Copie Daniel 4 na versão bíblica de sua preferência. Se estiver com pouco tempo, copie somente Daniel 4:19-27. Você também pode reescrever as passagens com suas palavras ou fazer um esboço do capítulo.
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1. Leia Daniel 3:1-7. O que provavelmente tenha motivado o rei a fazer essa estátua?
Cerca de vinte anos podem ter decorrido entre o sonho relatado no capítulo 2 e a construção da estátua. No entanto, parece que o rei não mais podia se esquecer do sonho e do fato de que Babilônia estava condenada a ser substituída por outros poderes. Essa atitude de orgulho nos lembra os construtores da Torre de Babel, que, em sua arrogância, tentaram desafiar o próprio Deus. Não menos arrogante foi Nabucodonosor nessa ocasião. Ele havia realizado muitas coisas como governante de Babilônia e não podia viver com a ideia de que seu reino, por fim, passaria.
O ser humano pecaminoso resiste em reconhecer o fato de que suas realizações materiais e intelectuais são vaidade e estão condenadas ao desaparecimento. Às vezes, podemos agir como pequenos “Nabucodonosores”, ao darmos demasiada atenção às nossas realizações e nos esquecermos de como elas são insignificantes diante da eternidade.
O capítulo 4 do livro de Daniel é o testemunho pessoal de um rei que se tornou orgulhoso e foi humilhado pelo Rei do Universo. Nabucodonosor teve um novo sonho, mas dessa vez não se esqueceu dele. O sonho, interpretado por Daniel, foi uma advertência para que o rei se humilhasse, caso contrário, ele iria viver como um animal selvagem por sete anos. Durante algum tempo, Nabucodonosor deu ouvidos à advertência. Mas é difícil abandonar velhos hábitos. Certa vez, enquanto ele estava se vangloriando orgulhosamente de seus feitos, ouviu-se uma voz vinda do Céu e o rei imediatamente se tornou insano. Durante sete anos ele ficou reduzido à condição de um animal. Depois desse tempo de humilhação e reflexão, ele reconheceu o Deus do Céu e se converteu.
Essa foi uma intervenção divina radical. Foram necessários sete anos vivendo como um animal selvagem para que Nabucodonosor caísse em si. O orgulho do grande monarca babilônico precisava ser quebrado antes que ele pudesse sentir a necessidade de Deus em sua vida. C. S. Lewis declarou: “É por causa do orgulho que o diabo se tornou o que é. O orgulho […] é o estado mental mais oposto a Deus que existe” (Cristianismo Puro e Simples, São Paulo: SP, Thomas Nelson, 2017, p. 162). Agostinho disse: “Foi o orgulho que transformou anjos em demônios, mas é a humildade que faz dos homens, anjos”. A natureza drástica da intervenção de Deus para livrar Nabucodonosor do orgulho revela quão profundamente arraigado esse pecado pode estar em nós.
O pecado é normalmente visto em termos de categorias, que vão desde uma mentira “branca” até os pecados hediondos de um matador em série. O orgulho, talvez, na visão humanista, não figuraria na lista dos dez piores pecados. Mas, na lista de Deus, o orgulho é o pecado número um. Provérbios 6:16-19 diz: “Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que Ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que traça planos perversos, pés que se apressam para fazer o mal, a testemunha falsa que espalha mentiras e aquele que provoca discórdia entre irmãos.”
O testemunho de Nabucodonosor ecoa como advertência ao povo de Deus sobre o pecado do orgulho. Ele nos mostra a dramática intervenção divina para curar o orgulho de um monarca.
2. Leia Daniel 3:8-15 e Apocalipse 13:11-18. Quais paralelos podemos ver entre o que aconteceu no tempo de Daniel e o que acontecerá no futuro?
Que doença mental teria acometido Nabucodonosor durante sete anos? “Os psiquiatras modernos têm diagnosticado o comportamento de Nabucodonosor como uma variante de paranoia e esquizofrenia. Gregory Zilboorg, historiador da psiquiatria, relata diversos casos semelhantes entre o 3º e o 7º século a.C. […] Em anos recentes, diversos casos foram encontrados nos hospitais de Paris e Bordeaux.
“Os sintomas são sempre os mesmos. O paciente imagina que se transformou em um lobo (licantropia), um boi (boantropia) ou outro animal (cão, leopardo, cobra, crocodilo), e comporta-se como tal nos mínimos detalhes. A ilusão do paciente é tão perfeita que afeta até seu modo de ver a si mesmo. Uma mulher de 49 anos estava convencida de que sua cabeça era de lobo, com focinho e dentes caninos. E, quando abria a boca para falar, ela rosnava e uivava como um animal” (Jacques Doukhan, Segredos de Daniel, p. 70).
“O cabelo do orgulhoso rei cresceu e se emaranhou como as penas eriçadas de um urubu, e suas unhas se assemelhavam às garras sujas de uma ave de rapina. Com os olhos arregalados e grunhindo, ele arrancava a grama e, enchendo a boca com ela, ruminava-a como um boi” (Leslie Hardinge, Jesus is My Judge, p. 58).
Como conciliar a natureza amorosa de Deus com Seu ato de ter transformado o rei de Babilônia em um animal durante sete anos?
Sete anos vivendo como se fosse um animal selvagem parece algo muito cruel. Dentro do cristianismo existem denominações que defendem o conceito de que Deus não disciplina ninguém. Esse conceito é falso. Ele reduz o amor a um mero sentimentalismo. Se procurarmos a definição de amor na Bíblia, e não na cultura popular, veremos que o amor divino consiste em uma perfeita mescla de justiça e misericórdia a partir do ponto de vista da eternidade.
A história de Nabucodonosor revela a perspectiva amorável de Deus para com todos pensando na salvação da humanidade. O desconforto temporário de Nabucodonosor, agindo como um animal durante sete anos, foi insignificante diante da perspectiva de desfrutar a eternidade. Como declarou C. S. Lewis: “Deus sussurra a nós em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nossa dor” (C. S. Lewis, The Problem of Pain, p. 91). Isso não quer dizer que toda circunstância desfavorável, provação ou calamidade seja Deus tentando chamar nossa atenção. É preciso levar em conta que temos um inimigo que é o causador primário de todos os males.
No entanto, não podemos passar por alto as lições contidas no livro de Daniel, as quais nos mostram que o objetivo divino principal é nos salvar para a eternidade. Tudo o mais é secundário. Deus está disposto a permitir um desconforto temporário, como aconteceu com Nabucodonosor, se isso servir para nos ajudar a escolher a salvação eterna com Ele.
“Se consentirmos que a mente se absorva com os interesses mundanos, o Senhor talvez nos dê esse tempo removendo nossos ídolos, sejam estes o ouro, sejam casas ou terras férteis” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje [MD 1953/1989], 14 de janeiro).
3. Leia Êxodo 20:3-6 e Deuteronômio 6:4. O que nesses textos influenciou a posição tomada pelos três homens? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) O medo de que Deus os amaldiçoasse caso fizessem algo errado.
B. ( ) O mandamento de adorar unicamente o Deus Criador.
Seguindo as instruções dadas pelo rei, todas as pessoas, ao som dos instrumentos musicais, curvaram-se e adoraram a estátua de ouro. Somente Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ousaram desobedecer ao rei. Imediatamente, alguns babilônios levaram a questão à atenção do monarca. Os acusadores buscaram enfurecê-lo, dizendo que: (1) tinha sido o próprio rei que havia colocado aqueles três jovens para administrar a província de Babilônia; (2) que os homens judeus não serviam aos deuses do rei; e que (3) eles não adoravam a imagem de ouro que Nabucodonosor havia estabelecido (Dn 3:12). Mas apesar da fúria do rei contra eles, dotados de coragem sobrenatural, os jovens lhe responderam: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste”
(Dn 3:17, 18).
Descubra a relação das passagens abaixo com o texto bíblico-chave (Daniel 4) da lição desta semana:
Provérbios 8:13
Provérbios 11:2
Provérbios 13:10
Provérbios 16:18, 19
Provérbios 18:12
Jeremias 9:23
Isaías 14:12-14
Ezequiel 28:11-16
Tiago 4:6, 10
Filipenses 2:3
Quais outras passagens lhe vêm à mente em conexão com Daniel 4?
4. Leia Daniel 3:19-27. O que aconteceu? Quem era a outra pessoa na fornalha?
Nabucodonosor ficou perplexo ao perceber a presença de uma quarta pessoa dentro da fornalha, “um filho dos deuses” (Dn 3:25).
O rei não conseguiu dizer muito mais, porém sabemos quem era aquele quarto personagem. Ele havia aparecido a Abraão antes da destruição de Sodoma e Gomorra, lutado com Jacó ao lado do vau de Jaboque e Se revelado a Moisés em uma sarça ardente. Era Jesus Cristo em uma forma pré-encarnada vindo mostrar que Deus permanece com Seu povo em suas provações.
A dramática intervenção do Senhor para salvar Nabucodonosor revela Seu amor inigualável pelos pecadores. Foi necessário viver sete anos como um animal selvagem para que o orgulhoso monarca se humilhasse diante do Criador do Universo! Na vida cristã, talvez, a oração mais radical que possamos fazer é: “Senhor, salva-me, não importa o que for preciso para isso”. Essa oração radical permite que Deus aja em nossa vida.
Como cristãos, o senso da dependência divina pode parecer a coisa mais impotente, porém é o que devemos buscar para nos tornarmos vencedores. Às vezes, a pior coisa que já nos aconteceu é, na verdade, a melhor.
Em 30 de julho de 1967 a jovem Joni Eareckson Tada mergulhou em um lugar raso na Baía Chesapeake. Ela quebrou o pescoço na região da cervical e ficou tetraplégica. Passou todo o restante de sua vida confinada a uma cadeira de rodas. Joni escreveu um livro. Nele, ela disse: “De certa forma, eu desejaria poder levar para o Céu minha velha e gasta cadeira de rodas. Gostaria de apontar para o assento vazio e dizer: ‘Senhor, durante décadas estive paralisada nesta cadeira.’ […] Naquele momento, com meu corpo forte e glorificado, talvez eu me assentasse nela, passasse a mão nos braços da cadeira, olhasse para Jesus e acrescentasse: ‘Quanto mais fraca eu me sentia nessa cadeira, mais me apoiava em Ti’” (Joni Eareckson Tada, Heaven: Your Real Home, p. 184).
Refletir sobre nossa salvação, a partir de uma perspectiva eterna, confere às provações presentes uma perspectiva diferente, especialmente se essas dificuldades nos ajudam a depender mais do Senhor.
5. O que Hebreus 11 nos ensina sobre fé?
Algumas pessoas têm uma percepção quantitativa da fé; elas medem sua fé pelas respostas que parecem receber de Deus. Essa compreensão da fé torna-se perigosa porque tenta manipular Deus e não considera Sua soberania e sabedoria.
A verdadeira fé é medida pela qualidade de nosso relacionamento com o Senhor e sua resultante confiança absoluta Nele. A fé autêntica não busca dobrar a vontade de Deus para que ela se conforme à nossa vontade; antes, a fé rende nossa vontade à de Deus.
"Num momento, a inteligência que Deus lhe tinha dado foi tirada. O discernimento que o rei julgava perfeito e a sabedoria da qual ele se orgulhava foram removidos, e o governante que até então tinha sido tão poderoso ficou louco. Sua mão não conseguiu mais empunhar o cetro. As mensagens de advertência tinham sido desprezadas. Então, destituído do poder que seu Criador lhe havia dado, e expulso dentre os homens, Nabucodonosor ‘passou a comer capim como os bois. Seu corpo molhou-se com o orvalho do céu, até que os seus cabelos e pêlos cresceram como as penas de uma águia, e as suas unhas como as garras de uma ave’ (Dn 4:33).
“Durante sete anos, Nabucodonosor foi motivo de espanto a todos os seus súditos e foi humilhado diante de todo o mundo. Por fim, sua razão foi restaurada e, levantando os olhos em humildade para o Deus do Céu, reconheceu a mão divina em seu castigo. Numa proclamação pública, admitiu sua culpa e a grande misericórdia de Deus em sua restauração. ‘Ao fim daqueles dias’, ele disse, ‘eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. Todos os moradores da Terra são por Ele reputados em nada; e, segundo a Sua vontade, Ele opera com o exército do Céu e os moradores da Terra; não há quem Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?
“‘Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino, e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza’ (Dn 4:34-36, ARA).
“Aquele que tinha sido um rei orgulhoso se tornou um humilde filho de Deus. O governante tirânico e opressor converteu-se num rei sábio e cheio de compaixão. Aquele que tinha desafiado o Deus do Céu e blasfemado Dele passou a reconhecer o poder do Altíssimo, e procurou fervorosamente promover o temor a Jeová e a felicidade de seus súditos. Sob a repreensão Daquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, Nabucodonosor tinha afinal aprendido a lição que todos os reis precisam aprender – que a verdadeira grandeza consiste na verdadeira bondade. Ele reconheceu Jeová como o Deus vivo, dizendo: ‘Agora eu, Nabucodonosor, louvo e exalto e glorifico o Rei dos céus, porque tudo o que ele faz é certo, e todos os seus caminhos são justos. E ele tem poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância’ (Dn 4:37).
“O propósito de Deus de que o maior reino do mundo mostrasse Seu louvor estava então cumprido. Essa declaração pública, em que Nabucodonosor reconhecia a misericórdia, bondade e autoridade de Deus, foi o último ato de sua vida registrado na história sagrada” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 520, 521).
DISCUSSÃO
Compartilhe com sua classe o que você extraiu desta lição, por exemplo: descobertas, observações, dúvidas e pontos principais. Perguntas sugestivas para ser discutidas:
- Qual foi a última vez em que Deus procurou chamar sua atenção? Você viu isso como algo bom ou algo ruim?
- Em sua opinião, qual é a relação entre amor e disciplina?
- Podem os pais fazer alguma coisa para o bem de um filho, em que ele, em seu ponto de vista, pode considerar ruim?
- Quais são algumas das coisas que os pais fazem e que, em longo prazo, são para o bem do filho?
- Por que você acha que Deus classifica o orgulho como o primeiro na lista das coisas que Ele abomina em Provérbios 6:16-19?
- Por que é difícil sentir nossa necessidade e dependência de Deus?