Como seres humanos, devemos sempre aprender. A vida é uma escola.
“Desde os tempos mais antigos, os fiéis em Israel haviam dado muita atenção à educação dos jovens. O Senhor lhes tinha dado instruções para que, desde pequenas, as crianças fossem ensinadas sobre Sua bondade e grandeza, especialmente conforme reveladas em Sua lei e demonstradas na história de Israel. Cânticos, orações e lições das Escrituras deviam ser adaptados às mentes em desenvolvimento. Pais e mães deviam instruir os filhos na verdade de que a lei de Deus é a expressão de Seu caráter e que, ao receberem os princípios da lei no coração, Sua imagem era gravada no espírito e na mente. Muito do ensino era feito oralmente, mas os jovens aprendiam também a ler os escritos hebraicos. E os rolos de pergaminho das Escrituras do Antigo Testamento estavam disponíveis ao seu estudo” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 69).
Durante a maior parte da história da humanidade, a educação ocorreu principalmente nos lares, especialmente na infância. O que a Bíblia revela sobre a educação na família? Qual princípio podemos retirar dessa educação familiar para nós, seja qual for a situação da nossa família?
Não há muitos detalhes nas páginas iniciais das Escrituras acerca do tipo de educação familiar que ocorria nos primórdios da história da humanidade, embora tenhamos a certeza de que a educação naquela época se dava na própria estrutura familiar.
“O método de educação estabelecido no Éden era centralizado na família. Adão era o ‘filho de Deus’ (Lc 3:38), e era de seu Pai que os filhos do Altíssimo recebiam instrução. Tinham, no mais estrito sentido, uma escola familiar” (Ellen G. White, Educação, p. 33).
Embora não saibamos exatamente o que era ensinado, podemos ter a certeza de que essa educação lidava com as maravilhas da criação e, após o pecado, com o plano da redenção.
1. O que os textos a seguir ensinam e por que isso certamente deve ter sido parte da educação que Adão e Eva transmitiram aos filhos? Gn 1–2; 3:1-15; 2Co 4:6; Lc 10:27; Gl 3:11; Ap 22:12
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“O método de educação instituído no começo do mundo deveria ser o modelo para o ser humano em todos os tempos. Como ilustração de seus princípios, foi estabelecida uma escola-modelo no Éden, o lar de nossos primeiros pais” (Ellen G. White, Educação, p. 20).
A educação cristã é um compromisso de educar as famílias e os membros na doutrina, adoração, instrução, comunhão, evangelismo e serviço. No lar, ministramos aos membros da família sobre o amor e as promessas de Deus. Ali apresentamos Jesus às crianças como seu Senhor, Salvador e Amigo. No lar, a Bíblia é preservada como a Palavra de Deus. É na família que revelamos como é um relacionamento saudável com nosso Pai celestial.
Em Gênesis 4:1-4, Caim e Abel trouxeram suas ofertas ao Senhor. Podemos pressupor que eles aprenderam sobre o significado e a importância das ofertas como parte de sua educação familiar em relação ao plano da salvação. Evidentemente, como mostra a história, uma boa educação nem sempre leva ao resultado esperado.
As Escrituras nos apresentam pouquíssimos detalhes sobre a infância de Jesus. Muitas coisas desses anos permanecem um mistério. No entanto, recebemos algumas percepções sobre o caráter de Seus pais terrestres, Maria e José, e o que aprendemos sobre eles pode explicar um pouco de Sua infância e educação.
2. O que esses textos nos ensinam sobre Maria e José e como eles podem nos dar uma ideia de como Jesus foi educado por Seus pais?
Lc 1:26-38 _________________________________
Lc 1:46-55 _________________________________
Mt 1:18-24 _________________________________
Por meio desses textos, vemos que Maria e José eram judeus fiéis, que buscavam viver em obediência às leis e aos mandamentos de Deus. E, de fato, quando o Senhor veio a eles e lhes disse o que aconteceria, fielmente o casal fez tudo o que lhes havia sido ordenado.
“O menino Jesus não recebeu instruções nas escolas das sinagogas. Seu primeiro professor humano foi Sua mãe. Dos lábios dela e dos escritos dos profetas, Ele aprendeu as coisas celestiais. As próprias palavras por Ele ditas a Moisés para Israel foram então ensinadas no colo de Sua mãe. Ao avançar da infância para a juventude, não procurou as escolas dos rabinos. Não necessitava da educação obtida de tais fontes, pois Deus era Seu instrutor” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 70).
Evidentemente, eles foram bons e fiéis professores para o Menino, mas, como a história de Lucas 2:41-50 revela, eles não compreendiam ainda muitas coisas sobre seu Filho, pois Jesus tinha conhecimento e sabedoria que somente Lhe haviam sido comunicados pelo Senhor.
Em um sentido muito real, educação em qualquer nível é comunicação. O professor tem conhecimento, sabedoria, informação, fatos, o que quer que seja, para transmitir ao aluno. Alguém repleto de conhecimento deve ser capaz de comunicá-lo a outros; caso contrário, de que serve tudo o que ele sabe, pelo menos em termos de ensino?
Contudo, em outro nível, habilidades de ensino não envolvem somente a capacidade de comunicar. O relacionamento é igualmente crucial para o processo. “O verdadeiro professor pode transmitir a seus discípulos poucos benefícios tão valiosos quanto seu companheirismo. Com relação a homens e mulheres, pode-se dizer que só podemos compreendê-los quando entramos em contato com eles pela empatia; e isso é muito mais perceptível quando se trata de jovens e crianças. Temos necessidade de compreendê-los, a fim de beneficiá-los de maneira mais eficaz” (Ellen G. White, Educação, p. 212).
Em outras palavras, um bom ensino também funciona no nível emocional e pessoal. No caso da família como escola, isso é muito importante. Um bom relacionamento deve ser estabelecido entre o aluno e o professor.
Os relacionamentos são estabelecidos e desenvolvidos por meio da comunicação. Quando os cristãos não se comunicam com Deus, mediante a leitura da Bíblia ou oração, o relacionamento deles com Deus fica estagnado. As famílias precisam de orientação divina se quiserem crescer na graça e no conhecimento de Cristo.
3. Como podemos desenvolver fortes relacionamentos familiares? (Sl 37:7-9;Pv 10:31, 32; 27:17; Ef 4:15; 1Jo 3:18; Tt 3:1, 2; Tg 4:11). Assinale a alternativa correta:
A.( ) Alimentando o ego, a ira e a impaciência.
B.( ) Alimentando a paciência e o amor; renunciando o ódio e a maledicência.
Tomar tempo para semear a semente da comunicação não apenas prepara os membros da família para um relacionamento pessoal com Cristo, mas também ajuda a desenvolver relacionamentos interpessoais dentro da família. Isso abre canais de comunicação que teremos prazer em ter formado quando os filhos atingirem a puberdade e a idade adulta. E mesmo que não tenhamos filhos, os princípios encontrados nesses textos podem funcionar para todos os tipos de relacionamentos.
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6:4). “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas joias” (Pv 31:10).
Os pais têm uma tremenda responsabilidade. O pai é o chefe da família, e a família é o berço da igreja, escola e sociedade. Se o pai for fraco, irresponsável e incompetente, a família, a igreja, a escola e a sociedade sofrerão as consequências. Os pais devem procurar demonstrar o fruto do Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22, 23).
As mães têm talvez a função mais importante na sociedade. Elas exercem grande influência na formação do caráter dos filhos e no estabelecimento do humor e temperamento do lar. Os pais devem trabalhar com as mães na educação dos filhos.
4. O que pais e mães podem aprender com estes textos? Ef 5:22, 23, 25, 26; 1Co 11:3; 2Co 6:14; Rm 13:13, 14; 2Pe 1:5-7; Fp 4:8
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Os pais cristãos têm a obrigação moral de, por seu comportamento, apresentar um modelo bíblico de Cristo e da igreja. O casamento é uma analogia do relacionamento de Cristo com a igreja. Quando os pais se recusam a liderar, ou se lideram com tirania, estão apresentando uma imagem falsa de Cristo para seus filhos e para o mundo. Deus ordena a todos os pais cristãos que ensinem diligentemente seus filhos (veja Dt 6:7). Os pais têm a responsabilidade de ensinar seus filhos a amar o Senhor de todo o coração. Eles devem ensinar o temor do Senhor, uma completa devoção amorosa e submissão a Ele.
Em Deuteronômio 6:7, os filhos de Israel receberam instruções de como educar os filhos em relação às grandes coisas que o Senhor havia feito pelo povo. Por mais maravilhosa que tenha sido a história que os antigos tinham para contar aos filhos, nós, que vivemos após a cruz de Cristo, temos uma história melhor para contar, não é mesmo?
Portanto, a regeneração ou instrução que devemos oferecer é um evento proativo contínuo no qual incutimos a verdade de Deus em nossos filhos e os preparamos para o relacionamento deles com Cristo.
Porém, todos recebemos o dom sagrado do livre-arbítrio. Por fim, quando adultos, os filhos terão que responder por si mesmos diante de Deus.
Antes que os filhos de Israel entrassem na Terra Prometida, Moisés falou com eles novamente, relatando as maneiras maravilhosas pelas quais o Senhor os havia guiado, e os advertiu várias vezes para não esquecer o que o Senhor havia feito por eles. Em muitos aspectos, Deuteronômio foi o testamento de Moisés. E, embora tenha sido escrito há milhares de anos, em uma cultura e situação de vida radicalmente diferentes de tudo o que enfrentamos hoje, os princípios ali registrados também se aplicam a nós.
5. Leia Deuteronômio 6. O que aprendemos nesse capítulo sobre os princípios da educação cristã? O que é central em tudo que ensinamos, não apenas para nossos filhos, mas para quem não conhece o que conhecemos sobre Deus e Seus grandes atos de salvação? Quais advertências também são encontradas nesses versos?
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A maravilhosa atuação de Deus entre os israelitas era central para tudo o que eles deveriam ensinar aos filhos. Além disso, foi muito clara a advertência dada de que eles não esquecessem tudo o que Deus havia feito por eles!
É evidente que, se os pais devem desempenhar a função mais importante na integração dos ensinamentos bíblicos à vida de seus filhos, eles também têm a responsabilidade de se organizarem e se prepararem de maneira que possuam conhecimento e tempo adequados para passar com seus filhos.
“A primeira professora da criança é a mãe. Nas mãos dela está em grande parte a educação da criança durante o período de seu maior e mais rápido desenvolvimento” (Ellen G. White, Educação, p. 275).
Esse é o momento essencial em que os pais ministram aos filhos o amor e as promessas de Deus. Marcar um horário regular para ensinar pessoalmente a sabedoria e as promessas de Deus aos seus filhos terá um impacto positivo em sua família nas próximas gerações.
Textos de Ellen G. White: Educação, p. 275-282 (“Preparação”), p. 283-286 (“Cooperação”) e p. 287-297 (“Disciplina”).
“Sobre os pais e as mães recai a responsabilidade do primeiro ensino à criança, tanto quanto do ensino posterior; e a ambos os pais é urgentíssima a necessidade de preparo cuidadoso e completo. Antes de tomar sobre si as responsabilidades da paternidade ou maternidade, homens e mulheres devem se familiarizar com as leis do desenvolvimento físico [...]; Devem também compreender as leis do desenvolvimento mental e do ensino moral” (Ellen G. White, Educação, p. 276).
“Esse trabalho de cooperação deve começar com o pai e a mãe na vida doméstica. No ensino de seus filhos, eles têm uma responsabilidade conjunta, e agir juntos deve ser seu constante esforço. Que eles se entreguem a Deus, procurando Dele auxílio para se ajudarem mutuamente. [...] Os pais que dão esse ensino não são os que ficam criticando o professor. Compreendem que o interesse de seus filhos e a justiça para com a escola exigem que, tanto quanto possível, eles apoiem e honrem aquele que participa de sua responsabilidade” (Ellen G. White, Educação, p. 283).
Perguntas para consideração
1. A lição desta semana ajudou você a interagir com outras pessoas e testemunhar a elas, seja em sua casa ou em outro lugar?
2. Temos a tendência de ver a educação como algo bom. (Afinal, quem pode ser contra a educação?) Mas esse sempre é o caso? Você conhece exemplos de educação pervertida? Como esses exemplos negativos podem nos ajudar a tornar a educação uma coisa boa?
3. Todos recebemos o livre-arbítrio. Mais cedo ou mais tarde, os filhos terão que tomar suas próprias decisões em relação ao Deus sobre quem aprenderam durante sua infância e juventude. Por que os pais que buscam testemunhar e ensinar o evangelho aos outros sempre devem ter em mente essa verdade crucial sobre o livre-arbítrio?
Respostas e atividades da semana: 1. Os textos ensinam sobre a criação, a queda, a lei de Deus e o plano da salvação. Esses temas fizeram parte da educação que Adão e Eva transmitiram aos filhos, pois são essenciais para a salvação e para o conhecimento de Deus. 2. Ambos eram tementes a Deus; buscavam fazer o que era justo. Eles creram na promessa do nascimento de Jesus e obedeceram às instruções do anjo. Jesus nasceu em uma família temente ao Senhor e Ele foi educado nesse princípio. 3. B. 4. O homem deve amar sua esposa e a esposa deve ser submissa ao marido. Eles devem viver em amor e fé, renunciando ao ciúme e à incredulidade. 5. A verdadeira educação cristã se fundamenta em amar o Senhor de todo o coração e ensinar essa verdade aos filhos. É preciso relembrar os feitos do Senhor no passado e como Sua bondosa mão tem nos conduzido. Caso não obedeçamos aos mandamentos e estatutos do Senhor, seremos destruídos.
ESBOÇO
“De fato, a vida é uma escola.” Assim sendo, a lição começa e prossegue demonstrando que a família é nossa primeira sala de aula. Nenhuma criança é jovem demais para começar a ouvir sobre a bondade de Deus. Hinos e orações acerca da grandiosidade divina deveriam começar desde o berço e ir até o túmulo.
Adão, Eva, Caim e Abel tiveram o privilégio de formar a primeira família do mundo. É difícil conceber como seria ter o conjunto da história humana olhando para você na mesa da refeição da manhã! O Jardim do Éden, exuberante, porém inacessível, ainda estava à vista deles, sem falar no anjo que o guardava com sua espada de fogo. Sem dúvida, o tremendo esplendor dessa paisagem inspirou inúmeras perguntas dos pequenos. Na mente curiosa dos filhos borbulhavam muitas questões: “Por que isso?”, “Como é aquilo?”. Eles interrogavam: “O Deus Criador fez isso?”. As respostas de Adão e Eva se baseavam em relatos sobre eventos dos quais tinham sido testemunhas oculares e na experiência pessoal de envolvimento com o Criador. Eles tinham um evangelho para compartilhar que falava de um Filho divino que um dia nasceria para esmagar a cabeça da serpente, mas não sem sacrifício de Si mesmo (Gn 3:15), a fim de levar a família humana de volta ao jardim.
A partir dos primeiros capítulos de Lucas e Mateus é possível construir, ainda que de forma vaga, uma imagem da infância e educação do Filho de Deus. Essa descrição demonstra o valor da educação, visto que Jesus aproveita a oportunidade para aprender com Seus pais terrestres e, acima de tudo, com o Pai celestial, sendo habilitado a instruir o sacerdócio no templo (Lc 2:41-51).
A lição destaca a comunicação, o meio pelo qual a educação acontece. É importante ressaltar que a construção de relacionamentos é um componente essencial para a comunicação e o ensino eficazes. Essa ideia será desenvolvida mais adiante.
COMENTÁRIO
A influência familiar é muito grande. A família literalmente nos torna quem somos. Até o adolescente que se rebela contra tudo o que sua família representa ainda está sendo moldado por ela, nesse caso por antagonismo, não por submissão. Mas sempre esperamos que a família ofereça educação que prepare para uma vida de piedade, equilíbrio emocional e relacional, desenvolvimento intelectual e vocacional e bem-estar físico. Cada um desses tópicos pode levar à sobrecarga de informações; portanto, a lição fornece um pensamento-chave, talvez muitas vezes esquecido, que é importante para que a educação em todas as áreas seja eficaz: a necessidade de construir relacionamentos. O nível de relacionamento entre os educadores e os alunos, sejam pais e filhos ou professores e alunos, com frequência determina se o aprendizado está acontecendo ou não.
RESUMO DA LIÇÃO 2
A família
ESBOÇO |
“De fato, a vida é uma escola.” Assim sendo, a lição começa e prossegue demonstrando que a família é nossa primeira sala de aula. Nenhuma criança é jovem demais para começar a ouvir sobre a bondade de Deus. Hinos e orações acerca da grandiosidade divina deveriam começar desde o berço e ir até o túmulo.
Adão, Eva, Caim e Abel tiveram o privilégio de formar a primeira família do mundo.
É difícil conceber como seria ter o conjunto da história humana olhando para você na mesa da refeição da manhã! O Jardim do Éden, exuberante, porém inacessível, ainda estava à vista deles, sem falar no anjo que o guardava com sua espada de fogo. Sem dúvida, o tremendo esplendor dessa paisagem inspirou inúmeras perguntas dos pequenos. Na mente curiosa dos filhos borbulhavam muitas questões: “Por que isso?”, “Como é aquilo?”. Eles interrogavam: “O Deus Criador fez isso?”. As respostas de Adão e Eva se baseavam em relatos sobre eventos dos quais tinham sido testemunhas oculares e na experiência pessoal de envolvimento com o Criador. Eles tinham um evangelho para compartilhar que falava de um Filho divino que um dia nasceria para esmagar a cabeça da serpente, mas não sem sacrifício de Si mesmo (Gn 3:15), a fim de levar a família humana de volta ao jardim.
A partir dos primeiros capítulos de Lucas e Mateus é possível construir, ainda que de forma vaga, uma imagem da infância e educação do Filho de Deus. Essa descrição demonstra o valor da educação, visto que Jesus aproveita a oportunidade para aprender com Seus pais terrestres e, acima de tudo, com o Pai celestial, sendo habilitado a instruir o sacerdócio no templo (Lc 2:41-51).
A lição destaca a comunicação, o meio pelo qual a educação acontece. É importante ressaltar que a construção de relacionamentos é um componente essencial para a comunicação e o ensino eficazes. Essa ideia será desenvolvida mais adiante.
COMENTÁRIO |
A influência familiar é muito grande. A família literalmente nos torna quem somos. Até o adolescente que se rebela contra tudo o que sua família representa ainda está sendo moldado por ela, nesse caso por antagonismo, não por submissão. Mas sempre esperamos que a família ofereça educação que prepare para uma vida de piedade, equilíbrio emocional e relacional, desenvolvimento intelectual e vocacional e bem-estar físico. Cada um desses tópicos pode levar à sobrecarga de informações; portanto, a lição fornece um pensamento-
chave, talvez muitas vezes esquecido, que é importante para que a educação em todas as áreas seja eficaz: a necessidade de construir relacionamentos. O nível de relacionamento entre os educadores e os alunos, sejam pais e filhos ou professores e alunos, com frequência determina se o aprendizado está acontecendo ou não.
Relacionamento e educação dos filhos
Muitos pais esperam que a doutrinação precoce de seus filhos com ideais, ensinamentos e estilo de vida adventistas os leve a se tornar adultos adventistas do sétimo dia fiéis cujo compromisso com Deus e a igreja os motive para o ministério de tempo integral. No entanto, para tristeza de muitos pais, seus filhos não apenas deixam de ser adventistas do sétimo dia em sua juventude como também não fazem nenhuma profissão de cristianismo. Seu estilo de vida moralmente irrestrito até excede o de seus colegas que não tiveram nenhuma educação cristã. As esperanças dos pais são frustradas e se perguntam perplexos o que aconteceu e onde erraram.
Muitas famílias fazem o que acham correto na educação dos filhos, contudo acabam colhendo um resultado oposto às suas expectativas. Certamente existem inúmeras variáveis que podem levar os filhos a rejeitar sua educação adventista. Mas, por amor a eles, vamos refletir sobre algumas difíceis questões de relacionamento: Com que frequência pais e filhos compartilham assuntos do coração? A criança se sente segura em compartilhar esperanças, medos e problemas com os pais? Os pais procuram continuamente afirmar em que aspectos a criança está indo bem ou ela apenas ouve críticas quando comete um erro? Os pais são pacientes quando a criança tropeça no aprendizado de novas atividades ou responsabilidades? Os pais expressam empatia por seus filhos, lembrando como era ser criança? Os pais orientam gentilmente os filhos a ter um relacionamento com Deus? Ou eles simplesmente empurram goela abaixo a instrução religiosa? Os pais são seguros e maduros o suficiente para admitir seus erros e pedir perdão a seus filhos? Ou mantêm continuamente uma fachada de perfeição que as crianças percebem com facilidade? Os pais dedicam tempo para dar atenção exclusiva aos filhos? Eles brincam com seus filhos? O respeito foi cultivado e conquistado entre pais e filhos? Os pais aplicam a disciplina em um ambiente calmo e controlado ou impulsivamente com frustração ou raiva? Eles comunicam palavras e ações de amor e carinho à criança, para que ela saiba que é amada incondicionalmente? E a lista continua.
Essas perguntas são importantes. Independentemente da dedicação dos pais para inculcar em seus filhos a instrução religiosa adventista, se os principais tópicos abordados pelas perguntas listadas anteriormente não estiverem entrelaçados em sua filosofia educacional, a dedicação pode ser inútil. Há momentos em que é preciso deixar o livro de lado, fazer uma pausa nas tarefas e passar um tempo de qualidade com os filhos. Se os pais investirem no relacionamento é provável que os dividendos sejam uma educação eficaz, culminando em um compromisso vitalício com Cristo e com a vida eterna.
“Há perigo de tanto os pais quanto os professores comandarem e ditarem demasiadamente, ao passo que deixam de se pôr suficientemente em relações sociais com os filhos e alunos. Mantêm-se muito reservados e exercem sua autoridade de maneira fria, destituída de simpatia, que tende a repelir, ao invés de conquistar a confiança e a afeição. Caso reunissem os filhos com mais frequência bem junto a si e manifestassem interesse em suas atividades, e mesmo em suas brincadeiras, conquistariam o amor e a confiança dos pequeninos, e a lição de respeito e obediência seria aprendida com muito mais facilidade, pois o amor é o melhor mestre. Um interesse similar manifestado aos jovens produzirá os mesmos resultados. O coração da juventude é pronto em responder ao toque de simpatia” (Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 58).
Jesus e a escola dos rabinos em Jerusalém
O relato do encontro entre o pré-adolescente Jesus e os doutores instruídos na lei judaica durante a visita a Jerusalém na Páscoa é breve, porém denso. “Três dias depois, O acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam muito se admiravam da Sua inteligência e das Suas respostas” (Lc 2:46, 47). Então, o que faz de Jesus o aluno-modelo? Para reunir subsídios para a resposta a essa pergunta, vejamos a seguinte declaração de Ellen G. White: “Naquela época, um recinto ligado ao templo era ocupado por uma escola religiosa, semelhante às escolas dos profetas. Ali mestres de destaque se reuniam com os alunos, e o menino Jesus Se dirigiu a esse local. Sentando-Se aos pés desses homens sérios e entendidos, ouvia suas instruções. Como alguém que procura saber das coisas, interrogava esses mestres sobre as profecias e os acontecimentos que estavam ocorrendo na ocasião e que indicavam o advento do Messias. Jesus Se apresentou como uma pessoa sedenta do conhecimento de Deus. [...]
“Os doutores faziam perguntas a Ele e ficavam maravilhados com Suas respostas. Com a humildade de uma criança, repetia as palavras das Escrituras, dando-lhes a profundidade de sentido que os sábios não haviam alcançado. Caso fossem seguidas, as verdades indicadas por Ele teriam realizado uma reforma na religião da época. Um profundo interesse nas coisas espirituais teria sido despertado; e, quando Jesus começasse Seu ministério, muitos estariam preparados para recebê-Lo.
“Os rabinos sabiam que Jesus não havia sido instruído em suas escolas. No entanto, Seu conhecimento das profecias era muito superior ao deles. Imaginaram que esse pensativo rapazinho galileu teria um futuro promissor. Desejaram tê-Lo como aluno para que Se tornasse mestre em Israel. Queriam encarregar-se de Sua educação, convencidos de que uma mente tão incomum devia ser educada sob a direção deles.
“As palavras de Jesus tocaram o coração dos doutores como nunca tinha sido tocado por palavras de lábios humanos. [...] A modéstia juvenil e a simpatia de Jesus quebraram os preconceitos deles. Sem perceber, aquelas mentes se abriram à Palavra de Deus, e o Espírito Santo lhes falou ao coração” (O Desejado de Todas as Nações, p. 78-80). Todo cristão sabe que Jesus é o Mestre dos mestres, mas com que frequência Ele é conhecido como o Aluno dos alunos?
Então, o que fez de Jesus o Aluno-modelo? Ele teve curiosidade e fome do conhecimento de Deus que O tornaram um ouvinte atento. Ele fez perguntas, mostrando que era um aprendiz ativo, não apenas passivo. Além disso, não relutou em oferecer respostas. Mostrou que pode ser vulnerável e colocou Suas ideias sobre a mesa para que outros pudessem julgá-las, criticá-las ou confirmá-las. Isso construiu a resiliência de que Ele precisaria quando adulto, quando Suas palavras trariam sobre Si acusações de possessão demoníaca (Jo 8:48) e ao exigirem Sua morte (Jo 8:40). Mas, para um garoto que falava de Deus desde os 12 anos (e provavelmente antes), Ele não podia Se intimidar. Bons alunos sempre se tornam os melhores professores.
Aplicação para a vida
Embora a família seja a primeira sala de aula, ninguém garante que será boa. Pode haver muitas coisas que devemos desaprender de nossas famílias. Pode ser que colhamos alguns (ou mais) bons princípios que valem a pena manter por toda a vida. Discuta algumas dessas questões com a classe da Escola Sabatina com o objetivo de mostrar como Deus nos ajuda a lidar com as experiências boas e ruins da vida familiar.
1. Que padrões negativos de seus pais você afirmou a si mesmo que nunca repetiria quando estabelecesse o seu lar? De que maneira Deus e as Escrituras o ajudaram a identificar esses padrões negativos? Que percepções lhe ensinaram a impedir a recorrência deles?
2. Identifique as maneiras pelas quais Deus transformou em benefícios as dificuldades e falhas de sua vida familiar.
“Você não viverá”
Meus pais cresceram em uma vila no interior da Índia. Eles vieram de familias não-cristãs. Após o casamento, mudaram-se para Bengaluru, onde meu pai trabalhava como policial. A primeira gestação de minha mãe foi difícil. Depois do parto à cesariana, o médico disse que ela morreria. Todos ficaram tristes, mas amavam o bebê. Era um garoto lindo e saudável.
“Seu bebê é muito fofo”, disse um paciente. “Você pode me entregar?”
“Eu o adotarei”, disse o médico. “Você não viverá.”
Mas, uma enfermeira cristã, Sarala, disse à mãe que não perdesse a esperança. “Existe um Deus que se chama Jesus”, ela disse. “Se você crer Nele, tudo ficará bem.”
“Eu não conheço esse Deus,” a mãe disse fraquinha. “Você pode orar por mim? Pode nos ajudar?” Então, adormeceu profundamente. Enquanto dormia, Sarala pôs a mão na cabeça dela e orou a Jesus. Para a surpresa de todos, a mãe recuperou a saúde e voltou para casa para usufruir da companhia de seus três filhos. Vários pacientes lhe contaram sobre a oração da enfermeira. Ela percebeu que Jesus salvara sua vida, e decidiu aceitá-Lo. Porém, não sabia qual a igreja cristã deveria frequentar. O esposo a levou a uma igreja adventista. Embora não fosse membro dessa igreja, ele estava familiarizado com várias igrejas e sabia como eram os cultos. Um de seus amigos disse que a igreja adventista era a única que obedecia ao Jesus da Bíblia.
“Esta é a igreja verdadeira”, o homem disse firmemente. “Você deve frequentá-la e adorar a Jesus.” Nos 14 anos seguintes, ela deu à luz a mais de sete crianças. Hoje, o filho mais velho é presidente da Associação Indiana. O segundo filho é pastor na Irlanda. O terceiro filho é pastor em Bengaluru. As três filhas trabalham como professoras na escola da igreja. Os filhos mais novos são membros leigos ativos. Eu sou o mais novo.
A minha mãe foi desenganada depois de dar à luz ao primeiro filho. Mas através da oração e fé em Jesus, sobreviveu e deu vida a oito fiéis adventistas. Hoje, minha mãe, que como eu só tem um nome, Kamalamma, 72 anos, é uma avó saudável de oito netos.
Quando eu estava crescendo, ela sempre lembrava da palavra de Deus: “Será que uma mãe pode esquecer do seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do filho que gerou? Embora ela possa se esquecer, eu não me esquecerei de você!” (Is 49:15). Por causa da sua fé, minha família numerosa aprendeu a caminhar com Jesus.
Lembre-se: parte da oferta do trimestre ajudará a construir duas igrejas em Bengaluru, onde Kubera e sua mãe vivem. Muito obrigado por sua liberalidade.
Dicas da história
• Peça a um homem para contar esta história, na primeira pessoa. Sugira que ela seja apresentada como um testemunho de um homem de 31 anos de idade chamado Kubera na India.
• Assista ao vídeo sobre Kubera no YouTube: bit.ly/Kubera-Mission.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq).
Comentário da Lição da Escola Sabatina – 4º Trimestre de 2020
Tema Geral: Educação e redenção
Lição 2 – 3 a 10 de outubro de 2020
A família
Autor: Pr. William Oliveira
Supervisor: Adolfo Suárez
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisor (a): Josiéli Nóbrega
A família é o primeiro e mais importante "mundo significativo" para o ser humano na formação de sua personalidade, mesmo antes de seu nascimento. Assim, podemos entender a razão do imperativo do sábio escritor: “Instrui a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6). É dito que Sócrates, o filósofo grego do 6º século a.C., questionado sobre quando os pais deveriam começar a educação dos filhos, respondeu categórico: "Cem anos antes do nascimento deles."
A primeira família
Mesmo tendo proximidade com o Éden, isso não significa que a família de Adão e Eva não tivesse problemas. As dificuldades de Caim e sua forma de lidar com seus sentimentos (Gênesis 4:8-10) infligiram uma grande cicatriz a toda a família. Até esse momento, Adão e Eva ainda não entendiam, de forma experiencial, todas as consequências do pecado sobre a família humana.
Quando apresentamos um ideal de família, há um risco muito grande de produzir culpa nos pais e mães, que, tentando fazer o seu melhor, jamais conseguirão alcançar o ideal. Por outro lado, a primeira família ensina que todos podemos ter problemas em família, mas Deus continua na direção de tudo e cumprirá Seu intento, apesar dos erros que possamos cometer nessa maravilhosa função.
A infância de Jesus
Jesus foi criado por uma família escolhida por Deus dentre todos os lares de Israel para fazer parte de Sua missão salvífica, dentro do quadro maior das profecias messiânicas. Embora haja especificidades na formação de Jesus, existem alguns pontos de contato com os nossos lares. Em primeiro lugar, José e Maria tomavam tempo para ensinar os preceitos bíblicos a Jesus e conduzi-Lo para participar da vida religiosa. Os pais devem tomar tempo em meio aos seus afazeres para envolver os filhos na vida religiosa, mesmo quando estão realizando suas atividades cotidianas (Deuteronômio 6:6-9).
Em segundo lugar, é importante tomar cuidado com os desejos de perfeição. Nossos filhos não são Jesus nem nasceram adventistas. Eles ainda estão conhecendo o mundo. Salvação e decisão por Jesus não são transmitidas aos filhos por simples processo genético (Ezequiel 14:14-16). Pequenos desvios de comportamento devem ser corrigidos, mas devemos tomar cuidado para não impor às crianças nossas próprias expectativas de desempenho sobre eles. Seu filho é único e precisa do seu amor.
Comunicação
Para que uma família se torne um ambiente adequado para o ensino, dois princípios são necessários:
- Melhorar os processos comunicativos intrafamiliares. Um casamento pode até sobreviver a uma infidelidade, mas dificilmente sobreviverá se o casal simplesmente não consegue se entender. A família é um encontro de pessoas que se diferem por questões biológicas, idade, capacidades de compreensão, experiências e interesses. Isso quando não existem diferenças sociais, religiosas ou qualquer outra situação conflitante. Reconhecer essas diferenças e aprender a lidar com elas fortalecerá o vínculo familiar.
- Ter e ensinar padrões de organização da vida familiar. A família precisa de um mínimo de rotina. As crianças devem saber seus horários, bem como os pais e cônjuges. É muito fácil nos perdermos no tempo diante do excesso de atividades que se somam diante de nós a cada dia. Não é à toa que o sábio Salomão nos lembra que “tudo tem o seu tempo determinado...” (Eclesiastes 3:1). E isso exige saber o que é prioritário em nossa vida.
A função dos pais
O pai cristão é modelo e modelador do comportamento dos filhos, por isso, a qualidade dos relacionamentos com os mesmos é de suma importância. A primeira imagem de Deus para as crianças é fornecida pelos pais. “O pai cristão jamais deve perder o senso de que ele é um dos filhinhos de Deus e de que deve cultivar uma disposição cortês e compassiva, porque é um educador. Deve representar a Jesus perante seus filhos. Em seu trato com eles, não deve ser vista nenhuma impetuosidade, nem tampouco a fria e indiferente dignidade que congela o amor no coração.”
Lembre-se que o lar ou o relacionamento conjugal em si não são fiadores da felicidade. O marido e a mulher podem viver sob o mesmo teto, ter dinheiro em comum, dormir no mesmo quarto, comer juntos, ter filhos de uma experiência que partilharam juntos, e ainda assim não ter um relacionamento afetuoso. Um lar transformacional envolve motivações, valores, conflitos internos, dúvidas e afetos. Há muitos que aprenderam a reprimir as emoções, mas o amadurecimento exige que aprendamos a reconhecer nossas emoções e os motivos por trás das mesmas. Nosso lar “deve ser um pequeno Céu na Terra, um lugar em que se cultivem as afeições em vez de serem estudadamente reprimidas. Nossa felicidade depende do cultivo do amor, da simpatia e da verdadeira cortesia de uns para com outros.”
Para não esquecer
No Shema (Deuteronômio 6:4-9), a experiência de aprendizagem é relacional, intencional, principalmente informal, comum, recíproca e voluntária. Os humanos são convidados a participar da missão de Deus para restaurar a humanidade. A família era o centro da educação religiosa, e o povo de Deus devia ser uma influência que testemunhasse a presença de Deus diante das outras nações. A apresentação da igreja no NT como uma família religiosa (Gálatas 6:10) e novo Israel (Gálatas 3:28, 29) representa uma continuidade da mesma ênfase. Nesse sentido devemos lembrar que “em Sua sabedoria o Senhor determinou que a família seja o maior dentre todos os fatores educativos. É no lar que a educação da criança deve iniciar. Ali está a sua primeira escola [...] As influências educativas do lar são uma força decidida para o bem ou para o mal [...] Quão importante, pois, é a escola do lar!”
Conheça o autor dos comentários para esta semana: Willian Wenceslau de Oliveira é esposo de Tchana, e pai de William (8 anos) e Lana (6 anos). Formação: Bacharel em Teologia (FADBA), graduação em Psicologia (UFBA), Mestrado em Liderança (Andrews University/UNASP), Mestrado em Ensino e Interpretação da Bíblia (FADBA), Doutorando em Educação Religiosa e Discipulado (Andrews University). Atualmente é professor na FADBA.
1 John Gottman, and Nam Silver, Sete Princípios Para O Casamento Dar Certo, 1ª ed. (Rio de Janeiro: Objetiva, 2000).
2 Ellen G. White, Este Dia Com Deus (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), p. 278.
3 Reggie McNeal, A Work of Heart: Understanding How God Shapes Spiritual Leaders (San Francisco, CA: Jossey-Bass, 2001).
4 Ellen G. White, O Lar Adventista, 1ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p. 15.
5 Ellen G. White, Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007), p. 107.