Estou na fase da vida de ser avó. Já passei por muitas coisas. Sempre fui o tipo de pessoa que “resolve tudo”, tentando solucionar as coisas sozinha. Há muitos anos venho tentando “esperar no Senhor”. Quando nossos fi lhos estavam crescendo, morávamos em uma área urbana que fica cerca de uns cinquenta quilômetros ao sul de São Francisco, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Ali, comecei a perceber que minha filha também tinha recebido de Deus o dom da liderança. Por isso, sempre batíamos de frente. Eu dizia para mim mesma: Sou a mãe, portanto, sei mais que ela. Quando ela completou quinze anos, quis ter o seu próprio carro. Dissemos que, quando ela conseguisse juntar dinheiro para comprar um carro, pagar pela carteira de motorista e todas as despesas, poderíamos conversar sobre aquele assunto. Apenas um ano depois, ela disse: 

– Eu já tenho o dinheiro para comprar meu carro e vi numa loja um carro de que gostei. Quando ela estava no segundo ano do ensino médio, disse que queria ir morar no in- terior com os avós e estudar em casa. O quê? Discordamos e sugerimos outras opções. Mas ela não gostou de nenhuma. O que aconteceu foi que ela conheceu uns clientes na loja de animais onde trabalhava que a convidaram a ir morar com eles no interior. Era um casal não cristão, que tinha vários cachorros morando dentro de casa com eles e também cavalos que fi cavam no estábulo. Minha fi lha adorou a ideia. Ela precisava ter bichos por perto, amava os animais e se agarrou à chance de viver em meio a eles, dentro e fora de casa. 

Ela estava com 18 anos na época. Assim, ela foi embora com aquele casal, apesar de todos os conselhos que tentei lhe dar e argumentar. Disse que não era prudente uma menina bonita e jovem ir morar com um casal casado de trinta e poucos anos. Mas ela, em sua inocência, achava que já sabia lidar com o mundo. Certo dia, uma amiga me telefonou e eu abri meu coração para ela. Minha amiga me deu um grande conselho: “Saia do caminho e deixe Deus agir.” 

Meses depois, nossa fi lha nos telefonou e disse que tinha que sair o quanto antes da casa em que estava, pois quando a esposa não estava em casa, o marido a assediava. Meu coração se encheu de alegria e raiva ao mesmo tempo. Aprendi que, como pais, não podemos proteger nossos fi lhos para sempre e que, às vezes, temos que sair do ca- minho e deixar que eles aprendam com as próprias experiências. Aprendi que, na idade em que minha fi lha estava, eu precisava ser sua amiga e não sua consciência. Mas, aci- ma de tudo, aprendi a orar como nunca e a sair do caminho para que Deus possa agir. 

Marcella Lynch