Você já se sentiu fora de lugar na igreja? Pensou que ela deve ser um refúgio para os que precisam de um Salvador, mas parece não estar cumprindo seu propósito? Durante minhas viagens, tenho visitado várias igrejas nos Estados Unidos. Infelizmente, em algumas delas me senti “fora de lugar”. Não houve uma acolhida calorosa, nem oportunidade para confraternizar com os irmãos. Se como membro me senti dessa forma, imagine quantos visitantes tiveram experiência semelhante!

Qual é o propósito do sábado? Para Adão e Eva era um dia separado para fortalecer seu relacionamento com Deus e um com o outro. Para os israelitas guardar o sábado demonstrava confiança em Deus, como na história do maná e do ano sabático. Para a igreja apostólica, o sábado era um dia de adoração, fortalecimento das famílias e da igreja. Na igreja zelosa em que cresci, no Peru, havia regras e coisas que não podíamos fazer nem dizer no sábado. Hoje, ao olhar para trás, admito que essa atitude zelosa fez com que os membros tivessem mais reverência para com o Dia do Senhor.

Uma das principais lutas dos israelitas foi com a guarda do sábado. Ele se tornou um fardo para eles. Os rabinos criaram tantas regras que o povo se tornou “obstinado” e endureceu o coração contra Deus. O sábado não foi planejado para ser um fardo, um dia em que não exista alegria nem comunhão com Deus.

Você se sente sobrecarregado no sábado? O Salvador deseja nos libertar. Ele deu o sábado para descanso, comunhão, adoração e libertação das coisas que nos desgastam durante a semana (estudo, trabalho, problemas, dívidas, etc.). Por que ainda nos apegamos aos nossos fardos quando temos Alguém que nos prometeu: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11:28)?

Quando compreendermos a liberdade que o sábado proporciona e entendermos que ela pode ser desfrutada a cada fim de semana, nossa observância do sábado mudará radicalmente. Desafio você a fazer do sábado um dia de liberdade e não de escravidão!

Juan Antialon › Rahway, NJ, EUA

Os teólogos têm concentrado suas discussões no aspecto bíblico e doutrinário do sábado. Mas existe alguma relação entre o dia do sábado e os temas ligados às ações sociais? Se há, qual é essa relação? Examinemos o que a Bíblia diz a esse respeito.

Dia de dignidade. O sábado oferece para este mundo de pecado uma perspectiva radical para a sociedade. O mandamento do sábado, registrado em Êxodo 20:8-11 e Deuteronômio 5:12-15, separa esse dia como um dia de repouso para toda a humanidade. No dia de sábado “não farás trabalho algum, nem tu nem teu filho ou filha, nem o teu servo ou serva, nem o teu boi, teu jumento ou qualquer dos teus animais, nem o estrangeiro que estiver em tua propriedade; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu” (Dt 5:14).

Nas leis entregues por Deus a Moisés no monte Sinai, o Senhor ordenou um ano sabático (shmita, em hebraico) aos israelitas. A cada sete anos eles deviam liberar seus conterrâneos das dívidas, e liberar inclusive os que haviam se vendido como escravos para pagar suas dívidas.

Além disso, Deus ordenou aos filhos de Israel que, no ano sabático, permitissem que a terra descansasse após seis anos de cultivo (Lv 15:1-11). Mas como, então, eles iriam comer durante o ano sabático? Deus prometeu que no sexto ano a terra produziria “o suficiente para três anos” (Lv 25:20). Ele providenciaria comida para o sexto ano, para o sétimo ano de repouso e para o primeiro ano do ciclo seguinte de sete anos, quando eles reiniciavam o plantio e tinham que esperar pela nova colheita. De maneira semelhante, Deus providenciou dupla porção de maná no sexto dia da semana durante os 40 anos do povo no deserto (Êx 16:16-26).

O sábado oferece liberdade dos fardos do trabalho. Essa liberdade concedida por Deus nos obriga a reconhecer a dignidade e a humanidade de todas as pessoas, valores cada vez mais decadentes no mundo moderno. Quando santificamos o sábado, confiamos no poder divino para a provisão de nossas necessidades e nos protegemos contra a avareza, o egoísmo e a desumanidade resultante disso.

Dia de identidade. Como você já deve ter compreendido, o sábado é mais do que um dia separado dos demais da semana. Como nenhum outro dia, ele nos ensina sobre o relacionamento que Deus deseja que tenhamos com Ele e uns com os outros.

O sábado é o memorial da criação e da redenção. Deus é nosso Criador e Redentor (Êx 20:11; Dt 5:15). Quando reconhecemos essa relação divina, passamos a viver como seres humanos criados com um propósito e redimidos para servir.

O sábado nos faz lembrar da nossa identidade divina: Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. O mundo está tentando entender qual é o significado da condição humana e o significado da existência. O so­fri­mento existencial e suas vastas consequências sociais resultam do não conhecimento das respostas verdadeiras para essas inquietações. No sétimo dia nos lembramos de nossa origem, nossa condição presente, nossa redenção e de tudo o que Cristo é para nós. O sábado nos traz à lembrança que é o Senhor quem responde aos desejos mais profundos do nosso ser.

Dia de cura. Ao longo do Seu ministério, Jesus desfez conceitos errôneos sobre o sábado. Em seis dos sete milagres que Ele realizou no sábado, os líderes religiosos judaicos O acusaram de transgredir o mandamento. Mas, ao realizar esses milagres, Jesus revelou o significado verdadeiro desse dia.

O sábado nos faz lembrar da oferta de liberdade que há em Jesus para todos que habitam neste mundo enfermo. Ele deseja libertar a humanidade das doenças físicas e espirituais. Quer nos libertar da escravidão da sociedade, que obscurece o verdadeiro significado de Sua Palavra. Deseja nos libertar do cansativo sofrimento causado pelo pecado.

Dia de liberdade. Ao reverenciar o sétimo dia da semana, como Deus ordena, reconhecemos nossa dependência total Dele para a sustentação física, social, mental e espiritual. No Sermão do Monte, Jesus exortou: “Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘que vamos beber?’ ou ‘que vamos vestir?’ [...] Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mt 6:31, 33).

O sábado é a experiência da liberdade verdadeira a qual resulta unicamente da confiança nos méritos de Cristo. Ele nos redimiu, nos sustenta e nos ensina a amar uns aos outros.

Michel Lee › Austin, TX, EUA

Jesus lhes afirmou que a obra de aliviar os aflitos estava em harmonia com a lei do sábado. Estava em harmonia com os anjos de Deus que estão sempre descendo e subindo entre o Céu e a Terra para servir à humanidade sofredora. Jesus declarou: ‘Meu Pai trabalha até agora, e Eu trabalho também’ (Jo 5:17, ARA). Todos os dias são de Deus, para neles se levar a cabo Seus planos para com a humanidade. Fosse a interpretação dos judeus razoável, então o Senhor estaria em falta, visto ser Seu trabalho que vivifica e mantém toda criatura vivente desde que lançou os fundamentos da Terra; então Aquele que declarou boa a Sua obra, e instituiu o sábado para celebrá-la, deveria acabar com Seu labor e deter a incessante rotina do Universo.”

“Deus não poderia, nem por um momento, deter Sua mão, do contrário a humanidade desfaleceria e morreria. O ser humano também tem nesse dia uma obra a realizar. Deve atender às necessidades da vida, cuidar dos doentes, suprir as faltas dos necessitados. Não será tido por inocente o que negligenciar aliviar o sofrimento no sábado. O santo dia de repouso de Deus foi feito para o ser humano, e os atos de misericórdia se acham em perfeita harmonia com seu desígnio. Deus não deseja que Suas criaturas sofram uma hora de dor que possa ser aliviada no sábado, ou noutro dia qualquer.”

“Cada sétimo ano eram tomadas providências especiais em favor dos pobres. O ano sabático, como era chamado, começava no fim do período da colheita. No tempo da semeadura, que se seguia à colheita, o povo não devia semear, nem devia podar a vinha na primavera, nem estar na expectativa, quer de colheita quer de vindima. Daquilo que a terra produzisse espontaneamente podiam comer enquanto novo, mas não deviam armazenar nenhuma porção em seus depósitos. A produção desse ano devia estar franqueada ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, e mesmo aos animais do campo (Êx 23:10, 11; Lv 25:5).”³

1. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 206.

2. Ibid., p. 207.

3. Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 531.

Oliver Bragg › Madison, NH, EUA

Perguntei a meu amigo Chris, que é ateu, qual seria a solução para os massacres nas escolas e a violência com armas de fogo na América. Fiquei surpreso quando ouvi sua resposta: “A igreja é a única coisa que pode resolver esses problemas. Esses indivíduos perturbados começam a se isolar da comunidade. A solução é construir comunidades que interajam com esse tipo de pessoas. Os ateus já tentaram, mas nunca conseguiram fazer o que a igreja faz.”

Na opinião do meu amigo, a igreja é o único lugar em que pessoas solitárias, viciadas, angustiadas, marginalizadas e desesperadas podem encontrar solução para seus problemas e companheirismo. Talvez Deus também tenha planejado o sábado como um antídoto para os problemas da sociedade.

Em um sábado, na igreja, Jesus leu um trecho de Isaías 58 sobre ação social (Lc 4:16-21). O Salvador apreciava fazer boas ações no dia de sábado (Mc 2:23-28;
Lc 6:6-11; 13:11-17; 14:1-6; Jo 5:2-9).

A igreja que frequento tem o costume de realizar um almoço comunitário a cada sábado. Durante a semana, quando encontro pessoas famintas, convido-as a ir à nossa igreja participar do almoço e levar o que sobra. Após o almoço, a igreja realiza um programa missionário para estrangeiros que desejam melhorar seu inglês.

Meu amigo ateu, na realidade, estava nos chamando do que Isaías profetizou que os guardadores do sábado seriam chamados: “reparador de brechas e restaurador de veredas” (Is 58:12, ARA).

Jonathan Wheeler › Stanford, CA, EUA

O que significa desfrutar da liberdade no sábado? Na verdade, o sábado é um dia separado para lembrar à humanidade que é preciso viver em harmonia com o Criador e tudo o que Ele criou.

Compreenda o propósito do sábado. Para apreciar o significado prático do sábado é preciso retroceder até a criação do mundo (Gn 1; 2:1-3) e os Dez Mandamentos (Êx 20:8-11). A origem do sábado tem que ver com repouso. Descanso para o adorador do Senhor, para o forasteiro que está dentro das nossas portas e para a terra (Lv 25). Quando compreendemos a essência desse dia sagrado, encontramos maneiras de desfrutar de suas horas sagradas.

Ajude outros que precisam de descanso. O sábado foi estabelecido por Deus para toda a humanidade (Mc 2:27). Afinal de contas, todos precisam de descanso. Você conhece uma jovem mãe que nunca pode descansar porque sempre tem que cuidar das crianças? Ofereça-se para levar essa família para um passeio em meio à natureza. Você pode cuidar das crianças enquanto a mãe tem um tempo para descansar.

Participe da adoração congregacional. A adoração é uma forma de descanso. Ela nos separa das atividades seculares e nos conecta com o Céu para que sejamos renovados espiritualmente. Quando nos reunimos na Casa do Senhor, encontramo-nos com nossos irmãos e com Cristo, que suportou a máxima angústia por nós a fim de que pudéssemos ter o descanso sabático Nele.

Cuide de você também. O descanso do sábado se aplica a todos. Isso vai assegurar que você se mantenha com boa saúde. Tenha oito horas de sono, uma dieta nutritiva, saia ao ar livre e tome sol. Passar tempo em meio à natureza e apreciar as coisas criadas por Deus ajuda a desfrutar da liberdade proporcionada pelo sábado.

Jason Miller › Silver Spring, MD, EUA

Quem de vocês não tiraria seu jumento de um buraco no dia de sábado?” (ver Lc 14:5). Essa pergunta foi feita por Jesus aos fariseus quase dois mil anos atrás. Embora muitos ridicularizem a vida religiosa dos fariseus, como eles, muitas vezes, somos omissos para realizar atos de misericórdia no sábado. Mas Jesus mostrou que no sábado, mais do que em qualquer outro dia, é preciso socorrer o necessitado.

O Salvador Se deleitava em realizar atos de misericórdia e bondade no sábado. Foi no sábado que Ele curou o paralítico no tanque de Betesda (Jo 5), abriu os olhos de um homem que havia nascido cego (Jo 9:14), libertou uma mulher que era afligida por um espírito há 18 anos (Lc 13:11-16) e restaurou a mão atrofiada de um homem (Mt 12:9-13). Ao acabar com o sofrimento dessas pessoas, Jesus lhes concedeu descanso das coisas que as afligiam.

Se o sábado é um dia de descanso e benção em que devemos convidar outros para participar, o serviço em favor do próximo se tornará fundamental na adoração. Se reconhecemos os que nos cercam como ovelhas de Cristo, não podemos deixá-los caídos nos buracos do pecado, da dor e do sofrimento, enquanto nós desfrutamos o sábado no conforto da igreja. Precisamos não somente falar a eles do descanso bíblico do sábado, mas também praticar atos de bondade para com eles.

Essas ações humanitárias fazem com que desviemos a atenção de nós mesmos e se tornam uma bênção para os beneficiados e para nós. A compaixão, a empatia e a misericórdia alegram não somente o recebedor, mas também o doador. O “êxtase experimentado pela pessoa que ajuda” existe mesmo: o ato de doar realmente nos deixa felizes.^*

* Sander van der Linden, “The Helper’s High: Why It Feels So Good to Give”, Ode Magazine, dezembro de 2011, p. 26, 27.

Thando Malambo Amankwah › Ottawa, Ontário, Canadá