Nossa competência para perceber e julgar nossos atos e afetos é muito superficial. Contudo, quantas vezes agimos como se fôssemos totalmente competentes para julgar os outros! Antes de tentar exercer algum tipo de juízo, devemos nos lembrar de que o Senhor julga os motivos, e nós não conseguimos ler o coração. O livro de Jó, por exemplo, revela que muitas vezes não há relação direta entre o que vemos e um possível juízo da parte de Deus. Acidentes, enfermidades e doenças nem sempre estão relacionados com maldições, assim como sucesso, boa aparência e condição social nem sempre estão relacionados com bênçãos.

Por isso, é preciso considerar os conselhos da Bíblia em relação ao julgamento. Tiago afirmou: “Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão, fala contra a Lei e a julga. Quando você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está se colocando como juiz” (Tg 4:11). Por sua vez, Paulo alertou sobre outro problema relacionado ao julgamento: “Portanto, você, que julga os outros é indesculpável; pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas” (Rm 2:1). É possível que alguém condene o outro em sua atitude sendo ele mesmo réu por praticar a mesma ação? É irônico, mas é comum acontecer. Sendo assim, o apóstolo resume de forma ainda mais incisiva seu conselho: “Portanto, deixemos de julgar uns aos outros” (Rm 14:13).

Sendo assim, o cristão deve deixar que cada um siga sua vida sem se manifestar sobre coisa alguma? A orientação de Jesus aos religiosos de Sua época continua válida hoje: “Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos” (Jo 7:24). Portanto, devemos cuidar em lançar nossas conclusões e interpretações sobre os outros. Ao mesmo tempo, como cristãos, temos o dever de exortar conforme a Palavra de Deus.

Se nos colocarmos como régua para os outros, seremos condenados pelo próprio julgamento, mas se permitirmos que Deus nos julgue e oriente, poderemos ajudar outras pessoas a ser aprovadas no juízo divino.