Lição 8
16 a 22 de maio
A criação: Gênesis como fundamento (parte 1)
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Cr 21-23
Verso para memorizar: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava Nele e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:1-4).
Leituras da semana: Jo 1:1-3; Gn 1:3-5; Êx 20:8-11; Ap 14:7; Mt 19:3-6; Rm 5:12

Os primeiros capítulos do livro de Gênesis são fundamentais para o restante das Escrituras. Os principais ensinamentos ou doutrinas da Bíblia têm sua fonte nesses capítulos. Neles, encontramos a natureza da Divindade trabalhando em harmonia como Pai, Filho (Jo 1:1-3; Hb 1:1, 2) e Espírito Santo (Gn 1:2) para criar o mundo e tudo o que nele há, culminando na humanidade (Gn 1:26-28). O livro de Gênesis também nos apresenta o sábado (Gn 2:1-3), a origem do mal (Gn 3), o Messias e o plano da redenção (Gn 3:15), o Dilúvio universal (Gn 6-9), a aliança (Gn 1:28; 2:2, 3, 15-17; 9:9-17; 15), a dispersão das línguas e pessoas (Gn 10; 11) e as genealogias que apresentam a estrutura da cronologia bíblica desde a criação até Abraão (Gn 5; 11). Por fim, o poder da Palavra falada de Deus (Gn 1:3; 2Tm 3:16; Jo 17:17), a natureza da humanidade (Gn 1:26-28), o caráter de Deus (Mt 10:29, 30), o casamento entre um homem e uma mulher  (Gn 1:27, 28; 2:18, 21-25), a administração da Terra e seus recursos (Gn 1:26; 2:15, 19) e a prometida esperança de uma nova criação (Is 65:17; 66:22; Ap 21:1) estão todos fundamentados nesses primeiros capítulos de Gênesis, que serão o nosso estudo nesta e na próxima semana.



Domingo, 17 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 24, 25
No princípio...

1. Quais verdades profundas são reveladas em Gênesis 1:1?

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Bíblia inicia com as palavras mais sublimes e profundas, palavras simples, mas que ao mesmo tempo contêm uma profundidade incomensurável quando estudadas cuidadosamente. Na verdade, as perguntas mais importantes da filosofia a respeito de quem somos, por que estamos aqui e como chegamos aqui são respondidas na primeira frase da Bíblia.

Existimos porque Deus nos criou em um tempo definido no passado. Não evoluímos do nada; nem chegamos à existência ao acaso, sem um propósito supremo nem direção planejada, como ensina o modelo científico contemporâneo das origens. A evolução darwiniana é contraditória às Escrituras em todos os aspectos, e as tentativas de alguns de ­harmonizá-la com a Bíblia fazem com que os cristãos pareçam insensatos.

Também fomos criados por Deus em determinado momento no tempo: “no princípio”. Isso significa que Ele existia antes desse “princípio”. Isto é, Deus já existia antes que o tempo fosse criado e expresso no ciclo diário de “tarde e manhã” e nos meses e anos, todos marcados pela relação do mundo com o Sol e a Lua. Esse “princípio” definido é lembrado e sustentado por outras passagens das Escrituras, que continuamente reafirmam a natureza e os meios da divina obra criadora (Jo 1:1-3).

2. Leia João 1:1-3 e Hebreus 1:1, 2. Quem foi o agente da criação? Assinale a alternativa correta:

A.( ) Os anjos.
B.( ) Jesus Cristo.

A Bíblia ensina que Jesus foi o agente da criação. Ela declara que “todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3). Por meio de Cristo, Deus “fez o Universo” (Hb 1:1, 2). Visto que todas as coisas têm sua origem em Jesus no princípio, podemos ter a esperança de que, no final, Ele completará o que começou, pois Ele é “o Alfa e Ômega”, “o Primeiro e o Último” (Ap 1:8; 22:13).

Que diferença faz saber que fomos criados por Deus? Se não acreditássemos nisso, será que consideraríamos a nós mesmos e aos outros de maneira diferente? Por quê?

Como está o cuidado com seu corpo? Ele é o templo do Espírito Santo.

Segunda-feira, 18 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 26-28
Os dias da criação

Nqos últimos anos tem havido uma tendência de se entender a semana da criação como não literal, como uma metáfora, uma parábola ou até mesmo um mito. Isso surgiu como resultado da teoria da evolução, que supõe longos períodos de tempo para explicar o desenvolvimento da vida no ­planeta Terra.

Mas o que a Bíblia ensina sobre esse assunto? Por que os dias da criação em Gênesis 1 devem ser entendidos como literais e não simbólicos?

3. Leia Gênesis 1:3-5 e Êxodo 20:8-11. Como o termo “dia” é usado nesses contextos? Assinale a alternativa correta:

A.(  ) Como dia literal, com “tarde e manhã”.
B.(  ) Como dia simbólico, significando “milhares e milhares de anos”.

A palavra hebraica yôm, ou “dia”, é usada constantemente em toda a narrativa da criação para designar um dia literal. Em Gênesis, nada indica que algo diferente de um dia literal tenha sido pretendido. Alguns estudiosos que não creem que os dias foram literais admitem, no entanto, que a intenção do autor era retratar dias literais.

É interessante que o próprio Deus designe esse nome para a primeira unidade de tempo (Gn 1:5). Yôm, ou “dia”, é definido com a frase “houve tarde e manhã” (Gn 1:5, 8, etc.). O termo foi usado no singular, não no plural, significando um dia único.

Portanto, os sete dias da criação devem ser entendidos como uma unidade completa de tempo, introduzida pelo número cardinal ‘echad (um), seguido por números ordinais (segundo, terceiro, quarto, etc.). Esse padrão indica uma sequência consecutiva de dias, culminando no sétimo dia. Não há indicação, no uso dos termos nem na própria forma narrativa, de
que devesse haver algum intervalo entre esses dias. Os sete dias da criação, de fato, são dias literais, como descrevemos os dias hoje.

Além disso, a natureza literal do dia foi tomada como certa quando Deus escreveu com o próprio dedo o quarto mandamento, indicando que o fundamento para o sétimo dia, o sábado, repousa na sequência de uma semana da criação de sete dias literais.

Além da criação em Gênesis, temos a recriação, na segunda vinda de Cristo, quando Deus transformará a mortalidade em imortalidade “num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta” (1Co 15:52). Se Deus recria instantaneamente, por que Ele usaria bilhões de anos para a primeira criação, como ensina a evolução teísta?


Terça-feira, 19 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 29-31
O sábado e a criação

O sétimo dia, o sábado, está sob fortes ataques na sociedade secular e nas comunidades religiosas. Esse fato pode ser visto nos cronogramas de trabalho das corporações mundiais; na tentativa de mudança do calendário em muitos países europeus, designando a segunda-feira como o primeiro dia da semana e o domingo como o sétimo dia; e na recente encíclica papal sobre mudança climática, que chama o sétimo dia, o sábado, de “sábado judaico” e incentiva o mundo a observar um dia de descanso para reduzir o aquecimento global (Papa Francisco, Laudato Si', Cidade do Vaticano, 2015. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html).

4. Leia Gênesis 2:1-3; Êxodo 20:8-11; Marcos 2:27; Apocalipse 14:7. Como a compreensão da semana da criação está ligada ao quarto mandamento? Qual é a relação disso com as três mensagens angélicas?

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A Bíblia diz: “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito” (Gn 2:2). Muitos criacionistas enfatizam a obra de Deus durante os seis dias da criação, mas deixam de reconhecer que ela não terminou no sexto dia. Ignoram que a obra terminou quando Ele criou o sábado. Por isso, Jesus disse: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2:27). Jesus fez essa declaração autoritativa porque Ele criou o sábado como sinal e selo eternos da aliança de Deus com Seu povo. O sábado não era somente para o povo hebreu, mas para toda a humanidade.

Gênesis indica três coisas que Jesus fez depois de ter criado o sábado. 1. Ele “descansou” (Gn 2:2), dando-nos um exemplo divino de Seu desejo de descansar conosco; 2. O Senhor “abençoou” o sétimo dia (Gn 2:3). Na narrativa da criação, os animais foram abençoados (Gn 1:22), Adão e Eva também foram abençoados (Gn 1:28), mas o único dia especificamente abençoado foi o sétimo; 3. Deus “o santificou” (Gn 2:3).

Nenhum outro dia na Bíblia recebeu essas três designações. Contudo, essas três ações foram repetidas no quarto mandamento, quando Deus escreveu com o próprio dedo e apontou para a criação como o fundamento para o sábado (Êx 20:11).

O mandamento do sábado é mencionado como fundamento para a adoração ao Criador. Como essa ligação com o dia de sábado se relaciona com os eventos finais? (Ap 14:7; Êx 20:11).


Quarta-feira, 20 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 32, 33
Criação e casamento

A última década testemunhou enormes mudanças na maneira como a sociedade e os governos definem o casamento. Muitas nações aprovaram casamentos entre pessoas do mesmo sexo, derrubando leis anteriores que protegiam a estrutura familiar, cujo centro é um homem e uma mulher. Esse é um acontecimento sem precedentes em muitos aspectos e levanta novas questões sobre a instituição do casamento, a relação entre Igreja e Estado e a santidade do casamento e da família, conforme definida nas Escrituras.

5. Leia Gênesis 1:26-28; 2:18, 21-24. O que esses textos nos ensinam sobre o ideal de Deus para o casamento?

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No sexto dia, Deus chegou ao clímax da semana da criação: Ele fez a humanidade. É impressionante que o plural seja usado para Deus em Gênesis 1:26 pela primeira vez: “‘Façamos o homem à Nossa imagem”. Todas as pessoas da trindade divina, em um relacionamento de amor umas com as outras, criaram o casamento humano divinamente instituído aqui na Terra.

“Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27). Adão declarou: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2:23) e a chamou de “varoa” ou “mulher”. O casamento exige que o homem deixe pai e mãe e se una “à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2:24).

As Escrituras são claras e inquestionáveis quanto ao fato de que essa relação deve ocorrer entre um homem e uma mulher, que se originaram de seu pai e mãe, também um homem e uma mulher. Esse conceito foi esclarecido nas instruções dadas aos primeiros pais da Terra: “E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1:28). No quinto mandamento, é declarado que os filhos (descendentes) devem honrar seu pai e sua mãe (Êx 20:12). Esse relacionamento mútuo só pode ser consumado em uma relação heterossexual.

Leia as palavras de Jesus em Mateus 19:3-6. O que elas ensinam sobre a natureza e a santidade do casamento? Embora nunca devamos nos esquecer do amor de Deus por toda a humanidade e de que todos somos pecadores, como devemos assumir uma posição firme e fiel sobre os princípios bíblicos do casamento, à luz de Suas palavras?

Experimente viver com base em um orçamento financeiro. Isso lhe dará mais tranquilidade.

Quinta-feira, 21 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 34-36
A criação, a queda e a cruz

A Bíblia apresenta uma ligação ininterrupta entre a criação perfeita, a queda, o Messias prometido e a redenção. Esses eventos importantes tornam-se o fundamento do tema da história da salvação da humanidade.

6. Leia Gênesis 1:31; 2:15-17; 3:1-7. O que aconteceu com a criação perfeita de Deus? Assinale “V” para verdadeiro ou “F” para falso:

A.( ) Tornou-se corrompida pelo pecado.

B.( ) Permaneceu perfeita.

Deus declarou que tudo o que Ele havia criado era “muito bom” (Gn 1:31). “Agora a criação estava completa [...]. O Éden florescia sobre a Terra. Adão e Eva tinham livre acesso à árvore da vida. Nenhuma mancha de pecado ou sombra de morte desfigurava a linda criação” (Ellen G. White, ­Patriarcas e Profetas, p. 47). Deus havia advertido Adão e Eva de que, se comessem da árvore proibida, certamente morreriam (Gn 2:15-17). A serpente começou seu discurso com uma pergunta e contradisse completamente o que Deus havia dito: “É certo que não morrereis” (Gn 3:4). Satanás prometeu a Eva grande conhecimento e que ela seria como Deus. Evidentemente, ela acreditou nele.

7. Como Paulo confirmou as palavras do Senhor em Gênesis 2:15-17? Leia Romanos 5:12; 6:23. Como esses ensinos contradizem a evolução teísta?

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Os escritores bíblicos posteriores confirmaram declarações bíblicas anteriores e apresentaram ideias adicionais. Em Romanos 5–8, Paulo escreveu sobre o pecado e a beleza da salvação: “Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5:12). Mas na perspectiva evolutiva, a morte já estaria presente ao longo de milhões de anos antes da humanidade. Essa ideia tem sérias implicações para o ensino da origem do pecado, da morte substitutiva de Cristo na cruz e do plano da salvação. Se a morte não está relacionada ao pecado, então o salário do pecado não é a morte (Rm 6:23), e Cristo não teria razão para morrer pelos nossos pecados. Portanto, a criação, a queda e a cruz estão intimamente ligadas. O primeiro Adão está ligado ao último Adão (1Co 15:45, 47). A crença na evolução darwinista destruiria o próprio fundamento do cristianismo, mesmo que algum conceito de Deus seja inserido no processo.



Sexta-feira, 22 de maio
Ano Bíblico: Ed 1-3
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 44-51 (“A Criação”) e p. 111-116 (“A Semana Literal”).

“A evidência cumulativa, fundamentada em considerações comparativas, literárias, linguísticas e outras, converge em todos os níveis, levando à conclusão singular de que a designação yôm, ‘dia’, em Gênesis 1, significa constantemente um dia literal de 24 horas.

“O autor de Gênesis 1 não poderia ter produzido maneiras mais abrangentes e inclusivas de expressar a ideia de um ‘dia’ literal do que as escolhidas” (Gerhard F. Hasel, “The ‘Days’ of Creation in Genesis 1: Literal ‘Days’ of Figurative ‘Periods/Epochs’ of Time?”. Origins 21/1, 1994, p. 30, 31).

“As mais vigorosas mentes, se não forem guiadas pela Palavra de Deus, tornam-se desnorteadas em suas tentativas de investigar as relações entre a ciência e a revelação. O Criador e Suas obras encontram-se além da compreensão dessas pessoas; visto que não conseguem explicar esses fenômenos pelas leis naturais, afirmam que a história bíblica é indigna de confiança” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 258).

Perguntas para consideração

1. O fato de que alguns cristãos aceitem as alegações da ciência acima do relato bíblico prova que a histórica bíblica “seja indigna de confiança”?

2. Por que é impossível levar a Bíblia a sério enquanto se aceita a evolução teísta? Como explicar a cruz à luz do que Paulo escreveu em Romanos 5 sobre a relação direta entre a queda, a morte de Adão e a cruz de Cristo? Qual é a explicação do evolucionista teísta?

3. Por que os cristãos são chamados de pessoas de “mente fechada” quando estão abertos às verdades das Escrituras, reveladas por um Deus infinito? A visão ateísta e materialista do mundo não é muito mais estreita do que a cosmovisão cristã?

4. Sendo fiéis à Palavra de Deus, como podemos ministrar aos que lutam com questões de identidade sexual? Por que não devemos lançar pedras, mesmo em pessoas que, como a mulher em adultério, não conseguem viver os princípios da Palavra de Deus e se sentem culpadas?

Respostas e atividades da semana: 1. Deus existia antes da criação do tempo; a Terra foi formada por Sua palavra. 2. B. 3. A. 4. O quarto mandamento se refere ao sétimo dia da semana da criação, pois, assim como o Senhor descansou de Sua obra de criação no sábado, devemos descansar; o sábado nos lembra do Criador e é o selo de Deus; na primeira mensagem angélica há uma referência à adoração ao Criador do Céu, da Terra, do mar e das fontes das águas. 5. O homem e a mulher foram feitos à imagem de Deus. No casamento, ambos devem se tornar um, como Ele é um com os outros membros da Divindade. 6. V; F. 7. Declarou que, assim como o pecado entrou no mundo por um só homem, por um só Homem também veio a salvação.



Resumo da Lição 8
A criação: Gênesis como fundamento (parte 1)

Textos-chave: Gn 1:3-5; Jo 1:1-3; Êx 20:8-11; Ap 14:7; Mt 19:3-6; Rm 5:12

Esboço

Jesus disse: “Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt 7:24, 25). Se a revelação de Cristo para nós, Sua Palavra, a Bíblia, deve ser o fundamento de nossa vida, em que se fundamenta toda a Escritura? A resposta está em Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, no qual os principais ensinamentos ou doutrinas têm sua fonte.

Ali encontramos o ensino fundamental da criação e de Deus, o Criador. Dada a importância desse fundamento, poderíamos pensar que é uma coincidência, então, que tem havido na atualidade um ataque sem precedentes contra o ensino bíblico da criação? Seria por acaso que a igreja do tempo do fim é incumbida de proclamar Jesus como Criador, que enfatiza essa característica única de Cristo? Na introdução à mensagem para a igreja de Laodiceia (a última das sete igrejas em Apocalipse 2 e 3), Jesus Se referiu a Si mesmo como “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3:14). As mensagens dos três anjos começam com a proclamação do primeiro anjo: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14:7). Durante as próximas duas semanas, estudaremos por que o ensino da criação é fundamental para a mensagem e missão do povo de Deus no tempo do fim e como o relato da criação deve ser interpretado.

Comentário

Escrituras

Você já se perguntou sobre sua existência? De onde veio? Por que está aqui? Qual é o significado da vida? Quem é você? Os grandes filósofos ponderam essas questões há milênios. Elas estão no centro da narrativa da criação e, de fato, são respondidas nos dois primeiros capítulos de Gênesis. Ao longo da história, esses capítulos ofereceram à humanidade dignidade, significado e propósito, e inspiraram as maiores mentes a explorar o mundo ao redor e descobrir as maravilhas da criação de Deus.

Na simples frase de abertura, em Gênesis 1:1, a Bíblia aborda a mais profunda das questões humanas. Antes de sermos criados, no princípio existia Deus. Ele projetou um ecossistema para nós, criando a habitação perfeita para Suas novas criaturas, a fim de sustentar a vida. A Terra está localizada a uma distância precisa do Sol, nem muito longe nem muito perto. O Sol é perfeitamente dimensionado para não produzir energia demais e destruir a vida. Há água abundante na Terra e uma atmosfera respirável. A Lua é do tamanho certo para controlar as marés. O campo magnético é ajustado de modo a impedir que sejamos fritos pelo Sol. Não é de admirar que, após cada estágio da criação, Deus tenha dito que era bom (?ôv; Gn 1:4, 10, 18, 21, 25) e, quando foi concluído, o Senhor disse que era ?ôv m?’?d, “muito bom” (Gn 1:31). Em hebraico, a designação “bom” pode incluir beleza estética e aspectos éticos, porque a criação se originou de Deus, que é amor (1Jo 4:8).

Ilustração

No Salmo 139:14, reconhecendo as complexidades do corpo humano, Davi diz: “Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste”. Atualmente, sabemos muito mais sobre as complexidades do menor elemento do corpo humano, a célula, do que sabiam as pessoas da época de Davi. A célula humana é composta pela menor das máquinas que, para funcionar, deve ter todas as suas partes. Como uma ratoeira, se for retirada uma parte o dispositivo deixa de funcionar. Cada célula contém o DNA de uma pessoa. Um computador funciona com base no código binário de 0s e 1s. O DNA é composto de um código quaternário (A, C, G e T), que é muito mais complexo que um código binário. Uma linguagem inteira com gramática e sintaxe está associada ao DNA, com 3 bilhões de bases. Além disso, esse DNA pode se replicar e o faz dentro de quase 40 trilhões de células no corpo humano. Cada um dos 200 tipos de células do corpo humano tem uma função diferente. Esses são os principais elementos da vida que trabalham em harmonia para desempenhar as funções básicas de sobrevivência. Certamente, somos feitos de forma assombrosa e maravilhosa. Essa complexidade e as características comuns entre todos os seres humanos e criaturas vivas apontam para um único Criador que projetou a vida. Mas não somos simplesmente máquinas; fomos dotados com mente criativa, consciência e a capacidade de experimentar amor, esperança e felicidade. A consciência da mente humana e a liberdade que temos para escolher e criar são impossíveis de explicar a partir de uma perspectiva evolutiva. Quão mais fácil é acreditar em um Criador que nos criou à Sua imagem e semelhança! (Gn 1:27).

Escrituras

Depois de criar o ecossistema para a vida e enchê-lo de peixes, pássaros e animais terrestres, a Divindade projetou a humanidade como o ápice da Criação e também para existir em comunidade. “Façamos o homem à Nossa imagem. [...] Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:26, 27). Os seres humanos deveriam viver em comunhão com Deus e entre si. O Senhor planejou que homem e mulher fossem biológica, física e emocionalmente a contrapartida um do outro. Eles foram criados para se complementarem. Eles eram o “encaixe perfeito” um para o outro, de modo que Adão pôde exclamar quando Eva mais tarde foi retirada de Sua costela: “Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne!” (Gn 2:23, NVI). Assim, Adão a chamou de “mulher”. O casamento requer que o homem deixe pai e mãe e se una à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (Gn 2:24, NVI).

A base da cultura e da civilização na Terra era a unidade de marido e mulher e os filhos que nasceriam desse relacionamento por meio da procriação. É por isso que a Bíblia coloca tanta ênfase na unidade familiar. Essa ênfase também é destacada nos Dez Mandamentos. Os quatro primeiros mandamentos descrevem o relacionamento da humanidade com Deus, culminando no sábado, que solidifica a obediência e a honra dada ao Criador por meio de um relacionamento especial de semana a semana. Observe que, após o preceito do sábado, a transição para o quinto mandamento se concentra principalmente na família, pois é ali que o caráter divino deve ser transmitido para as gerações futuras: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Êx 20:12). O propósito original da criação divina foi que o mundo fosse cheio de famílias amorosas que considerassem a Deus de forma suprema, sustentassem Seu caráter na vida e educassem seus filhos em humilde obediência.

A tentativa de Satanás de destruir o propósito divino na queda levou à separação entre Deus e a humanidade e depois entre Adão e Eva. A separação de Adão e Eva proporcionou a Satanás uma abertura. Num momento em que estava desprotegida, Eva se aproximou curiosamente da proibida árvore do conhecimento do bem e do mal. Satanás, ao insinuar dúvidas sobre a palavra divina, conseguiu distorcer e interromper o plano do Criador. Os resultados imediatos foram devastadores. Depois que eles comeram da árvore, o sentimento de separação e culpa destruiu o relacionamento do primeiro casal com o Criador. Adão e Eva agora sentiam sua própria nudez. Depois que Deus em Seu amor os buscou, eles se culparam, promovendo a divisão. No capítulo seguinte, Gênesis 4, vemos o resultado completo do pecado no assassinato do filho Abel, morto pelo irmão Caim. A desobediência à Palavra de Deus deu o seu fruto final na destruição da criação divina.

No início, Satanás insinuou a dúvida: “‘Foi isto mesmo que Deus disse [...]?’” (Gn 3:1, NVI). Esse questionamento ainda ressoa por meio da teoria da evolução. A Palavra de Deus testifica claramente que Ele falou e os céus e a Terra passaram a existir. As Escrituras declaram que “Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3). Se duvidarmos da Palavra divina a respeito da criação, não estaremos seguindo uma mentira, assim como nossos primeiros pais no início da história da Terra?

Cristo veio para resgatar o mundo e Sua criação para Si mesmo e para o Pai. Jesus disse: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8:58). Com essas palavras, Ele Se declarou como o autoexistente Deus do Universo. O vento e os mares Lhe obedeceram porque Ele os criou. Ele ressuscitou a filha de Jairo dos mortos, porque “a vida estava Nele e a vida era a luz dos homens” (Jo 1:4). A recriação final que Cristo promete (Jo 14:1-4) na Sua segunda vinda só é possível se Ele tiver sido verdadeiramente nosso Criador no princípio.

Aplicação para a vida

Deus pretendia que a família fosse a unidade fundamental da vida humana. O que acontece quando a fundação de um edifício se corrói? Como a erosão da crença na criação prejudica o restante da estrutura da sociedade? Que diferença faz a teoria da evolução para o sentido da nossa existência? Nesta semana, o que testemunha sobre o propósito de Deus em sua vida?

“Jesus apontou a Seus ouvintes a antiga instituição do casamento, segundo foi ordenada na criação. [...] Então tiveram origem o casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da humanidade. Então, ao unir o Criador as mãos do santo par em matrimônio, dizendo: Um homem ‘deixará [...] o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne’ (Gn 2:24, ARC), enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos de Adão, até ao fim do tempo. Aquilo que o próprio Pai Eterno havia declarado bom era a lei da mais elevada bênção e desenvolvimento para o homem” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 63, 64).


DEMÔNIOS E MORTE

Durante um estudo bíblico em seu apartamento, na cidade finlandesa de Raahe, localizada a 600 quilômetros ao norte de Helsinque, Leena virou-se para os amigos, Anneli e Timo, e disse: “Eu tive um mau pressentimento. Vamos orar.” Os três estudantes universitários se ajoelharam. Naquele momento, um vulto alto negro entrou na sala e correu em direção a Anneli. A jovem cambaleou horrorizada enquanto o vulto negro tentava agarrála. Timo e Leena oraram com mais determinação. Então um vulto brilhante entrou na sala e expulsou o vulto negro. O vulto negro permaneceu na porta tentando entrar novamente, mas o vulto brilhante bloqueou cada tentativa. Após 10 minutos, o vulto negro desistiu e foi embora.

Quando a calma voltou ao quarto, as estudantes apavoradas reconstituíram o acontecimento. Leena descreveu a mudança entre os vultos negro e brilhante. Timo só tinha visto as sombras claras e escuras passarem por ele no chão. Anneli não queria conversar sobre o que tinha visto. Mais tarde, souberam que o ataque tinha acontecido ao mesmo tempo que houve um suicídio em uma casa vizinha. “Por isso eu tive um mau pressentimento”, Leena afirmou.

Quebrando o silêncio, Anneli reconheceu que praticara o espiritismo e ainda era perseguida pelos maus espíritos. Entretanto, sabia que Deus era mais poderoso. Sozinha na cama, após o ataque, ela viu um vulto brilhante entrar no quarto entrar e sentar-se na cama até o amanhecer. Os ataques demoníacos pararam depois que Anneli foi batizada na igreja adventista. Aquela foi a primeira vez que Timo teve uma visão do grande conflito entre Cristo e Satanás tão perto. E não foi a última vez. Normalmente acostumado a dormir profundamente, ele acordou no meio da noite com uma sensação que alguém o vigiava na escuridão. Então ouviu uma voz, dizendolhe: “Não seja batizado!”

Timo era um estudante de engenharia de software e estava se preparando para o batismo na igreja adventista. Ele tentou olhar na escuridão, mas não conseguiu enxergar, embora pudesse sentir a presença de alguém. Então, orou e a presença foi embora. No dia seguinte, Leena lhe contou que, na noite anterior, alguém havia cometido suicídio perto da casa dele. “Você sabe a que horas?”, Timo perguntou. Ela respondeu e havia sido na hora exata quando ele havia acordado. O aviso noturno não impediu que Timo fosse batizado, e ele se tornou pastor adventista.

Essas experiências com sobrenatural e suicídio não pararam. Certo dia, ele e vários pastores adventistas embarcaram em uma balsa para uma viagem noturna para uma conferência pastoral na Suécia. Naquela noite, ele estava inquieto. Depois de tentar, sem sucesso, adormecer, sentiu uma súbita e urgente necessidade de orar. Assim que começou a orar, ele ouviu risadas demoníacas. O som terrível era indescritível, algo parecido com um riso maníaco. Timo sentiu que algo de ruim estava acontecendo, mas ele não sabia o quê. Chegou a orar por duas horas.

No desjejum, um pastor mais idoso se aproximou de Timo e lhe perguntou o que havia acontecido com ele durante a noite. Ao ouvir o relato, disse a Timo: “O Espirito Santo disse para orar por você.” De faro, o pastor havia acordado no meio da noite e orado pelo jovem colega. Então, outro pastor se aproximou da mesa de desjejum. “Vocês não sabem o que me aconteceu na noite passada”, ele disse. “Acordei e senti uma urgência muito forte a sair e tomar um ar fresco. Quando cheguei no convés, vi um homem prestes a pular no mar.” Então, durante uma hora o pastor persuadiu o homem a desistir de se matar.

Quando os três pastores compararam o horário de suas experiências noturnas, perceberam que todas ocorreram simultaneamente. Timo, agora com 45 anos e diretor de comunicação da igreja adventista na Finlândia, vê os três encontros com o suicídio e o eventos sobrenaturais como evidências do grande conflito entre Cristo e Satanás.

“Tudo isso está acontecendo ao nosso redor”, diz ele. “O encorajador é que Jesus já venceu. Não temos nada a temer. Mesmo com esses eventos sobrenaturais e aterrorizantes, Jesus ainda nos protege. Não há nada que o adversário possa fazer.”

 

Dicas da História

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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2020
Tema Geral: Como interpretar as Escrituras
Lição 8 – 16 a 23 de maio

A criação: Gênesis como fundamento: parte 1

Autor: Isaac Malheiros
Editor: André Oliveira Santos
Revisora: Rosemara Santos

Acreditamos que Deus criou os céus, a Terra e o mar numa criação recente e que durou seis dias (mas é importante destacar: somos criacionistas, não fixistas). Por outro lado, a crença no “evolucionismo teísta” afirma que Deus teria criado através de longas eras, “dias” simbólicos que duraram milhares de anos. Nesta semana, veremos como a doutrina da criação sustenta muitas outras doutrinas. Se ela cair, o sistema bíblico de crenças se torna insustentável.

A criação ocorreu em uma semana literal

Algumas pessoas tratam Gênesis como mito, desconstruindo os textos bíblicos e seus conceitos, limitando-os a seu tempo e cultura, e restringindo-os a seus contextos sociopolíticos. Porém, a Bíblia é a Palavra de Deus para hebreus da época de Moisés e para brasileiros do século 21. E, ainda que o relato da criação tenha algumas características poéticas, isso não significa que o relatado ali não seja um fato histórico. É possível descrever acontecimentos históricos reais em linguagem poética também!

Algumas vezes, na Bíblia, a palavra “dia” representa um período indefinido. Apesar disso, os dias da criação devem ser entendidos como dias literais por causa do estilo literário: Gênesis é dividido em 10 “genealogias” (toledot), e a criação é uma delas (a palavra “geração” ou “gênese”, em Gênesis 2:4, é toledot). Se as outras genealogias são literais e históricas, a de Gênesis 2:4 deve ser também.

Ademais, o relato da criação também associa a palavra “dia” a um numeral (“primeiro dia”, “segundo dia”, etc.), o que, na Bíblia, geralmente aponta para um dia de 24 horas (Nm 7:12-78; 29:1-35). Além disso, a expressão “houve tarde e manhã” delimita um período de 24 horas. A própria Bíblia considera literalmente os dias da criação (Êx 20:8-11; 31:17), e o quarto mandamento usa a literalidade da semana da criação como argumento.

A criação inclui o sábado

Em certo sentido, a obra de Deus não terminou no sexto dia: “Havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que fizera, descansou” (Gn 2:2). O sábado também foi feito, também faz parte da criação. Por isso, Jesus afirmou que “o sábado foi estabelecido [verbo guinomai] por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2:27). O verbo guinomai é o mesmo utilizado para descrever a obra criativa de Jesus em João 1:3: “Todas as coisas foram feitas [guinomai] por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito [guinomai] se fez [guinomai]”.

Sendo parte da criação, o sábado não foi feito só para o povo hebreu, mas para toda a humanidade, e está alicerçado na semana da criação de Gênesis, antes do Sinai (Êx 16:23, 29, 30), e antes mesmo da existência de qualquer judeu. Ao fazer o sábado, Deus “abençoou” o sétimo dia. Ele não criou apenas um “princípio do descanso em um dia em sete”, mas estabeleceu um dia específico para isso e o “santificou” (Gn 2:3).

A criação e a natureza do homem

Faz muita diferença saber que somos criados por Deus à Sua imagem e semelhança. Paulo afirma que Deus “de um só fez toda a raça humana” (At 17:26). Deus fez o ser humano um pouco “menor que os anjos, [e] de glória e de honra” o coroou (Hb 2:7). Jesus, e não as forças impessoais da natureza, foi o Agente da criação: “Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3; cf. Hb 1:1, 2). E assim como criou o ser humano rapidamente, Ele vai recriá-lo também de maneira rápida, “num momento, num abrir e fechar de olhos” (1Co 15:52), sem a necessidade de usar bilhões de anos para isso.

O ser humano tem uma origem superior, não inferior. Não somos apenas um amontoado de células. Não é por acaso que a doutrina bíblica da Imago Dei está nos fundamentos do conceito de direitos humanos. A evolução darwiniana é contraditória ao conceito de dignidade humana, e as tentativas de harmonizar as duas coisas é um exercício de autoengano e autoilusão.

A historicidade da criação afeta a teologia de Paulo

De acordo com Paulo, “assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens” (Rm 5:12). Como o evolucionismo teísta explicaria a presença da morte milhões de anos antes de a humanidade surgir? A Bíblia relaciona a morte ao pecado (Rm 6:23), e inserir milhares de anos com morte antes da queda do ser humano destrói a teologia de Paulo.

Em Romanos 5:12-21, Paulo correlaciona a queda de Adão com a vitória de Cristo. O primeiro Adão está ligado ao último Adão, que é Jesus (1Co 15:45-47). Esse ensino usa como referência principal a narrativa do Éden, e negar a historicidade de Adão e Eva é acabar com a autoridade de Romanos.

Casamento e família

É impossível falar sobre família, casamento e sexualidade sem o relato da criação. Primeiramente, na Bíblia, sexo biológico e gênero estão interligados, e não há distinção entre os dois. Em palavras simples: mulher é fêmea, e homem é macho (Gn 1:27; 2:24; cf. 17:10, 11). Além disso, não há um só texto bíblico que elimine as distinções de gênero (Gl 3:28 está afirmando que, em Cristo, todas as pessoas têm acesso ao dom da salvação, e não que mulher e homem não sejam gêneros distintos). O casamento exige que o homem deixe pai e mãe e se una “à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2:24), o que estabelece o padrão de uma relação heterossexual e monogâmica.

No Novo Testamento, Jesus mantém o mesmo padrão do Gênesis, usando dois grupos de palavras gregas: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho [arsen] e fêmea [thelus], e disse: Portanto, deixará o homem [anthropos] pai e mãe e se unirá à sua mulher [gyné], e serão dois numa só carne?" (Mt 19:5, ARC). As palavras de Jesus igualam “macho” a “homem” e “fêmea” a “mulher”. Também, em Mateus 19:3-6, Jesus reafirma a origem divina do casamento heterossexual monogâmico, e destaca a santidade do casamento.

Um cristão não pode ver casamento e família como fruto e instrumento do capitalismo ou do patriarcado e, ao mesmo tempo, afirmar crer na criação divina (Gn 2:18-25). Os padrões familiares foram estabelecidos no Gênesis, antes do surgimento do patriarcado e da burguesia. Jesus descreve o casamento como uma ação divina: é “o que Deus ajuntou” (Mt 19:6). A Bíblia compara o relacionamento entre Jesus e Sua igreja com o casamento (Ef 5:22-33; 2Co 11:2; Ap 19:7).

A doutrina bíblica do pecado explica a distorção do casamento e da família na sociedade contemporânea. As configurações familiares alternativas (como Ester e Mardoqueu) são reconhecidas na Bíblia. Mas as manifestações de violência, egoísmo e imoralidade em algumas famílias não fazem parte do plano original de Deus, como Jesus disse: “Não foi assim desde o princípio” (Mt 19:8). Não é preciso recorrer a nenhuma visão materialista da história ou a alguma teoria do patriarcado para explicar tais manifestações não ideais ou pecaminosas.

Mas, como ficamos diante da avalanche de pesquisas, vídeos e textos afirmando o contrário de tudo isso que a Bíblia ensina? Simples: um cristão bíblico deveria tratar esses assuntos como a Bíblia trata. É uma questão de definir quem tem mais autoridade sobre nós.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Isaac Malheiros é pastor, casado com a professora Vanessa Meira, e pai da pequena Nina Meira, de 8 anos. Tem atuado por 16 anos como pastor na área educacional, como capelão e professor, e ama ensinar a ler e interpretar a Bíblia. Atualmente, é pastor dos universitários e professor do Instituto Adventista Paranaense (IAP). É doutor em teologia (Novo Testamento), mestre em teologia (Estudos de texto e contexto bíblicos) e especialista em Ensino Religioso e Teologia Comparada.