A transferência de Paulo para Cesareia inaugurou um período de dois anos de prisão do apóstolo naquela cidade (At 24:27), mais precisamente no pretório de Herodes (At 23:35), a residência oficial do governador romano. Durante esse período, Paulo teve várias audiências nas quais compareceu diante de dois governadores romanos (Félix e Festo) e um rei (Agripa II), dando assim prosseguimento ao ministério que Deus lhe concedera (At 9:15).
Em todas as audiências, Paulo sempre se declarou inocente, alegando que nenhuma evidência podia ser produzida contra ele, conforme demonstrava a ausência de testemunhas. Na verdade, toda a narrativa pretende mostrar que Paulo não havia feito nada que justificasse a prisão e que poderia ser posto em liberdade, caso não tivesse apelado para César (At 26:32). Essas audiências, porém, concederam-lhe oportunidades de testemunhar sobre Jesus e a grande esperança encontrada na promessa da ressurreição.
No entanto, aqueles foram anos de profunda ansiedade e de confinamento tedioso, em que o apóstolo parece não ter obtido nenhum apoio da igreja em Jerusalém, cujos líderes mostravam “a opinião que ainda mantinham, de que Paulo devia ser responsabilizado em grande parte pelos preconceitos existentes” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 403).
Cinco dias após a transferência de Paulo para Cesareia, um grupo de líderes judeus importantes – o sumo sacerdote, alguns membros do Sinédrio e um advogado chamado Tértulo – vieram de Jerusalém e formalmente apresentaram diante de Félix suas acusações contra o apóstolo (At 24:1-9).
Esse é o único julgamento em Atos em que os acusadores empregaram um advogado. Em seu discurso, Tértulo tentou uma estratégia interessante para ganhar o favor do governador. Simplesmente não era verdade que, sob o governo de Félix, os judeus tinham desfrutado de um longo período de paz. Na verdade, nenhum outro governador havia sido tão repressivo e violento, e isso gerou um enorme antagonismo entre os judeus em relação ao governo romano. Com muita criatividade, Tértulo usou a própria política administrativa do governador para convencê-lo de que ele alcançaria estabilidade política nesse caso também apenas por meio de severa repressão.
Em seguida, ele apresentou três acusações específicas contra Paulo: (1) que ele era um agitador que constantemente fomentava distúrbios entre os judeus por todo o império (At 24:5); (2) que era um líder dos nazarenos (At 24:5), o que implicava o cristianismo, em sua totalidade, como uma espécie de movimento revolucionário; e (3) que havia tentado profanar o templo de Jerusalém (At 24:6).
1. De acordo com Atos 24:10-19, como Paulo respondeu a cada uma das acusações?
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Dois outros pontos levantados por Paulo foram devastadores para a acusação: (1) a ausência das testemunhas da Ásia (At 24:18, 19), o que tinha potencial para tornar o julgamento inválido; e (2) o fato de que os judeus ali só podiam falar da audiência de Paulo perante o Sinédrio ocorrida na semana anterior (At 24:20); assim sendo, não tinham nada de que acusá-lo, à exceção de sua crença na ressurreição dos mortos (compare com At 23:6).
Félix imediatamente entendeu o peso dos argumentos de Paulo, ainda mais porque ele também estava um pouco familiarizado com o cristianismo, provavelmente por causa de sua esposa judia, Drusila. O fato é que ele decidiu suspender o processo até receber novas informações (At 24:22).
A resposta de Félix (At 24:24-27) revela muito sobre seu caráter: ele procrastinou, podia ser subornado e foi oportunista. Paulo tinha poucas chances de ter um julgamento justo com alguém como Félix.
Depois de manter Paulo na prisão por dois anos, apenas para ganhar o favor dos judeus, Félix foi substituído por Pórcio Festo no governo da Judeia (At 24:27). Festo governou de 60 a 62 d.C.
2. Leia Atos 25:1-5. Como esse episódio revela o ódio que a pregação da verdade pode causar naqueles que não desejam crer nela?
Provavelmente pelo fato de já terem falhado uma vez na tentativa de convencer Félix das acusações contra Paulo, os líderes judaicos não quiseram arriscar novamente. No que parece ter sido a primeira visita de Festo a Jerusalém, eles solicitaram, como favor, uma mudança de jurisdição, pedindo-lhe que lhes entregasse Paulo de volta, para que ele pudesse ser julgado pelo Sinédrio de acordo com a lei judaica.
O pedido, porém, era apenas um disfarce para esconder a verdadeira intenção daqueles líderes: matar Paulo. Embora Festo estivesse disposto a reabrir o caso, ele declarou que a audiência ocorreria em Cesareia, não em Jerusalém, o que significava que Paulo seria julgado pela lei romana.
Assim que Festo voltou para Cesareia, ele convocou o tribunal, e os adversários de Paulo começaram a apresentar as acusações contra o apóstolo (At 25:7). Desta vez, Lucas não relata as acusações, mas com base na resposta de Paulo (At 25:8), podemos ver que elas eram semelhantes àquelas apresentadas dois anos antes, talvez com a ênfase adicional de que, por ser um agitador, Paulo também representava uma ameaça para o império.
3. Leia Atos 25:9-12. Ao perceber que Festo poderia usá-lo por razões políticas, como Paulo reagiu? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Denunciou Festo.
B. ( ) Apelou para César.
Festo não se mostrou diferente de Félix em relação às suas estratégias políticas (At 24:27). Não desejando perder o apoio dos judeus tão cedo ao declarar que Paulo era inocente, ele pensou em atender o pedido dos líderes judaicos: permitir que o apóstolo fosse julgado pelo Sinédrio em Jerusalém.
Isso, contudo, era inaceitável para Paulo, que sabia que não seria tratado com justiça em Jerusalém e que estaria entregue aos caprichos de seus inimigos. Então, valendo-se de suas prerrogativas romanas, insistiu que tinha o direito de ser julgado por um tribunal romano e, sem ver outra alternativa, resolveu apelar para a mais alta instância da justiça romana, que era o próprio imperador.
Festo concordou em atender o pedido de Paulo de enviá-lo a Roma (At 25:12). Enquanto isso o governador, ao receber uma visita de Estado de Herodes Agripa II, aproveitou para consultá-lo sobre o caso de Paulo, especificamente sobre o tipo de informação que ele deveria enviar ao imperador em seu relatório oficial. Festo ainda não estava muito familiarizado com os assuntos judaicos, e Agripa certamente poderia ajudá-lo (At 26:2, 3).
4. Leia Atos 25:13-22. O que Festo disse a Agripa sobre Paulo e como o rei respondeu? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:
A. ( ) Relatou as acusações e a prisão de Paulo. O rei respondeu que também desejava ouvir Paulo.
B. ( ) Disse que Paulo era culpado. O rei condenou o apóstolo sem um julgamento.
Agripa II, o último dos Herodes, chegou a Cesareia com sua irmã Berenice para saudar o novo governador.
Ao descrever o caso de Paulo, Festo revelou sua surpresa de que as acusações contra ele não estavam relacionadas a nenhuma ofensa importante, nem política nem criminal. Em vez disso, elas tinham a ver com questões relativas à religião judaica, especificamente com um certo Jesus, “já morto, o qual Paulo” insistia que estava “vivo” (At 25:19). Paulo já havia declarado diante do Sinédrio que ele estava sendo julgado por causa de sua crença na ressurreição de Jesus; e, naquele momento, Festo deixou claro que esse era realmente o verdadeiro assunto em questão.
5. Leia Atos 25:23-27. Como Lucas descreve a cerimônia em que Paulo compareceu perante Agripa?
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“E agora Paulo, ainda algemado, achava-se diante do grupo reunido. Que contraste era ali apresentado! Agripa e Berenice possuíam poder e posição e, por isso, eram favorecidos pelo mundo. Contudo, eram destituídos dos traços de caráter que Deus estima. Eram transgressores de Sua lei, corruptos de coração e vida. Sua conduta não era apreciada pelo Céu” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 434).
Com o cenário preparado e os nobres convidados assentados ao lado do governador, o prisioneiro foi trazido para apresentar sua defesa, que visava principalmente Agripa, visto que Festo já a conhecia (At 25:8-11).
6. Leia Atos 26:1-23. O que Paulo estava fazendo em seu discurso perante o rei Agripa? Assinale a alternativa correta:
A. ( ) Tentando testemunhar de sua conversão e obter o favor do rei Agripa.
B. ( ) Acusando Festo de tê-lo tratado com crueldade.
O discurso de Paulo foi, na verdade, um relato autobiográfico de sua vida antes e depois da conversão. Em termos de conteúdo, o discurso lembra o de Atos 22:1-21, que ele fez diante da multidão em Jerusalém.
O apóstolo começa tentando garantir o favor de Agripa. Ele demonstra gratidão pela oportunidade de relatar seu caso diante de uma pessoa tão eminente, ainda mais porque Agripa estava bem familiarizado com todos os costumes e questões relacionados à fé judaica. Por esse motivo, Agripa poderia ser de grande ajuda para que o governador romano compreendesse que as acusações contra Paulo não tinham nenhum mérito e eram falsas.
O discurso pode ser dividido em três partes. Na primeira parte (At 26:4-11), Paulo descreve sua antiga piedade farisaica, que era amplamente conhecida entre seus contemporâneos em Jerusalém. Como fariseu, ele cria na ressurreição dos mortos, que era essencial para o cumprimento da esperança de Israel. Os judeus, portanto, estavam sendo incoerentes ao se opor ao ensino de Paulo, pois não havia nada nele que não fosse fundamentalmente judaico. Entretanto, ele entendia bem a atitude deles, porque ele mesmo havia achado tão inacreditável que Deus pudesse ter ressuscitado Jesus que até perseguira aqueles que acreditavam nisso.
Na segunda parte (At 26:12-18), Paulo relata como sua perspectiva tinha mudado desde seu encontro com Cristo na estrada para Damasco e o chamado que recebera para levar a mensagem do evangelho aos gentios.
Por fim, Paulo declara que o impacto do que ele havia visto (At 26:19-23) tinha sido tão grande que não lhe havia deixado escolha senão obedecer e realizar sua missão, a única razão pela qual ele estava sendo julgado. A questão por trás de sua prisão, portanto, não era que ele tivesse violado a lei judaica nem profanado o templo; em vez disso, era a sua mensagem sobre a morte e ressurreição de Jesus, que estava em plena harmonia com as Escrituras e permitia aos gentios participar igualmente da salvação.
Embora Paulo estivesse falando com Agripa, Festo foi o primeiro a reagir (At 26:24). Festo não teria apresentado objeções se Paulo tivesse falado sobre a imortalidade da alma, mas mesmo os antigos greco-romanos sabiam que ambos os conceitos – imortalidade e ressurreição – não se harmonizam. Portanto, eles mantinham o primeiro e rejeitavam o último. Por essa razão, Paulo afirmou que o evangelho era loucura para os gentios (1Co 1:23).
De maneira respeitosa, Paulo defende a sanidade de suas ideias e se volta para Agripa, um judeu que não só podia compreendê-lo, mas também confirmar que suas palavras estavam de acordo com os profetas hebreus (At 26:25, 26).
7. Leia Atos 26:27, 28. Qual foi a resposta de Agripa à pergunta direta de Paulo? Complete as lacunas:
“Por pouco me ___________ a me fazer __________” (At 26:28).
A pergunta de Paulo colocou Agripa em uma posição difícil. Como judeu, ele nunca negaria sua crença nas Escrituras; por outro lado, se ele respondesse afirmativamente, não haveria outra opção senão aceitar Jesus como o Messias. Sua resposta foi uma fuga inteligente da armadilha lógica em que se encontrava: “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão?” (At 26:28, NVI) – essa é uma tradução melhor do grego que a tradicional: “Por pouco me persuades a me fazer cristão” (ARA).
A resposta de Paulo revela um grande compromisso com o evangelho: “Em pouco ou em muito tempo, peço a Deus que não apenas tu, mas todos os que hoje me ouvem se tornem como eu, porém sem estas algemas” (At 26:29, NVI). Em suas últimas palavras, o apóstolo não pediu para ter liberdade, a exemplo dos que o ouviam. Em vez disso, ele queria que eles pudessem ser como ele, exceto pelas algemas. O zelo missionário de Paulo ultrapassava grandemente sua preocupação com a própria segurança.
8. Leia Atos 26:30-32. Como o rei Agripa expressou sua convicção da inocência de Paulo?
Festo precisava da ajuda de Agripa apenas para preencher o relatório (At 25:25-27). A apelação de Paulo a César já havia sido formalmente concedida (At 25:12). O prisioneiro não estava mais sob a jurisdição do governador.
“Ao ouvir essas palavras, será que Agripa recordou-se da história passada de sua família, e de seus esforços infrutíferos contra Aquele sobre quem Paulo estava pregando? Ele pensou em seu bisavô Herodes e no massacre das crianças inocentes de Belém? Em seu tio-avô Antipas e no assassinato de João Batista? Em seu próprio pai, Agripa I, e no martírio do apóstolo Tiago? Viu ele nos desastres que rapidamente sucederam a esses reis uma evidência do desprazer de Deus em consequência dos crimes que cometeram contra Seus servos?
“Será que o luxo e a exibição daquele dia fizeram com que Agripa se lembrasse da ocasião em que seu próprio pai, um monarca mais poderoso que ele, esteve naquela mesma cidade, trajado de vestes brilhantes, enquanto o povo gritava que ele era um deus? Havia ele se esquecido de como, mesmo antes de terem cessado as aclamações de admiração, a vingança, rápida e terrível, caíra sobre o vaidoso rei? Um pouco de tudo isso cruzou rapidamente a memória de Agripa, mas sua vaidade foi adulada pela brilhante cena que estava diante dele, e o orgulho e a vaidade baniram todos os pensamentos mais nobres” (Comentários de Ellen G. White em Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1186).
Perguntas para discussão
1. Analise a decisão de Paulo de recorrer a César. Essa decisão foi correta (compare com At 25:25; 26:31, 32)? Até que ponto podemos tomar decisões para nos proteger, em vez de apenas confiar nos cuidados de Deus? Quando tomamos decisões significa que não confiamos em Deus?
2. Leia a declaração de Paulo em Atos 26:19. O que ela revela sobre Paulo? Temos sido fiéis ao nosso chamado (1Pe 2:9, 10)?
3. Paulo tinha paixão por pessoas – não por números, mas por pessoas. Em sua audiência final em Cesareia, ele disse ao auditório que o desejo de seu coração era que todos fossem como ele; isto é, salvos pela graça de Deus (At 26:29). Ele não desejava sua liberdade mais do que a salvação deles. O que aprendemos com seu exemplo? Estamos dispostos a fazer sacrifícios pelo evangelho?
4. Agripa teve a chance de ouvir o evangelho dos lábios de Paulo. No entanto, ele o rejeitou. Como evitar perder as oportunidades que aparecem bem diante de nós? De que modo podemos ficar espiritualmente sintonizados com as realidades que nos rodeiam?
Respostas e atividades da semana: 1. Desmentiu as acusações sem negar sua fé. Como podemos defender nossa fé diante de pessoas que debocham de nossas crenças? 2. Os judeus pediram que Pórcio Festo enviasse Paulo para ser julgado em Jerusalém, com a intenção de matá-lo. Podemos quebrantar o ódio das pessoas? 3. B. 4. V; F. 5. Peça que um aluno leia o texto e responda à pergunta. 6. A. 7. Persuades – cristão. 8. O rei disse que Paulo não tinha feito nada que merecesse a prisão e que ele bem poderia ser liberto se não tivesse apelado para César.
TEXTO-CHAVE: Atos 26:29
O ALUNO DEVERÁ
Conhecer: Perceber que, às vezes, compartilhar o evangelho inclui defender-se de acusações.
Sentir: A responsabilidade de compartilhar o evangelho da maneira que faça mais sentido.
Fazer: Compartilhar o evangelho em diferentes contextos, fazendo uso da defesa lógica e do testemunho.
ESBOÇO
I. Conhecer: Às vezes, os cristãos são chamados a se defenderem
A. Você costuma pedir desculpas por sua fé ou a defende? Por quê?
B. A cultura atual de compartilhar o evangelho em amor nos permite defender nossa fé? Por quê?
C. Quais são os contextos apropriados para defender nossa fé?
II. Sentir: A responsabilidade de compartilhar o evangelho
A. Quais são algumas maneiras pelas quais podemos compartilhar o evangelho?
B. Quais contextos diferentes exigem distintas maneiras de compartilhá-lo?
C. Como saber qual é a melhor maneira de compartilhar o evangelho em uma determinada situação?
III. Fazer: Compartilhe o evangelho com argumentos lógicos e com seu testemunho
A. Compartilhar nossa história auxilia na defesa do evangelho? Como?
B. Como podemos usar a lógica para ajudar as pessoas a entender o evangelho?
C. É possível nos defender enquanto defendemos o evangelho? Justifique sua resposta.
Resumo: Em Atos 24-26, Paulo defendeu a si mesmo e a sua fé em três ocasiões, diante de três grupos diferentes de pessoas. Com isso, aprendemos como devemos nos defender e também sair em defesa daquilo em que acreditamos.
Ciclo do aprendizado
Motivação
Focalizando as Escrituras: At 26:29
Conceito-chave para o crescimento espiritual: Às vezes, é necessário ser capaz de defender a si mesmo em favor do evangelho, e isso pode ser feito respeitosamente.
Para o professor: Ajude os alunos a identificar as questões morais ou políticas relevantes em seu contexto atual. Alguns pontos mencionados abaixo podem não ser aplicados ao contexto da sua classe; por isso, substitua-os por outros importantes em sua região, caso seja necessário.
Discussão inicial: No mundo atual, muitas vezes entendemos a “defesa da fé” como a luta em favor de posições políticas específicas ou questões morais. Dizemos coisas como: “Você é contra o aborto?”, “Você é a favor de ter oração nas escolas?”, "Nossos currículos de ciências não deveriam incluir a teoria do design inteligente?”, “Certifique-se de escrever para seu representante do governo a fim de que você possa expressar sua preocupação moral.” É válido fazer essas declarações e perguntas e se interessar ativamente por elas. No entanto, parece que, muitas vezes, a defesa da fé cristã é transferida para o apoio a essas diferentes posições. A Lição desta semana nos ajuda a retornar ao que realmente significa defender a fé. Paulo estava sendo mantido em cativeiro, e quando ele teve a oportunidade de falar, seu objetivo não foi denunciar as muitas incoerências morais daqueles que estavam governando. Em vez disso, seu objetivo foi apresentar Jesus de tal maneira que os ouvintes se tornassem cristãos como ele, com exceção das algemas.
Perguntas para discussão
1. Quais são as posições morais e políticas em seu país que os cristãos “devem” defender?
2. Em que aspectos essas posições são semelhantes ou diferentes do evangelho?
Compreensão
Para o professor: No grego, o termo para “defesa” é apologia. Paulo apresentou três diferentes apologias ou defesas nesses três capítulos (At 24–26). Ajude a classe a perceber as diferenças entre esses três discursos e responder à seguinte pergunta: Por que Paulo usou essas táticas diferentes?
Comentário bíblico
Paulo estava sendo mantido em cativeiro em Cesareia. Em três ocasiões ele foi chamado para se defender das acusações dos líderes judeus. Em cada uma dessas oportunidades em que ele apresentou sua defesa, e sempre que considerava possível, Paulo também defendia o evangelho. Primeiramente, o apóstolo foi trazido perante Félix, e depois perante Festo. Em seguida, Festo convocou Paulo para falar diante de Agripa e sua irmã Berenice.
I. Paulo perante Félix
(Recapitule com a classe At 24:10-21.)
Paulo foi levado da cela da prisão em Jerusalém para o pretório de Herodes, em Cesareia. Cinco dias após sua transferência, os líderes judeus se apresentaram juntamente com um representante legal para acusar Paulo. As acusações em geral descreviam Paulo como agitador e perturbador da paz. O discurso foi feito com uma retórica jurídica e era destinado a impressionar Félix com a seriedade das acusações contra Paulo. Depois de ouvir as acusações, Félix concedeu a Paulo o sinal para falar em sua própria defesa. Paulo confrontou cada objeção com uma “apologia” direta, que significa defesa (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament [Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2007], p. 692).
Em sua defesa, Paulo afirmou que não estava causando problemas em Jerusalém, mas concluindo um ritual religioso de purificação. Talvez alguns judeus da Ásia pudessem ter trazido acusações verdadeiras contra o apóstolo, mas eles não estavam ali, e os representantes não tinham evidências das denúncias deles. Paulo foi um dos primeiros apologistas e defensores da fé cristã. No segundo século, os defensores cristãos da fé foram chamados de apologistas. Homens como Justino e Tertuliano escreveram cartas aos membros do governo romano, defendendo os cristãos como cidadãos exemplares, que não faziam mal ao governo romano e que, portanto, não deveriam ser perseguidos. Paulo certificou-se de demonstrar que ele não era um agitador civil, mas que as acusações dos judeus eram sobre assuntos religiosos e não sobre interesses do Estado.
Perguntas para discussão
1. Como podemos fazer hoje nossa própria “apologia”, ou defesa, no tocante aos cristãos como cidadãos ideais?
2. As ações dos cristãos validam essa defesa? Por quê?
II. Paulo perante Festo
(Recapitule com a classe At 25:8-12.)
Félix mandou Paulo de volta à prisão. Porém, ele o trouxe diante de si várias vezes nos dois anos seguintes, esperando receber suborno. A fim de manter o favor dos líderes judeus, Félix deixou Paulo na prisão depois que saiu de seu cargo. Festo era o novo procônsul, e antes de chegar a Cesareia, ele visitou Jerusalém para se encontrar com os líderes judeus. Quando eles lhe apresentaram suas inquietações em relação a Paulo, Festo viu essa questão como uma possível oportunidade política para obter o favor dos judeus. Ele seguiu a lei romana e convidou os líderes judeus a apresentar seu caso em Cesareia para que Paulo pudesse enfrentar seus acusadores (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 700). Os comentários foram abreviados para esse encontro, mas as opiniões eram as mesmas. Os judeus fizeram as mesmas acusações, e Paulo mais uma vez se defendeu. Festo, ainda tentando obter o favor político dos judeus, sugeriu que Paulo fosse a Jerusalém para ser julgado. O apóstolo se recusou, sabendo que ele seria morto e, em vez disso, apelou para a corte superior romana, para que fosse levado a César. Mais uma vez, Paulo declarou sua inocência, o que Festo sabia ser verdade; Festo, portanto, determinou que Paulo fosse para Roma.
Pense nisto: 1. Em sua opinião, por que Paulo apelou a César naquele momento? Por que ele não fez isso antes? 2. A mensagem de Deus, em Atos 23:11, tem a ver com a motivação de Paulo para ir a Roma?
III. Paulo perante Festo e Agripa
(Recapitule com a classe At 26.)
Festo sabia que Paulo era inocente, o que complicava a questão da elaboração da carta que ele devia enviar a Roma juntamente com Paulo. Em virtude de não saber o que escrever na carta, Festo buscou o conselho de Agripa. Então, Paulo foi levado à presença de Agripa e Berenice, irmã de Agripa. Eles eram netos de Herodes, o Grande. Alguns estudiosos sugerem que também fossem amantes incestuosos (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 709, 710.) Paulo poderia ter se levantado para se defender e denunciar os pecados dos governantes, como João Batista havia feito com Herodias. Mas esse não era seu propósito. Paulo estava entusiasmado com a oportunidade de compartilhar o evangelho com Agripa, sabendo que ele acreditava nos profetas do Antigo Testamento. Essa foi a defesa mais longa de Paulo em Cesareia; novamente ele compartilhou seu testemunho como havia feito em Jerusalém. Festo o interrompeu, exclamando que todo o conhecimento de Paulo o tinha deixado louco. Paulo retomou seu discurso mais uma vez, defendendo a si mesmo e à sua fé. Ele ligou o cristianismo às suas raízes judaicas e à esperança da ressurreição, demonstrada em Jesus. Paulo usou palavras como “nós” e “nosso” para ligar Agripa à verdade e, em seguida, concluiu sua defesa com um apelo para que Agripa aceitasse Jesus como o cumprimento da profecia do Antigo Testamento. É interessante notar que Paulo não chamou Jesus de “Senhor” nesse contexto, mas simplesmente O descreveu como O ressuscitado e, portanto, o centro da esperança já cumprida de Israel (veja Darrel L. Bock, Acts: Baker Exegetical Commentary on the New Testament, p. 714.)
Pense nisto: 1. Qual foi a resposta de Agripa ao apelo de Paulo para que ele aceitasse a Cristo? 2. Como Festo reagiu ao depoimento e ao raciocínio de Paulo? 3. Por que Paulo optou por acrescentar seu testemunho à sua defesa perante Agripa?
Aplicação
Para o professor: Ajude a classe a reconhecer seus próprios testemunhos como uma defesa da fé cristã. Ajude também os alunos a descobrir os contextos atuais em que eles talvez precisem defender sua fé a fim de compartilhar o evangelho.
Perguntas para aplicação
1. Quais são as diferentes maneiras pelas quais podemos defender nossa fé?
2. Enfrentamos acusações sobre nossa fé hoje? Quais são as semelhanças e diferenças em relação à situação de Paulo?
3. Como podemos usar nosso testemunho em defesa da nossa fé?
Criatividade
Para o professor: Tomando como exemplo o testemunho de Paulo perante Herodes, ajude sua classe a elaborar seus próprios testemunhos a fim de compartilhar o evangelho. Realize essa atividade com antecedência para que você possa dar aos seus alunos um exemplo. Mantenha em mente os passos usados por Paulo: (1) Como era sua vida antes de você entregá-la Cristo? (2) Como você encontrou Cristo? (3) Como sua vida mudou depois que você aceitou Jesus?
Atividades
1. Divida a classe em duplas e peça a cada aluno que compartilhe seu testemunho com seu companheiro.
2. Ajudem um ao outro na elaboração de seus testemunhos, a fim de que vocês possam compartilhar o evangelho e convidar alguém a aceitar essa mensagem.
3. Como você pode adaptar seu testemunho às diferentes situações?
4. De que maneira você poderia defender o cristianismo com esse testemunho?
5. Existe espaço para argumentos lógicos em seu testemunho a fim de torná-lo mais forte? Em caso afirmativo, em qual ponto?
Uma segunda vida
Dos 40 anos de sua vida, Peter passou os primeiros 24 buscando um único objetivo: tornar-se professor de matemática para que pudesse cuidar de seus pais pobres em uma aldeia na região rural da China. Mas um problema de saúde abalou seus planos. De repente, Peter perdeu tudo. “Se não fosse essa situação, eu nunca teria conhecido a Deus”, disse Peter. “Essa foi a maneira que Deus me atraiu para Ele e para a verdade”.
Ao se formar na faculdade, Peter foi designado para ensinar matemática em uma escola secundária. Seu futuro e a esperança de estabilidade financeira o deixaram entusiasmado. Mas antes que ele e outros colegas de turma pudessem ensinar, deviam se submeter a exame médico exigido pelo Departamento de Educação da Província. Como havia praticado futebol na faculdade, Peter pensou que não teria dificuldades no exame.
Porém, ao receberem o resultado, todos tiveram uma surpresa: Peter e outro jovem foram reprovados. Peter, no entanto, permaneceu confiante de que desfrutava boa saúde, e fez um segundo exame médico a pedido da faculdade. Desta vez, o hospital descobriu que apenas um dos dois jovens havia falhado: Peter. O médico disse que Peter tinha uma complicação hepática séria, que provavelmente não era tratável. Então, foi desqualificado para lecionar. “Trabalhei arduamente por muitos anos para amenizar a pobreza de meus pais. Parecia que finalmente alcançaria meu objetivo, mas tudo desapareceu em um instante. Fiquei desesperado!”
Esperança no desespero
Naquela noite, Peter ficou em uma ponte e gritou para céu escuro, “Laotian!”, que em chinês significa, “Onipotente” – “Laotian! O Senhor é muito injusto para comigo!” Chorou amargamente, e até pensou em saltar da ponte. Por insistência dos pais, Peter internou-se no hospital local para tratamento. As condições do hospital eram precárias. A família não podia se dar ao luxo de enviá-lo a um hospital melhor equipado da cidade.
Depois de três dias, a mãe de Peter foi à igreja pedir que o pastor orasse pelo filho. Às vezes, ela frequentava a igreja aos domingos e, aturdida com a situação, pensou que aquele dia era domingo. Mas era sábado, e os adventistas do sétimo dia, que compartilhavam o mesmo prédio da igreja com outra denominação evangélica, ficaram surpresos ao ouvir seus lamentos quando chegaram para a Escola Sabatina. Uma mulher idosa perguntou: “Por que você está tão triste?” Ao ouvir sobre Peter, a mulher disse: “Não se preocupe. Peça ao seu filho para confiar que Deus o salvará.”
Mais tarde naquele dia, a mesma senhora visitou Peter no hospital e lhe deu o mesmo conselho. “Jovem, confie em Deus”, disse ela. “Ele lhe salvará.” Foi difícil para Peter aceitar aquele conselho. Seus professores lhe haviam ensinado, desde a primeira série, que Deus não existe. Mas, naquele momento, ele estava diante de dois caminhos: permanecer no hospital, gastar dinheiro e colocar um fardo maior sobre seus pais e, finalmente, morrer, ou confiar em Deus. Naquela tarde, Peter decidiu que, se Deus existe e é confiável para operar cura, ele deixaria o hospital. Rejeitando os apelos de sua mãe para levar consigo os remédios, foi para casa. “Confiamos em Deus, vamos deixar tudo aqui”, disse ele.
O caminho da cura
A senhora adventista falou sobre um sanatório que pertencia à Igreja Adventista do Sétimo Dia em outra aldeia, e ele decidiu tentar. Ali, a equipe o recebeu calorosamente. Peter nunca havia experimentado uma demonstração de amor como aquela, e sentiu que era algo mais que humano. Era divino. Ele ficou no sanatório durante dois meses, orando, estudando a Bíblia e aprendendo um estilo de vida saudável. "Esqueci-me de que estava doente!”, disse Peter. "Eu estava muito feliz!"
Passados dois meses, ele pediu permissão ao diretor do sanatório para voltar ao hospital a fim de ser reexaminado. Os resultados surpreenderam a ele e seu médico. Peter recebeu um relatório isento de qualquer problema de saúde. O médico não conseguiu entender como um simples remédio que ele havia prescrito o tinha curado. Mas Peter não tomou o remédio. Apenas confiou em Deus.
Peter foi batizado com os pais e avós. Hoje, Peter é obreiro bíblico na China, e dá seu testemunho: “Desde que Deus me deu uma segunda vida, tenho-a dedicado inteiramente a Ele.” Quanto a nós, ficamos agradecidos por suas ofertas missionárias que ajudam a divulgar o evangelho na China.
Conhecendo a China
• Há mais cristãos na China do que na Itália; e a China está no caminho certo para se tornar o maior centro do cristianismo do mundo. Sua população é de 1.387 bilhão de pessoas, o que representa 18.47% da população mundial.
• Com Hong Kong, e Macau, o país forma a União da China.
• De acordo com a tradição cristã, o cristianismo foi levado à China pelo discípulo Tomé, mas a primeira evidência histórica comprovada da chegada do cristianismo no país data de meados do século VII.
• O adventismo na China começou como o projeto de um leigo, Abram La Rue, um mineiro de ouro dos Estados Unidos, marinheiro e pastor de ovelhas. Em 1888, aos 65 anos, ele foi trabalhar colportando em Hong Kong. A partir daí, fez várias viagens à China continental.
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 3º Trimestre de 2018
Tema Geral: O livro de Atos dos Apóstolos
Lição 12: 15 a 22 de setembro
Detenção em Cesareia
Rafael Krüger
Pastor distrital
Munique, Alemanha
Supervisor: Wilson Paroschi
Professor de Novo Testamento
Southern Adventist University
Collegedale, TN, EUA
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Franco Santos
Esboço da lição da semana
I. As acusações contra Paulo (At 24:20, 21)
II. Porque Ele vive (At 24:15, 16)
I. As acusações contra Paulo (At 24:20, 21)
Desde sua breve estadia em Jerusalém até o fim de seu aprisionamento em Cesareia (At 21:17–26:32), Paulo foi vítima de diversas acusações. Entre elas, o livro de Atos relata as seguintes: (1) ensinar que os judeus deveriam se afastar de Moisés, da circuncisão e dos costumes da lei (21:21); (2) ensinar todos a ser contra o povo de Israel, a lei e o Templo (At 21:28); (3) profanar o Templo (At 21:28; 24:6); (4) provocar confusões entre os judeus de todo o mundo (At 24:5). Há ainda outras denúncias que não foram detalhadas por Lucas (At 25:7). As alegações, porém, eram inverídicas e não podiam ser provadas (At 24:13; 25:7). É válido, então, questionar: Por que Paulo foi acusado falsamente? Qual era a razão pela qual alguns judeus tinham tanto ódio dele?
1. O motivo para as acusações
Há ao menos dois motivos para que falsas acusações tenham sido levantadas contra Paulo. Um deles é que, ao menos em parte, os delatores criam que as denúncias eram verdadeiras. A atitude da liderança da igreja cristã para com Paulo, por exemplo, parece indicar que o boato de que o apóstolo era contrário a Moisés e à lei era tido como verdadeiro (At 21:20-24). Além disso, como Paulo foi visto andando com Trófimo, que era gentio, havia ao menos uma possibilidade de que o apóstolo o tivesse levado para dentro do Templo (At 21:29). De qualquer forma, o boato e o indício não deveriam ser aceitos antes de passarem por um juízo honesto e imparcial.
Outra razão para as falsas acusações era o desejo já existente de matar Paulo. Durante o ministério do apóstolo, é possível encontrar situações em diversos lugares em que ele foi vítima de conspirações e tentativas de assassinato por parte de seus compatriotas judeus (At 9:23; 13:50; 14:5; 17:13; 23:12). Na Ásia, por exemplo, última região em que trabalhou antes de voltar a Jerusalém, ele passou pelas “ciladas dos judeus” (At 20:19). Embora nem Paulo nem Lucas detalhem quais ciladas foram essas, elas provavelmente foram formuladas para tirar a vida do apóstolo. Afinal, foram judeus dessa região que inicialmente incitaram o povo para tirar a sua vida (At 21:27-31). Quanto a isso, é válido lembrar que a chegada do apóstolo a Jerusalém provavelmente se deu na época do Pentecostes (At 20:16) e, portanto, é possível que alguns judeus envolvidos nas ciladas estivessem em Jerusalém para celebrar a festa. Aquilo que não conseguiram concretizar em terras gentílicas, seria teoricamente mais fácil entre o seu próprio povo.
2. O motivo para o ódio
As acusações feitas a Paulo foram instrumentos usados para tentar matá-lo. Mas, por que ele era alvo de tamanho ódio? O apóstolo argumentou em diferentes oportunidades que o que estava por detrás das alegações levantadas contra ele era a sua crença na ressurreição (At 23:6; 24:20, 21; 26:6-8). É válido observar dois aspectos sobre isso. O primeiro é que o problema não estava com a ressurreição em si. Embora os saduceus não cressem que os mortos voltariam à vida, o que gerava conflitos dentro da comunidade judaica (At 23:6-10; cf. Lc 20:27-39), a maior parte dos judeus cria na ressurreição, ainda que existissem diferenças sobre o modo como esse evento se daria. A problemática, portanto, era especificamente com a ressurreição de Jesus. Afinal, entre os acusadores de Paulo encontravam-se judeus que, como o apóstolo, também criam na ressurreição (At 24:25).
O segundo ponto tem a ver com as implicações que a ressurreição de Jesus trazia. Uma delas é a veracidade da fé cristã. Segundo Paulo, a ressurreição de Jesus é um ponto crucial do cristianismo (1Co 15:14). Assim, se Jesus de fato ressuscitou, não apenas o cristianismo é correto, mas o judaísmo, como era então entendido e praticado, estava equivocado (cf. At 2:22-36; 3:13-26). Outra consequência tem a ver com os gentios. Após a ressurreição de Jesus, os cristãos passaram gradualmente a entender que os gentios não eram impuros e também que não precisavam se tornar judeus para ser salvos; a graça era suficiente (cf. At 10:34-45; 11:17, 18; 15:1-29). Os gentios também passaram a ser alvo especial do evangelismo cristão (At 1:8; 9:15). Esses aspectos, porém, eram difíceis de serem entendidos até mesmo para os primeiros cristãos (At 11:1-3; 15:1, 5), quanto mais para os judeus nacionalistas e exclusivistas da época. Observe, a título de exemplo, que os acusadores de Paulo chegaram à histeria quando o apóstolo afirmou que Jesus o havia enviado “para longe, aos gentios” (At 22:21, 22; cf. 26:20, 21).
Para refletir: Apesar de ser odiado e perseguido, Paulo não desistiu de pregar o evangelho em sua totalidade. Mesmo prisioneiro, ele continuou a fazê-lo. E hoje, quando muitas vezes a mensagem bíblica apresenta desafios e problemas ao senso comum, o que você faz? Está disposto a ser um porta-voz da Palavra mesmo que isso custe sua reputação?
II. Porque Ele vive (At 24:15, 16)
Mais do que apenas trazer luz teológica e missiológica, a ressurreição também apresentou para Paulo uma nova maneira de enxergar a vida. Por exemplo, porque Jesus ressuscitou e estava vivo, o encontro na estrada para Damasco foi possível e real (At 26:13-19). A partir dali, Paulo assumiu uma nova identidade. Ele não era mais o perseguidor, mas o perseguido. Não era mais o acusador, mas o acusado. Ele se tornou apóstolo do Senhor e, com isso, teve que deixar para trás coisas que antes considerava importantes, mas que perderam o valor depois do seu chamado (Fp 3:8).
Porque Jesus estava vivo, Paulo era ousado. Ele não se intimidou por estar encarcerado e pregou para o governador Félix e o rei Agripa. Para o governador, apresentou temas duros que o fizeram ficar apavorado (At 24:25). Quando esteve com Agripa e Festo, não parou quando foi chamado de louco, mas prosseguiu até deixar claro seu objetivo em ver a conversão do rei Agripa e dos demais ouvintes (26:24, 29).
Porque Jesus estava vivo, Paulo tinha segurança. O apóstolo, por exemplo, passou por fome, pobreza e muitas outras adversidades, e ainda assim estava em paz, pois sabia que tudo podia Naquele que o fortalecia (Fp 4:12, 13). Ele confiava que Deus o socorria quando as perseguições vinham (At 26:22). Ele ficou dois anos preso em Cesareia, mas tinha a certeza de que finalmente iria para Roma, pois o Senhor o havia prometido (At 23:11). Ele confiava na atuação de Jesus.
Porque Jesus estava vivo, Paulo tinha esperança. Porque Cristo é as primícias dos que dormem, o apóstolo podia ter a esperança da ressurreição (cf. 1Co 15:20-22; At 24:15; 26:6-8). A ressurreição, por sua vez, traz diversos aspectos positivos para a vida. Ela consola o enlutado (1Ts 4:13-18), motiva para uma vida ética (At 24:16; 1Co 15:32-34), e concede paz e serenidade para encarar a morte. Para usar as palavras de Paulo: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia, e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a Sua vinda” (2Tm 4:8).
Para refletir: Como a ressurreição e a certeza de que Jesus está vivo podem mudar sua maneira de encarar o dia a dia? Por fim, por que não terminar essa reflexão cantando o hino “Porque Ele Vive”, Hinário Adventista, 70?
Conclusão
Pontos a ser enfatizados na classe:
- A falsidade das acusações contra Paulo
- O motivo para as denúncias em relação ao apóstolo Paulo
- A ressurreição de Jesus como tema central no cristianismo
Supervisor do comentário:
Wilson Paroschi ensinou na Faculdade de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, por mais de trinta anos. Desde janeiro deste ano, é professor de Novo Testamento na Southern Adventist University, em Collegedale, Tennessee, Estados Unidos. Ele é PhD em Novo Testamento pela Andrews University (2004) e realizou estudos de pós-doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha (2011).