Lição 7
06 a 12 de fevereiro
A derrota dos assírios
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Lv 15, 16
Verso para memorizar: “Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, somente Tu és o Deus de todos os reinos da Terra; Tu fizeste os céus e a Terra” (Is 37:16).
Leituras da semana: Is 36; 37; 38; 39

Um homem magro anda descalço com seus dois filhos. Outra família leva os seus pertences numa carroça puxada por bois debilitados. Um homem conduz os bois, enquanto duas mulheres vão sentadas na carroça. Os menos afortunados não têm carroça; portanto, levam seus bens nos ombros.

Há soldados por toda parte. Um aríete despedaça o portão da cidade. Arqueiros em cima do aríete atiram nos que defendem os muros. Reina ali desenfreada carnificina.

Um rei assenta-se grandiosamente em seu trono, recebendo espólio e cativos. Alguns se aproximam dele com as mãos levantadas, implorando por misericórdia. Outros se ajoelham ou se curvam. As descrições dessas cenas com o rei começam com as palavras: “Senaqueribe, rei do mundo, rei da Assíria” e continuam com expressões como “assentou-se em um ­trono-n?medu [cadeira cúltica], e o espólio da cidade de Laquis passou em revista diante dele” (John Malcolm Russell, The Writing on the Wall; Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 1999, p. 137, 138).

Essa série de imagens, que um dia adornaram as paredes do “Palácio Sem Rival” de Senaqueribe, agora se encontram no Museu Britânico, e que história elas têm para contar sobre a situação do professo povo de Deus!



Domingo, 07 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 17-19
Amarras (Is 36:1)

1. O que aconteceu com Judá? (2Rs 18:13; 2Cr 32:1; Is 36:1). Assinale a alternativa correta:

A.( ) Enfrentou um período de fome.
B.( ) Senaqueribe invadiu Judá e conquistou algumas de suas cidades.

Quando o incrédulo Acaz morreu e seu filho Ezequias o sucedeu, o reino de Judá havia perdido a total independência. Tendo comprado o auxílio dos assírios contra a aliança da Síria e do Israel do Norte, Judá foi forçado a continuar pagando à Assíria o “dinheiro de proteção” na forma de tributo (veja 2Cr 28:16-21). Quando o rei assírio Sargão II morreu em um campo de batalha distante e foi sucedido por Senaqueribe, em 705 a.C., a Assíria parecia vulnerável. Evidências de textos bíblicos e assírios revelam que Ezequias aproveitou essa oportunidade para se rebelar (veja 2Rs 18:7), adotando ações agressivas como líder de uma revolta contra a Assíria entre as pequenas nações de sua região.

Infelizmente, Ezequias havia subestimado a resistência do poder da Assíria. Em 701 a.C., quando Senaqueribe tinha subjugado outras partes de seu império, ele atacou a Síria-Palestina com força devastadora e assolou Judá.

2. Como Ezequias se preparou para um confronto com a Assíria? 2Cr 32:1-8

_____________________________

Quando Ezequias percebeu que Senaqueribe pretendia tomar Jerusalém, a capital, ele fez extensos preparativos para um confronto com a Assíria. O rei fortaleceu suas fortificações, equipou e organizou ainda mais seu exército e aumentou a segurança das fontes das águas de Jerusalém (veja também 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:30). O impressionante túnel de água de Siloé, homenageado por uma inscrição que narrava sua construção, quase certamente data da preparação de Ezequias para um possível cerco.

Tão importante quanto a liderança militar e organizacional, Ezequias ofereceu uma liderança espiritual enquanto buscava levantar o ânimo de seu povo naquele momento assustador. “No entanto, o rei de Judá estava determinado a fazer sua parte na preparação para resistir o inimigo; e havendo feito tudo que estava ao alcance da energia e do planejamento humano, reuniu seus exércitos e os animou a ser fortes e corajosos” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 351).

Se Ezequias confiava tanto no Senhor, por que ele fez tantos esforços? Suas obras negavam sua fé? (veja Fp 2:12, 13, sobre a cooperação com Deus).


Segunda-feira, 08 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 20-22
Propaganda (Is 36:2-20)

Os assírios eram brutais, mas também inteligentes. O objetivo deles era riqueza e poder, não apenas a destruição (Is 10:13, 14). Por que usar recursos para tomar uma cidade à força se você pode convencer os habitantes dela a se renderem? Portanto, enquanto estava sitiando Laquis, Senaqueribe enviou seu Rabsaqué, um alto oficial, para tomar Jerusalém por meio de propaganda.

3. Quais argumentos o Rabsaqué usou para intimidar Judá? Is 36:2-20; 2Rs 18:17-35; 2Cr 32:9-19

_____________________________________

O Rabsaqué usou argumentos fortes: (1) Judá não podia confiar no auxílio egípcio, pois o Egito era fraco e indigno de confiança; (2) Judá não podia depender do Senhor, porque Ezequias O tinha ofendido ao remover Seus lugares altos e altares, mandando o povo adorar no altar de Jerusalém. De acordo com o Rabsaqué, o Senhor estava do lado da Assíria e mandara Senaqueribe destruir Judá. E Judá não possuía homens suficientes para montar 2 mil cavalos.

Segundo o Rabsaqué, para evitar um cerco no qual o povo não teria nada para comer nem beber, eles deviam se entregar; assim, seriam bem tratados. Ezequias não poderia salvá-los e, como os deuses das outras nações conquistadas pela Assíria não as tinham salvado, o Deus dos judeus não os salvaria.

4. O Rabsaqué estava dizendo a verdade? Assinale a alternativa correta:
A.( ) Sim, completamente.
B.( ) Parcialmente.

Os argumentos do Rabsaqué foram persuasivos, dois deles implícitos em seu raciocínio: (1) Ele chegara de Laquis, a 48 quilômetros de distância, onde os assírios mostraram o que acontecia a uma cidade fortificada que ousava resistir a eles; (2) Ele conduzia um poderoso exército (Is 36:2). Conhecendo o destino de cidades como Samaria (2Rs 18:9, 10), que sucumbiram à Assíria, nenhum judeu duvidaria de que Jerusalém estava condenada (Is 10:8-11). O Rabsaqué estava certo ao dizer que Ezequias havia destruído os locais de sacrifício para centralizar a adoração no templo de Jerusalém (2Rs 18:4; 2Cr 31:1). Mas se essa reforma ofendera o Senhor, quem seria a esperança do povo? Poderia Ele salvá-los? Cabia a Deus responder a essa pergunta!

Você já se sentiu desesperado? Como lidou com a situação e qual foi o resultado?


Terça-feira, 09 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 23-25
Abalado, mas não abandonado (Is 36:21–37:20)

5. Como a inteligente oratória do Rabsaqué impactou Ezequias e seus oficiais? 2Rs 18:37–19:4; Is 36:21–37:4

A.( ) O povo e o rei rasgaram as vestes e ficaram muito tristes.
B.( ) O povo e o rei afrontaram o Rabsaqué.

Profundamente abalado e com lamentações angustiadas, Ezequias voltou-se para Deus, buscando humildemente a intercessão de Isaías, o profeta cujo conselho seu pai tinha ignorado.

6. Como Deus encorajou Ezequias? Is 37:5-7

_______________________________

A mensagem foi breve, mas suficiente. Deus estava do lado do Seu povo. Isaías profetizou que Senaqueribe ouviria um rumor que o faria desistir de seu ataque a Judá. Isso foi imediatamente cumprido.

Temporariamente frustrado, mas sem desistir, Senaqueribe enviou a Ezequias uma mensagem ameaçadora: “Não deixe que o seu Deus, em quem você confia, o engane, ao dizer: ‘Jerusalém não será entregue nas mãos do rei da Assíria [...]. Será que os deuses das nações livraram os povos que os meus pais destruíram” [...]? (Is 37:10, 12; veja também 2Cr 32:17).

Dessa vez, Ezequias foi direto ao templo e apresentou a mensagem diante do Senhor dos Exércitos, “entronizado acima dos querubins” (Is 37:14-16).

7. Como a oração de Ezequias identifica o que estava em jogo na crise de Jerusalém? Is 37:15-20

_____________________________

Senaqueribe atacou intencionalmente a defesa mais forte de Ezequias: a fé em seu Deus. Em vez de fraquejar, Ezequias apelou para que o Senhor demonstrasse quem Ele era, “para que todos os reinos da terra” soubessem que só Ele é o Senhor (Is 37:20).

8. Leia a oração de Ezequias (Is 37:15-20). Em quais atributos de Deus ele se concentrou? Qual princípio nessa oração nos incentiva e fortalece a fim de permanecermos fiéis em nossas crises pessoais?

____________________________



Quarta-feira, 10 de fevereiro
Ano Bíblico: Lv 26, 27
O restante da história (Is 37:21-38)

De acordo com os registros de Senaqueribe, ele tomou quarenta e seis cidades fortificadas, sitiou Jerusalém e fez de Ezequias, o judeu, “um prisioneiro em Jerusalém; e este era, em sua residência real, como um pássaro em uma gaiola” (Editado por James B. Pritchard, Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament; Princeton University Press, 1969, p. 288). Contudo, apesar de ser inclinado à propaganda como uma extensão de seu imenso ego, não há textos nem quadros que afirmem que ele houvesse tomado Jerusalém. Essa omissão é incrível, dado o implacável poder de Senaqueribe e o fato de Ezequias ter liderado uma revolta contra ele. Os que se rebelavam contra a Assíria tinham curta expectativa de vida e mortes terríveis.

Mesmo que não tivéssemos a Bíblia, deveríamos admitir que um milagre deve ter ocorrido. O fato de Senaqueribe ter revestido as paredes de seu “Palácio Sem Rival” com figuras esculpidas que descreviam seu cerco bem-sucedido a Laquis, parece ter ocorrido devido à sua necessidade de manter as aparências. Mas, se não fosse pela graça de Deus, essas figuras teriam mostrado Jerusalém! Senaqueribe não contou o restante da história, mas a Bíblia o faz.

9. Qual é o restante da história? (Is 37:21-37). Assinale a alternativa correta:

A.( ) O Senhor entregou Ezequias nas mãos de Senaqueribe.
B.( ) O Senhor arrasou o exército da Assíria.

Em resposta à oração de fé de Ezequias, Deus lhe enviou uma mensagem de segurança para Judá e de fúria contra o rei assírio, que tinha afrontado o Rei dos reis (Is 37:23). Deus logo cumpriu Sua promessa de defender Jerusalém (2Rs 19:35-37; 2Cr 32:21, 22; Is 37:36-38).

Uma grande crise exigiu um grande milagre. O número de mortos foi alto: 185 mil. Portanto, Senaqueribe não teve escolha senão voltar para casa, onde encontrou a própria morte (compare com a profecia de Isaías 37:7-38).

“O Deus dos hebreus havia prevalecido sobre a orgulhosa Assíria. A honra de Jeová foi vindicada aos olhos das nações vizinhas. Em Jerusalém, o coração do povo estava cheio de santa alegria” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 361). Além disso, se Senaqueribe tivesse conquistado Jerusalém, ele teria deportado a população de tal maneira que Judá teria perdido sua identidade, como ocorreu com o Israel do Norte. Portanto, de uma perspectiva, não haveria povo judeu de quem o Messias pudesse nascer. A história deles teria terminado ali. Mas Deus manteve a esperança viva.

Como você responderia à seguinte pergunta: Foi justo que aqueles soldados assírios morressem em massa dessa maneira? De que modo você entende essa ação do Senhor?


Quinta-feira, 11 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 1-3
Na doença e na riqueza (Is 38; 39)

Os eventos de Isaías 38 e 39 (2Rs 20) aconteceram perto do momento em que Deus libertou Ezequias de Senaqueribe, mesmo que a libertação ainda não tivesse ocorrido (Is 37; 2Rs 19). De fato, Isaías 38:5, 6 e 2 Reis 20:6 mostram que os judeus ainda enfrentavam a ameaça assíria.

“Satanás estava determinado a causar a morte de Ezequias e a queda de Jerusalém. Sem dúvida, ele pensava que, se Ezequias estivesse fora do caminho, seus esforços para a reforma cessariam, e a queda de Jerusalém poderia acontecer mais rapidamente” (Comentário Bíblico Adventista, v. 4, p. 249).

10. O que essa citação revela sobre a importância de uma boa liderança para o povo de Deus?

______________________________

11. Qual sinal o Senhor deu a Ezequias para confirmar sua fé? 2Rs 20:8-10; Is 38:6-8

______________________________

Ao rejeitar os sinais oferecidos por Deus (Is 7), Acaz tinha dado início às circunstâncias que levaram aos problemas com a Assíria. Mas agora Ezequias havia pedido um sinal (2Rs 20:8); então, Deus o fortaleceu para enfrentar a crise que seu pai havia causado. Fazer com que a sombra no relógio solar de Acaz retrocedesse só era possível por meio de um milagre.

Os babilônios estudavam os movimentos dos corpos celestes e os registravam com precisão. Portanto, eles teriam notado o comportamento estranho do Sol e se perguntado o que isso significava. Não foi por acaso que o rei Merodaque-Baladã enviou mensageiros naquele tempo. Os babilônios descobriram a relação entre a recuperação de Ezequias e o sinal miraculoso.

Agora sabemos por que Deus escolheu esse sinal específico. Assim como mais tarde o Senhor usou a estrela de Belém para trazer sábios do Oriente, Ele usou uma mudança solar para trazer mensageiros de Babilônia. Essa era uma oportunidade singular para que eles aprendessem sobre o verdadeiro Deus. Merodaque-Baladã passou toda a sua carreira tentando conquistar a independência de Babilônia em relação à Assíria. Ele precisava de aliados poderosos, o que explica sua motivação para entrar em contato com Ezequias. Se o próprio Sol se moveu a pedido de Ezequias, o que ele poderia fazer com a Assíria?

Como Ezequias perdeu uma incrível oportunidade de glorificar a Deus e de mostrá-Lo aos babilônios? Qual foi o resultado? (Is 39). Ezequias, que deveria ter testemunhado a eles do Senhor, mostrou, em vez disso, a sua própria “glória”. Qual é a lição para nós?


Sexta-feira, 12 de fevereiro
Ano Bíblico: Nm 4-6
Estudo adicional

Somente por intervenção direta de Deus a sombra no relógio solar poderia voltar atrás dez graus; e isso devia ser um sinal a Ezequias de que o Senhor tinha ouvido sua oração. Concordando, ‘o profeta Isaías clamou ao Senhor; e fez retroceder dez graus a sombra lançada pelo Sol declinante no relógio de Acaz’” (Ellen G. White, Profetas e Reis, p. 342).

“A visita desses mensageiros do governante de uma terra tão distante dava a Ezequias a oportunidade de exaltar o Deus vivo. Como teria sido fácil para ele testemunhar sobre Deus, o sustentador de todas as coisas criadas, por cujo favor sua própria vida tinha sido poupada, quando todas as outras esperanças haviam desaparecido! [...]

“O orgulho e a vaidade, no entanto, tomaram posse do coração de Ezequias e, exaltando a si mesmo, expôs aos olhos cobiçosos os tesouros com que Deus havia enriquecido Seu povo. O rei “mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias não lhes mostrasse” (Is 39:2). Não foi para glorificar a Deus que ele agiu assim, mas para se exaltar diante dos príncipes estrangeiros” (ibid., p. 344, 345).

Perguntas para consideração

1. Seria Satanás como o Rabsaqué assírio? Ele fala a verdade quando diz que pecamos? Como Deus responde? (Zc 3:1-5). Qual é a nossa esperança contra essas acusações? (Rm 8:1)

2. Satanás interrompe suas acusações quando somos perdoados? (Ap 12:10). Depois que somos perdoados, Satanás continua dizendo que lhe pertencemos por causa do nosso pecado. Qual é a natureza de sua acusação? (Dt 19:16-21)

Resumo: Em resposta ao clamor de um rei fiel, Deus salvou Seu povo e mostrou quem Ele é: o onipotente rei de Israel que controla o destino da Terra. Ele não apenas destrói aqueles que tentam destruir Seu povo, mas também oferece oportunidades para que outros se unam ao Seu povo, não importando quanto eles sejam “babilônicos”.

Respostas e atividades da semana: 1. B. 2. Ele tapou as fontes das águas, restaurou o muro quebrado e ergueu torres. 3. Judá não tinha a quem recorrer, pois o Egito não seria capaz de salvá-lo; o próprio Senhor Deus não o salvaria em virtude do pecado de Ezequias e, além disso, Judá não tinha homens suficientes para a guerra. 4. B. 5. A. 6. Por meio do profeta Isaías, o Senhor acalmou o coração de Ezequias, dizendo-lhe que não temesse o rei da Assíria, pois Deus faria com que ele ouvisse um rumor e desistisse do ataque a Judá. 7. O que estava em jogo era a questão de quem era o verdadeiro Deus. Ezequias mostrou que os deuses das outras nações não eram como o Senhor. 8. Ele se concentrou na grandeza de Deus e no fato de que Ele é o Criador de todas as coisas. O princípio de que Deus domina a Terra. 9. B. 10. Uma boa liderança é de vital importância para que Deus cumpra Seus propósitos e frustre os intentos do diabo. 11. O Senhor fez com que o Sol retrocedesse.



Resumo da Lição 7
A derrota dos assírios

Foco do estudo: Isaías 36; 37; 38

Esboço

Na primeira seção de Isaías 36 (v. 1-10), podemos ver que o comandante da Assíria, o rabsaqué, tenta enganar o povo de Judá para que acredite na mensagem do rei da Assíria. Ele tenta convencer os líderes de Judá a não acreditarem em Deus.

Isaías 37 mostra o rei Ezequias lamentando as más notícias que seu oficial traz. No entanto, o Senhor envia uma mensagem ao rei, que então afirma sua fé no Senhor (Is 37:16-20).

De acordo com Isaías 38, o rei Ezequias ficou doente e Deus lhe informou por meio do profeta Isaías sobre sua morte iminente. O rei clamou ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu com a promessa de mais quinze anos de vida. Durante esse período difícil, Ezequias escreveu um belo salmo em que expressa seus pensamentos sobre Deus e sua experiência sombria. Três temas principais serão explorados neste estudo: (1) Em quem devemos confiar? (2) Por que Deus é confiável? e (3) Deus e os sofrimentos pessoais.

Comentário

Em quem devemos confiar?

Isaías 36 a 39 incluem narrativas que detalham outro desafio militar de Judá. O evento ocorreu durante o reinado de Ezequias. O segundo livro dos Reis (capítulos 18 e 19) e o segundo livro das Crônicas (capítulos 29 a 32) descrevem Ezequias como um grande reformador em termos de assuntos religiosos: “No primeiro ano do seu reinado, no primeiro mês, abriu os portões da Casa do Senhor e os reparou” (2Cr 29:3); e disse aos levitas: “Escutem, levitas! Santifiquem agora a si mesmos e santifiquem a Casa do Senhor, Deus de seus pais. Tirem do santuário tudo o que é impuro” (2Cr 29:5). O registro bíblico aponta que “Ezequias confiou no Senhor, Deus de Israel, de maneira que não houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois dele” (2Rs 18:5).

O poder assírio subiu contra Israel e Samaria foi capturada “porque não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus, mas quebraram a Sua aliança, a saber, tudo o que Moisés, servo do Senhor, havia ordenado; não o ouviram, nem o fizeram” (2Rs 18:12). No entanto, “Senaqueribe, rei da Assíria, atacou todas as cidades fortificadas de Judá e as conquistou” (2Rs 18:13). Parece que circunstâncias difíceis cercam pessoas boas e más.

Por alguma razão, Ezequias se rebelou contra a Assíria, e a crise atingiu um ponto alto. O rabsaqué, oficial emissário de Senaqueribe, chegou ao rei de Judá com uma mensagem que continha o cerne da questão na narrativa: “Em quem você está confiando?” (Is 36:5). Havia algumas alternativas para Ezequias: confiar no Egito (Is 36:6)? Confiar no Senhor (Is 36:7)? Ou confiar no rei assírio (Is 36:8)? O agente assírio explicou aos líderes do povo de Deus seu raciocínio sobre por que não era conveniente confiar nos outros, mas apenas nele.

Não confie no Egito porque é como um “bordão de caniço esmagado” (Is 36:6). Não confie no Senhor. O rabsaqué advertiu: “Não deixem que Ezequias os engane, dizendo: ‘O Senhor nos livrará.’ Será que os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria? Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Será que eles livraram Samaria das minhas mãos? De todos os deuses destes países, quais foram os que livraram a sua terra das minhas mãos? Então como o Senhor poderá livrar Jerusalém das minhas mãos?” (Is 36:18-20). Além disso, ele insistia em afirmar que “foi o próprio Senhor quem ordenou que [ele] atacasse esta terra e a destruísse” (Is 36:10).

Finalmente, o emissário da Assíria aconselhou os representantes de Judá a confiar na Assíria, e fazer um acordo com os assírios: “Façam as pazes comigo e se entreguem. Então cada um comerá da sua própria videira e da sua própria figueira, e beberá a água da sua própria cisterna, até que eu venha e os leve para uma terra como a de vocês, terra de cereal e de vinho, terra de pão e de vinhas (Is 36:16, 17). Se Judá concordasse com isso, mostraria seu desdém por Deus.

Por que Deus é confiável?

É interessante que o emissário assírio sabia que Ezequias confiava no Senhor. Parecia que tinha medo da fé do monarca, pois argumentou com os representantes de Judá para que não confiassem no Senhor (Is 36:7). Ele disse: “Não deixem que Ezequias os leve a confiar no Senhor, dizendo: ‘O Senhor certamente nos livrará’(Is 36:15). “Não deixem que Ezequias os engane, dizendo: ‘O Senhor nos livrará’” (Is 36:18).

O registro bíblico descreve a principal virtude de Ezequias: “Confiou no Senhor, Deus de Israel, de maneira que não houve ninguém como ele entre todos os reis de Judá, nem antes nem depois dele” (2Rs 18:5). Então, nesse momento de crise, Ezequias buscou o Senhor e orou. Sua súplica é uma das mais belas orações em tempos de angústia: “Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, que estás entronizado acima dos querubins, somente Tu és o Deus de todos os reinos da Terra; Tu fizeste os céus e a Terra. Inclina, ó Senhor, os ouvidos e ouve; abre, Senhor, os olhos e vê; ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo. [...] Agora, ó Senhor, nosso Deus, livra-nos das mãos dele, para que todos os reinos da Terra saibam que só Tu és o Senhor” (Is 37:16, 17, 20).

A perspectiva de Ezequias sobre Deus e seu reconhecimento de quem é o Senhor são dignos de nota. O Senhor é o verdadeiro Rei do mundo; não há outro como Ele. Assim, Ele é o Soberano do Universo, e todos os reinos são subjugados sob Sua vontade. O conceito de Deus como Criador enfatiza a soberania do Deus vivo. Ele pode libertar Seu povo. A visão do rabsaqué sobre Deus é blasfêmia.

Deus e os sofrimentos pessoais

Isaías 38 traz grandes percepções sobre nosso Deus. Ele é apresentado como Rei, Criador e Salvador. Ele Se interessa pelo bem-estar de Seu povo como nação e, ao mesmo tempo, em assuntos individuais.

Vemos o interesse pessoal de Deus por Ezequias quando este adoece: “Então Ezequias virou o rosto para a parede e orou ao Senhor. [...] E Ezequias chorou amargamente” (Is 38:2, 3). Deus enviou uma mensagem a Ezequias por meio do profeta Isaías: “Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, seu pai: ‘Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas’” (Is 38:5).

Em meio a essas circunstâncias, Ezequias escreveu um salmo que refletia o que estava em seu coração durante essa crise pessoal – neste caso, uma doença terminal: (1) Ezequias não negou sua condição: “Hei de passar pelas portas do além” (Is 38:10). No capítulo 38:12, ele também não negou a natureza transitória da vida: “do dia para a noite darás cabo de mim”. (2) Sua doença trouxe alguns períodos de desânimo em sua vida, conforme lemos em Isaías 38:14 e 17: “Eu sussurrava como a andorinha ou o grou e gemia como a pomba; os meus olhos se cansaram de olhar para cima. [...] Eis que foi para a minha paz que eu tive grande amargura”. (3) No entanto, Ezequias esperou em Deus: “Ó Senhor, ando oprimido! Sê Tu o meu Fiador. [...] restaura a minha saúde e faze-me viver” (Is 38:14, 16); No capítulo 38:20 está escrito: “O Senhor veio salvar-me”. (4) Ele sentiu que Deus perdoou seus pecados, como vemos em Isaías 38:17: “Porque lançaste para trás de Ti todos os meus pecados”. (5) No capítulo 38:19 vemos que não há ressentimento contra Deus: “Os vivos, somente os vivos, esses Te louvam, como hoje estou fazendo”. (6) E ele testemunhou sobre a fidelidade divina: “Os pais darão a conhecer aos filhos a Tua fidelidade” (Is 38:19).

O comentarista John Oswalt aponta algumas ideias-chave sobre a experiência de Ezequias que são importantes para nossa consideração: “Talvez haja dois pontos teológicos relevantes aqui. Um deles é a reiteração do desamparo humano e da confiabilidade divina. Até um rei é impotente diante do ataque da morte. Até os mais poderosos são colocados no seu caminho. Por que então devemos confiar na mortalidade humana? Por outro lado, Deus pode arrebatar uma pessoa dos próprios portões da morte e restaurá-la à vida. Ele possui as chaves da vida e da morte e as usará em nosso benefício, quando for Sua vontade sábia e soberana. Não se deve confiar em Alguém assim?

“O segundo ponto é mais implícito do que explícito. Mas surge em uma resposta à seguinte pergunta: Por que uma declaração tão enfática da mortalidade e impotência de Ezequias deve ser colocada aqui no livro? Uma resposta que parece óbvia é que há uma tentativa consciente de deixar claro que Ezequias não é o Messias prometido. Apesar de sua capacidade de confiar em Deus e livrar sua nação da destruição, ele não é o Filho de quem Isaías falou. Ele incorporou a confiança que era essencial para que a nação servisse a Deus, mas ele não era Aquele em quem essa confiança devia ser depositada. Desse, ainda seria apresentada uma revelação mais completa, nos capítulos 40 a 66” (The Book of Isaiah [O Livro de Isaías], cap. 1–39, The New International Commentary on the Old Testament [Novo Comentário Internacional sobre o Antigo Testamento], p. 682).

Aplicação para a vida

1. Em quem você confia? Às vezes, como aconteceu durante o reinado de Ezequias, nossa fé é posta à prova e temos a opção de confiar no Senhor ou nos outros. Como uma crise pode ajudá-lo a confiar mais em Deus?

2. Veja a incrível descrição de Deus na oração de Ezequias em Isaías 37. Veja o comentário acima e leia Isaías 37:16-20. Como Deus respondeu à oração de Ezequias? Contemple esse verso de Isaías ao formular sua resposta: “‘Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará’, diz o SENHOR. ‘Porque Eu defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de Mim e por amor do Meu servo Davi’” (Is 37:34, 35).

3. Deus não cuida apenas dos interesses da nação, mas também dos assuntos pessoais. Deus considera a doença de Ezequias e, por meio do profeta Isaías, envia a seguinte mensagem: “Ouvi a sua oração e vi as suas lágrimas. Acrescentarei quinze anos à sua vida” (Is 38:5).

A vida não deve ser tomada como certa, mas deve ser tratada como um presente de Deus. Se, em alguns momentos, enfrentamos lutas, precisamos virar o rosto em direção à “parede” e orar ao Senhor. Como a história de Ezequias mostra que Deus cuidará de você?


Escolhendo Jesus

Yelena, uma garota de onze anos, voltava da escola em Dmitrovgrad, Rússia, em uma tarde de sábado quando, de repente, lembrou-se de que costumava ir à igreja no Sábado. Fazia muito tempo que ela não pensava na igreja e não sabia porque estava pensando naquele momento. Mas, um desejo incomum de ir à igreja surgiu no seu coração. Ela telefonou para a mãe. “Mamãe, lembra-se de quando costumávamos ir à igreja no sábado? Posso ir agora?” “Claro, você pode ir”, a mãe respondeu. “Você nem precisa perguntar.”

Yelena chegou no momento do sermão, escolheu uma cadeira nos fundos e acompanhou atenta. Em seguida, viu a antiga professora da Escola Sabatina. “Venha!”, a professora disse. Yelena sorriu, timidamente. Ela queria voltar. Os pais dela haviam divorciado quando era pequena, mas a levavam à igreja até os cinco anos. Então, ficaram cansados de se encontrar na igreja e deixaram de frequentá-la. Yelena estudava na escola pública e tinha aulas seis dias na semana, de segunda a sábado.

No sábado seguinte, assim que terminaram as aulas, às 13 horas, Yelena correu para a igreja. Ela não entendeu o sermão, mas tentou prestar atenção. Ela gostava de estar em uma igreja onde costumava frequentar, e gostava de estar entre outras crianças. Depois de um período, ela começou a faltar às aulas de sábado para ir mais cedo à igreja. Passado um mês, ela convidou a irmã mais velha, Oksana, para acompanhá-la. Oksana, que estava com treze anos, aceitou o convite e, juntas, foram à igreja. Então, a mãe percebeu que as filhas frequentavam a igreja e passou a ir com elas.

Mas, algumas crianças da igreja se mudaram com os pais. Outras deixaram de frequentá-la. Então, a mãe Yelena deixou de ir à igreja. Ela também deixou de frequentar todos os sábados. Notando a pouco frequência dela, alguém lhe pediu para ajudar na sonoplastia. Ela aceitou, e voltou a ir à igreja todos os sábados, porque sua função era necessária às programações. Além de frequentar a igreja, também começou a ler a Bíblia regularmente e os livros de Ellen White. Ela gostou principalmente de “O Grande Conflito”. A mãe de Yelena notou que ela gostava da Escola Sabatina e fez bons amigos entre os adultos. Então, começou a frequentá-la novamente.

Em um certo sábado, após a Santa Ceia, a mãe se aproximou de Yelena com uma pergunta muito importante: “Você quer ser batizada?” Yelena já havia pensado sobre o assunto e, imediatamente, disse que desejava entregar o coração a Jesus. Então, participou das classes batismais e foi batizada. A água do tanque batismal estava muito fria, mas a alegria acolhedora a inundou quando foi emergida da água. Foi a melhor decisão da vida. Ela entregara o coração a Jesus.

Yelena nunca mais foi à escola aos sábados. A mãe dela escreveu uma carta ao diretor da escola pedindo para ser dispensada das aulas nesse dia, a fim de poder adorar a Deus. A escola lhe deu permissão. Mas, Yelena também precisava fazer as tarefas que eram realizadas no sábado e se esforçar para tirar boas notas. Atualmente, as tarefas escolares de sábado não são mais um problema. Depois daquele ano, Yelena ouviu falar sobre a Escola Cristã de Zaoksky, um internato escolar localizado a mil quilômetros de sua terra natal. Ela não tinha condições de pagar as mensalidades, mas um irmão da igreja ofereceu ajuda. Hoje, ela tem 16 anos e está no decimo primeiro ano.

“É maravilhoso estudar aqui”, ela diz. “Os professores são gentis, e ajudam com os estudos. Estou muito feliz porque não temos aulas no sábado.”

Parte da oferta deste trimestre ajudará a Escola Cristã Zaoksky a construir seu próprio prédio escolar no campus da Universidade Adventista de Zaoksky. Atualmente, o internato ocupa salas de aula da universidade, e sua oferta ajudará as crianças a se terem suas próprias salas de aula. Agradecemos por planejar uma oferta liberal. Por favor, ore pelas crianças que estudam na escola. 


Dicas da história
• Assista ao vídeo sobre Yelena no YouTube: bit.ly/Yelena-ESD.
• Faça o download nas fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq).
• Para mais informações missionarias e outras notícias da Divisão Euroasiática, acesse o site: bit.ly/2021-ESD


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2021
Tema Geral: Isaías: consolo para o povo de Deus
Lição 7 – 6 a 13 de fevereiro de 2021

A derrota dos assírios

Autor: Sérgio Monteiro
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Rosemara Santos

Um discurso bem feito pode influenciar pessoas e transformar destinos. Um advogado eloquente pode fazer a diferença entre a condenação e absolvição de alguém em julgamento. As palavras possuem poder e, quando associadas ao poder da lógica e da voz, tornam-se aríetes que podem derrubar os mais poderosos portões. Diz-se que um bom argumento não precisa ser necessariamente verdadeiro, mas precisa ser apresentado como verdadeiro.

A lição desta semana mostra um bom exemplo disso. O enviado de Senaqueribe, denominado Rabsaqué apresentou argumentos eloquentes e logicamente irrefutáveis a Ezequias, no intuito de motivar sua rendição. Seus argumentos eram corroborados com fatos. Não havia Acaz, pai de Ezequias, reconhecido o poder da Assíria ao pedir que Tiglate-Pileser III o auxiliasse contra Damasco e Samaria? Não seguiu Judá sendo um reino subordinado à Assíria, durante o reinado de Salmanaser V e Sargão II? Não sabia Ezequias que Senaqueribe já havia subjugado Laquis, a apenas 48 km de distância? Havia razão para as atitudes de Ezequias?

Na visão de Senaqueribe e seus emissários as atitudes de Ezequias não tinham sentido algum. Ezequias havia pensado ser a morte de Sargão II um bom momento para se rebelar, mas não esperava que a força de Senaqueribe fosse tão grande e sua capacidade de recuperação tão incrível. Agir com tal ousadia, a ponto de querer sustentar uma revolta contra a Assíria era impensável. Foi por isso que, espantado, o Rabsaqué, ou emissário de Senaqueribe, perguntou qual era o fundamento da “confiança” de Ezequias. Nossa tentação é responder que Ezequias possuía “fé” e essa “fé” era o seu fundamento. Não obstante, o termo hebraico utilizado aqui não é emuna, que traduzimos por fé, mas bitahon, cujo sentido primário é segurança. O emissário não estava interessado na fé de Ezequias como uma expressão teológica, mas na razão de sua segurança. E a pergunta foi meramente retórica: Quem você pensa que pode livrá-lo das mãos de Senaqueribe?

O emissário está certo. Seus argumentos são perfeitos. A segurança de Ezequias é afrontosa porque se baseia no nada. A lógica é persuasiva e o resultado somente poderia ser a rendição. Mas a bitahon de Ezequias era a emuná, ou fidelidade de Deus. Ao contrário de Acaz, que se esquivava de provar a fidelidade de Deus, Ezequias a buscou e confiou.

Quando entendemos a relação correta entre fé como resposta e a ação divina como motivador da fé, no sentido de fidelidade, não teremos mais dúvidas quanto a uma fé que opera, que age, que se move, mas que não solta das mãos do Todo-Poderoso. A atitude de Ezequias, de se preparar, é a mesma atitude que o Eterno requereu de Seu povo à beira do mar: “Marche”. A resposta é fidelidade, ou emuná. Menos fé declarada e mais fé vivida. A isso o Eterno atenta com novos atos e há um círculo virtuoso que não se quebra.

A Arqueologia nos dá indicativos dessa resposta divina, corroborando o que as Escrituras declaram enfaticamente. Nos relatos das conquistas de Senaqueribe, Jerusalém não consta como uma das cidades conquistadas. Apenas há o relato de Ezequias sendo sitiado e mantido preso em sua cidade, “como um pássaro” (Inscrição do Touro 6, linha 28). Do ponto de vista assírio, com seu orgulho, o sítio de Jerusalém era demonstração do poder de seu rei e de seus deuses. Afinal, 46 cidades haviam caído, sem que ninguém pudesse ajudá-las. Por que, então, Jerusalém não estava entre as cidades? Existem duas possíveis respostas:

1. Senaqueribe voluntariamente poupou Jerusalém. Isso seria incomum, e o contrário da ação comum dos reis assírios. De fato, a própria inscrição do Touro 6 relata como Senaqueribe desolou as outras cidades, mas reconhece que Ezequias não quis se submeter.

2. O mais provável é que o evento relatado na Bíblia seja a razão fundamental: Deus interveio. Ezequias recebeu de Deus um sinal de que Ele interviria.

O resultado das ações obtusas de Senaqueribe e de seu desafio à fidelidade do Deus de Ezequias, que constituíam o fundamento da sua confiança (Is 37:10), foi a morte de 180.000 soldados em uma noite, e sua morte nas mãos de seus filhos.

O estudo dessa semana nos revela como palavras bonitas e até mesmo o nome de Deus podem ser utilizados na tentativa de apresentar um erro como algo correto e a mentira como verdade. O “copeiro” (rabsaqué é um título dado ao funcionário que serve ao rei) possuía grande conhecimento da teologia de Judá. Falava do Eterno de maneira próxima, utilizando expressões tipicamente usadas em relação ao Eterno, mas aplicando-as a Senaqueribe. Ele sabia o que falar, como falar, como empostar a voz, e quais palavras mais doeriam aos ouvidos do povo de Judá. Ele chamou Senaqueribe de Melekh HaGadol, o Grande Rei, um título divino (Sl 47:2; 95:3), o que deve haver causado revolta. A propriedade com que ele falava faz parecer que se tratava de alguém com laços em Judá ou Israel, que inclusive falava hebraico (Is 36:11). Por isso, suas palavras possuíam maior alcance e significado.

O nosso guia conclui o estudo com uma reflexão importante: não seria Satanás um rabsaqué em nossa vida, tratando de usar a lógica, as filosofias e ideologias de nosso tempo, a tardança de Jesus e o silêncio de Deus como provas de que Ele não nos cuida, nos abandonou ou rejeitou e, por isso, devemos nos preocupar apenas com o mundo e focar nossa visão apenas no aqui e agora? Ele não nos pergunta hoje: Em que está o fundamento de sua confiança? Por que tamanha segurança? Nossa única resposta deve ser: emuná/fé!

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É bacharel em Teologia, mestre em Teologia Bíblica e cursa doutorado em Bíblia hebraica. É pastor na Escola do Pensar e no Instituto de Estudos Judaicos Feodor Meyer. É membro da Adventist Theological Society, International Association for the Old Testament Studies e Associação dos Biblistas Brasileiros.