Quinta-feira
16 de maio
Identidade equivocada
Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor. Efésios 5:19

Algo engraçado aconteceu quando eu estudava na sala do dormitório da faculdade durante o primeiro ano. O alto-falante ecoou: “Retha Butcher, telefone”. Perguntei: Quem ligaria para mim? Desci correndo quatro pisos até o saguão do telefone e atendi, sem fôlego: “Alô, aqui é a Retha”. Quando a pessoa na linha perguntou se eu cantaria uma música especial na igreja, uma série de emoções percorreu minha mente: choque, perplexidade descrença. Recuperei minha compostura e respondi: “Você está falando com a Retha errada”.

Embora Retha não seja um nome comum, outra pessoa com esse nome, uma aluna do terceiro ano da faculdade, era talentosa o suficiente para atender a essa solicitação. Sem saber o motivo da ligação, a recepcionista presumiu que a ligação fosse para mim, anexou meu sobrenome e me convocou. Não consegui sufocar o riso no caminho de volta para o meu quarto enquanto ponderava sobre aquele pedido hilário para eu cantar um solo. Ao mesmo tempo, a pessoa que ligou não tinha como saber sobre o trauma da minha infância. É possível que o trauma tenha iniciado quando alguém disse à minha tia guardiã, que estava perto de mim:

– Retha nunca será nada.

Essas palavras eram ofensivas, mas não precisavam governar minha vida. Outro evento traumático durante a adolescência foi quando o diretor do coro do nosso pequeno grupo juvenil nos interrompeu no meio de um hino que estávamos ensaiando e gritou:

– Alguém está desafinando.

Eu sabia que deveria ser eu, porque os outros eram mais musicais. Esses dois incidentes causaram estragos no nível de confiança desta pretensa cantora. Comecei a diminuir o meu volume, quase ao ponto de sincronizar meus lábios com a música, para poupar as pessoas de me ouvir desafinar.

Mais tarde, eu me empenhei para matricular minhas duas filhas em aulas de piano e outros instrumentos, para que elas fossem úteis em suas respectivas igrejas. Meu nível de confiança aumentou ao longo dos anos, e eu não murmuro mais os hinos que amo. “Com lábios jubilosos a minha boca Te louvará” (Sl 63:5).

Agora, percebendo que sou uma filha de muitas orações, meu lema é: “A tarefa que está à minha frente nunca é tão grande como o Poder atrás de mim.” Acordo cada manhã exclamando: “Este é o dia em que o Senhor agiu; [eu me alegrarei e exultarei] neste dia” (Sl 118:24).

Retha McCarty