Sábado
31 de março
O balcão das saladas
O que vale é se fomos realmente mudados em pessoas novas. Que a paz e misericórdia de Deus sejam com todos vocês que vivem por esta norma, e com todos quantos, em toda parte, pertencem realmente a Deus. Gálatas 6:15, 16, BV

O refeitório na Missão de Resgate fica no centro da cidade. Aos sábados, voluntários como eu enchem várias centenas de pratos com alimento para homens, mulheres e crianças. Estou na outra extremidade, diante de um homem que não vi antes. É um novo participante do programa. Isso significa que ele deu um passo positivo para acabar com seu problema de uso de drogas.

Fui designada ao balcão das saladas, e conversava um pouquinho sobre a equipe local de futebol, enquanto enchia tigelas de isopor com alface e cenoura ralada. Sempre me pergunto como partilhar minha fé em situações como essa. Na verdade, eles não precisam da nossa ajuda para servir a refeição. Vamos lá porque queremos representar a Jesus de alguma forma. Porém, a parte do “como” é sempre a questão. Não consigo pensar em uma única coisa que ele e eu tenhamos em comum, exceto o fato de termos passado dos sessenta anos.

Ele fala sem parar e, felizmente, parece não esperar que eu faça comentários. Está desalentado diante do seu fracasso em deixar as drogas completamente para trás. As oportunidades perdidas e as pontes queimadas parecem uma assombração. É uma realidade dura de enfrentar, e percebo que ele a enfrenta continuamente, todos os dias. Então, como se reconhecesse que, sem perceber, ele dominou a conversa, volta-se para mim e diz: “Parece que você deve ter tido algum sucesso na vida.”

Claramente, foi uma pergunta. Eu precisava responder, mas o que diria? O Espírito Santo me ajudou. As palavras me vieram instantaneamente: “Bem, minha situação é boa”, respondi, enquanto voltava o rosto para ele. “Mas lutamos com um problema parecido. Eu também tenho dificuldades quanto a controle. Você diz que perdeu o controle da sua vida. Bem, minha necessidade de controle é tão forte que causa todos os tipos de problemas. Estamos nas extremidades opostas na questão do autocontrole, mas adivinha uma coisa?
É tão difícil, para mim, aceitar a dádiva da graça de Deus quanto o é para você. Nós dois precisamos da assistência divina!” Não foi a resposta que ele esperava, mas pareceu concordar. Abraçamo-nos e enchemos mais tigelas.

Na realidade, todos precisamos da graça redentora.

Linda Nottingham