertas deste trimestre foi destinada à construção de um novo prédio para a escola adventista de ensino fundamental e médio em Zaoksky.
  • Assista a um pequeno vídeo no Vou Tu be de Violeta descrevendo sua experiência nas reuniões evangelísticas: bit.ly/Violeta-ESD.
  • Baixe as fotos desta história no Facebook: bit.ly/fb-mq.
  • Compartilhe publicações missionárias e fatos rápidos sobre a Divisão Euro-Asiática: bit.ly/esd-2024.
  • Leia a história da mãe de Violeta, Alla, no relato da semana passada.

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024

Tema Geral: O grande conflito

Lição 6 – 4 a 11 de maio

As duas testemunhas

Autor: Eleazar Domini

Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Rosemara Santos

 Introdução

Ao longo dos séculos, o inimigo de Deus sempre tentou ofuscar ou destruir completamente a Palavra do Senhor. A razão para o ódio contra as Escrituras é que Ele sabe que a Bíblia não é um livro qualquer, pois nela o leitor encontrará as palavras da vida eterna.

Durante a Idade Média, Satanás usou a liderança religiosa para acrescentar livros à Bíblia (os chamados livros apócrifos), e para proibir a leitura da Bíblia por parte do povo. Assim, as pessoas teriam que obedecer cegamente a tudo quanto a Igreja dissesse.

Usando uma analogia do cabo de guerra, podemos dizer que a Igreja puxou tanto a corda para um lado que ela arrebentou, no que ficou conhecida como a Revolução Francesa. Entretanto, como um movimento pendular, quando a corda arrebentou, a Revolução Francesa foi para o completo oposto da religião e da fé. As perseguições infligidas pela Igreja durante a “santa inquisição” fez com que as pessoas clamassem por liberdade. O grito de liberdade se consolidou na Revolução Francesa, mas, infelizmente esse movimento veio acompanhado de libertinagem, ateísmo e todas as ideologias humanistas. E quem sofreu mais em ambos os períodos? A Bíblia! Ela havia sido escondida e usada como instrumento para causar terror e pânico na população durante a Idade Média. Agora, durante a Revolução, ela foi rejeitada e odiada pelo ateísmo revolucionário francês.

Felizmente, a Palavra do Senhor não ficaria prostrada. Ela despontaria para cumprir seu papel no fim da história terrestre.

I – Zacarias e Apocalipse

“E disse-me: Que vês? E eu disse: Olho, e eis que vejo um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite no seu topo, com as suas sete lâmpadas; e sete canudos, um para cada uma das lâmpadas que estão no seu topo. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda. Respondi mais, dizendo-lhe: Que são as duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal? Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a Terra” (Zc 4:2, 3, 11, 14).

A identificação das duas oliveiras, os dois ungidos, descritos em Zacarias tem sido tema de estudos de teólogos ao longo dos anos. Os Adventistas do Sétimo Dia têm uma interpretação bastante coerente, conforme se apresenta no Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 1204: “Eles são descritos como estando ‘junto ao Senhor’. No simbolismo, as oliveiras forneciam óleo para as lâmpadas (v. 12). O óleo é um símbolo do Espírito Santo. Os ungidos, portanto, representam os instrumentos celestiais por meio dos quais o Espírito Santo é concedido aos seres humanos que são completamente consagrados ao Seu serviço.”

“A missão dos dois ungidos é comunicar luz e poder ao povo de Deus” (Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 510). Espera-se que aqueles que recebem o dom celestial comuniquem essa bênção aos outros.

João, o revelador, também menciona duas oliveiras e estabelece um paralelo entre “as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra” (Ap 11:4). Por meio desses símbolos, ele identificou que “as duas testemunhas representam as Escrituras do Antigo e Novo Testamentos” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 227).

Conquanto, numa aplicação imediata de Zacarias, o significado dos símbolos aplicava-se possivelmente a Zorobabel e a Josué. É notório que, em Apocalipse, utilizando-se dos mesmos símbolos, João os identifica precisamente com a Palavra de Deus que deveria estar vestida de panos de saco por 1.260 anos e, no fim desse período, deveriam ser mortas.

II – Dupla perseguição

Como bem observado nas lições anteriores, a Bíblia permaneceu quase inteiramente fora do alcance da população durante a Idade Média, a idade das trevas. Trevas espirituais pairavam sobre a Europa, uma vez que o clero não permitia que as pessoas tivessem acesso à Palavra de Deus. O mau uso da Bíblia por parte do clero aprisionou milhares de pessoas por séculos. Mesmo em meio a tantas trevas espirituais, Deus sempre teve Seus filhos que, a custo da própria vida, tinham acesso às Santas Escrituras e a copiavam a mão para distribuir entre as pessoas. Os valdenses, albigenses, huguenotes e outros se destacaram nessa obra. Assim, as duas testemunhas profetizaram por mil duzentos e sessenta anos vestidas de pano de saco.

Os 1.260 anos profeticamente indicam o período de supremacia papal e perseguição promovida por parte da Igreja. Esse período iniciou em 538 d.C. e se estendeu até 1798, quando o general Bertiher, a mando de Napoleão Bonaparte, aprisionou o Papa Pio VI, no dia 10 de fevereiro daquele ano. É nesse contexto que a França revolucionária, simbolizada por uma besta que sobe do abismo, declara guerra contra a religião e a Bíblia: “‘A besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará” (Ap 11:7). O poder ateísta que governou a França durante a Revolução e o Reinado do Terror desencadeou contra Deus e Sua santa Palavra uma guerra como jamais o mundo havia testemunhado. O culto à Divindade foi abolido pela Assembleia Nacional. Bíblias eram recolhidas e publicamente queimadas com toda manifestação de escárnio possível. A lei de Deus era pisoteada, e as instituições das Sagradas Escrituras, abolidas. O dia de repouso semanal foi posto de lado e, em seu lugar, cada décimo dia era dedicado à orgia e blasfêmia. O batismo e a Comunhão foram proibidos. E anúncios, afixados visivelmente nos cemitérios, declaravam que a morte era um sono eterno. […]

A França incrédula fizera silenciar a voz reprovadora das duas testemunhas de Deus. A Palavra da verdade permaneceu morta em suas ruas, e os que odiavam as restrições e exigências da lei de Deus estavam contentes. As pessoas publicamente desafiavam o Rei dos Céus” (O Grande Conflito, p. 232, 233). A França se tornou o primeiro e único país do mundo a declarar em constituição que Deus não existe. Em toda devassidão que aquele período trouxe, eles elegeram uma mulher como deusa da razão e a apresentaram desnuda na catedral de Notre Dame, onde houve as mais baixas licenciosidades entre o povo.

O período crítico da Revolução Francesa, que durou três anos e meio, passou. Entretanto, os ideais iluministas, ateístas e humanistas que surgiram naquele período, vigoram até os dias de hoje na sociedade ocidental. O ateísmo continua sendo um dos grandes desafios para a pregação do evangelho, sobretudo nos países mais ricos da Europa.

III – A ressurreição

A profecia apocalíptica apontava para um período de três anos e meio em que as duas testemunhas seriam mortas e expostas em praça pública. Conforme abordamos acima, essa profecia cumpriu-se exatamente no período da Revolução Francesa. Passados os três anos e meio, a profecia indicava que seriam ressuscitadas para espanto dos seus algozes. Após o período tenebroso da Revolução Francesa, houve uma explosão na obra missionária e, como nunca, a Bíblia foi impressa em larga escala por todo o mundo. Após esse período, surgiram as Sociedades Bíblicas e os grandes avivamentos tiveram seu lugar na Europa e nos Estados Unidos. Hoje, a Bíblia é o livro mais traduzido e vendido no mundo. Isso mostra o cuidado de Deus e a certeza de que as profecias sempre serão cumpridas, pois Aquele que falou jamais falhará.

Conclusão

Mesmo diante das muitas perseguições contra a Palavra de Deus, promovidas pelo inimigo da verdade, ela sempre triunfou. Os esforços de Satanás para subverter e destruir a Bíblia sempre foram fracassados. Deus nunca permitiu que o livro que contém as verdades da salvação ficasse completamente escondido da humanidade. Como vimos, a Bíblia sofreu perseguição quando a besta que subiu do mar (representação do papado) estava no controle, e continuou sofrendo quando a besta que subiu do abismo (representação do ateísmo) subiu ao poder. Fosse pela religião ou pela falta dela, a Palavra de Deus sempre foi alvo de perseguição do diabo. Conquanto homens usados pelo inimigo tenham tentado fazer com que a Bíblia desaparecesse, ela permanece até hoje, e continua mais atual que nunca. Deus cumpriu Suas promessas: “Seca-se a erva e cai a sua flor, mas a Palavra do Senhor permanece eternamente.”

Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.

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