O sucesso de alguns livros e filmes populares reflete a fascinação das pessoas por alguém criado por animais, como Tarzan, Mogli - O Menino Lobo, e George - O Rei da Floresta. Casos como esses, infelizmente, não se limitam às histórias imaginárias de Hollywood. Uma busca rápida na internet usando as palavras “crianças selvagens” revela dezenas de casos documentados de crianças perdidas, raptadas ou abandonadas, que foram adotadas por animais ou tiveram que sobreviver em completo isolamento social.
Em 1970, as autoridades de Los Angeles foram informadas sobre um caso de abuso. Elas encontraram uma menina de 13 anos que havia sido mantida amarrada, em seu quarto, desde a idade em que estava aprendendo a andar. Genie (pseudônimo criado para proteger sua identidade) não havia tido praticamente nenhuma interação com seres humanos e apresentava um quadro grave de desnutrição. Depois de passar por vários lares adotivos, ela foi enviada para uma instituição que cuida de pessoas mentalmente subdesenvolvidas. Genie nunca foi capaz de se integrar plenamente à sociedade.
Ao contrário dos personagens famosos das telas, crianças submetidas a tais condições não aprendem a falar magicamente nem adquirem boas maneiras do dia para a noite. Têm dificuldades para aprender as coisas mais elementares, como andar de maneira ereta, ingerir alimentos preparados e, o pior de tudo, não conseguem se comunicar. A linguagem depende da capacidade de raciocinar, de aprender e de desenvolver o caráter.
Nosso crescimento pessoal e espiritual também depende das nossas interações sociais. Os pais são os primeiros a influenciar nosso caráter. Os anos da infância são os mais importantes para determinar quem seremos na fase adulta. A maneira pela qual fomos educados trará consequências para toda a vida.
Os relacionamentos moldam nosso caráter e o das pessoas que nos cercam. O ambiente de trabalho, a influência da escola, as conversações, tudo está nos moldando. Se estamos sendo moldados à semelhança de Cristo, usaremos nossa influência para falar de Jesus, fazendo avançar a pregação do evangelho e revelando a outros o amor divino. Ao estudar a lição desta semana, pense em como suas interações sociais têm afetado sua fé e as pessoas ao seu redor.
Melissa Meneses | Killeen, Texas, EUA
1. Leia 1 Pedro 2:13-17. Como o cristão deve se relacionar com o governo? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Sujeitando-se às autoridades constituídas, pois foi Deus quem as instituiu.
B.( ) Militando e se envolvendo diretamente nas questões políticas.
C.( ) Ficando indiferente, pois Jesus está voltando.
A lição para nós é que devemos ser bons cidadãos, obedecendo às leis do nosso país tanto quanto pudermos, apesar das imperfeições do governo sob o qual vivemos.
Eleições ocorrem na maioria dos países do mundo. Alguns eleitores ficam felizes com o resultado, enquanto outros ficam arrasados. De que maneira os cristãos devem reagir a isso?
Em 1 Pedro, encontramos orientações que nos ajudam a viver em harmonia com as autoridades, quer concordemos com elas ou não. Essa epístola foi escrita às igrejas da província romana da Ásia Menor, numa época de grande dificuldade e perseguição. Sua mensagem tinha como público-alvo um misto de conversos judeus e gentios, durante o tenebroso e infame reinado de Nero. Os cristãos eram presos, torturados e levados à morte como espetáculo diante de toda a população de Roma. Nero foi a pessoa que veio à mente daqueles cristãos quando eles ouviram a seguinte recomendação de Pedro: “Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele enviados” (1Pe 2:13, 14).
Pedro tinha conhecimento das perseguições que eles enfrentavam. Mais tarde, ele mesmo foi sentenciado à morte sob as ordens desse governante cruel. Como, então, Pedro pôde falar de submissão a uma autoridade tirana como essa?
Pedro andou com Cristo, viu Seus sofrimentos e Sua vitória. Como resultado, ele passou a analisar as coisas sob a perspectiva da eternidade. Essa perspectiva possibilita que nos mantenhamos firmes durante os sofrimentos e as dificuldades nesta vida, mesmo que tenhamos que nos submeter às autoridades que não temem ao Senhor, porque sabemos que o governo delas é temporário, enquanto o de Cristo é eterno.
Heidi Joy Trujillo | Apison, Tennessee, EUA
2. Leia 1 Pedro 2:18-23. Qual é o significado dessa difícil passagem bíblica? Qual princípio podemos extrair dela para nossa vida?
Uma leitura cuidadosa de 1 Pedro 2:18-23 revela que, em vez de endossar a escravidão, os versos dão conselhos espirituais sobre as circunstâncias difíceis que, naquele momento, não podiam ser mudadas.
A palavra oiketes, traduzida como “servo” ou “escravo” em 1 Pedro 2:18, era usada especificamente para se referir a escravos domésticos. Existia muitos motivos pelos quais as pessoas se tornavam escravas: a derrota de um exército, nascimento de filhos na condição de escravos e a necessidade de se “vender” para saldar dívidas.
Alguns escravos recebiam grandes responsabilidades. Alguns administravam vastas fazendas dos seus senhores. Outros cuidavam das propriedades e dos interesses comerciais de seus patrões, e alguns até mesmo educavam os filhos deles.
O cristão e o Estado (1Pe 2:13-17). Qual foi a atitude de Pedro para com as autoridades civis? Depois de ter sido acusado por líderes religiosos, Cristo foi condenado por um processo judicial civil e sentenciado por Pilatos. Pedro foi condenado à prisão por Herodes, o mesmo rei que havia ordenado a execução de Tiago, o irmão de João. As autoridades civis e religiosas viam Pedro como revolucionário, e, na verdade, o convite para se tornar cristão era uma alternativa radical à estrutura civil e religiosa da época.
Porém, apesar de toda a perseguição por parte das autoridades, o apóstolo escreveu que, “por causa do Senhor”, devemos nos sujeitar “a toda autoridade constituída entre os homens” (1Pe 2:13). Isso não é uma orientação para que sejamos coniventes nem para que apoiemos os erros da ambição política, mas um chamado para honrar a Deus diante das autoridades civis, demonstrando que os cristãos são pessoas de “boa conduta”. Ou seja, estamos no mundo, mas não somos do mundo, pois pertencemos ao reino de Cristo. Por isso, precisamos atentar para o conselho de Pedro: “Insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos desejos carnais. […] Vivam entre os pagãos de maneira exemplar” (1Pe 2:11, 12).
A escravidão e o casamento (1Pe 2:18-23; 3:1-7). Um dos incômodos da história é que os desenvolvimentos posteriores lançam uma mancha sobre o passado. Na época de Pedro, a vida era difícil e os regimes eram absolutistas e autoritários. Para sobreviver, pessoas que não possuíam terras eram obrigadas a assinar um contrato se comprometendo a trabalhar como servos ou escravos para outros. Os líderes romanos podiam vender prisioneiros de guerra para servir como escravos, uma prática desumana, mas que estava dentro do âmbito de uma transação legal. As inúmeras alusões ao assunto, relatadas no Novo Testamento, demonstram sensibilidade para com as classes oprimidas.
Jesus enfatizou que Seu reino não é deste mundo. O conselho dado por Pedro está de acordo com o de Paulo, e com o do próprio Jesus, no sentido de que, em qualquer situação em que nos encontremos, cumpramos nossos deveres com honra e responsabilidade, “como ao Senhor” (Ef 6:7).
As palavras de Pedro sobre o casamento refletem a natureza contratual dessa instituição em sua época. Ele elevou o papel da mulher ao de um dever sagrado, e o do homem, ao de um terno cuidado – o que não era exatamente a norma naquela época. E o objetivo desse conselho matrimonial era que os cônjuges fossem “herdeiros da mesma graça de vida” (1Pe 3:7, ARA). Em outras palavras, Pedro apelou às famílias cristãs para que a espiritualidade e a esperança da salvação se refletissem dentro de cada lar.
O amor e a ordem social (Rm 13:1-10; 1Pe 2:13-17). É muito fácil enfatizar que a sociedade nos tempos do Novo Testamento era cruel, inflexível e governada por regras arbitrárias, sobretudo porque essa era a regra dos governantes. Mas Pedro, Paulo e o próprio Jesus aconselharam os cristãos a cumprir as leis e a viver, na medida do possível, submissos a essas estruturas sociais despóticas e virulentas. Embora a ideia do Reino de Deus, pela sua própria natureza, estivesse em desacordo com essa realidade secular, os escritores bíblicos recomendaram que os cristãos vivessem de forma exemplar enquanto aguardavam a reformulação radical do governo e da sociedade, que seria realizada por Deus, na volta de Cristo. Enquanto isso, deviam viver como cidadãos exemplares, para impressionar reis, governantes, senhores, cônjuges e vizinhos com a mensagem da salvação em Cristo Jesus.
Lincoln Steed | Hagerstown, Maryland, EUA
3. Leia 1 Pedro 3:1-7. Que circunstância especial Pedro abordou nessa passagem? Qual é a relevância de suas palavras para o casamento hoje? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A.( ) O relacionamento sexual entre os cônjuges. A passagem bíblica os ajuda a lidar com problemas de ordem sexual nos casamentos.
B.( ) A submissão das esposas cristãs aos esposos descrentes. O conselho de Pedro ajuda as mulheres a enfrentar a dificuldade de conviver com maridos incrédulos.
C.( ) A discórdia quanto às tarefas domésticas de cada cônjuge. Os ensinos do apóstolo são úteis, pois esclarecem qual é o papel da mulher e do homem no casamento.
Um indício textual importante habilita o leitor atento a resolver a questão tratada em 1 Pedro 3:1-7. Nessa passagem bíblica, o apóstolo se referiu aos maridos que “não obedecem à Palavra” (1Pe 3:1, ARC). Em outras palavras, Pedro estava falando sobre o que deveria acontecer quando uma esposa cristã fosse casada com um marido não cristão.
“Os seguidores de Cristo não mostrarão características medíocres e egoístas, mas na palavra, no espírito e na ação revelarão a ternura de Cristo. […] O espírito arrogante, imperioso não procede de Deus, e não deve ser manifestado, nem para com os crentes, nem para com os descrentes, por humilde que seja sua posição. Os cristãos devem representar Cristo em todo o seu trato com aqueles pelos quais Ele deu Sua preciosa vida. […]
“Aquele que constantemente contempla a Cristo, há de manifestar isso no espírito, nas palavras e no procedimento. Não oprimirá a ninguém, não empurrará para maior tentação nenhuma vida provada, nem a deixará indiferentemente no campo de batalha de Satanás. Estenderá uma mão ajudadora e procurará atrair pessoas para cima, rumo ao Céu. Como cooperador de Deus, cuidará para que os pés dos tentados se plantem firmemente sobre a Rocha dos Séculos. […]
“Não há limite para o amor e o perdão de Cristo. […] Devemos fazer com que os que estão em perigo compreendam que os apreciamos, que não estamos dispostos a desistir deles. Falemos com eles, oremos com eles, e exortemos amorosamente. […]
“A religião da Bíblia deve dirigir a conduta de todo aquele que crê sinceramente em Cristo. As Escrituras devem nos guiar em nossas ações diariamente. Podemos declarar que somos seguidores de Cristo, no entanto, se não formos praticantes de Sua Palavra, seremos como a moeda falsa. Não teremos o sonido certo. Cada um de nós é membro da família humana. Temos uma dívida para com Deus, no sentido de amá-Lo e de Lhe manifestar afeto em nossas maneiras e palavras. Temos uma dívida também para com todo membro da família humana, seja negro ou branco, alto ou baixo, no sentido de tratá-lo com bondade e manifestar interesse por sua salvação. Como membros de uma só família, somos todos irmãos.”*
* Ellen G. White, Nos Lugares Celestiais [MM 1968], p. 293.
Crystal Simpson | Killeen, Texas, EUA
4. Leia Romanos 13:1-7; Efésios 5:22-33; 1 Coríntios 7:12-16 e Gálatas 3:27, 28. Como podemos comparar o que Paulo disse às palavras de 1 Pedro 2:11–3:7?
Em várias passagens, Paulo abordou algumas questões levantadas em 1 Pedro 2:11–3:7. Seus escritos são notavelmente compatíveis com o que encontramos em 1 Pedro.
5. Leia Gálatas 3:27-29. Como devemos nos relacionar uns com os outros em virtude do que Jesus fez por nós? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Devemos viver separados das pessoas diferentes de nós, pois elas não foram escolhidas por Deus.
B.( ) Devemos, como cristãos, unir-nos uns aos outros, pois diante de Jesus somos todos iguais.
C.( ) Devemos militar por igualdade social, tornando-nos cada vez mais engajados na política.
As cartas do apóstolo Pedro tinham a finalidade de orientar os cristãos primitivos para que não abandonassem a fé. A Palavra de Deus também tem orientações práticas para momentos difíceis no casamento. O amor divino é incondicional. O amor de Deus por Seus filhos não tem limites, é constante e está sempre disponível.
Infelizmente, não podemos dizer o mesmo a nosso respeito. Nosso amor, às vezes, é manifestado de maneira condicional. No entanto, a Palavra de Deus nos orienta a esse respeito. Em 1 Pedro 3:1-3, o apóstolo falou especificamente de como ganhar um cônjuge descrente.
Pedro diz que, se o casamento está em crise, podemos ganhar nosso cônjuge adotando uma “conduta honesta e respeitosa”, isto é, não somente com palavras, mas, principalmente, por meio de atos. A Bíblia menciona que o amor não busca seus próprios interesses. Ele é paciente, bondoso e constante (1Co 13). Isso significa que, ao passar por momentos difíceis, devemos amar nossa esposa ou esposo como Cristo amou a igreja, conquistando nosso cônjuge com amor incondicional, da mesma forma que Cristo nos conquistou quando ainda não O amávamos (Ef 5:25).
Warren Barfield escreveu a letra de uma música que fala a respeito dos momentos de crise na vida do casal. Ele escreveu que o amor não é um lugar para onde vamos e de onde voltamos quando queremos, mas uma casa na qual entramos e da qual nos comprometemos a nunca mais sair. Esse é um belo lembrete de que o matrimonio é uma aliança, um pacto que não podemos romper quando não sentimos “vontade” de continuar.
Da mesma forma, nosso “casamento” com Deus está fundamentado na decisão consciente de amá-Lo por meio de nossos atos e do nosso testemunho, não importando o que aconteça. Nossa tendência é não amar nosso cônjuge quando não somos retribuídos. Porém, Deus nos chama a “ganhar” nosso esposo ou esposa para Cristo com amor incondicional, da mesma maneira como Ele nos ama.
James Simpson | Killeen, Texas, EUA
6. Leia Atos 5:27-32. Qual é a relação entre a obediência que Pedro manda prestar às autoridades (1Pe 2:13-17) e o que ele e os outros apóstolos fizeram nesse incidente?
Sempre que possível, devemos ____________________________________ às autoridades. Porém, nesse caso, os ___________________________________ preferiram obedecer a ____________________________________ a obedecer aos ____________________________________.
7. Que verdade fundamental aprendemos com essas palavras?
8. Leia Levítico 19:18 e Mateus 22:39. O mandamento de amar o próximo inclui a necessidade de promover mudanças que tornem a vida dele melhor e mais justa?
Você já percebeu que temos a tendência de procurar chegar ao assunto principal? Seja dando uma rápida olhada nos posts do Facebook, folheando livros para escolher qual iremos ler ou filtrando as palavras daquele amigo que fala de maneira confusa e vacilante, sem conseguir chegar à questão mais importante? Na Bíblia, qual é o ponto principal? “Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados” (1Pe 4:8).
No verso anterior, Pedro escreveu: “O fim de todas as coisas está próximo. Portanto, sejam criteriosos e sóbrios; dediquem-se à oração” (1Pe 4:7). Acho interessante o fato do apóstolo começar mencionando a proximidade do fim de todas as coisas, depois usar a palavra “portanto” para chamar a atenção para o ponto principal, e então ordenar que todos amem sinceramente uns aos outros.
A ideia principal de Pedro é semelhante ao que Jesus disse em Mateus 22:37-40: “‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.’ Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo.’ Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
Há muito debate em torno de qual deve ser o foco da igreja. Se sua experiência tem alguma semelhança com a minha, certamente você já ouviu pessoas reclamarem: “Precisamos de mais pregações sobre profecias”; ou: “Só se prega sobre amor, é só água com açúcar!” As pessoas têm opiniões diferentes sobre qual seja o principal desejo de Cristo para Sua igreja, e em momentos diferentes de sua vida dão mais valor a um determinado ensino do que a outros. Ao ler as cartas do apóstolo Pedro, parece que ele está quase gritando: “Se vocês se esquecerem de tudo o mais que eu disse, lembrem-
se disto: Amem-se uns aos outros […] profundamente.”
Gabriel Abner Trujillo | Collegedale, Tennessee, EUA