1º de abril / Quarta – Morte e Ressurreição – 2
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos 6:23
Considerando as lutas de Ellen com o ensino tradicional sobre o inferno, não é de admirar que, mais tarde, tenha escrito: “Está além do poder do espírito humano avaliar o mal que tem sido feito pela heresia do tormento eterno. A religião da Bíblia, repleta de amor e bondade, e abundante de misericórdia, é obscurecida pela superstição e revestida de terror. […] As opiniões aterrorizadoras acerca de Deus, que pelos ensinos do púlpito são espalhadas pelo mundo, têm feito milhares, e mesmo milhões de céticos e incrédulos” (GC, p. 536).
Preciso admitir que as mesmas questões me perturbavam. Tanto que, em 1997, escrevi um artigo para Signs of the Times [Sinais dos Tempos], intitulado “The Infinite Hitler” [O Hitler Infinito]. A ideia básica era que, se o ensino da tradição da igreja fosse verdadeiro, Hitler e Stalin pareceriam bem bonzinhos. Afinal, suas vítimas acabaram morrendo, ao passo que Deus queimaria as Suas em agonia consciente ao longo das intermináveis eras da eternidade. Outras pessoas devem ter reconhecido a lógica do artigo, pois recebeu o prêmio de mérito da Associated Church Press, em junho de 1998.
É claro que eu sabia que muitos outros concordariam, pois citei líderes intelectuais evangélicos como John R. W. Stott e Clark Pinnock, os quais rejeitaram o ponto de vista tradicional para aderir ao bíblico.
Mas qual é o ponto de vista bíblico? E como os adventistas chegaram a ele? Começaremos a analisar essas questões amanhã, mas primeiro é importante saber se os seres humanos nascem ou não com a imortalidade. Os filósofos gregos dizem que sim, mas a Bíblia, embora admita que Deus a possua (1Tm 6:16), declara que os únicos seres humanos que a receberão são os que creem em Jesus e isso só acontecerá por ocasião do segundo advento de Cristo (1Co 15:51-55).
Imortalidade significa não estar sujeito à morte. Logo, se os ímpios a tivessem, por definição viveriam de alguma forma ao longo da eternidade; mas se não têm, deverão morrer, como diz Romanos 6:23 com toda clareza. Não há outras opções.
Senhor, agradecemos porque Tu só concedes o dom da imortalidade aos que creem em Jesus. Também somos gratos porque o pecado e os pecadores não são imortais.
2 de abril / Quinta – Morte e Ressurreição – 3
Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Gênesis 3:4
Duas vertentes levaram a verdade bíblica sobre a morte e o inferno para o adventismo do sétimo dia. George Storrs, que conhecemos anteriormente como um dos principais a propor o movimento do sétimo mês, estimulou uma delas. Em 1837, Storrs havia encontrado um livro de Henry Grew sobre o destino final dos ímpios. Grew argumentava em favor da “extinção completa do ser, em vez da preservação infinita do pecado e do sofrimento”.
Até aquela ocasião, Storrs nunca duvidara de que as pessoas possuíssem uma alma imortal. Entretanto, a obra de Grew o impulsionou a um estudo completo do assunto na Bíblia. O resultado foi que Storrs “ficou convicto de que o ser humano não tem a imortalidade por criação, nem por nascimento. Ele começou a crer naquilo que os teólogos chamam de condicionalismo (isto é, as pessoas recebem a imortalidade somente sob a condição da fé em Cristo) e aniquilacionismo (a destruição final e eterna dos ímpios, em vez da preservação da vida deles no fogo do inferno ao longo das eras sem fim).
O ensino de tais doutrinas colocou Storrs em conflito com o metodismo e contribuiu para sua decisão de resignar o ministério em 1840. Storrs expressou seu ponto de vista em livros como “Uma Investigação: A Alma dos Ímpios É Imortal? Em Seis Sermões”, de 1842. Ele declarou que a afirmação do diabo para Eva no jardim do Éden, “é certo que não morrereis”, foi a maior de todas as mentiras.
Em 1842, Storrs se tornou milerita por meio do ministério de Charles Fitch. Infelizmente, todos os líderes mileritas, com exceção de Fitch, rejeitaram de forma veemente o ponto de vista de Storrs. Em 25 de janeiro de 1844, Fitch lhe escreveu acerca de suas convicções: “Como você tem lutado sozinho a batalha do Senhor na questão do estado dos mortos e da destruição final dos ímpios, escrevo para dizer que, afinal, depois de muito estudo, oração e convicção plena de meu dever perante Deus, estou preparado para me posicionar a seu lado. Estou totalmente convertido à verdade bíblica de que ‘os mortos não sabem coisa nenhuma.’”
Sem querer esconder sua luz “debaixo de uma vasilha”, Fitch logo pregou dois sermões sobre o assunto para sua igreja. “Eles provocaram um grande alvoroço”, escreveu ele a Storrs. “Muitos já achavam antes que eu era endemoniado, mas agora têm certeza. Contudo, meu irmão, não tenho direito de me envergonhar da verdade de Deus sobre esse assunto, nem sobre nenhum outro.”
3 de abril / Sexta – Morte e Ressurreição – 4
Gostaríamos de saber que novo ensinamento é esse que você está trazendo para nós. Pois você diz algumas coisas que nos parecem esquisitas, e nós gostaríamos de saber o que elas querem dizer. Atos 17:19, 20, NTLH
Os ouvintes de Paulo, em Atenas, tinham o desejo de aprender mais sobre a nova doutrina que o apóstolo ensinava. Contudo, o mesmo não se pode dizer a respeito dos líderes mileritas em relação à compreensão de Storrs sobre o estado dos mortos.
No dia 7 de maio de 1844, Miller publicou uma carta descartando “qualquer conexão, apoio ou simpatia às opiniões do irmão Storrs no que se refere ao estado intermediário e ao fim dos ímpios”. Em abril, Josiah Litch chegou ao ponto de publicar um periódico chamado “O Antianiquilacionista”. A postura geral de Miller era ficar longe do assunto. Jesus voltaria dentro de poucas semanas e, então, todos saberiam a verdade em relação ao tema. Tais pronunciamentos, é claro, não contribuíram muito para calar Storrs e seus colegas.
E o ímpeto deles deu fruto. Nos anos seguintes, as duas maiores denominações que sairiam do milerismo – os cristãos do advento e os adventistas do sétimo dia – adotariam tanto o condicionalismo quanto o aniquilacionismo.
Os ensinos de Storrs foram um dos caminhos que trouxeram o condicionalismo para o adventismo. O outro foi a Conexão Cristã. Elias Smith, um dos fundadores dessa igreja, aceitara tal ensino no início do século. Muitos membros dessa denominação, no desejo de restaurar todos os ensinos perdidos da Bíblia, enfatizavam o condicionalismo e o aniquilacionismo. Tal postura influenciara Tiago White e José Bates, uma vez que ambos haviam sido membros da Conexão Cristã.
Esse posicionamento também atrairia a jovem Ellen Harmon, depois que sua mãe o aceitou na igreja de Casco Street, em Portland, Maine. Depois de ouvir a mãe argumentar com uma amiga, ela investigou o tema na Bíblia e aderiu a ele. Tais insights levaram grande alívio a sua mente e seu coração. Além de dissipar as dúvidas quanto ao amor e à justiça de Deus, ajudou-a a entender o motivo da ressurreição. Afinal, conforme ela própria expressou, “se, por ocasião da morte, o corpo entrasse na felicidade ou no tormento eternos, qual seria a necessidade de ressurreição da pobre matéria decomposta?” (LS, p. 49, 50).
Assim, os três fundadores do adventismo do sétimo dia eram condicionalistas desde o início do movimento. Obrigado, Senhor, por Tuas promessas grandiosas e pelas crenças com sentido vital e consistente.
4 de abril / Sábado – As Colunas Doutrinárias
Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina. 2 Timóteo 4:2, 3
No início de 1848, os líderes adventistas do sétimo dia haviam chegado a uma concordância geral em relação a pelo menos quatro pontos doutrinários, por meio do estudo extensivo e intensivo da Bíblia:
1. Retorno pessoal, visível e pré-milenar de Jesus.
2. A purificação do santuário celestial, com o ministério de Cristo no segundo compartimento, que começara em outubro de 1844 – o início do antitípico Dia da Expiação.
3. O dever de guardar o sábado, o sétimo dia, e seu papel no grande conflito no contexto do tempo do fim, profetizado em Apocalipse 12–14.
4. A imortalidade não como qualidade não inerente, mas, sim, algo que as pessoas recebem somente mediante fé em Cristo.
Os adventistas sabatistas, posteriormente conhecidos como adventistas do sétimo dia, passaram a considerar tais ensinos como “marcos” ou “colunas” doutrinárias. Esse conjunto de crenças separa essa ramificação do adventismo não só dos outros mileritas, mas dos cristãos de modo geral. Essas quatro doutrinas distintivas se encontravam no coração do adventismo do sétimo dia em desenvolvimento, definindo-o como um movimento e um povo diferenciado. As chamadas colunas doutrinárias formavam o cerne inegociável da teologia adventista.
O leitor cuidadoso pode se perguntar por que eu não incluí a doutrina dos dons espirituais e sua relação com Ellen White na lista acima. Embora se trate de uma perspectiva adventista única, o assunto só passou por tentativas de formulação doutrinária nas décadas de 1850 e 1860. Além disso, a própria Ellen White não considerava tal ensino uma das colunas.
É claro que os guardadores do sábado compartilhavam diversas crenças com outros cristãos, como a salvação pela graça mediante a fé no sacrifício de Jesus e a eficácia da oração. Contudo, nos primeiros anos, o ensino adventista se concentrava naquilo que diferia dos outros cristãos, não nas semelhanças.
Tal omissão acabaria causando problemas teológicos com os quais teriam de lidar nos anos 1880. Falaremos mais sobre esse assunto depois.
Por enquanto, podemos agradecer a Deus a clareza dos fundadores do adventismo do sétimo dia em seu estudo teológico. A boa notícia é que o sistema de crenças proposto por eles faz todo sentido.
5 de abril / Domingo – Privação Financeira
Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Romanos 12:1
É mais fácil ser um sacrifício morto do que vivo. Pelo menos, com a morte, o sacrifício termina; em vida, porém, ele continua. Foi isso que aconteceu com os fundadores do adventismo.
Conforme já mencionamos, Bates tinha certa riqueza, mas depois de doar tudo para o milerismo, exceto a própria casa, passou o resto da vida em grandes apertos.
No entanto, ele não foi o único. Em abril de 1848, Tiago White escreveu que tudo que ele e Ellen possuíam, “incluindo roupas, lençóis e mobília, cabia em um baú de 90 centímetros, cheio somente até a metade. Nada tínhamos para fazer além de servir a Deus e ir aonde Ele abrisse o caminho para nós”.
Contudo, viajar não era fácil naquela época, principalmente para alguém sem recursos. José Bates, por exemplo, sentiu a forte impressão, no início de 1849, de que era seu dever pregar a mensagem em Vermont. Sem dinheiro, ele decidiu ir andando do sul de Massachusetts até lá.
No entanto, ele não era o único convicto acerca dessa viagem missionária. Sarah, irmã de Ellen White, sentiu a forte impressão de que deveria ajudá-lo, pediu adiantamento de salário para o patrão e ainda resolveu trabalhar a mais, ganhando 1 dólar e 25 centavos por semana, a fim de custear as despesas de Bates.
A viagem deu frutos. Tiago White escreveu que Bates “passou por dificuldades, mas Deus esteve com ele e muito bem foi realizado. Ele instruiu um número considerável de pessoas na questão do sábado, deixando tantos outros convictos a esse respeito”.
Para nós que vivemos em uma época mais próspera, é difícil entender as privações enfrentadas pelos primeiros adventistas para cumprir a missão. Mais tarde, Tiago White comentou que “os poucos que ensinavam a verdade viajavam a pé, na segunda classe de trens ou no convés de barcos a vapor, por falta de recursos”. Ellen White comentou que tais viagens os expunham à “fumaça dos cigarros, […] além do praguejar e da conversação vulgar da tripulação e dos viajantes de camada social inferior” (T1, p. 77). À noite, muitas vezes eles dormiam no chão, em caixas de carga ou sacas de grãos, usando a mala como travesseiro e o casaco como cobertor. No inverno, caminhavam pelo convés para manter-se aquecidos.
E nós imaginamos que temos uma vida difícil, de sacrifícios! Pense mais uma vez. A maioria de nós não faz a menor ideia dos sacrifícios que foram necessários para a consolidação de nossa igreja.
6 de abril / Segunda – A Tentação de Marcar Datas – 1
Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o Filho, senão o Pai. Mateus 24:36
A despeito das claras palavras de Jesus sobre o assunto e da crise milerita na tentativa de marcar a data do segundo advento, era uma constante tentação para os adventistas descobrir a data do advento ou chegar o mais próximo possível disso. Precisamos admitir que é uma possibilidade empolgante, mas o fracasso inevitável tem um efeito perturbador sobre a igreja e seus membros.
Após a falha da predição de que Cristo voltaria em outubro de 1844, parecia natural para os adventistas desapontados continuarem a marcar datas para tal acontecimento com base em diversas profecias. Assim, Guilherme Miller e Josiah Litch passaram a esperar o retorno de Jesus antes do fim do ano judaico de 1844 (isto é, até a primavera de 1845). H. H. Gross, Joseph Marsh e outros projetaram datas em 1846 e, quando esse ano terminou, Gross encontrou motivos para esperar por Cristo em 1847.
Os primeiros adventistas guardadores do sábado não estavam imunes à marcação de datas. Em setembro de 1845, Tiago White acreditava com firmeza que Jesus viria no décimo dia do sétimo mês judaico, em outubro daquele ano. Foi por esse motivo que ele argumentou publicamente que o casal adventista que anunciava seu casamento havia “negado a fé” no segundo advento, uma vez que “tal passo parecia antever anos de vida neste mundo”.
Contudo, “alguns dias antes que passasse o tempo esperado”, relembra Tiago, “eu me encontrava em Fairhaven e Darthmouth, Massachusetts, com uma mensagem sobre esse assunto de datas. Ellen estava com o grupo em Carver, Massachusetts, onde teve uma visão de que nós seríamos desapontados, e os santos deveriam passar pelo ‘tempo da angústia de Jacó’, ainda no futuro. A visão da angústia de Jacó foi algo completamente novo para nós e para ela também”.
Parece que tal experiência curou Tiago White da tentativa de especular sobre a data do segundo advento. No entanto, como veremos amanhã, ela certamente não impediu José Bates.
Os discípulos também queriam que Jesus fizesse isso, como está relatado em Mateus 24, mas Ele Se recusou e continua a Se recusar. Essa é uma lição importante, que precisamos aprender.
7 de abril / Terça – A Tentação de Marcar Datas – 2
Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. Mateus 24:42
Será que Jesus está certo disso? “Com certeza, deve haver alguma maneira de determinar o tempo, pelo menos para nós, adventistas fiéis.”
Era o que José Bates pensava, em 1850. O fato de o tempo passar certamente o desanimava. Afinal, seis longos anos haviam decorrido desde o desapontamento milerita. É claro que ele conseguiria descobrir a data se trabalhasse duro o bastante. E em 1850, Bates estava certo de que alcançara isso.
Naquele ano, ele escreveu: “Tenho toda convicção de que as sete manchas de sangue no altar de ouro diante do propiciatório representam a duração dos procedimentos judiciais ligados aos santos vivos no lugar santíssimo.”
Muitos de nós já ouvimos falar sobre o princípio bíblico de um dia corresponder a um ano na interpretação profética. Entretanto, Bates criou um método novo: o princípio de uma mancha de sangue correspondente a um ano! Usando sua “nova luz”, ele concluiu que o julgamento pré-advento duraria sete anos e terminaria em outubro de 1851, ocasião em que Cristo voltaria.
Considerando sua influência dentro dos círculos dos guardadores do sábado, Bates logo arrebanhou seguidores desse novo esquema, mas o casal White resistiu à ideia com firmeza.
Em novembro de 1850, Ellen declarou publicamente: “O Senhor me mostrou que o tempo não é uma prova desde 1844 e nunca mais será” (PT, novembro de 1850).
No dia 21 de julho de 1851, quando a empolgação pelo assunto crescia, ela escreveu na Review and Herald: “O Senhor me mostrou que a mensagem do terceiro anjo deve prosseguir e ser proclamada aos filhos dispersos do Senhor, e que ela não deve se basear no tempo; pois o tempo nunca mais será uma prova. Vi que alguns estavam recebendo uma falsa animação proveniente da pregação sobre o tempo e que a terceira mensagem angélica é mais forte do que o tempo. Observei que essa mensagem pode se firmar em bases próprias, não necessitando do tempo para fortalecê-la, e que ela deve prosseguir em poder a fim de fazer sua obra.”
A igreja de hoje precisa dar ouvidos a esses insights. Ao olhar para o adventismo, vejo um povo que esqueceu o poder de sua mensagem. Lembro-me como a impetuosidade do fluxo temporal no Apocalipse mexeu comigo quando o compreendi pela primeira vez quase 50 anos atrás. Os anos não diminuíram seu poder. Uma das maiores necessidades do adventismo atual é recuperar sua mensagem.
8 de abril / Quarta – A Tentação de Marcar Datas – 3
Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Mateus 25:19
Ontem vimos José Bates lutando com toda força com o aspecto da “tardança” do sermão de Jesus em Mateus 24 e 25. Com base no princípio de uma mancha de sangue por ano, ele determinou que Jesus voltaria em outubro de 1851. Também percebemos que Ellen White questionou Bates, mas ela não havia terminado. Ouçamos um pouco mais.
Na Review de 21 de julho de 1851, escreveu: “Vi que alguns faziam tudo para se inclinar para o período do próximo outono, isto é, baseando seus cálculos em referência a esse momento. Vi que isso estava errado, por este motivo: Em vez de ir a Deus todos os dias para conhecer seu dever presente, eles olham para frente e fazem cálculos como se soubessem que a obra terminaria neste outono, sem perguntar a Deus todos os dias qual é seu dever.”
No mês seguinte, Tiago foi bem claro com Bates, afirmando que fora contra seu ensino de datas desde o início, um ano antes. Referindo-se especificamente à teoria do outro pioneiro, Tiago escreveu: “Alguns que espalham tal ensino são por nós muito estimados, e os amamos ‘com todo fervor’ como irmãos. Sentimos que nos demoramos muito em dizer algo que possa magoar seus sentimentos; no entanto, não podemos deixar de dar alguns motivos por que não aceitamos a questão do tempo.” Então ele mencionou seis razões que o levavam a crer que Bates estava errado.
O confronto combinado dos White parece ter convencido Bates (que cria no dom profético de Ellen) de que estava errado quanto à questão de datas. Pouco depois, ele e a maioria dos que o haviam seguido abandonaram a ênfase. O resultado foi que, no início de setembro, Tiago pôde constatar que “o tempo de sete anos” não era mais assunto em sua recente viagem pelas igrejas. Alguns, porém, conforme Ellen observou em novembro, se apegaram à expectativa do tempo e se encontravam muito “abatidos e sombrios”, confusos e perturbados (Ct 8, 1851).
A crise das “sete manchas” fez Bates superar a marcação de datas. Depois disso, embora ele considerasse que o fim estava próximo, nunca mais marcou data. Que pena que alguns de seus seguidores espirituais não entenderam esse aspecto! A tentação de definir datas, com a empolgação resultante e o desapontamento final, continua entre nós. Infelizmente, muitos adventistas estão mais interessados na agitação do segundo advento do que no “dever presente”. As bênçãos de Deus só podem ser esperadas se invertermos nossas prioridades. Senhor, ajuda-nos a conhecermos hoje o nosso “dever presente”.
9 de abril / Quinta – A Tentação de Marcar Datas – 4
E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mateus 25:5
A reação de Ellen White à postura de Bates, em 1851, não foi sua primeira manifestação contrária à marcação de datas. Desde 1845, ela advertia repetidas vezes aos irmãos que o tempo não era mais uma prova e, cada vez que passava uma data sugerida, enfraquecia a fé daqueles que nela haviam depositado sua esperança. Até mesmo sua primeira visão dava pistas de que a cidade poderia se encontrar “muito longe”. Em resposta a sua posição referente à marcação de datas, alguns a acusaram “de ser como o mau servo que dizia em seu coração: ‘Meu Senhor tarde virá’” (PE, p. 14, 15, 22).
Ela tinha certeza de que a terceira mensagem angélica provia um alicerce mais sólido para sua fé do que a marcação de datas. Além disso, ao comentar o assunto das datas, ela sempre afastava os guardadores do sábado da empolgação quanto ao momento marcado, em direção a seu dever presente na Terra. Com o tempo, tal ênfase proveu a justificativa para a criação de instituições que poderiam levar o adventismo do sétimo dia a todos os cantos do planeta. Jesus é claro quanto à questão de marcar datas, em Mateus 24. Por conta disso, Ellen White expõe os problemas ligados a essa prática.
No entanto, adventistas do sétimo dia marcadores de datas continuam em sua tentativa desesperada de manter a empolgação. Lembro-me de 1964. Muitos tinham certeza de que Jesus voltaria naquele ano porque a Bíblia ensinava que “assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem” (Lc 17:26). E Noé não pregara sua mensagem por 120 anos até o dilúvio chegar? Então pronto! Era isso! Os adventistas vinham pregando sua mensagem por 120 anos desde 1844. A “prova” era conclusiva. Jesus retornaria em 1964, provavelmente no dia 22 de outubro.
Então veio o ano 2000, o início do sétimo milênio, o milênio sabático de descanso celestial. Pessoas de todas as partes se empolgaram com isso. Por volta daquele ano, um livro adventista que ficou entre os mais vendidos chegou ao mercado mostrando um relógio indicando poucos minutos para a meia-noite, quando chegaria o Noivo.
É triste o fato de muitos adventistas continuarem vulneráveis à marcação de datas e desligados de seu “dever presente”. Infelizmente, entendem ao contrário a mensagem de Jesus em Mateus 24 e 25.
Ajuda-nos, Senhor, a desejar alimento sólido, em vez de açúcar espiritual.
10 de abril / Sexta – Alternativa à Marcação de Datas – 1
Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mateus 25:21
Em Mateus 24 e 25, há um sermão estranho! Encontramos os discípulos perguntando a Cristo sobre a destruição do templo e pedindo um sinal de Seu retorno e do fim de todas as coisas. Sendo bem claro, preciso dizer que a resposta de Jesus deve ter sido frustrante. Para começar, Ele alistou uma série de “sinais” que ocorrem em todas as eras, como guerras, terremotos e fomes; em seguida, prosseguiu afirmando que “ainda não é o fim”, “porém tudo isto é o princípio das dores” (Mt 24:6, 8).
Além disso, Cristo mencionou, ao mesmo tempo, acontecimentos ligados à destruição de Jerusalém, em 70 d.C., e ao segundo advento. E como se não bastasse, disse-lhes que ninguém, a não ser Deus, sabe a hora desse evento (v. 36). Jesus concluiu sua exposição, após o pedido por um sinal, com uma admoestação: “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (v. 42). Ele também poderia muito bem ter dito: “Não se preocupem com o tempo.”
Naquele momento, em Seu sermão, Jesus deixou de lado os sinais e passou a abordar o que mais precisava falar a Seus discípulos que desejavam a chegada do fim o mais rápido possível. A partir do versículo 43, Cristo conta cinco parábolas que se movem progressivamente ao que eles mais necessitavam ouvir, em vez daquilo que mais queriam ouvir (isto é, quão próximo estava o fim).
A primeira parábola (v. 43, 44) apenas lhes orienta a vigiar, uma vez que não conheciam a hora do segundo advento. A segunda (v. 45-51) diz que eles tinham deveres a cumprir enquanto vigiavam e esperavam, e que o tempo demoraria mais do que imaginavam. A terceira (Mt 25:1-13) continua o tema da vinda tardia, ressaltando a necessidade de preparo para o evento. A quarta parábola (v. 14-30) ressalta como eles deveriam se preparar. Necessitavam desenvolver e colocar em prática seus talentos com fidelidade. E o clímax das parábolas – a que fala das ovelhas e dos cabritos (v. 31-46) – declara de maneira explícita a natureza essencial do trabalho que deveria ser feito no período de espera e vigilância.
Em outras palavras, Jesus afasta toda a discussão acerca do tempo preciso e a dirige ao “dever presente”. John Wesley, fundador do metodismo, entendeu o que Cristo queria dizer. Quando alguém lhe perguntava o que ele faria hoje caso tivesse a certeza de que Jesus voltaria amanhã, respondia que faria exatamente o que havia planejado.
Senhor, ajuda-nos a reconhecer que estar prontos não significa empolgação, mas o cumprimento de Tua vontade enquanto vivemos neste mundo.
11 de abril / Sábado – Alternativa à Marcação de Datas – 2
Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes. Mateus 25:40
Como ser um adventista fiel? Essa é a pergunta crucial. Os discípulos e os primeiros cristãos, como muitos de nós atualmente, queriam passar o tempo todo em empolgação emocional. No entanto, Jesus procurou direcionar a atenção deles a uma esfera mais sóbria do viver cristão no mundo cotidiano.
Ontem encerramos com a parábola das ovelhas e dos cabritos, em Mateus 25:31-46. Ellen White compreendeu o sentido das palavras de Cristo ao escrever: “Assim descreveu Cristo aos discípulos, no monte das Oliveiras, as cenas do grande dia do juízo. E apresentou sua decisão como girando em torno de um ponto. Quando as nações se reunirem diante dEle, não haverá senão duas classes, e seu destino eterno será determinado pelo que houverem feito ou negligenciado fazer por Ele na pessoa dos pobres e sofredores. […] Aqueles que Cristo louva no juízo, talvez tenham conhecido pouco de teologia, mas nutriram Seus princípios. Mediante a influência do divino Espírito, foram uma bênção para os que os cercavam. Mesmo entre os gentios existem pessoas que têm cultivado o espírito de bondade; antes de lhes haverem caído aos ouvidos as palavras de vida, acolheram com simpatia os missionários, servindo-os mesmo com perigo da própria vida. Há, entre os gentios, pessoas que servem a Deus ignorantemente, a quem a luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da natureza, e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus” (DTN, p. 637, 638).
O Espírito Santo tem tocado seu coração? Onde está seu foco como adventista? Na empolgação do último pregador que convence a igreja da proximidade do advento? Ou no “dever presente” enquanto aguardamos tal acontecimento?
Devo admitir que, por definição, a empolgação é mais cativante; porém, o “dever presente” é mais cristão.
De acordo com Jesus, o verdadeiro adventista não é aquele que só consegue pensar em como a vinda de Cristo está próxima, mas, sim, aquele que vive o amor de Deus enquanto espera, aguarda e vigia a chegada desse dia.
Hoje, meu amigo, Jesus quer que cada um de nós dedique mais uma vez a própria vida à missão de ser cristãos neste mundo, enquanto aguardamos o vindouro.
12 de abril / Domingo – Mudança Sobre a Porta Aberta – 1
Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta. Apocalipse 3:8
Os primeiros guardadores do sábado eram adventistas da “porta fechada”. Miller tirou a expressão “porta fechada” de Mateus 25:10, para referir-se ao fim do tempo da graça, antes da chegada do Noivo. Outra forma de expressar é dizer que Miller acreditava que todas as pessoas já terão tomado uma decisão a favor ou contra Jesus antes de Sua segunda vinda e que não haverá uma segunda chance após esse acontecimento. Trata-se de um ensino bíblico sensato.
Entretanto, a concepção de Miller acerca da porta fechada tinha um problema embutido. Ele havia relacionado o segundo advento ao fim das 2.300 tardes e manhãs de Daniel 8:14. Portanto, cria que, no final de 1844, a porta da graça havia se fechado, no dia 22 de outubro, e, por isso, a obra de pregar o evangelho aos pecadores terminara. Assim, mais nenhum pecador se converteria.
Todos os primeiros adventistas guardadores do sábado, sem exceção, acreditavam na ideia da porta fechada. Contudo, conforme vimos anteriormente, o estudo da Bíblia logo os levou a concluir que a purificação do santuário não era o segundo advento, mas estava ligada ao ministério de Cristo no santuário celestial.
Naquele momento, eles se viram tentando sustentar uma teologia que não se encaixava mais. Haviam mudado a interpretação da purificação do santuário, porém não reinterpretaram o instante do fechamento da porta. No entanto, a transformação de uma crença exigia a mudança da outra, mas tal ideia não ficou clara de imediato para os guardadores do sábado.
Foi só no início dos anos 1850 que eles chegaram a uma posição harmônica sobre o assunto. Entretanto, a mudança não ocorreu a princípio por terem percebido que erraram. Em vez disso, enfrentaram outro problema que não se resolvia. Quer gostassem quer não, continuavam a receber conversos que não haviam passado pela experiência milerita. A princípio, pensaram que deveriam se recusar a batizá-los. Isso aconteceu com Joseph H. Waggoner, que mais tarde se tornou um líder ministerial dos adventistas do sétimo dia.
Foi a realidade desses conversos que levou os guardadores do sábado de volta à Bíblia para reestudar o assunto. No fim de 1851, perceberam o erro cometido. O resultado foi a conclusão de que verdadeiramente a porta da graça se fecharia antes do advento, mas que tal evento ainda estava por ocorrer. Esse insight abriu as portas para que a mensagem fosse espalhada a todos.
É realmente bom saber que Deus nos guia mesmo em meio a nossas confusões!
13 de abril / Segunda – Deus Usa Até Nossos Erros
O Senhor Deus me disse: “Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; Eu vou guiá-lo e orientá-lo.” Salmo 32:8, NTLH
Servimos a um Deus cheio de graça. Se eu precisasse lidar com pessoas que não conseguem enxergar os próprios erros, provavelmente as ignoraria ou as faria pagar o preço por seus problemas. Com certeza, não as abençoaria apesar de seus erros. Todos podemos ser gratos porque Deus não é como nós. O Deus a quem servimos nos abençoa a despeito de quem nós somos. O evangelho nos ensina que o Senhor usa até mesmo nossos erros.
Foi isso que aconteceu na experiência da porta fechada. Os guardadores do sábado defendiam um erro teológico grave e óbvio. Afinal, durante o período da porta fechada da história do adventismo, eles criam que o alcance evangelístico do movimento se restringia àqueles que haviam aceitado a mensagem milerita dos anos 1830 e início da década de 1840, uma vez que a porta da graça se encontraria fechada para todos os outros.
No entanto, Deus usou esse erro para o bem do movimento. Primeiro, Ele orientou o pequeno grupo de guardadores do sábado a usar aquele período da história para construir uma base teológica sólida. Assim, gastaram um pouco dos escassos recursos em evangelismo até terem uma mensagem. Segundo, depois de desenvolverem sua identidade teológica, restringiram o evangelho aos outros mileritas, dos anos 1848 a 1851. Foi só depois de firmarem um alicerce teológico sólido e um significativo grupo central de membros é que eles passaram a evangelizar a população em geral e posteriormente os confins da Terra.
Ao recordar a era da porta fechada na história do adventismo, considero-a uma etapa necessária para o desenvolvimento do movimento. Deus estava guiando Seu povo passo a passo para a construção de uma plataforma firme, a partir da qual lançaria uma missão “a cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6).
Deus nos abençoa de diversas maneiras. Esse é o evangelho, as boas-novas.
E você, amigo? Tem paciência com os que demoram a aprender? Será que nós temos o mesmo espírito? Será que o desejamos? Desafio cada um de nós hoje a aplicar a graça divina em nosso viver diário com a esposa, o marido, os filhos e membros da igreja.
Ajuda-nos, Pai, a ser uma bênção, uma inspiração positiva até mesmo quando as pessoas ao nosso redor cometem erros sérios.
14 de abril / Terça – Mudança Sobre a Porta Aberta – 2
Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá. Apocalipse 3:7
Um dos acontecimentos mais significativos para o adventismo do sétimo dia foi a mudança da porta fechada para a porta aberta, no início dos anos 1850.
Antes de analisarmos a nova posição, é necessário resumir os vários significados que eles atribuíam ao antigo ponto de vista: (1) a porta da graça teria se fechado em 22 de outubro de 1844; (2) uma profecia se cumprira nessa data; e (3) a missão evangelística deles após esse período se restringia aos que haviam sido mileritas.
A maioria das discussões sobre o assunto se concentrava no primeiro e no terceiro pontos, mas o segundo era igualmente importante.
No entanto, conforme observamos antes, o cumprimento da profecia certamente não era o segundo advento. Logo, a porta da graça não havia se fechado.
O resultado é que eles acabaram reconhecendo o erro do primeiro ponto e abriram mão da interpretação da porta fechada.
Tal conclusão os levou a mudar de ideia quanto ao terceiro ponto. Desde a visão de Ellen White, em novembro de 1848, a respeito da mensagem do advento se espalhando pelo mundo como raios de luz, a percepção de uma missão com portas abertas começou a despontar aos poucos entre os relutantes fiéis. Eles passaram a ver, progressivamente com mais clareza, que tinham uma mensagem do tempo do fim para todo o mundo, não só para os ex-mileritas.
Conforme Ellen White expressou em março de 1849: “Mostrou-se-me então […] que o tempo para os mandamentos de Deus brilharem em toda a sua importância […] seria quando a porta fosse aberta no lugar santíssimo do santuário celestial, onde está a arca que contém os Dez Mandamentos.” Segundo essa visão, em 1844, Jesus Se levantou, fechou a porta do lugar santo e abriu a do santíssimo: “Vi que Jesus havia fechado a porta do lugar santo, e que nenhum homem poderia abri-la; e que Ele havia aberto a porta para o santíssimo, e que homem algum podia fechá-la” (PE, p. 42). Com essa abertura, chegou o discernimento sobre uma nova mensagem a respeito do sábado e de assuntos proféticos relacionados que acabariam levando os guardadores do sábado até as extremidades da Terra.
No que se refere à missão, o adventismo nunca mais seria o mesmo. Diante do movimento estava uma missão com portas abertas. Esses mensageiros tinham uma mensagem que o mundo precisava ouvir antes do advento de Jesus nas nuvens.
15 de abril / Quarta – A Mensagem Aperfeiçoada
Pois o Cordeiro que Se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. Apocalipse 7:17
O revisionismo fez parte da progressão do movimento da guarda do sábado nos anos 1850, à medida que seus integrantes começaram a analisar mais uma vez alguns de seus conceitos e ajustá-los da maneira apropriada.
Foi isso que aconteceu com a questão da porta fechada, conforme vimos ontem. Assim, no início de 1852, Tiago White podia proclamar: “Essa porta aberta nós ensinamos e convidamos a todos que têm ouvidos a ouvirem, a se dirigirem a ela e encontrarem salvação mediante Jesus Cristo. Há glória excelsa na visão de que Jesus abriu a porta para o santíssimo. […] Se disserem que somos da teoria da porta aberta e do sábado, do sétimo dia, não nos oporemos, pois essa é nossa fé.”
Durante o início dos anos 1850, ele e outros guardadores do sábado se alegravam não só pela guia progressiva de Deus, mas também pela beleza de sua mensagem e a magnitude da missão que o Senhor colocou diante deles.
Havia vitalidade na atitude deles. Não sentiram medo de admitir que haviam cometido um erro. Além de permanecerem firmes nas crenças que defendiam por causa do estudo cuidadoso da Bíblia, estavam dispostos a adaptar aquelas que o tempo e o estudo adicional demonstrassem ser equivocadas.
Algumas pessoas pensam que a mensagem da Igreja Adventista do Sétimo Dia já nasceu com pleno desenvolvimento lá na década de 1840.
Nada poderia ser mais falso. O sistema adventista de crença é um aspecto dinâmico do movimento. À medida que Deus conduz, a denominação tem se mostrado disposta a seguir. Por isso, a compreensão das verdades bíblicas e da missão cresceu e se expandiu ao longo do tempo. Baseando-se naquilo que comprovadamente é sólido, inclusive em suas colunas doutrinárias centrais e na compreensão do desenrolar das profecias de Apocalipse 12:1 a 14:20, os adventistas continuam a ajustar seu sistema de crenças para corresponder a um entendimento mais adequado da mensagem bíblica e das necessidades de um mundo pecador.
E a transformação ainda não acabou. Deus continuará a conduzir Seu povo até o dia em que virmos Cristo voltando nas nuvens.
Pai, nós Te agradecemos por Tua orientação no passado. E aguardamos ansiosos Tua guia no futuro. Ajuda-nos a ter a mente aberta e o coração pronto à medida que nos diriges passo a passo.
16 de abril / Quinta – O Ajuste da Segunda Mensagem Angélica – 1
Um segundo anjo seguiu o primeiro, dizendo: – Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela embriagou todos os povos, dando-lhes o seu vinho, o vinho forte da sua terrível imoralidade! Apocalipse 14:8, NTLH
Até que ponto os adventistas do sétimo dia devem cooperar com outras denominações cristãs? A igreja e seus membros devem participar de projetos sociais com outras denominações? Caso sim, por quê?
Tais perguntas são importantes. Afinal, nossos primeiros companheiros de fé não ensinavam que todas as outras igrejas fazem parte da Babilônia caída de Apocalipse 14:8 e 18:1-4?
É certo que sim. E por causa desse ensino, o adventismo ainda enfrenta tensão em vários subgrupos quanto à problemática da cooperação com outros cristãos. Felizmente, a história do adventismo lança bastante luz sobre o tema da queda da Babilônia e sobre as questões relacionadas a isso.
Conforme observamos antes, as primeiras interpretações adventistas acerca da Babilônia já existiam bem antes do nascimento do adventismo do sétimo dia. Observamos que Charles Fitch abriu caminho para o conceito milerita quando começou a proclamar a queda da Babilônia, no verão de 1843. Para Fitch, a Babilônia era formada tanto por católicos romanos quanto por protestantes que rejeitavam os ensinos da Bíblia sobre o segundo advento.
Tiago White ratificou a compreensão básica em 1859, ao escrever: “Sem hesitar, aplicamos o título de Babilônia do Apocalipse a todo o cristianismo corrupto.” A corrupção envolvia queda moral e a mistura de ensinos cristãos com filosofias não cristãs, por exemplo, a imortalidade da alma, que deixava as igrejas sem defesa contra o espiritualismo. Em suma, Babilônia representava as igrejas confusas.
Entretanto, com a passagem do tempo, os adventistas guardadores do sábado, no início dos anos 1850, começaram a perceber que as denominações fiéis ao domingo não se encontravam erradas em muitas áreas de seu ensino e de sua prática. O mundo não era tão preto no branco quanto haviam pensado a princípio. Tais pensamentos os colocaram em um caminho que levaria a mais discernimento no tocante às consequências da segunda mensagem angélica.
Ajuda-nos, Pai, a manter os olhos abertos para o bem que há nos outros, até mesmo naqueles que estão confusos em seu sistema de crenças.
17 de abril / Sexta – O Ajuste da Segunda Mensagem Angélica – 2
Depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a Terra se iluminou com a sua glória. Então, exclamou com potente voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia. Apocalipse 18:1, 2
Depois que os guardadores do sábado deixaram de defender o ensino de que a porta da graça havia se fechado, abriu-se o caminho para outra compreensão da queda de Babilônia.
Eles passaram a entender que a segunda mensagem angélica apresentava a queda de Babilônia em duas etapas. Ao passo que Fitch havia considerado Apocalipse 14:8 e 18:1-4 um só evento, Tiago White e os guardadores do sábado começaram a interpretar os acontecimentos como dois incidentes separados.
Tiago observou que a queda da Babilônia narrada em 14:8 “se encontra no passado”, enquanto a apresentada em 18:1-4 é presente e sobretudo futura. Conforme ele declarou em 1859: “Primeiro ela cai [14:8]; em segundo lugar, torna-se morada de demônios e ‘covil de toda espécie de espírito imundo’ […]; terceiro, o povo de Deus é chamado para sair dela; e quarto, as pragas divinas são derramadas sobre ela.”
Portanto, embora os guardadores do sábado cressem que o mundo religioso cometera um grave erro durante o início dos anos 1840 ao rejeitar a mensagem do segundo advento com veemência, essa recusa foi apenas o início da confusão. Acontecimentos posteriores, especialmente no fim dos tempos, levariam essas denominações a uma desordem moral e doutrinária ainda mais séria. Como resultado, Deus finalmente desistirá daqueles que escolheram fazer parte de Babilônia.
Ellen White concordou com a reinterpretação de seu esposo sobre a queda progressiva de Babilônia, mas, com o tempo, ela foi além disso. De acordo com a Sra. White, “o cumprimento perfeito de Apocalipse 14:8 está ainda no futuro”. Uma consequência disso é que “a grande massa dos verdadeiros seguidores de Cristo encontra-se ainda” em igrejas fora do adventismo. Logo, Babilônia está confusa, mas ainda não caiu por completo. Como resultado, declarou ela, o chamado “Sai dela, povo Meu”, de Apocalipse 18:1-4, constituirá “a advertência final a ser dada aos habitantes da Terra” (GC, p. 390, 604).
Senhor, ajuda-me hoje a desenvolver um coração compreensivo que defende a verdade, mas que mostra bondade àqueles que não enxergam as coisas da mesma forma que eu.
18 de abril / Sábado – Possibilidades de Cooperação – 1
Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. João 10:16
Com a reinterpretação do assunto da porta fechada e da queda de Babilônia, Tiago e Ellen White criaram o fundamento teológico para a cooperação do adventismo com outros grupos cristãos. Tal parceria se tornou uma questão cada vez mais forte, à medida que os adventistas do sétimo dia perceberam que o segundo advento não estava tão próximo quanto eles haviam esperado a princípio.
Todavia, a associação com as pessoas “de fora” traria as próprias tensões para a denominação, as quais dividiriam o pensamento adventista naquilo que podemos classificar como orientações “moderada” e “radical”. Os moderados eram favoráveis à cooperação que não comprometesse a integridade teológica e ética do movimento, ao passo que os radicais tinham dificuldade em trabalhar com qualquer grupo que não entendesse as coisas exatamente como eles.
Um caso ilustrativo é a relação do adventismo com a União das Mulheres Cristãs em Prol da Temperança. Sem dúvida, tal movimento contava com boas ideias, pois defendia a temperança, em conformidade com as preocupações do adventismo. O resultado foi que, a partir de 1877, os adventistas começaram a unir esforços com essa instituição.
As integrantes do grupo aparentemente só defendiam boas ideias. Contudo, em 1887, elas misturaram as coisas ao se aliarem à Associação Nacional de Reforma, na iniciativa de conseguir a aprovação de uma lei federal apoiando o caráter sagrado do domingo. Naquele mesmo ano, a União das Mulheres Cristãs incluiu um departamento de observância do domingo em sua organização. No ano seguinte, apoiou um projeto de lei federal em prol da guarda do domingo.
Tais passos demonstravam que aquele grupo estava se transformando rapidamente em uma completa Babilônia aos olhos de alguns adventistas. Embora tivessem “a verdade” no que se refere à temperança, ao mesmo tempo apoiavam o “erro” quanto à questão do sábado. Eles concluíram que, se isso não fosse confusão ou Babilônia, o que seria então? Tais mudanças continuaram a causar preocupação entre as fileiras adventistas ao longo dos anos 1890.
Esses são os fatos do caso. A tarefa de hoje é: debater com outros ou pensar sobre qual deve ser a atitude apropriada e que rumo tomar numa situação como essa.
Como tais questões afetam o que significa ser um cristão adventista no mundo contemporâneo?
19 de abril / Domingo – Possibilidades de Cooperação – 2
“Mestre”, disse João, “vimos um homem expulsando demônios em Teu nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos.” Marcos 9:38, NVI
“‘Não o impeçam’, disse Jesus. ‘Ninguém que faça um milagre em Meu nome, pode falar mal de Mim logo em seguida, pois quem não é contra nós está a nosso favor’” (Mc 9:39, 40, NVI).
Deveriam os adventistas unir esforços publicamente com aqueles que misturam a verdade com erros teológicos graves? Foi esse o questionamento de ontem.
Ellen White e outros adventistas dos anos 1890 sabiam muito bem do ponto de vista favorável ao domingo por parte da União das Mulheres Cristãs em Prol da Temperança, mas procuraram cooperar com a entidade o máximo possível naquela época.
Havia outros adventistas que não tinham certeza se essa era a atitude correta. Por exemplo, Alonzo T. Jones, editor da Review and Herald, publicou uma série de editoriais sugerindo que essa União era apóstata e ainda não tinha feito o suficiente em sua oposição à tolerância religiosa.
Essa mentalidade maniqueísta desencadeou uma série de cartas da Ellen White. Por ser uma pessoa disposta a trabalhar mesmo com um pouco de conflito, ela aconselhou Jones a não ser tão duro e crítico com aqueles que não viam as coisas com os olhos adventistas. Escreveu: “Há verdades vitais sobre as quais eles receberam bem pouca luz.” Por isso, “devem ser tratados com carinho, amor e respeito pela boa obra que realizam. Você não deve lidar com eles dessa maneira” (Ct 62, 1900).
Ela observou que não estava argumentando com a “real verdade” da posição de Jones, mas, sim, com sua falta de visão, tato e gentileza. Afirmou que a abordagem dele levaria os membros da União das Mulheres Cristãs em Prol da Temperança a concluir: “Veja bem, é impossível ter qualquer contato com os adventistas do sétimo dia; pois só nos dão a escolha de nos relacionarmos com eles se acreditarmos exatamente da mesma forma que eles” (ibid.).
Assim ela se opôs por completo à atitude radical. Em vez disso, comentou: “Devemos tentar conquistar a confiança das atuantes na União das Mulheres Cristãs e nos harmonizar com elas tanto quanto possível. Elas podem aprender coisas de nós e nós delas” (ibid.).
Ela orientou Jones a não representar a verdade como algo “tão pavoroso” que leva os outros a se afastarem desesperados. Insistiu que demonstrasse “ternura cristã” àqueles que não viam as coisas como ele (ibid.).
Como está meu “quociente de tolerância”? Minha abordagem com aqueles que diferem de mim expressa “ternura cristã”?
20 de abril / Segunda – Possibilidades de Cooperação – 3
Cada um ajuda o outro e diz a seu irmão: “Seja forte!” Isaías 41:6
As redefinições relativas à porta fechada e à Babilônia abriram caminho para os guardadores do sábado cooperarem com pessoas que diferiam deles teologicamente. Entretanto, quais seriam os princípios orientadores dessa cooperação?
Mais uma vez, o apoio à santificação do domingo pela União das Mulheres Cristãs em Prol da Temperança provê um bom exemplo. Ellen White escreveu: “Luz me foi concedida que, enquanto não houver sacrifício de princípios de nossa parte, tanto quanto possível devemos nos unir a elas nos esforços em prol das reformas de temperança. […]
“Foi-me mostrado que não devemos afastar as atuantes Mulheres Cristãs em Prol da Temperança. Ao nos unirmos com elas em prol da abstinência total, não mudamos de opinião quanto à observância do sétimo dia e podemos demonstrar nosso apreço pela posição que elas adotam na questão da temperança.
“Ao abrir a porta e convidá-las a se unir a nós na questão da temperança, garantimos a ajuda delas nesse aspecto. E elas, ao se unirem a nós, ouvirão novas verdades que o Espírito Santo está esperando para com elas lhes impressionar o coração” (RH, 18 de junho de 1908).
Foi o mesmo espírito de conciliação que levou Ellen White a sugerir que os pastores adventistas conhecessem os outros ministros de sua região, deixando-os saber que os adventistas eram “reformadores, mas não fanáticos”. Seu conselho foi que se concentrassem nos “terrenos comuns” que os adventistas compartilham com os outros e “apresentar a verdade tal como é em Jesus”, em vez de menosprezar as outras igrejas. Usando tais técnicas, os pastores adventistas poderiam “aproximar-se dos pastores de outras denominações” (Ev, p. 143, 144, 227, 562).
Precisamos tomar cuidado para não disparar a “arma da Babilônia” em direção a todos que não entendem as coisas como nós. A história adventista é reveladora nesse aspecto. A redefinição do tema Babilônia, nos anos 1850, provê um fundamento crucial para a participação do adventismo em um mundo que ainda não chegou ao fim.
Esse foi o fruto do crescimento de Tiago White na compreensão sobre as duas etapas da queda de Babilônia, em 1859. Precisamos aprender a viver na tensão de trabalhar com aqueles que diferem de nós ao mesmo tempo em que nos mantemos firmes, de pé nas belas verdades bíblicas que nos tornam um povo. A outra opção seria viver numa clausura completa.
Ajuda-nos, Senhor, a aprender os princípios e as necessidades de cooperação enquanto tentamos mudar o mundo.
21 de abril / Terça – O Ajuste da Primeira Mensagem Angélica – 1
Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas. Apocalipse 14:6, 7
Que mensagem poderosa! Os adventistas ouvem sobre ela o tempo todo, mas é provável que não parem para analisá-la.
A mensagem tem quatro ensinos centrais. Primeiro, o evangelho eterno. Para os mileritas, o evangelho eterno era mais do que meramente a cruz e a ressurreição de Cristo. Ele também incluía a melhor das boas-novas: que Jesus está voltando para cumprir plenamente as bênçãos que Sua crucifixão e vitória sobre a morte tornaram possíveis. Portanto, o evangelho eterno abrange o segundo advento, a ressurreição dos que morreram em Cristo, a trasladação dos vivos para o encontro com Cristo nos ares e o reino do Céu em sua plenitude. O evangelho eterno envolvia tudo isso e muito mais para os mileritas e os primeiros guardadores do sábado.
A segunda parte da mensagem estipula que ela deve ser pregada a toda a Terra. Por isso, J. V. Himes enviou literatura milerita a todos os postos missionários do mundo. Os primeiros guardadores do sábado chegaram a dizer que os mileritas haviam cumprido a comissão durante o início dos anos 1840. Foi só aos poucos que eles compreenderam suas responsabilidades missiológicas.
A terceira parte, a proclamação da hora do juízo de Deus, os mileritas interpretavam como o segundo advento. Para eles, tratava-se do juízo executivo. Sobre esse ponto, os guardadores do sábado tiveram novas ideias.
A quarta parte, relacionada à adoração ao Criador, não era muito enfatizada pelos mileritas. Entretanto, como vimos algumas semanas atrás, os guardadores do sábado consideraram corretamente que tais palavras aludiam ao sábado, refletindo Êxodo 20 e Gênesis 2:1-3. Eles enxergaram uma alusão ao sábado em Apocalipse 12:17 e 14:12, versículos que dizem que Deus teria um povo guardador dos mandamentos nos últimos dias. Portanto, a parte da adoração ao Criador, de Apocalipse 14:7, formava um aspecto central do ensino adventista.
As três mensagens angélicas de Apocalipse 14 são as últimas dadas por Deus a um mundo à beira da morte. Precisamos passar mais tempo refletindo no significado que elas têm em nossos dias.
22 de abril / Quarta – O Ajuste da Primeira Mensagem Angélica – 2
Foram postos uns tronos, e o Ancião de Dias Se assentou; […] milhares de milhares O serviam, e miríades de miríades estavam diante dEle; assentou-se o tribunal, e se abriram os livros. Daniel 7:9, 10
Além da ênfase ao sétimo dia, em Apocalipse 14:7, uma mudança importante que os guardadores do sábado fariam na interpretação da primeira mensagem angélica se concentrava nas palavras “é chegada a hora do Seu juízo”.
Os mileritas haviam identificado a cena do juízo de Daniel 7, a purificação do santuário de Daniel 8:14 e o julgamento de Apocalipse 14:7 como o juízo que ocorreria no segundo advento. Logo, para eles, tratava-se de um juízo executivo, o momento em que Deus daria a recompensa segundo aquilo que os seres humanos haviam escolhido e feito (ver Mt 16:27). Charles Fitch declarou que o juízo de Apocalipse 14:7 se referia à “destruição” do mundo.
Os guardadores do sábado, após anos de estudo por parte de alguns, começaram a entender que o juízo mencionado nessas passagens era o julgamento pré-advento, ou o que passariam a chamar de juízo investigativo. Todavia, essa nova interpretação causaria conflito em suas fileiras, uma vez que nem todos os líderes aceitaram o conceito até a metade ou o fim da década de 1850. Alguns críticos, do século 20, ensinaram que os adventistas logo transformaram o juízo em um acontecimento anterior ao advento depois de 1844 a fim de justificar o desapontamento. No entanto, isso não se confirma pelos fatos históricos.
Para começar, o conceito do juízo pré-advento surgiu antes do desapontamento de outubro de 1844. Josiah Litch desenvolveu essa ideia no fim dos anos 1830. Sua visão principal na época era que o julgamento precisava preceder a ressurreição.
Em 1841, ele escreveu: “Nenhum tribunal humano pensaria em executar juízo sobre um prisioneiro antes que fosse julgado, quanto menos Deus.” Logo, o Senhor, antes da ressurreição, deveria julgar cada ato humano. Na ressurreição, Ele executará o juízo de acordo com Suas decisões. Vários mileritas adotaram a perspectiva de Litch antes de outubro de 1844. E isso não foi muito difícil, pois o ensino bíblico de que Cristo recompensará as pessoas quando vier nas nuvens do céu sugere que, antes desse momento, Deus já terá decidido quem se levantará na primeira ressurreição.
Temos razões para agradecer por servirmos a um Deus justo, que não é arbitrário e se baseia em evidências, em vez de depender de caprichos despóticos.
23 de abril / Quinta – O Ajuste da Primeira Mensagem Angélica – 3
Mas, depois, se assentará o tribunal para lhe tirar [do chifre pequeno] o domínio. […] O reino, e o domínio […] serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. Daniel 7:26, 27
Vimos ontem que, no final dos anos 1830, Josiah Litch começou a interpretar que as palavras “é chegada a hora do Seu juízo” de Apocalipse 14:7 se referiam a algo anterior ao dia do juízo final. O próprio Litch acreditava que o julgamento ou juízo pré-advento havia começado em 1798, no fim dos 1.260 dias de Daniel 7:25, e terminaria antes do segundo advento, no fim das 2.300 tardes e manhãs.
A ideia de um juízo pré-advento não morreu com o desapontamento de outubro de 1844. Enoch Jacobs, por exemplo, não era guardador do sábado; mas, após debater sobre o peitoral do juízo usado no Dia da Expiação, declarou em novembro de 1844: “A menos que algo tão decisivo quanto o início do julgamento tenha ocorrido no décimo dia [22 de outubro de 1844], o antítipo ainda não foi dado, a profecia não se cumpriu e continuamos em trevas.” Para Jacobs, “o juízo se iniciaria antes da aparição pessoal de Cristo e da ressurreição dos santos”.
Mais uma vez, em janeiro de 1845, Apollos Hale e Joseph Turner conclamaram uma compreensão mais profunda das parábolas das bodas. Em particular, destacaram que o relato de Lucas 12:35 diz que as pessoas precisaram esperar Cristo voltar do casamento. Os pregadores observaram que, na parábola de Mateus 22, há uma cena de julgamento na qual o rei examina os convidados para ver se eles estavam trajando a veste nupcial.
Turner e Hale conectaram essas parábolas das bodas à recepção de Cristo em Seu reino na cena de julgamento de Daniel 7. Concluíram que, a partir de 22 de outubro, Jesus tinha uma nova obra a realizar “no mundo invisível”. Por isso proclamaram: “O julgamento é aqui!”
Em 20 de março de 1845, Miller também havia igualado o juízo de Apocalipse 14 à cena de julgamento de Daniel 7. Ele destacou que, desde 1844, Deus estava em seu “papel judicial, definindo os casos de todos os justos”, a fim de que “os anjos saibam a quem reunir” na segunda vinda. “Se isso for verdade”, Miller acrescentou, “quem poderia dizer que Deus já não está purificando Seu santuário?”
Obrigado, Senhor, porque um dia removerás todas as forças egoístas que têm controlado o mundo e estabelecerás um reino eterno, no qual governará a justiça.
24 de abril / Sexta – O Ajuste da Primeira Mensagem Angélica – 4
Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial. Mateus 22:11
Ontem vimos que Enoch Jacobs, Apollos Hale, Joseph Turner e Guilherme Miller, no final de 1844 e início de 1845, já relacionavam a data de outubro e a doutrina do santuário ao juízo celestial pré-advento de Daniel 7. Portanto, esses homens, que não eram guardadores do sábado, haviam começado a considerar que passagens tão centrais ao milerismo, como o julgamento de Daniel 7 e a chegada do noivo às bodas, correspondiam ao iniciado juízo pré-advento, em lugar de se referir ao retorno de Cristo nas nuvens do céu. O mesmo raciocínio se aplicava à purificação do santuário de Daniel 8:14 e à hora do juízo de Apocalipse 14:7.
E os líderes guardadores do sábado? Como eles se posicionaram quanto ao ensino de um juízo pré-advento no final dos anos 1840?
José Bates foi bem claro quanto ao assunto. Em 1847, ele escreveu: “A respeito da expressão ‘é chegada a hora do Seu juízo’, deve haver uma ordem e um tempo para Deus, em Sua função judicial, decidir o caso de todos os justos, a fim de que o nome deles seja registrado no Livro da Vida do Cordeiro e estejam totalmente preparados para o grandioso momento da mudança da mortalidade para a imortalidade.” No final de 1848, ele exclamou: “Os santos mortos estão sendo julgados agora.” É provável que Bates tenha sido o primeiro dos líderes guardadores do sábado a ensinar o juízo pré-advento.
Parece que, em 5 de janeiro de 1849, Ellen White concordou com ele sobre o assunto. Ao comentar uma visão recebida nessa data, escreveu: “Vi então que Jesus não abandonaria o lugar santíssimo sem que cada caso fosse decidido, ou para a salvação ou para a destruição” (PE, p. 36).
Até aí tudo bem. Bates e Ellen White pareciam estar em harmonia quanto ao assunto; mas Tiago não. Em setembro de 1850, ele ainda discordava abertamente de Bates quanto ao juízo pré-advento. Nesse mês, ele escreveu: “Muitas mentes estão confusas por visões conflitantes que foram publicadas sobre a questão do juízo. […] Alguns [em referência a Bates] argumentam que o dia do juízo é anterior ao segundo advento. Sem dúvida, tal ponto de vista carece de base da Palavra de Deus.”
Uma lição marginal que podemos aprender é que até mesmo quando os pioneiros adventistas do sétimo dia diferiam um do outro em temas importantes, ainda assim conseguiam se respeitar. Necessitamos desse espírito em nossos dias.
25 de abril / Sábado – O Ajuste da Primeira Mensagem Angélica – 5
Comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Apocalipse 22:12
Ontem vimos Tiago White confrontando José Bates publicamente. Para White, Bates estava confuso a respeito do juízo, por crer que este ocorreria antes do segundo advento. Tiago declarou que tal ensino “carece de base da Palavra de Deus”.
Para Tiago, “o grande dia do juízo durar[ia] mil anos” e começaria no segundo advento. Quanto ao julgamento pré-advento, White observou: “Não é necessário que a sentença final seja dada antes da primeira ressurreição, conforme ensinam alguns; pois o nome dos santos está escrito no Céu, logo Jesus e os anjos certamente sabem a quem ressuscitar e reunir para a Nova Jerusalém.” Portanto, até setembro de 1850, Tiago era contrário a sua esposa e a Bates na questão do juízo pré-advento. Entretanto, isso mudaria, aos poucos.
Evidências circunstanciais da mudança das ideias de Tiago White apareceram na Review de fevereiro de 1854, na qual publicou um artigo de J. N. Loughborough que relacionava a primeira mensagem angélica ao juízo pré-advento. Muito embora Loughborough não o tenha escrito para a publicação, Tiago observou, em uma rápida introdução, que o imprimira de qualquer forma porque “responde a perguntas que nos têm sido apresentadas”.
Todas as dúvidas de Tiago White foram sanadas em janeiro de 1857, ocasião em que publicou um estudo completo do julgamento pré-advento de própria autoria. Segundo ele, tanto os justos quanto os ímpios “serão julgados antes de ressuscitarem dos mortos. O juízo investigativo da casa, ou igreja, de Deus acontecerá antes da primeira ressurreição; assim, o julgamento dos ímpios ocorrerá durante os mil anos de Apocalipse 20 e eles ressuscitarão no fim desse período”.
O termo “juízo investigativo” fora usado pela primeira vez na imprensa naquele mesmo mês, em um artigo de Elon Everts. Por volta de 1857, os adventistas guardadores do sábado haviam aceitado, em grande escala, o ensino do juízo pré-advento.
O desenvolvimento dessa doutrina ilustra bem como Deus orienta o entendimento de Seus seguidores ao longo do tempo. Ele sempre guia à medida que Seu povo busca uma compreensão aperfeiçoada da Palavra. O Senhor nos dá Sua Palavra, e nós devemos estudá-la em oração, enquanto procuramos conhecer a vontade e os caminhos divinos cada vez mais claramente.
26 de abril / Domingo – As Boas-Novas do Juízo!
Enquanto eu olhava, esse chifre começou a lutar contra o povo de Deus e estava vencendo, até que chegou Aquele que sempre existiu. Ele julgou a favor do povo do Deus Altíssimo, pois havia chegado o tempo de esse povo começar a reinar. Daniel 7:21, 22, NTLH
O juízo é uma boa notícia! O juízo é o evangelho! Porém, infelizmente não é assim que muitos adventistas consideram o assunto.
Lembro-me da primeira vez que fui a uma igreja adventista. Eu morava em uma cidade ligada ao comércio marítimo, na baía de San Francisco, e não tinha o menor interesse no cristianismo, muito menos no juízo! Entretanto, eu havia conhecido uma moça que me levou à igreja.
Todo aquele lugar foi um choque para mim. No entanto, o golpe fatal me atingiu quando uma “senhora” (ela deveria estar na casa dos 40) se levantou perante o grupo de jovens e começou a apontar o dedo para eles, dizendo em termos bem claros que o melhor que tinham a fazer era ficar acordados à noite refletindo e confessando todos os pecados que já haviam cometido. Afinal, ninguém sabia quando seu nome passaria diante do julgamento celestial. E, quando isso acontecesse, se houvesse tão somente um pecado não confessado, eles não passariam a eternidade no destino de sua preferência.
Décadas desse tipo de ensino não só mostraram aos adventistas a “má notícia” do juízo pré-advento, como também os levaram a desprezar o ensino em si. Quanta infelicidade, uma vez que, segundo a Bíblia, o juízo é uma boa-nova para o povo de Deus. Conforme o Senhor disse a Daniel, o juízo pré-advento é “a favor” dos santos. A Bíblia retrata o Juiz do nosso lado. Afinal, foi Deus quem enviou o Salvador. Ele não está tentando manter as pessoas longe do Céu, mas, sim, levar tantas quanto for possível para lá. O Senhor quer encher Sua casa. Contudo, nem todos aceitam Sua oferta de salvação e a mudança de coração que Ele proporciona. Alguns se rebelam contra Seus caminhos, maltratam os outros, tornam-se agressivos e destrutivos. Deus não pode permitir que isso continue para sempre. Logo, essas pessoas também precisam ser julgadas. Para aqueles que escolhem viver em rebelião ativa contra Deus e Seus princípios, o juízo certamente é uma má notícia.
Para os cristãos, porém, é a maior das boas-novas. O julgamento divino é sua vindicação. Como o evento é a favor deles, abre-lhes as portas para o reino eterno. Louvado seja Deus por Seu juízo amoroso!
27 de abril / Segunda – Retrospectiva Sobre o Juízo
Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do Homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-O dentre os mortos. Atos 17:31, NVI
Juízo. Um assunto temível para alguns e esperançoso para outros, mas complexo para todos. Hoje queremos parar um pouco e analisar de forma ampla esse tema. A maioria das pessoas acha que o juízo é um evento único que acontecerá em algum momento próximo ao fim dos tempos ou que ocorre na vida das pessoas quando morrem. Entretanto, os primeiros adventistas descobriram que o juízo é um processo, em vez de um evento único. Em 1857, Tiago White dividia o juízo em quatro fases distintas.
Segundo ele, a primeira fase seria o juízo pré-advento ou investigativo daqueles que afirmam seguir o Deus da Bíblia. Os primeiros adventistas entenderam, por meio da tipologia do Dia da Expiação, o fato de que esse juízo incluiria apenas o povo de Deus. Nesse dia, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo usando o peitoral do juízo, no qual se encontrava inscrito o nome do povo de Deus. E era por esse grupo que ele intercedia no dia do juízo anual.
A segunda etapa é o que os adventistas classificavam como um juízo executivo que ocorrerá no segundo advento, quando Deus dará bênçãos a Seu povo (Ap 22:12; Mt 16:27).
A terceira fase é o julgamento durante o milênio, mencionado em Apocalipse 20:4. “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar.” Nesse momento, você pode estar se perguntando o que resta para ser julgado. Afinal, os justos estão no Céu com Deus, e os ímpios dormem na sepultura. Ambos os fatos são verdadeiros, mas os ímpios ainda não enfrentaram a destruição eterna. E, antes que isso aconteça, Deus dá a todos a oportunidade de ver os registros dos injustos durante o milênio. Ninguém precisará ter dúvidas. Ele dará tempo para todos reconhecerem Sua justiça. Portanto, a etapa milenar do julgamento é, em certo sentido, um juízo “investigativo” dos ímpios. Entretanto, acima de tudo, trata-se de um julgamento da justiça de Deus e da coerência de Suas decisões.
A fase final do juízo ocorrerá no fim das eras, quando o juízo executivo eliminar para sempre aqueles que continuaram a rejeitar a Deus e Seus princípios (Ap 20:9, 12-15). Essa última etapa não é feliz, mas Deus não tem escolha, pois Seu intuito é eliminar definitivamente o pecado. Seu desejo é que todos se arrependam, mas Ele não força a vontade de ninguém.
28 de abril / Terça – Quando Começa o Sábado? – 1
De uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado. Levítico 23:32
Ao contrário da questão do juízo pré-advento, os principais líderes do início do adventismo não divergiam quanto ao momento do início e do fim do sábado.
Apesar de os batistas do sétimo dia, de quem Bates aprendeu indiretamente a doutrina do sábado, o guardarem de um pôr do sol a outro, ele argumentava que a observância deveria ocorrer das 18h da sexta-feira até as 18h do sábado.
Em seu livro de 1846, sobre o sábado, ele defendeu tal posição, afirmando:
“A história revela que os judeus […] davam início a seus dias às seis da tarde.” Não sei em qual história ele pesquisou, ou se inferiu tal conclusão de algo que estava lendo, mas a realidade é que Bates não poderia estar mais errado.
Ele também enumerou razões teóricas para guardar o sábado das 18h às 18h. Para simplificar, ele dizia que se todos honrassem o sábado de um amanhecer até o outro, ou de um pôr do sol ao outro, as pessoas nas diferentes latitudes guardariam o sábado em horários diferentes. E com certeza Deus não queria isso. Logo, concluiu, uma vez que o sol se põe às 18h no Equador, ao longo do ano inteiro, que se todos seguissem esse horário, todos observariam o mesmo sábado, tal como o Senhor queria.
Essa não era uma questão pequena para o capitão. Afinal, ele declarou em 1849: “É tão pecaminoso aos olhos de Deus rejeitar voluntariamente a luz da Bíblia sobre o início do sábado […] quanto não guardá-lo de maneira alguma.”
Tratava-se de uma convicção poderosa. E Bates era um entusiasta vigoroso e persistente quando se convencia de algo.
Como resultado, a igreja recebeu repetidas vezes a mensagem de que o sétimo dia começava às 18h, e Bates conseguiu influenciar quase todos os guardadores do sábado com sua interpretação, inclusive Tiago e Ellen White. Portanto, por dez anos, eles e a maioria dos outros adventistas guardaram o sábado de forma errada.
Isso sim é um problema! E qual foi a atitude de Deus diante desse erro? Condenou-os à “prisão” espiritual por estarem errados?
É claro que não. Essa é a amplitude da misericórdia de Deus. Em nossa sinceridade, Ele nos aceita da maneira que estamos. No entanto, não para por aí. Também nos conduz gentilmente ao caminho da verdade.
29 de abril / Quarta – Quando Começa o Sábado? – 2
Senão no lugar que o Senhor, teu Deus, escolher para fazer habitar o Seu nome, ali sacrificarás a Páscoa à tarde, ao pôr do sol. Deuteronômio 16:6
Como Deus pôde deixar Seu povo viver no erro sobre o momento do início do sábado durante dez anos? Eu não sei, mas tenho certeza de que foi isso que Ele fez. Talvez isso nos revele algo sobre o Senhor.
Devemos reconhecer que nem todos os adventistas achavam que Bates estava certo quanto ao argumento das 18 horas. Alguns defendiam o começo ao amanhecer, outros, ao pôr do sol, e uns poucos, à meia-noite.
Em 1854, a questão se tornara tão problemática que Tiago White temia uma “divisão, a menos que fosse resolvida por meio de um bom testemunho”. Tiago afirmou que nunca se satisfizera por completo com o argumento das 18h e que os guardadores do sábado nunca haviam feito uma investigação completa na Bíblia. Mais tarde, ele observou que, sem dúvida, a posição obstinada de Bates “sobre a questão, o respeito por sua idade e sua vida piedosa” foram os motivos por não terem “estudado antes” a questão nas Escrituras “de modo tão completo quanto se fez nas outras crenças”.
No verão de 1855, White pediu ao jovem John Nevins Andrews para preparar um estudo sobre o assunto na Bíblia. Andrews era a pessoa certa. Detalhista ao extremo, apegou-se à tarefa com toda a dedicação.
Andrews acreditava firmemente no argumento das 18h, por isso ficou chocado com o que descobriu:
“Sacrificarás a Páscoa à tarde, ao pôr do sol” (Dt 16:6).
“O homem que o tocar será imundo até à tarde. […] Posto o sol, então, será limpo” (Lv 22:6, 7).
“À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os enfermos” (Mc 1:32).
Passagem após passagem aparecia à medida que Andrews reunia evidências bíblicas sobre a definição das Escrituras para “tarde”.
Suas conclusões: (1) a Bíblia não fornecia nenhuma evidência para o horário das 18h; e (2) “as Escrituras, mediante várias declarações claras, estabelece o fato de que tarde equivale ao pôr do sol”.
Ele apresentou suas conclusões em uma reunião geral dos guardadores do sábado, em 17 de novembro de 1855. Eles, então, passaram a agir de acordo com essa “nova” luz bíblica.
Senhor, ajuda-nos a manter a mente aberta à Tua Palavra, mesmo quando temos convicção de conhecer a verdade.
30 de abril / Quinta – Quando Começa o Sábado? – 3
Todos os dias estudavam as Escrituras Sagradas para saber se o que Paulo dizia era mesmo verdade. Atos 17:11, NTLH
O estudo diligente da Bíblia era crucial para os primeiros adventistas guardadores do sábado. Foi isso que aconteceu, conforme vimos ontem, na questão do início e fim do sétimo dia.
Tiago White relatou que o estudo da Bíblia, realizado por Andrews em 1855, resolveu a questão na mente da maioria dos presentes, inclusive para ele, de que o horário do pôr do sol era o correto.
Entretanto, nem todos concordaram com as conclusões de Andrews. Conforme disse White, “Bates e alguns outros” naquele momento não entraram em harmonia com o corpo de crentes. O capitão havia ensinado a posição das 18h por uma década e trabalhou com afinco para defender seu ponto de vista.
Nisso encontramos um problema. Alguns dos líderes do movimento se apegaram à antiga posição mesmo depois de o estudo da Bíblia mostrar com clareza, texto após texto, que a “tarde” das Escrituras começava ao pôr do sol; logo, o sábado também, por definição bíblica, deveria iniciar nesse momento. Afinal, Deus ensinara de maneira inquestionável: “de uma tarde a outra tarde, celebrareis o vosso sábado” (Lv 23:32).
A despeito do estudo sobre o assunto na Bíblia, “Bates e alguns outros” ainda tentaram justificar a antiga abordagem por meio da aplicação “lógica” da razão humana, baseada em textos aleatórios tirados daqui e dali.
Tiago White não identificou quem eram os “outros” que se posicionaram contra a igreja na questão do horário de começar o sábado. No entanto, Uriah Smith nos conta quem foi pelo menos uma dessas pessoas: Ellen White.
A tensão em relação ao assunto, com dois dos três fundadores em desarmonia com a maioria, deve ter sido algo grave e evidente para todos.
Tiago relembrou posteriormente que, dois dias depois de Andrews apresentar seu estudo, eles “fizeram uma reunião especial de oração”, durante a qual “a Sra. White teve uma visão que incluiu a informação de que a hora do pôr do sol estava correta, de acordo com a pesquisa de Andrews. Isso resolveu a questão com o irmão Bates e com os outros. Desde então, a harmonia prevaleceu entre nós a esse respeito”.
Quer gostemos, quer não, às vezes podemos discordar de nossos irmãos. Mesmo assim, temos motivos para agradecer ao ver que Deus está disposto a guiar Seu povo rumo à unidade.