O Livro dos Salmos tem sido um livro de oração e hinário tanto para judeus quanto para cristãos ao longo das eras. Embora os salmos sejam predominantemente as próprias palavras dos salmistas dirigidas a Deus, eles não se originaram dos mortais, mas de Deus, que inspirou o pensamento deles.De fato, o Senhor os inspirou a escrever o que escreveram, e é por isso que, como em toda a Escritura (2Pe 1:21), em Salmos Deus nos fala por meio de Seus servos e de Seu Espírito. Jesus, os apóstolos e os escritores do NT citaram os salmos e se referiram a eles como Escritura (Mc 12:10; Jo 10:34, 35; 13:18). Eles são tão certamente a Palavra de Deus quanto o são os livros de Gênesis e Romanos.
Os salmos foram escritos em poesia hebraica por diferentes autores do antigo Israel e, portanto, refletem seu mundo particular, por mais universais que sejam suas mensagens. Aceitar os salmos como Palavra de Deus e prestar muita atenção às suas características poéticas, bem como aos seus contextos históricos, teológicos e litúrgicos, é fundamental para a compreensão de suas mensagens, que alcançam milhares de anos até o nosso tempo.
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1. Leia 1 Crônicas 16:7; Neemias 12:8; Salmos 18:1; 30:1; 92:1; 95:2; 105:2; Colossenses 3:16 e Tiago 5:13. Quais foram as ocasiões que motivaram a escrita de alguns salmos? Quando o povo de Deus usava os salmos?
Os salmos foram escritos para uso privado e na adoração pública. Eram cantados como hinos na adoração no templo, como sugerido pelas anotações musicais que mencionam instrumentos (Sl 61:1), melodias (Sl 9:1) e líderes da música (Sl 8:1). Na Bíblia Hebraica, o título do livro dos Salmos, tehilim, “louvores”, reflete seu propósito principal, isto é, louvar a Deus. O título em português, Livro dos Salmos, deriva-se do grego psalmoi, encontrado na Septuaginta, antiga tradução grega (feita entre o 2o e o 3o séculos a.C.) da Bíblia Hebraica.
Os salmos eram parte indispensável da adoração de Israel. Por exemplo, foram usados em dedicações de templos, festas religiosas, procissões e durante o estabelecimento da arca da aliança em Jerusalém.
“Os Cânticos de Ascensão” (Sl 120 a 134), conhecidos também como cânticos de peregrinação, eram tradicionalmente cantados durante a peregrinação a Jerusalém nas três principais festas anuais (Êx 23:14-17). O “Hallel Egípcio” (Sl 113 a 118) e o “Grande Hallel” (Sl 136) eram cantados nas três principais festas anuais, bem como nas festas da lua nova e a dedicação do templo. O “Hallel Egípcio” recebia um lugar importante na cerimônia da Páscoa. Os Salmos 113 e 114 eram cantados no início da refeição da Páscoa, e os Salmos 115 a 118 no fim (Mt 26:30). O “Hallel Diário” (Sl 145 a 150) foi incorporado às orações diárias nos cultos matinais da sinagoga.
Os salmos não apenas acompanhavam a adoração do povo, mas também o instruía sobre como deveria adorar a Deus no santuário. Jesus orou com palavras do Salmo 22 (Mt 27:46). Os salmos também tiveram lugar significativo na vida da igreja primitiva (Cl 3:16; Ef 5:19).
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O rei Davi, cujo nome aparece nos títulos da maioria dos salmos, foi ativo na organização da liturgia da adoração de Israel. Ele é chamado de “suave salmista de Israel” (2Sm 23:1). O NT atesta a autoria davídica de vários salmos (Mt 22:43-45; At 2:25-29, 34, 35; 4:25; Rm 4:6-8). Numerosos salmos foram compostos pelos músicos levitas do templo: por exemplo, Salmo 50 e Salmos 73 a 83, de Asafe; Salmo 42, Salmos 44 a 49, Salmo 84 e 85, e Salmos 87 e 88, dos filhos de Corá; Salmo 88, também de Hemã, o ezraíta; Salmo 89, de Etã, o ezraíta. Além deles, Salomão (Sl 72 e 127) e Moisés (Sl 90) foram os autores de alguns salmos.
2. Leia os Salmos 25:1-5; 42:1; 75:1; 77:1; 84:1, 2; 88:1-3 e 89:1. O que eles revelam sobre as experiências pelas quais seus autores estavam passando?
O Espírito Santo inspirou os salmistas e usou seus talentos no serviço a Deus e à sua comunidade de fé. Os salmistas eram pessoas de devoção genuína e fé profunda e, no entanto, propensas a desânimos e tentações, assim como nós. Embora escritos há muito tempo, os salmos refletem um pouco do que experimentamos hoje. “Chegue à Tua presença a minha oração; inclina os Teus ouvidos ao meu clamor. Pois a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida já se aproxima da morte” (Sl 88:2, 3). Esse é um clamor da alma do século 21 tanto quanto o era de alguém há três mil anos.
Alguns salmos mencionam dificuldades; alguns se concentram em alegrias. Os salmistas clamaram para que Deus os salvasse e experimentaram Seu favor imerecido. Glorificaram a Deus por Sua fidelidade e amor e prometeram incansável devoção a Ele. Os salmos são, portanto, testemunhos da redenção e sinais da graça e da esperança divina. Eles transmitem uma promessa do Senhor a todos os que abraçam, pela fé, os dons do perdão e de uma nova vida. No entanto, ao mesmo tempo, não tentam encobrir, esconder ou minimizar as dificuldades e o sofrimento comuns em um mundo caído.
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3. Leia os Salmos 3; 33:1-3; 109:6-15. Que diferentes facetas da experiência humana esses salmos mostram?
Os salmos deixam a comunidade ciente da ampla gama de experiências humanas e demonstram que podemos adorar a Deus em todas as estações da vida. Neles vemos: (1) Hinos que magnificam a Deus por Seu poder criador, governo, juízo e fidelidade. (2) Salmos de ações de graças, que expressam gratidão pelas bênçãos. (3) Clamores por libertação de problemas. (4) Salmos de sabedoria, que apresentam diretrizes práticas para uma vida justa. (5) Salmos que apontam para Cristo, Rei e Libertador dos fiéis. (6) Salmos históricos, que recordam o passado e destacam a fidelidade de Deus e a infide-lidade de Israel, para ensinar as novas gerações a não repetir os erros dos antepassados, mas confiar em Deus e serem fiéis à Sua aliança.
A poesia dos salmos demonstra um poder distintivo para capturar a atenção dos leitores. Embora alguns desses recursos poéticos se percam na tradução, ainda podemos apreciar muitos deles em nossa língua nativa.
1. O paralelismo combina palavras, frases ou pensamentos de modo simétrico e ajuda a entender o significado das partes. Por exemplo: “Bendiga, minha alma, o Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome!” (Sl 103:1). Nesse paralelismo, “minha alma” é “tudo o que há em mim”, ou seja, todo o ser.
2. As imagens usam linguagem figurativa para atrair os sentidos dos leitores (refugiar-se em Deus é descrito como estar “à sombra das [Suas] asas”; Sl 17:8).
3. Merisma expressa totalidade por meio de um par de partes contrastantes. “Dia e noite clamo diante de Ti” indica orar sem cessar (Sl 88:1, grifo nosso).
4. Os jogos de palavras empregam o som das palavras para fazer um trocadilho e destacar uma mensagem espiritual. No Salmo 96:4, 5, os termos hebraicos ‘elohim, “deuses”, e ‘elilim, “ídolos”, criam um jogo de palavras para expressar que os deuses das nações apenas parecem ser ‘elohim, “deuses”, mas são meramente ‘elilim, “ídolos”.
Finalmente, a palavra selah denota um breve interlúdio, seja para um chamado a fazer uma pausa e refletir sobre a mensagem de uma seção específica do salmo ou uma mudança de acompanhamento musical (Sl 61:4).
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4. Leia 2 Samuel 23:1, 2 e Romanos 8:26, 27. O que esses textos nos ensinam sobre oração?
Os salmos são orações inspiradas e louvores de Israel. Assim, neles a voz de Deus é misturada com a voz de Seu povo. Os salmos assumem a dinâmica de vívidas interações com Deus. Os salmistas se dirigem a Deus pessoalmente como “Deus meu”, “ó Senhor” e “Rei meu” (Sl 5:2; 84:3). Eles muitas vezes imploram: “Dá ouvidos” (Sl 5:1), “ouve, Senhor, a minha oração” (Sl 39:12), “considera” (Sl 25:18), “responde-me” (Sl 102:2) e “salva-me” (Sl 6:4). Essas são expressões de alguém que está orando a Deus.
A beleza e o apelo dos salmos como orações e louvores residem no fato de que eles são a Palavra de Deus na forma de orações piedosas e de louvores dos crentes. Assim, os salmos oferecem aos filhos de Deus momentos de proximidade, como descrito em Romanos 8:26, 27: “O Espírito nos ajuda em nossa fraqueza. Porque não sabemos orar como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”.
Jesus citou os salmos, como em Lucas 20:42, 43, quando citou do Salmo 110:1: “O próprio Davi afirma no Livro dos Salmos: ‘Disse o Senhor ao Meu Senhor: Sente-Se à Minha direita, até que Eu ponha os Seus inimigos por estrado dos Seus pés’”.
Embora alguns salmos tenham surgido de eventos históricos e de experiências dos salmistas, ou se refiram a essas experiências, bem como às experiências de Israel como nação, sua profundidade espiritual toca diferentes situações da vida e atravessa todas as fronteiras culturais, religiosas, étnicas e de sexo. Em outras palavras, ao ler Salmos, encontramos expressões de esperança, louvor, medo, raiva, pesar e tristeza, coisas que todos experimentam em todos os lugares e épocas, não importam as circunstâncias. Os salmos falam a todos, na linguagem de cada experiência.
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5. Leia os Salmos 16:8; 44:8; 46:1; 47:1, 7; 57:2; 62:8; 82:8 e 121:7. Que lugar Deus ocupa na vida do salmista?
O mundo de Salmos é centrado em Deus. O salmista submete, em oração e louvor, as experiências da vida a Deus. O Senhor é o Criador soberano, o Rei e Juiz da Terra. Ele provê tudo para Seus filhos. Portanto, é confiável em todos os momentos. Até mesmo os inimigos do povo de Deus perguntam: “E o seu Deus, onde está?”, quando o povo de Deus parece estar falhando (Sl 42:10). Assim como o Senhor nunca falha e é o Deus sempre presente, Seu povo O tem diante deles continuamente. Por fim, os salmos preveem o tempo em que todos os povos e a criação adorarão a Deus (Sl 47:1; 64:9). A centralidade de Deus na vida produz a centralidade da adoração. A adoração em que os Salmos foram usados era fundamentalmente diferente da adoração como entendida por muitos no presente, pois a adoração na cultura bíblica era o centro natural e indiscutível da vida de toda a comunidade. Portanto, tudo o que acontecia, tanto de bom quanto de mau, na vida do povo de Deus, inevitavelmente era expresso em adoração. Deus ouve o salmista, onde quer que ele esteja, e lhe responde em Seu tempo perfeito (Sl 3:4; 18:6; 20:6).
O salmista está ciente de que a morada de Deus é no Céu, mas, ao mesmo tempo, ressalta que Deus habita em Sião, no santuário entre o Seu povo. Ele está ao mesmo tempo longe e perto, em toda parte e em Seu templo (Sl 11:4), oculto (Sl 10:1) e revelado (Sl 41:12). Em Salmos, essas características aparentemente mutuamente exclusivas de Deus se reúnem. Os salmistas entendiam que a proximidade e o distanciamento eram inseparáveis no próprio ser de Deus (Sl 24:7-10). E entendiam também a dinâmica dessa tensão espiritual. Sua consciência da bondade e presença de Deus, em meio a tudo que experimentassem, era o que fortalecia a esperança deles enquanto esperavam que Deus interviesse, no Seu tempo e da Sua maneira.
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Leia, de Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 19-27 (“O Templo de Jerusalém”); Mensagens aos Jovens, p. 221, 222 (“A Música”). O Livro dos Salmos incluem 150 salmos, agrupados em cinco livros: I (1 a 41), II (42 a 72), III (73 a 89), IV (90 a 106) e V (107 a 150). A divisão de cinco livros do Saltério é uma tradição judaica semelhante à divisão dos cinco livros do Pentateuco.
O Livro dos Salmos apresenta evidências de algumas coleções já existentes de salmos: as coleções coraítas (Sl 42 a 49; 84; 85; 87; 88), a coleção asafita (Sl 73 a 83), os cânticos de ascensão (Sl 120 a 134) e os salmos de aleluia (Sl 111 a 118; 146 a 150). O Salmo 72:20 dá testemunho de uma coleção menor dos salmos de Davi.
Embora a maioria dos salmos esteja associada à época de Davi e ao início da monarquia (décimo século a.C.), a coleção de salmos cresceu ao longo dos séculos seguintes: monarquia dividida, exílio e período pós-exílico. É possível que os escribas hebreus sob a liderança de Esdras tenham combinado as coleções menores de salmos em um livro quando trabalhavam no estabelecimento dos serviços do novo templo.
Os escribas consolidaram os Salmos, mas isso não lhes tira a inspiração divina. Os escribas e os salmistas eram servos de Deus, dirigidos por Ele (Ed 7:6, 10). A natureza divino-humana de Salmos é comparável à união do divino com o humano no Jesus encarnado. “As Escrituras Sagradas, com verdades dadas por Deus e expressas na linguagem da humanidade, apresentam uma união do divino com o humano. União semelhante existiu na natureza de Cristo, que era o Filho de Deus e Filho do Homem. Pode-se dizer da Bíblia o que foi dito sobre Cristo: ‘o Verbo Se fez carne e habitou entre nós’” (Jo 1:14; Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 6, 7). Perguntas para consideração 1. Os salmos são orações e hinos divino-humanos? Essa ideia ajuda a ver a proximidade que Deus quer ter com o Seu povo? Deus está perto de nós? 2. Algum salmo já falou ao seu coração? O texto trouxe esperança a você?
Respostas e atividades da semana: 1. Quando a arca foi levada a Jerusalém; quando voltaram do cativeiro; em ocasiões de gratidão, livramento, adoração, louvor, sofrimento e alegria. 2. Sempre havia motivos para cantar salmos a Deus: eles cantavam quando estavam combatendo inimigos; estando distante de casa e do templo; desejando exaltar a Deus; na angústia; louvor pelas maravilhas e misericórdia de Deus. 3. Fuga em relação aos inimigos; clamor por salvação; louvor ao Criador; lamento; clamor por justiça. 4. A oração pode ser inspirada por Deus. O Espírito Santo intercede por nós em nossas orações. 5. Deus está presente em todas as ocasiões. O salmista está continuamente diante de Deus, que faz tudo por ele.
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ESBOÇO
Introdução: O Livro dos Salmos, também conhecido como Saltério, é o ápice da poesia hebraica. Uma coleção inspirada e edificante de cânticos, os salmos expressam os mais diversos sentimentos e lutas dos crentes e foram produzidos no período que vai da Monarquia Unida de Israel (10o século a.C.) aos tempos posteriores ao exílio na Babilônia (5o século a.C.). O Saltério abrange uma grande variedade de gêneros textuais: cânticos de ação de graças, louvores, confissões de pecados, orações pedindo livramento ou proteção, imprecações, meditações sobre as obras do Criador e assim por diante. Nosso estudo minucioso dos salmos ao longo deste trimestre buscará refletir essa grande diversidade.
Temas da lição: Como introdução ao estudo deste trimestre, abordaremos os seguintes tópicos preliminares:
1. O pano de fundo histórico do Livro dos Salmos.
2. Os diversos gêneros ou categorias de cânticos presentes na coleção.
3. As orientações bíblicas para adoração.
Além disso, ampliaremos nosso estudo do Saltério examinando os seguintes assuntos: (a) a estrutura dos Salmos, (b) as diversas ferramentas literárias que os salmistas usaram para expressar suas emoções; e (c) as divisões de livros dentro do próprio Saltério.
COMENTÁRIO
Um “hinário eclesiástico” bem organizado
O Saltério é uma coleção de cânticos que foram reunidos e editados durante o 5o século a.C. Esse trabalho de organização provavelmente foi realizado por Esdras e seus colegas escribas.
O Livro dos Salmos está dividido em cinco seções ou livros menores, o que mostra a intenção dos editores de organizar os cânticos de forma temática, tanto em aspectos cronológicos quanto históricos (veja o quadro abaixo):
Hoje, nossa igreja tem sua própria coleção de cânticos para a adoração, o novo Hinário Adventista do Sétimo Dia. Se você consultar o sumário, verá que os hinos estão divididos em temas. O Saltério tem uma organização semelhante, embora seja mais cronológica, enquanto o nosso hinário está dividido de forma temática.
O Senhor Se alegra quando planejamos as atividades e os recursos usados na adoração ao Seu nome. Devemos nos esforçar para oferecer a Ele somente o nosso melhor. Esse princípio é válido não apenas na execução de nosso culto de adoração, mas também em seu planejamento e organização. Apesar de ideias modernas e tendências populares que defendem um estilo de adoração mais livre, o Livro dos Salmos mostra que nossa adoração a Deus deve ser regida por organização e ordem.
Ao mesmo tempo, ordem e organização não impedem a variedade, e devemos incorporar ambos os elementos no culto de adoração. Para nos ajudar nesse esforço, vamos analisar a maneira como os salmos estão distribuídos, conforme resumido anteriormente. Começaremos observando que cada uma das cinco seções do Saltério termina com um salmo doxológico, isto é, uma expressão litúrgica de louvor (Sl 41, 72, 89, 106 e 150).
O Salmo 1 concentra-se no tema da Torá (a revelação de Deus dada no Sinai), e o Salmo 2, no reinado do Messias – ambos temas centrais do Saltério. Alguns estudiosos da Bíblia consideram que esses dois salmos constituem a introdução do livro.
Observamos também que certos salmos-chave (Sl 2, 72 e 89) estão situados em posições bem específicas e destacadas dentro do livro. Muitos teólogos consideram o Salmo 89 como o centro de todo o Saltério, pois se concentra na transferência da esperança de Israel para o Senhor após o fracasso da monarquia dos descendentes de Davi.
A última seção do Saltério, composta pelos últimos cinco salmos, está centrada no louvor. Esses cinco salmos iniciam com a expressão “Aleluia!” ou “Louvado seja o Senhor!” (NVT) no cabeçalho e no final do texto. Esses salmos finais estão repletos de expressões de louvor carregadas de emoção, que incluem: glorificar a Deus como ato de adoração (Sl 146:1, 2; 147:12; 148:1-5, 7, 13, 14; 149:3, 6; 150:1-6); cantar ao Senhor (Sl 147:7; 149:1); ser “bem-aventurado” ou “feliz” (NVI) no Senhor (Sl 146:5); alegrar-se no Rei de Sião (Sl 149:2); e exultar “nessa glória” (Sl 149:5, NVI).
Que privilégio temos de organizar os cânticos para louvar a Deus! Nosso arranjo de cânticos deve manifestar intenção de adorar o Senhor e exaltar Sua graça.
Um saltério belamente elaborado
Um estudo de cada salmo revela sua beleza singular. Os salmistas usaram técnicas literárias para criar sua poesia sublime. Entre as expressões que empregam estão figuras de linguagem como símile e antropomorfismo. Símile é uma expressão na qual duas
coisas diferentes são comparadas de maneira explícita, muitas vezes introduzidas pela palavra “como” (veja, por exemplo, Sl 1:3). Antropomorfismo é o ato de atribuir forma ou características humanas a um ser ou coisa não humana, especialmente a Deus (Sl 18:8-10).
Os salmistas também usaram expressões ou recursos literários que envolviam substituição, como a metonímia, uma figura de linguagem que consiste em se referir a um objeto ou conceito no lugar de outro ao qual está relacionado (Sl 2:5); sinédoque, uma figura de linguagem em que a parte substitui o todo ou o todo substitui a parte (Sl 44:6); e imprecação (Sl 109:7), que constitui maldição pronunciada contra os inimigos. Os salmistas usaram também o acróstico (Sl 119), uma forma de poesia em que as primeiras letras de cada linha, quando tomadas em ordem, formam uma palavra ou frase. Também encontramos o uso de anáfora, isto é, a repetição de uma palavra ou palavras no início de dois ou mais versos em um poema ou cântico (Sl 136). Além disso, observamos figuras que envolvem omissão ou supressão, como elipse, um salto repentino de um assunto para outro (Sl 21:12); aposiopese, uma interrupção repentina no meio de uma frase, como se fosse por incapacidade ou falta de vontade de prosseguir (Sl 6:3); e erotese, o uso de uma pergunta retórica, que é empregada apenas para produzir um efeito ou fazer uma afirmação ou negação e não se destina a obter uma resposta (Sl 106:2).
Todas essas figuras de linguagem e vários outros recursos literários aplicados pelos escritores do Saltério demonstram sofisticação literária e habilidade incomparável.
Vários tipos de salmos
O estudo de terça-feira apresenta uma classificação geral dos salmos. Abaixo está um agrupamento mais detalhado das melodias do Saltério, embora certamente seja possível encontrar outras formas válidas de distribuição:
1. Hinos
Hinos gerais: 8, 29, 33, 100, 103, 104, 111, 113, 114, 117, 135, 136, 145–150; hinos históricos: 78, 105; hinos de Sião: 46, 48, 76, 87, 122; hinos da realeza: 47, 93, 96–99.
2. Lamentos
Lamentos individuais: 3, 5–7, 12, 13, 17, 22, 25, 26, 28, 31, 35, 36, 38, 39, 43, 51, 54, 55–57, 59, 61, 63, 64, 69–71, 86, 88, 102, 109, 120, 130, 140–143; lamentos comunitários: 44, 60, 74, 77, 79, 80, 82, 83, 85, 90, 94, 106, 108, 123, 126, 137.
3. Formas diversas
Salmos reais: 2, 18, 20, 21, 45, 72, 89, 101, 110, 132, 144; ações de graças individuais: 9, 10, 30, 32, 34, 40, 41, 92, 107, 116, 138; ações de graças comunitárias: 65–68, 118, 124; salmos individuais de confiança: 4, 11, 16, 23, 27, 62, 84, 91, 121, 131; salmos comunitários de confiança: 115, 125, 129, 133; salmos litúrgicos: 15, 24, 134; exortações proféticas: 14, 50, 52, 53, 58, 75, 81, 95; salmos didáticos: 1, 19, 37, 49, 73, 112, 119, 127, 128, 139.
A organização dessa lista revela que os salmos são compostos de cânticos pessoais, bem como comunitários. Hoje, a ênfase da cultura ocidental está no indivíduo. A mente hebraica, no entanto, estava concentrada em um senso de comunidade, um elemento que
nós, como cristãos, não podemos perder de vista hoje, especialmente à luz do fato de que, como igreja, somos uma comunidade global que possui uma missão mundial.
Por último, vemos que o catálogo anterior nos mostra que existem salmos para as mais variadas ocasiões da vida: cânticos para a adoração comunitária e pessoal, cânticos espirituais para ocasiões ligadas à realeza, cânticos de peregrinação à cidade santa e cânticos litúrgicos. A adoração não era reservada ao templo, mas era um estilo de vida.
“Coleções” no Livro dos Salmos
A lição desta semana se refere a coleções de cânticos para ocasiões especiais, como os “Cânticos de Peregrinação” [Cânticos dos Degraus]” (Sl 120–134) e o “Halel Egípcio” (Sl 113–118). Os estudiosos descobriram outras conexões que existem entre diversos salmos. Uma delas é encontrada nos Salmos 15 a 24 (ver W. Brown, “‘Here Comes the Sun!’: The Metaphorical Theology of Psalms 15–24”, em The Composition of the Book of Psalms [Leuven: Peeters Publishers, 2010], p. 260). Esse arranjo pode ser representado pela seguinte estrutura quiástica:
A Salmo 15 (Liturgia de entrada)
B Salmo 16 (Cântico de confiança)
C Salmo 17 (Oração em busca de auxílio)
D Salmo 18 (Cântico real)
E Salmo 19 (Revelação: a criação e a Torá)
D’ Salmos 20, 21 (Cânticos reais)
C’ Salmo 22 (Oração em busca de auxílio)
B’ Salmo 23 (Cântico de confiança)
A’ Salmo 24 (Liturgia de entrada)
Um quiasma é um paralelismo estendido. Um quiasma é semelhante à imagem de uma pessoa refletida no espelho: a segunda parte do texto (ou seja, o reflexo da pessoa) repete as ideias da primeira seção (a imagem original da pessoa), mas em sentido inverso. Normalmente, o centro do quiasma indica a ideia principal do paralelismo. No caso dos Salmos 15 a 24, a ideia central, conforme vemos na estrutura quiástica desses capítulos, é exaltar a revelação de Deus feita por meio de Sua criação e de Sua Palavra. Essa estrutura quiástica é envolvida por dois salmos relacionados com o santuário, e ambos iniciam com perguntas semelhantes (Sl 15:1; compare com Sl 24:3).
Esse quiasma indica que os editores do Saltério trabalharam minuciosamente na organização e apresentação do livro. O Espírito Santo claramente inspirou seu belo arranjo literário.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
Nos salmos, encontramos variadas emoções que incluem praticamente toda a experiência humana, desde a sublime reverência até a profunda tristeza. Produzidos há mais de 25 séculos, os salmos transcendem o tempo em que foram escritos e permanecem profundamente relevantes. Neste trimestre, incentive os alunos a orar usando esses cânticos.
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Um bom começo
Índia | Simon
Simon, que morava no norte da Índia, adorava correr. Ele admirava especialmente Usain Bolt, o velocista jamaicano conhecido como o homem mais rápido vivo.
Simon nunca esqueceu uma declaração que Usain Bolt fez uma vez na televisão. Ele disse: “Treinei quatro anos para correr nove segundos”. Simon ficou surpreso com o fato de um atleta estar disposto a treinar por anos apenas para correr por alguns segundos. Ele percebeu que treinar deve ser muito importante para os corredores.
Os pais de Simon também perceberam que o treinamento era muito importante. Eles pensaram em um treinamento adequado para Simon quando ele se preparava para entrar na escola em sua cidade natal, Anni. O pai queria que Simon frequentasse uma escola adventista do sétimo dia e queria uma recomendação sobre qual seria a melhor para seu filho.
“Simon tem cinco anos”, disse ele ao irmão. “Onde você acha que eu deveria mandá-lo para estudar?” “Coloque Simon em nossa escola aqui”, disse seu irmão. “É mais perto de sua casa do que as outras escolas.”
A escola ficava a apenas dez minutos a pé da casa de Simon. Então, Simon foi enviado para a escola adventista local para começar o jardim da infância.
No primeiro dia, Simon não tinha tanta certeza se queria ir. Ele chorou enquanto a mãe caminhava com ele para a escola e chorou quando ela o deixou lá. Ele sentiu muito medo porque não conseguia ver a mãe em nenhum lugar da sala. Mas as lágrimas secaram rapidamente durante o culto matinal. Os professores ensinaram canções sobre Jesus. O diretor leu uma história da Bíblia. Simon gostou das canções e das histórias. Em pouco tempo, ele começou a fazer amizade com as outras crianças. Ele estava feliz em conversar, estudar e simplesmente estar com eles.
Um ano se passou, e Simon entrou na primeira série. O tempo passou, e ele terminou a segunda, a terceira e a quarta séries. Enquanto estudava, ele aprendeu a ser honesto, gentil e prestativo, assim como Jesus na Bíblia. Ele também aprendeu a correr.
Um dia, um professor disse aos alunos: “Vocês deveriam correr porque faz bem à saúde”. Então, Simon decidiu correr todos os dias. Em vez de ir caminhando para a escola, ele corria. Às vezes, corria com seus amigos para ver quem chegaria primeiro à escola. Às vezes, ele saía tarde de casa e tinha que correr para chegar à escola no horário.
Depois da escola, ele ia a um parque perto de sua casa e corria com os amigos. Os meninos corriam por cinco a dez minutos, descansavam e corriam novamente por um total de 30 minutos.
Quando Simon começou a correr, sentia que era um trabalho árduo, pois ele sentia muito
calor. Mas depois de um tempo, ficou mais fácil. Depois de vários meses correndo todos os dias, ele quase não suava. Ele se sentia muito bem depois de correr. Seu humor melhorou, e ele achava mais fácil fazer o dever de casa.
Simon aprendeu um princípio importante sobre os exercícios físicos. Ellen White escreveu: “Seus músculos foram feitos para serem usados, não para ficarem inativos”. Se a pessoa se exercitasse regularmente, diz ela, “sua mente seria mais bem equilibrada, seus pensamentos de natureza mais pura e mais elevada, e seu sono mais natural e saudável. […] Seus pensamentos sobre a verdade sagrada seriam mais claros, e sua energia moral mais vigorosa” (Testemunhos para a Igreja, v. 3, p. 235).
Antes que Simon percebesse, ele havia concluído a oitava série. Hoje, Simon é um estudante universitário de 21 anos e diz que a escola lhe deu um bom começo de vida. Ele aprendeu a correr. Ele aprendeu sobre Jesus e recebeu um bom treinamento.
“Por meio desta escola, Deus me ajudou a ser um homem com moral e dignidade”, disse ele.
Parte da oferta deste trimestre ajudará a construir um novo prédio escolar para as 450 crianças que estudam na escola adventista em Anni, Índia. As crianças agora estudam em um antigo prédio construído por um missionário alemão que fundou a escola em 1976. Obrigado por planejar uma oferta generosa em 30 de março.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2024
Tema geral: O Livro dos Salmos
Lição 1 – 30 de dezembro a 6 de janeiro
Como ler Salmos
Autor: Ezinaldo Ubirajara Pereira
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos
Introdução:
Quando é selecionado um livro bíblico para o estudo, alguns elementos técnicos precisam ser considerados para que se obtenha uma compreensão mais ampla do livro, de seu conteúdo e de sua mensagem/teologia. Esses elementos, inicialmente são: contexto histórico, literário e textual; gênero; estrutura; exegese; teologia e aplicação.
O livro-tema escolhido para a Lição da Escola Sabatina deste trimestre foi o Livro de Salmos. Como forma de introduzir o estudo, a primeira lição procurou abordar esses mesmos elementos técnicos que foram mencionados acima e que são usados para o estudo aprofundado de algum texto ou livro bíblico.
Contexto histórico-literário de Salmos – lições de sábado a quarta-feira.
Sobre o contexto histórico do Livro de Salmos, deve ser considerado o período em que o livro foi escrito. Os títulos e subtítulos usados nos capítulos ajudam na identificação do período em que determinado capítulo foi escrito ou do evento ou momento da vida do salmista que está sendo referido. Por exemplo, o Salmo 3, segundo o subtítulo, foi escrito quando Davi “fugia de Absalão, seu filho”. Essa informação já localiza o conteúdo ou a sua escrita no início da última década do reinado de Davi (Comentário da Bíblia NVI sobre 2 Samuel 15:7). Sendo que Davi reinou por quarenta anos sobre Hebrom e Jerusalém, período que corresponde aos anos de 1006 a 966 a.C., logo, a última década de seu reinado se refere aos anos de 976 a 966 (WALTON, John; MATTHEWS, Victor; CHAVALAS, Mark. Comentário Bíblico Atos: Antigo Testamento. Belo Horizonte: Editora Atos, 2003. p. 338). Assim, o conteúdo desse capítulo se refere ao contexto em que Davi estava sendo perseguido pelo seu filho Absalão.
Já o Salmo 34, diferentemente do Salmo 3, remete a um período anterior da vida de Davi, quando este ainda nem era rei de Israel, pois o subtítulo informa que Davi escreveu esse capítulo, ou ao menos Davi associou esse capítulo ao momento em que ele “se fingiu amalucado na presença de Abimeleque e, por este expulso, ele se foi”. Tal experiência é narrada em 1 Samuel 21, capítulo do período em que Davi não havia ainda sido empossado como rei.
Às vezes, se consegue obter o contexto histórico não pelos títulos ou subtítulos, porque nem todos os capítulos têm títulos ou subtítulos, mas pelo conteúdo dos capítulos. Por exemplo, o Salmo 137 contém o lamento dos judeus que estavam exilados na terra da Babilônia, os quais estavam saudosos da terra “de Sião” (v. 1.). Por essa informação, o período dessa escrita corresponde após o ano 586 a.C., porque são mencionados “os filhos de Edom” (v. 7), que tiveram participação na terceira invasão babilônica a Jerusalém em 586 a.C. (ANDIÑACH, Pablo R. Introdução Hermenêutica ao Antigo Testamento. Traduzido por Mônica Malschitzky. São Leopoldo, RS: Sinodal/EST, 2015. p. 307). A menção aos edomitas se refere a uma imprecação lançada pelos judeus exilados, devido à contribuição que Edom deu aos invasores babilônicos, entregando os judeus às mãos de seus invasores (idem).
Com esses exemplos, nota-se que a escrita de Salmos corresponde a um grande período da história de Israel, ao menos desde a época de Moisés (Sl 90) até o exílio ou pós-exílio babilônico (Sl 137). Observa-se que o livro foi escrito ao longo dos séculos, na medida em que a história do povo avançava. Conclui-se que o livro canta a história do povo de Deus nas páginas do Antigo Testamento, e que contou com a participação de vários escritores, como explicado na lição de segunda-feira.
A estrutura do livro pode ser identificada também por títulos que foram usados sob capítulos que delimitam as divisões internas do livro: “Livro I (Salmos 1–41)” – sob o capítulo 1; “Livro II (Salmos 42–72” – sob o capítulo 42; “Livro III (Salmos 73–89)” – sob o capítulo 73; “Livro IV (Salmos 90–106)” – sob o capítulo 90; e “Livro V (Salmos 107–150)” – sob o capítulo 107. Essas divisões remetem o leitor à estrutura do Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, sendo identificadas no Pentateuco temáticas correspondentes ao Livro de Salmos, paralelas àquelas seções de Salmos.
Pentateuco |
Salmos |
Gênesis |
Livro I (cap. 1–41) – cap. 8 e 19 – o homem criado para governar a natureza. |
Êxodo |
Livro 2 (cap. 42–72) – cap. 68 – o Senhor no meio de Israel no Êxodo e no Sinai. |
Levítico |
Livro 3 (cap. 73–89) – cap. 84 – saudade do santuário. |
Números |
Livro 4 (cap. 90–106) – cap. 90 – contar os dias. |
Deuteronômio |
Livro 5 (cap. 107–150) – cap. 119 – repetição da palavra torah (lei). |
Salmos também tem seu gênero literário como poesia (lição de terça-feira). Essa informação é importante, pois conhecendo o gênero poético de Salmos, isso facilita o entendimento da estrutura dos capítulos, o trocadilho entre as linhas, as palavras dos versículos, a ênfase musical na referência aos instrumentos de canto, aos cantores e até mesmo às notas musicais referidas em alguns capítulos. Essas características dos Salmos torna a leitura e estudo do livro diferente do estudo da maioria dos livros bíblicos, que não contêm essa natureza poética, pois até mesmo entre os livros da seção poética (Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares e Lamentações), Salmos ainda figura como único por mencionar as características musicais acima.
Sobre a inspiração do livro, à semelhança dos demais livros da Bíblia, o Livro de Salmos é inspirado! Seguindo o que a Bíblia diz, ao afirmar que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2Tm 3:16), claramente vemos que Salmos está debaixo dessa categoria de inspiração. No entanto, é importante entender como a inspiração ocorreu em Salmos, já que o livro não contém nenhum relato de visão, sonho, aparição/comunicação de anjos, ou alguma teofania que tenha contribuído para a sua inspiração.
Ao ler os salmos, observa-se que algumas expressões partem dos salmistas para Deus, ou então, são expressões de sentimentos, sendo que às vezes também podem ser anúncios de imprecações ou declarações de bênçãos ou maldições, como foi comentado nas lições de segunda-feira e quarta-feira. A inspiração do texto ocorreu como resultado da operação do Espírito Santo no interior dos salmistas, levando-os a expressar, às vezes, o sentimento que estavam vivenciando, para que o leitor, ao ler essa experiência, pudesse se identificar com tal mensagem no texto. Isso se comprova pelos textos de 2 Samuel 23:1, 2 e Romanos 8:26, 27. No primeiro texto, Davi expressa que ele estava sendo imbuído pelo Espírito Santo ao falar as palavras que se seguiriam no texto e que são as mesmas reproduzidas no Salmo 18:1-50. Já em Romanos 8:26, 27, Paulo apresenta a operação do Espírito Santo no interior da pessoa. No caso dos salmistas, essa operação foi inspirada justamente para a produção do texto bíblico.
Teologia e aplicação – lições de quinta-feira a sexta-feira.
Deus, como o Autor central da Bíblia, ocupa posição central no Livro de Salmos. Para comprovar isso, basta ler os próprios textos que foram usados como exemplo na pergunta 5 da lição de quinta-feira.
Louvores e orações são dirigidos a Deus em Salmos. Isso traz o sentido de que Deus é a única fonte de direção à qual a humanidade precisa estar voltada, o que implica dizer que a centralidade de adoração em Salmos está em Deus, por Ele ser o Criador, Soberano, Mantenedor e Provedor de todas as coisas. Sua morada está nos Céus (Sl 11:4), elemento que ganha destaque em Salmos por enfatizar a doutrina do santuário celestial (SOUZA, Elias Brasil de. O Santuário Celestial no Antigo Testamento. Santo André, SP: Academia Cristã, 2014; Cachoeira, BA: CePLIB, 2014. p. 322-388), mas Deus também Se apresenta ao lado de Seus filhos, caminhando com eles e os fortalecendo (Sl 16:8).
Conclusão
A leitura do Livro dos Salmos é uma oportunidade que o leitor tem de vivenciar uma experiência de caminhada com Deus, na qual se pode encontrar mensagens que o atendam em variados momentos de sua vida. Aproveite a lição deste trimestre para revitalizar a sua leitura da Bíblia, especificamente o Livro de Salmos. Isso poderá fortalecer o seu relacionamento com o Salvador.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: Ezinaldo Ubirajara Pereira nasceu na capital de São Paulo. É graduado em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo – campus, Engenheiro Coelho, e Administração de Empresas pela Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ), campus Belém, Pará. Tem pós-graduação em Interpretação Bíblica pelo UNASP-EC. Possui Mestrado em Teologia com ênfase em Antigo Testamento pela Universidad Peruana Unión (UPeU – campus Lima, Peru). Atualmente cursa o programa de Doutorado em Teologia do Antigo Testamento pela UAP (Universidad Adventista del Plata – Libertador San Martin – Argentina). Atuou como capelão e pastor distrital. Hoje é professor na Faculdade Adventista de Teologia do UNASP-EC. É casado com Teresa Ramos Pereira, nascida Taboão da Serra, SP, mestre em Liderança pela Andrews University. O casal tem dois filhos: Benjamim Dérek, de 6 anos, e Richard Dérek, de 2 anos.
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