Estávamos ensaiando para apresentar uma ópera na escola. A soprano sabia a letra e a música, o que era um motivo a menos de preocupação. Mas não estava se saindo bem ao representar a personagem. Então expliquei: “Neste verso, de repente, a personagem fica em dúvida quanto à sua determinação de amar fielmente o grande amor de sua vida. Ela se angustia perguntando se ele faria a mesma coisa por ela”. A soprano respondeu: “Sabe, eu realmente não tinha prestado atenção ao que a letra diz.” Depois que ela incorporou o enredo, começamos a avançar nos ensaios.

Quando criança, sempre olhei com receio para o livro do Apocalipse. Toda vez que o pastor ou pregador apresentava um sermão sobre ele, o culto parecia para mim mais um filme de terror do que a exaltação do Cordeiro de Deus. Eu me sentia amedrontado com a exposição dos eventos do tempo do fim. Porém, depois que compreendi que o Apocalipse é o livro da “revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos Seus servos o que em breve há de acontecer” (Ap 1:1), então passei a apreciá-lo.

Logo no primeiro capítulo, Cristo é descrito como Aquele que é “o primeiro e o último”, “Aquele que vive”, e que nos diz para não temer, pois Ele tem “as chaves da morte e do Hades” (Ap 1:17, 18). Os selos e as trombetas descrevem cenas assustadoras de desastres. Depois vem o dragão, as bestas, as pragas, os anúncios dos anjos, de forma que o contexto se torna mais apocalíptico à medida que nos aproximamos dos capítulos finais. No entanto, não podemos perder de vista Aquele que é o personagem principal do livro, o Cordeiro!

O capítulo 19 retrata Jesus montado num cavalo branco, poderoso e vitorioso, com Seu manto tingido de sangue e um exército celestial, vestido de branco, vindo com Ele. Precisamos estudar e compreender as mensagens do livro do Apocalipse, mas não podemos nos esquecer de que Seu personagem principal é o Salvador.

Enrique Quezada › Lincoln, Nebraska, EUA

''Revelação” é uma palavra que transmite a ideia de algo que antes estava oculto e se tornou conhecido. Depois da entrada do pecado, Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden (Gn 3:22-24). Como consequência de seu pecado, toda a humanidade ficou impedida de ter acesso a Deus (Is 59:2). O Senhor disse a Moisés: “Você não poderá ver a Minha face, porque ninguém poderá ver-Me e continuar vivo” (Êx 33:20). Nas palavras de Paulo, “o que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face” (1Co 13:12, NTLH).

No entanto, de acordo com o profeta Isaías, Deus diz: “Quem quiser ser salvo tem de olhar para Mim” (Isaías 45:22, A Bíblia Viva). Como pode ser isso? Não podemos ver Deus, do contrário, corremos o risco de ser destruídos, mas, ao mesmo tempo, a única maneira de ser salvo é olhar para Deus?

A Bíblia é a revelação de Deus aos pecadores. Por meio dos escritos dos profetas, dos escritores bíblicos, dos símbolos e sacrifícios cerimoniais, o Senhor Se revelou a nós. Contudo, Sua revelação especial foi a Pessoa e obra de Seu Filho. Nele vemos Deus revelado à humanidade.

O clímax da autorrevelação de Deus, por meio de Jesus, ocorre no último livro da Bíblia. João, o escritor do Apocalipse, afastou o véu a fim de revelar Jesus em toda a Sua glória. Pela revelação divina, ele nos mostrou que, em breve, “Todo olho O verá” (Ap 1:7).

Jesus revelado em figuras (Ap 1:4-8, 18; Ap 5). A primeira figura de Cristo que encontramos no Apocalipse revela que Ele é Deus eterno e onipotente. Surpreendentemente, Jesus diz que esteve morto, mas Ele nos tranquiliza com o fato de que Ele está vivo para todo o sempre e agora tem legítimo poder sobre a morte e a sepultura. Isso nos reporta à centralidade da cruz, a poderosa ponte salvífica entre o Gênesis e o Apocalipse, entre Deus e a humanidade. Nos evangelhos, encontramos a revelação do Deus-Homem, Emanuel, Deus conosco! Jesus Se tornou homem para que pudéssemos ter acesso ao Pai.

Avançando nas páginas do Apocalipse, o capítulo 5 apresenta Jesus como o Leão da tribo de Judá, e também como o Cordeiro que foi morto pelos nossos pecados. João Batista apontou para Jesus no princípio de Seu ministério e exclamou: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). O sacrifício de Cristo por nós constitui o âmago do capítulo 5 do Apocalipse. A palavra “trono” é usada cinco vezes nesse capítulo. Ela revela algo sobre a natureza e o fundamento do trono divino.

A realização mais importante no governo divino é o sacrifício de Cristo em favor da humanidade pecadora, motivado por um amor infinitamente profundo. Esse sacrifício, quando apresentado perante todo o cosmos, conquista a adoração dos seres criados (Fp 2:8-11). Sim, Cristo tem, por assim dizer, o poder de um leão, mas o coração de um cordeiro. Quando examinamos a fundo as passagens escatológicas do Apocalipse, encontramos tranquilidade ao saber quem é Deus, como é o Seu caráter e qual é a natureza de Seu governo. Ainda que o Apocalipse apresente bestas, dragões e pragas, Jesus é o personagem central. 

Jesus revelado em símbolos (Ap 11:19). O Apocalipse contém figuras e símbolos. O tema do santuário também está presente. No capítulo onze, temos a descrição da arca da aliança, localizada no lugar santíssimo do santuário celestial (Ap 11:19; ver também Hb 8:1, 2, 5; 9:2-5). Ao longo do livro são mencionadas peças da mobília do primeiro e do segundo compartimentos do santuário (Ap 1:20; 8:3; 11:1).

Durante sucessivas gerações, desde Moisés até a chegada do Messias, os israelitas tiveram no santuário terrestre, com suas cerimônias, uma “sombra” ou “cópia” do verdadeiro tabernáculo que está no Céu. Seus símbolos ilustravam a obra de Cristo. No Apocalipse, o santuário celestial é apresentado “aberto”, e Cristo, nosso Sumo Sacerdote, ministra nele em nosso favor.

O Personagem central (Ap 3:21; 22:7, 12, 13, 20). Como nenhuma outra parte das Escrituras, o Apocalipse mostra um quadro completo do amor de Deus, de Seu caráter, da natureza de Seu governo e de como Ele resolverá o problema do pecado. Embora o foco do livro esteja em Jesus, o Personagem central, algo profundo vem à tona. De maneira muito clara, vemos que o foco de Cristo está em nós! É Ele quem nos diz: “‘Sim, venho em breve!’” e “Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” (Ap 22:7, 20). Cristo voltará em breve. Quase podemos ouvir Seus passos se aproximando! Ele virá e dará a recompensa aos que ouviram Sua voz. Que maravilha!

João registrou a promessa de Jesus aos discípulos: “Voltarei e os levarei para Mim, para que vocês estejam onde Eu estiver” (Jo 14:3). Sim, o foco de Cristo está em você e em mim, e em breve, veremos a face do nosso Salvador (Ap 22:4).

Keith LaRoy › Edmonton, Alberta, Canadá

O termo “santuário”, conforme usado na Bíblia, primeiramente se refere ao tabernáculo construído por Moisés segundo o modelo que lhe foi mostrado, e em segundo lugar, ao “verdadeiro tabernáculo” do Céu, para o qual o santuário terrestre apontava. As cerimônias típicas do santuário terrestre perderam sua validade com a morte de Cristo.

O apóstolo João teve uma visão sobre o templo de Deus no Céu. “Diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo” (Ap 4:5, ARC). Ele viu também um anjo que “pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono” (Ap 8:3, ARC).

Novamente “foi aberto o santuário de Deus no Céu” (Ap 11:19), e ele olhou para dentro do véu interior e viu o santo dos santos. Contemplou “a arca da Sua aliança”, representada pela arca sagrada, construída por Moisés, para abrigar a lei de Deus.

Moisés fez o santuário terrestre segundo o modelo que lhe foi mostrado (Êx 25:8, 9). Paulo se reportou ao santuário terrestre como modelo do verdadeiro santuário que se encontra no Céu (Hb 9:24), e João deu seu testemunho de tê-lo visto no Céu.

O santuário celestial é o próprio centro da obra de Cristo em favor dos seres humanos. Ellen White declarou: “Quando Cristo ascendeu ao Céu, subiu como nosso Advogado.”¹ “Assim Cristo, o grande Sumo Sacerdote, pleiteando com Seu sangue diante do Pai, em favor do pecador, traz em Seu coração o nome de todo ser humano arrependido e crente. Diz o salmista: ‘Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim’ (Sl 40:17).”²

1. Ellen G. White, A Fé Pela Qual Eu Vivo [MM 1959], 15 de julho.

2. ________ , Cristo em Seu Santuário, p. 31.

Lauren Shields › Tampa, Flórida, EUA

Ao seguir a Cristo, nosso alvo final é nos tornarmos semelhantes a Ele. Logicamente, não seremos perfeitos como Ele. No entanto, pela atuação do Espírito Santo podemos desenvolver Seu caráter em nossa vida. Eis aqui alguns passos:

Seja fiel. Deus é fiel (Dt 7:9; Hb 10:23). Se queremos nos tornar semelhantes a Jesus precisamos ser fiéis aos Seus mandamentos e amar e honrar o Senhor.

Viva em Cristo! Aceite a graça e a misericórdia que Deus lhe concede. Desfrute as bênçãos celestiais cada dia, seja a luz do sol, a chuva ou a paz que vem mansamente ao coração quando estamos travando uma luta interior. Lembre-se de que Cristo morreu, mas ressuscitou e está intercedendo por você nas cortes celestiais (Ap 1:18). Portanto, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, nós também teremos vida nova e eterna se permanecermos fiéis até o fim (Rm 6:4). Vivamos nossa vida em Cristo!

Compartilhe o que Deus lhe concedeu. Ele não somente nos concedeu vida, mas também salvação. Ele nos deu a Bíblia para que pudéssemos conhecer Seu caráter e o plano da salvação. Somos criaturas de Deus. Ele nos criou para que realizássemos boas obras (Ef 2:10). Precisamos ser plantadores das sementes do evangelho para os que precisam receber a boa notícia de que há algo muito maior do que esta vida.

Ysabella Paredes › Antioch, Califórnia, EUA

Quando estudamos o Apocalipse, vemos Jesus como o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, o Rei sobre o trono e o Cordeiro que foi morto, a Testemunha fiel e verdadeira, e outras figuras. Apocalipse 3:13-21 descreve a igreja de Laodiceia, a última das sete igrejas (Ap 1:20-3:22). Jesus a descreveu como morna, nem fria nem quente, mas miserável, digna de compaixão, pobre, cega e nua (v. 15, 17). Contudo, aos que vencerem essa condição miserável e se arrependerem, Cristo dará o direito de se assentarem com Ele no Seu trono (v. 21). Essa é uma grande honra!

Mas por que Jesus precisa nos dar essa motivação? A promessa de que os vencedores estarão com Ele no Céu já não é suficiente? Às vezes, falta motivação até mesmo para sorrir para alguém e dizer: “Bom dia!” Se não consigo fazer algo tão simples, como terei motivação para sair da condição miserável em que me encontro?

Cristo nos motiva por meio de promessas positivas. As descrições negativas do Apocalipse estão ali para mostrar as consequências de rejeitar Jesus. Cristo nos mostra os dois lados da moeda. Mostra claramente o fim dos perversos e nos motiva a nos unir com Ele por meio das Suas promessas.

Nosso problema é que não sabemos onde estamos. Dizemos a nós mesmos: “Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada” (Ap 3:17). No entanto, o Espírito Santo nos mostra nosso interior sujo, e diz: “Embora você pense que está bem, não está. Mas eu posso ajudá-lo.” Então, Ele declara que poderemos nos assentar com Cristo em Seu trono. Essa é uma ótima motivação!

Renae S. Cross › Tolland, Connecticut, EUA