Era meu último ano na faculdade de medicina. Os exames finais estavam chegando. Eles determinariam se eu iria me graduar e me tornar médica. Havia um clima de apreensão e pânico entre os alunos. Estávamos preocupados porque já havíamos cursado cinco anos da faculdade e realizado muitos exames até ali, mas se não passássemos nos exames finais teríamos que adiar nosso sonho. Foi um período intenso de estudo e prática.
Como faltavam apenas algumas semanas para os exames, alguns colegas da minha classe decidiram estudar durante os sete dias da semana. Lembro-me de que um amigo me disse: “Anna, sinto muito por você, porque você não pode estudar no sábado e há tanta coisa para fazer!” Eu sorri e respondi a ele que aquilo não me preocupava porque eu estava estudando o máximo que podia nos outros dias da semana, mas que no sábado daria uma pausa.
Era muita coisa para estudar, porém eu havia decidido continuar sendo fiel a Deus e aos Seus mandamentos. Eu tinha certeza de que o mesmo Deus que havia me acompanhado ao longo dos anos na faculdade, e que havia me ajudado a ser uma das melhores alunas, iria me ajudar a ser vitoriosa nos exames finais. Confiei, certa de que Ele dirigiria e guiaria tudo. Realizei os exames e alcancei meu sonho. Não só me tornei médica, mas me graduei com o mais elevado grau de honra. Deus recompensa Seus servos fiéis!
Abraão foi fiel e obediente ao Senhor. Ele foi provado em sua fidelidade, mas permaneceu leal. Sem questionar, obedeceu ao estranho pedido divino. Abraão foi fiel mesmo quando não pôde entender a vontade do Senhor. Como resultado de sua fidelidade inabalável, Deus o recompensou. Abraão se tornou pai de uma numerosa nação, conforme a promessa divina. Romanos 4:13-17 mostra que ele foi recompensado não por causa da obediência à lei, mas por causa da sua fé em Deus.
Nesta semana a lição se concentra na fé que Abraão teve. Ao estudá-la, peçamos que o Espírito Santo nos ajude a nos achegarmos mais a Deus e nos encoraje em nossa jornada espiritual.
Annalisa Miller | St. Catherine, Jamaica
1. Leia Romanos 3:31. Qual é o argumento de Paulo ali? Por que ele é tão importante para os adventistas?
2. Leia Romanos 4:1-8. Como essa passagem mostra que, mesmo no Antigo Testamento, a salvação era pela fé e não pelas obras da lei?
De acordo com essa narrativa do Antigo Testamento, Abraão foi considerado justo porque “creu em Deus”. Portanto, o próprio Antigo Testamento ensina a justificação pela fé. Assim, é falsa a conclusão de que a fé “anula” (do grego katargeo, que significa “torna inútil” ou “invalida”) a lei. A salvação pela fé faz parte do Antigo Testamento. A graça é ensinada em todas as suas páginas. Por exemplo, o que foi o ritual do santuário, senão uma representação de como os pecadores são salvos, não por suas próprias obras, mas pela morte de um substituto?
Maria, uma fiel cristã, havia acabado de perder seu emprego devido a um corte de funcionários na empresa em que trabalhava. Ela ficou triste. Precisava se sustentar e também cuidar de uma tia enferma. O proprietário do pequeno apartamento em que ela morava exigiu que Maria deixasse o imóvel por falta do pagamento do aluguel. Maria não tinha para onde ir, mas tinha fé e acreditava que Deus cuidaria de tudo, embora não pudesse entender Seus planos. Então, pela fé, ela empacotou os poucos pertences que possuía e saiu do apartamento, deixando o passo seguinte nas mãos de Deus. Entretanto, o Senhor tinha um plano para Maria, e quando ela estava em pé, na calçada, com frio e sem um teto para abrigá-la, Deus lhe deu a resposta para suas orações.
O que é fé? Não é confiar mesmo quando não podemos ver o caminho? Não significa crer que Deus suprirá todas as nossas necessidades? Sim! Ter fé significa crer que Ele nos livrará, protegerá e proverá o necessário de acordo com Sua vontade, não a nossa.
Obedecendo pela fé (Gn 12:1-4; Hb 11:8). Imagine quanto Abraão deve ter ficado confuso quando o Senhor lhe apareceu pedindo que abandonasse sua terra, familiares, amigos e negócios, e fosse para uma terra estranha (Gn 12:1). Essa ordem deve ter exigido uma fé extraordinária da parte de Abraão! “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo” (Hb 11:8). Isso nos mostra que Abraão confiava totalmente em Deus. Ele acreditava que Deus iria fazer o que havia prometido. Confiava nas palavras do Senhor sem precisar ser constantemente tranquilizado e lembrado de que Deus estaria ao seu lado em meio às provações e dificuldades. Para todos nós, isso é um exemplo de que nossa fé em Deus deve ser também forte e inabalável.
Recompensa para os fiéis (Gn 15:6; 17:15, 16). Apesar de Abraão ter sido um homem de fé, ele estava contrariado porque sua esposa, Sara, não podia conceber. Isso era particularmente inquietante para Abraão porque Deus havia prometido que ele seria o “pai de muitas nações” (Gn 17:4). Como isso poderia acontecer se ele não tinha filhos? Abraão procurou solucionar o problema a seu modo, sugerindo que seu servo Eliezer se tornasse seu herdeiro (Gn 15:1-4). Porém, Deus não aprovou. Afinal, Ele havia feito uma promessa a Abraão (Gn 15:4), e o Senhor não volta atrás em Sua palavra. Ele recompensa ricamente aqueles que demonstram fé em Suas promessas e são obedientes à Sua vontade.
Finalmente, Deus recompensou Abraão e Sara com um filho. Sara não somente engravidou sendo estéril, mas numa idade em que já não era mais possível ter filhos (Hb 11:11). Como é poderoso o Deus a quem servimos! Embora, como pecador, Abraão tivesse suas falhas, Deus o recompensou, porque, apesar de suas imperfeições, ele foi justificado pela fé. Como resultado disso, Deus dirigiu as coisas para seu bem. Deu-lhe um herdeiro, o que foi um milagre e uma bênção. Sem Deus, isso teria sido apenas um sonho impossível para Abraão e Sara.
Provado em sua fidelidade (Gn 22). Certamente, a prova mais severa para Abraão foi o episódio encontrado em Gênesis 22. Deus solicitou que ele fizesse uma coisa estranha. “Então disse Deus: ‘Tome seu filho, seu único filho, Isaque, a quem você ama, e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei’” (Gn 22:2). Você consegue imaginar como Abraão deve ter se sentido? Sacrificar seu filho prometido num altar nas montanhas? Deve ter sido uma decisão muito difícil para ele. Contudo, Abraão não questionou a ordem divina. Quando chegou a hora de agir, ele agiu. Não hesitou em fazer a vontade do Senhor, embora, como consequência disso, pudesse perder seu único filho. Levantou-se no dia seguinte e viajou para a montanha que Deus lhe havia indicado a fim de oferecer seu filho em sacrifício. Ele confiava em Deus, apesar da dificuldade para obedecer. A história diz que Deus interveio e salvou a vida de Isaque depois que Ele viu que Abraão havia obedecido à Sua ordem sem hesitar.
Deus não somente interveio, mas também recompensou Abraão por sua obediência. “Por ter feito o que fez, não Me negando seu filho, o seu único filho, esteja certo de que o abençoarei e farei seus descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar. Sua descendência conquistará as cidades dos que lhe forem inimigos e, por meio dela, todos povos da Terra serão abençoados, porque você me obedeceu” (Gn 22:16-18).
Nosso Deus é verdadeiramente fiel! Como Abraão, precisamos confiar na direção divina, mesmo que, aparentemente, ela esteja contra nossa vontade e nossos planos. É preciso confiar no poder de Deus e ser obedientes a Ele, porque Seu plano é maior do que qualquer coisa que possamos pedir ou imaginar.
Joanna Johnson | St. Catherine, Jamaica
A questão com a qual Paulo estava lidando era muito mais do que apenas teologia. Ela vai à essência da salvação e do nosso relacionamento com Deus. Se alguém acredita que deve merecer aceitação, que deve chegar a um certo padrão de santidade antes de ser justificado e perdoado, então é muito natural olhar para si mesmo e para as próprias obras. A religião pode se tornar excessivamente egocêntrica, a última coisa de que alguém precisa.
3. Leia Romanos 4:6-8. Como Paulo expandiu o tema da justificação pela fé?
“O pecador tem que ir a Cristo, com fé, apropriar-se de Seus méritos, depor seus pecados sobre o Portador dos pecados e receber Seu perdão. Foi por causa disso que Cristo veio ao mundo. Assim é imputada a justiça de Cristo ao pecador arrependido e crente. Torna-se então membro da família real” (Ellen G. White, Mensagens escolhidas, v. 1, p. 215).
“A fim de que Deus o pudesse habilitar para sua grande obra, como guardador dos oráculos sagrados, Abraão devia se desligar das relações de sua vida anterior. A influência de parentes e amigos não seria compatível com o ensino que o Senhor Se propunha a dar a Seu servo. Depois, quando Abraão estava ligado ao Céu de maneira especial, devia habitar entre estranhos. Seu caráter devia ser peculiar, diferindo de todo o mundo. Ele não podia nem mesmo explicar sua maneira de proceder, de modo que fosse compreendido por seus amigos. As coisas espirituais são discernidas espiritualmente, e seus intuitos e ações não eram entendidos por seus parentes idólatras. […]
“A prova a que Abraão foi submetido não foi pequena, nem pequeno o sacrifício que dele se exigiu. Havia fortes vínculos que o prendiam à sua terra, seus parentes e seu lar. Contudo, ele não hesitou em obedecer ao chamado. Não teve perguntas a fazer a respeito da terra da promessa – se o solo era fértil e o clima, saudável; se o território oferecia um ambiente agradável e proporcionaria oportunidades para se acumularem riquezas. Deus tinha falado, e Seu servo devia obedecer. O lugar mais feliz da Terra para ele seria aquele em que Deus quisesse que ele estivesse.”1 Abraão foi verdadeiramente um servo fiel, e obedeceu a ordem divina sem hesitação nem dúvida.
“Muitos ainda são provados como Abraão. […] Pode ser exigido que abandonem uma carreira que promete riqueza e honra; que deixem amizades agradáveis e proveitosas e se separem dos parentes, para entrar naquilo que parece ser apenas um caminho de abnegação, dificuldades e sacrifícios. Deus tem uma obra para essas pessoas fazerem; mas uma vida de comodidade e a influência de amigos e parentes seriam um empecilho ao desenvolvimento dos traços essenciais para sua realização. Ele as chama para longe das influências e auxílio humanos, e as leva a sentir a necessidade de Seu amparo e a confiar nEle somente, para que Ele possa Se revelar a elas.”2
“Abraão, o amigo de Deus, dá-nos um digno exemplo. Sua vida foi de oração. Onde quer que ele armasse a tenda, junto construía o altar, convocando todos os que faziam parte de seu acampamento para o sacrifício da manhã e da tarde. Quando a tenda era removida, o altar ficava.”3
1. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 126.
2. Ibid., p. 126, 127.
3. Ibid., p. 128.
Mario Thompson | St. Catherine, Jamaica
Hoje faz 500 anos que Martinho Lutero pendurou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg. É maravilhoso o fato de que o assunto de hoje também aborda a essência da salvação pela fé.
4. Leia Romanos 4:14-17. De que maneira Paulo continuou mostrando como a salvação pela fé era central no Antigo Testamento? Veja também Gl 3:7-9.
Como dissemos no início, é importante lembrar para quem Paulo estava escrevendo. Esses cristãos judeus estavam imersos na lei do Antigo Testamento, e muitos tinham chegado a crer que sua salvação dependia de quão bem eles guardavam a lei, embora o Antigo Testamento não ensinasse isso.
Na tentativa de corrigir esse equívoco, Paulo argumentou que Abraão recebeu as promessas mesmo antes da lei no Sinai, não pelas obras da lei (o que teria sido difícil, uma vez que a lei – isto é, toda a Torá e o sistema cerimonial – ainda não estavam em vigor), mas pela fé.
“Então o Senhor disse a Abrão: ‘Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que Eu lhe mostrarei. Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção’” (Gn 12:1, 2).
No decorrer da peregrinação de Abraão na Terra Prometida, ocorreram vários episódios. Porém, o mais marcante deles foi quando o Senhor lhe pediu que sacrificasse Isaque (Gn 22). Obedecendo à ordem divina, Abraão subiu ao Monte Moriá para oferecer seu filho em sacrifício. De repente, ele ouviu uma voz vinda do céu: “Abraão! Abraão! ‘Eis-me aqui’, respondeu ele. Não toque no rapaz […] Não lhe faça nada. Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu único filho” (Gn 22:11, 12).
Então, Abraão olhou para o lado e viu um carneiro. Ele o tomou e o sacrificou em lugar de Isaque. Abraão deu àquele lugar o nome de “Jeová-Jiré”.
“Jeová-Jiré é um dos diferentes nomes para Deus encontrados no Antigo Testamento. Jeová-Jiré é a tradução da KJV para YHWH-Yireh e significa ‘O Senhor Proverá’ (Gn 22:14). Esse nome foi dado por Abraão como memorial do fato de que Deus proveu o cordeiro para ser sacrificado em lugar de Isaque.
“O relato de Abraão no monte Moriá se torna, assim, mais do que uma ilustração dramática de fé e obediência. É uma apresentação da graça eterna, da provisão contínua e da infinita sabedoria do Senhor. […]
“Jeová-Jiré proveu um sacrifício para salvar Isaque, e esse ato prefigurou a provisão de Seu Filho para a salvação do mundo.”*
* http://www.gotquestions.org/Jehovah-Jireh.html, acessado em 14 de julho de 2016.
Ava-gaye Chambers | St. Catherine, Jamaica
5. “O princípio de que o homem pode se salvar por suas próprias obras, […] está na base de toda religião pagã […]. Onde quer que seja mantido, os homens não têm barreira contra o pecado” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 21). O que isso significa? Por que a ideia de que podemos nos salvar por meio de nossas obras nos deixa tão abertos ao pecado?
6. Como Paulo explicou a relação entre a lei e a fé em Gálatas? (Veja Gl 3:21-23). Complete as lacunas:
A fé nos ___________________________________________________ de estar debaixo da ___________________________________________________, sob sua ___________________________________________________.
Se houvesse uma lei que pudesse dar vida, certamente teria sido a lei de Deus. No entanto, Paulo disse que nenhuma lei pode dar vida, nem mesmo a de Deus, pois todos transgrediram essa lei e, portanto, todos são condenados por ela. Mas a promessa da fé, mais plenamente revelada por Cristo, liberta todos os crentes da condição em que estão “debaixo da lei”; isto é, a situação em que são condenados e oprimidos por tentar ganhar a salvação por meio dela.
A Bíblia deixa claro que o povo de Deus foi chamado para viver pela fé. Essa atitude é o elemento vital em nossa caminhada rumo à nova Jerusalém. De igual maneira, é pela fé que conquistamos nossos objetivos. Somos chamados para depositar nossa fé totalmente em Deus, crendo que Ele fará por nós o que não podemos fazer por nós mesmos. O caminho para alcançar a promessa é trilhado por meio da fé. Sem fé é impossível chegar ao fim dessa viagem.
Abraão confiou inteiramente na direção divina ao longo de sua vida. Ele obedeceu à ordem divina e foi recompensado por sua obediência. Abaixo encontram-se algumas razões pelas quais Abraão foi capaz de obedecer ao Senhor:
1. Ele conhecia a voz de Deus. Isso possibilitou que ele seguisse Suas instruções. Para conhecer a voz de Deus, precisamos passar tempo com Sua Palavra e nos comunicar com Ele por meio da oração.
2. Ele seguiu as ordens divinas sem hesitar. Quaisquer que fossem as instruções divinas, Abraão obedecia (Gn 22). A Bíblia declara que obedecer é melhor do que sacrificar. Assim, seguir as instruções de Deus é importante para demonstrarmos nossa fé.
3. Ele confiou em Deus. A confiança de Abraão deve nos inspirar a não ter dúvidas sobre o poder do Altíssimo. Abraão permaneceu fiel e obediente mesmo nas situações mais difíceis (Rm 4:18-22). Sua confiança em Deus era grande, tão grande que a Bíblia declarou: “Abraão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça” (Gn 15:6). Precisamos crer que Deus sempre nos guiará no melhor caminho, mesmo nas ocasiões em que parece que Suas promessas não se cumprirão em nossa vida. Confiemos no Senhor e sejamos sempre obedientes a Ele porque esse é o melhor caminho!
Shandel Lawrence | St. Catherine, Jamaica
7. Leia 1 João 2:3-6; 3:4 e Romanos 3:20. O que esses textos revelam sobre a relação entre lei e pecado? Complete as lacunas:
“Ninguém será ___________________________________________________ diante dEle por obras da ___________________________________________________, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do ___________________________________________________” (Rm 3:20).
No Novo Testamento, aparecem tanto a lei como o evangelho. A lei mostra o que é o pecado; o evangelho indica o remédio para esse pecado, que é a morte e ressurreição de Jesus. Se não há lei, não há pecado, e então, do que somos salvos? Somente no contexto da lei e em sua validade continuada o evangelho tem sentido.
Muitas vezes ouvimos que a cruz anulou a lei. Isso é bastante irônico, pois a cruz mostra que a lei não pode ser revogada nem alterada. Se Deus não revogou nem mesmo mudou a lei antes de Cristo morrer na cruz, por que fazê-lo depois? Por que não se livrar da lei depois que o homem pecou e assim poupá-lo da punição legal que a transgressão da lei acarreta? Dessa maneira, Jesus nunca precisaria ter morrido. A morte de Jesus mostra que, se a lei pudesse ter sido alterada ou abolida, isso deveria ter sido feito antes da cruz, não depois.