Lição 8
15 a 21 de maio
A lei da aliança
Sábado à tarde
Ano Bíblico: 2Cr 17-20
Verso para memorizar: “Portanto, saibam que o Senhor, seu Deus, é Deus; Ele é o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e cumprem os Seus mandamentos” (Dt 7:9).
Leituras da semana: Êx 19:6; Is 56:7; Hb 2:9; Dt 4:13; 10:13; Am 3:3; Gn 18:19

Uma das frases importantes do Salmo 23 indica aonde Deus deseja nos levar. “Guia-me pelas veredas da justiça por amor do Seu nome”, declarou Davi no verso 3 (ênfase acrescentada). Em virtude de Sua retidão moral, Deus nunca nos desencaminhará. Ele apresentará veredas seguras para nossa caminhada espiritual pela vida.

Quais são as seguras “veredas da justiça”? O escritor de outro salmo responde a essa pergunta com um pedido de oração: “Guia-me pela vereda dos Teus mandamentos, pois nela encontro  felicidade” (Sl 119:35, ênfase acrescentada). “Todos os Teus mandamentos são justos” (Sl 119:172). A lei de Deus é um caminho seguro e firme através do perigoso pântano da existência humana.

A lição desta semana se concentra na lei de Deus e em sua função na aliança do Sinai.

Resumo da semana: O que significava a eleição de Israel? Em que sentido a eleição de Israel é semelhante à nossa? Qual era a importância da lei na aliança? A aliança é incondicional? Por que a obediência é parte integrante do relacionamento de aliança?



Domingo, 16 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 21-23
A eleição de Israel (Dt 7:7)

A tradição judaica ensina que Deus fez a aliança com Israel somente porque outras nações a rejeitaram primeiro. Embora não exista evidência bíblica para essa posição, ela ajuda a chamar a atenção para o fato de que, seja qual for o motivo da escolha da nação hebraica, este não foi baseado em merecimento dessa elevada honra e privilégio. Os filhos de Israel não tinham mérito por si mesmos que os tornasse dignos do amor de Deus e da escolha deles como povo de Deus. Eram poucos em número e, como um grupo de tribos escravizadas, eram fracos sob o ponto de vista político e militar. Além disso, em termos de cultura e religião, eles eram misturados, irrelevantes e sem muita influência. Portanto, a causa fundamental para a eleição de Israel foi o mistério do amor e da graça de Deus.

1. É preciso ter cuidado ao analisar a ideia da eleição, pois ela tem grande potencial para equívocos teológicos. Para qual finalidade Deus escolheu os israelitas? Para que fossem resgatados, enquanto todos os outros foram escolhidos para a rejeição e a perdição? Ou foram escolhidos para ser veículos que oferecessem ao mundo o que tinha sido oferecido a eles? Êx 19:6; Is 56:7; Hb 2:9

Como adventistas, entendemos que somos o Israel moderno, chamados pelo Senhor, não para ser os únicos redimidos, mas para proclamar ao mundo a mensagem de redenção, no contexto das três mensagens angélicas. Em resumo, acreditamos que temos algo a dizer que ninguém mais está dizendo. Essa também era, fundamentalmente, a situação com o antigo Israel. O objetivo da eleição de Israel não era transformar a nação hebraica em algum clube exclusivo, que acumulasse a promessa de salvação e redenção para si. Ao contrário, se cremos que Cristo morreu por toda a humanidade (Hb 2:9), a redenção que o Senhor ofereceu a Israel também foi oferecida a todo o mundo. Israel deveria ser o veículo pelo qual essa redenção seria comunicada. Nossa igreja foi chamada para fazer a mesma coisa.

Examine sua função na igreja. O que você pode fazer para promover a obra para a qual fomos chamados? Lembre-se: se não está ajudando, é provável que esteja, em certo grau, atrapalhando. Se Deus escolheu salvá-lo por amor, por que não servi-Lo compartilhando a mensagem de salvação?


Segunda-feira, 17 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 24, 25
Laços que unem

Então Ele anunciou a Sua aliança, que ordenou a vocês, os Dez Mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra” (Dt 4:13). Por mais que tenhamos enfatizado que a aliança é sempre uma aliança de graça, que é unicamente o resultado do oferecimento de um favor imerecido da parte de Deus aos que entram em uma relação de salvação com Ele, a graça não é uma licença para desobedecer. Pelo contrário, a aliança e a lei estão intimamente ligadas; elas são, na verdade, inseparáveis.

2. Examine o texto citado acima. Como ele relaciona a aliança e a lei? De que maneira esse texto mostra como a lei é fundamental para a aliança?

Ao refletirmos sobre o que é uma aliança, faz sentido pensar que o conceito de lei é parte integrante dela. Se entendermos a aliança como, entre outras coisas, um relacionamento, é  necessário traçar certas regras e limites. Quanto tempo duraria um casamento, uma amizade ou uma sociedade de negócios se não houvesse limites nem regras, especificamente expressos ou subentendidos? Imagine um marido que decide ter uma namorada, ou um amigo que decide tirar proveito da carteira do outro, ou um sócio que, sem combinar com a outra parte, convida outra pessoa para se juntar à sociedade. Essas ações seriam uma violação de regras, leis e princípios. Quanto tempo durariam essas relações desregradas? Por isso, são necessários limites, linhas especificadas e regras estabelecidas. Só assim a relação pode ser preservada.

Diversas expressões como “lei” (Sl 78:10), “preceitos” (Sl 50:16), “testemunhos” (Sl 25:10), “mandamentos” (Sl 103:18, ARC) e “Tua Palavra” (Dt 33:9) são encontradas paralelamente ou em associação íntima com a palavra “aliança”. “As palavras desta aliança” (Jr 11:3, 6, 8) são as palavras da lei, preceitos, testemunhos e mandamentos de Deus.

A aliança de Deus com Israel continha vários requisitos que seriam cruciais para manter o relacionamento especial que Ele buscava com Seu povo. Não ocorre a mesma coisa hoje?

Pense em alguém com quem você tenha um relacionamento íntimo. O que aconteceria com o relacionamento se você não se sentisse limitado por regras, normas ou leis, mas acreditasse que tem liberdade para fazer o que quiser. Mesmo dizendo que ama a pessoa e que somente o amor decidirá como você se relaciona com ela, por que ainda há necessidade de regras?


Terça-feira, 18 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 26-28
A lei dentro da aliança (Dt 10:12, 13)

Qual é a primeira coisa que vem à sua mente quando você pensa na lei? Policiais, multas de trânsito, juízes e prisão? Ou você pensa em restrições, regras, pais autoritários e castigo? Talvez você pense em ordem, harmonia, estabilidade. Ou talvez até mesmo em... amor.

A palavra hebraica torah, traduzida como “lei” na Bíblia, significa “ensino” ou “instrução”. O termo pode ser usado para se referir a todas as instruções de Deus, sejam elas morais, civis, sociais ou religiosas. Inclui todos os conselhos sábios que Deus graciosamente deu ao Seu povo para que eles experimentassem vida abundante, tanto física quanto espiritualmente. Não é de admirar que o salmista tenha chamado de bem-aventurado o homem cujo “prazer está na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1:2).

Lendo a lei ou a torah – as instruções e ensinos dos livros de Moisés que se tornaram parte da aliança de Israel – somos impressionados com a variedade de instruções. A lei aborda cada parte do estilo de vida do povo: agricultura, governo civil, relações sociais e adoração.

3. Em sua opinião, por que Deus deu tanta instrução a Israel? (veja Dt 10:13). Em que sentido essas instruções foram para o bem da nação?

A função da “lei” dentro da aliança era apresentar diretrizes para a nova vida do participante humano da aliança. A lei apresenta ao membro da aliança a vontade de Deus, a quem a pessoa chega a conhecer em sentido mais pleno por meio da obediência pela fé aos Seus mandamentos e outras expressões de Sua vontade.

A função da lei na aliança mostrava que Israel não podia seguir os caminhos de outras nações. Não poderiam viver somente de acordo com as leis naturais, necessidades humanas, desejos, ou mesmo necessidades sociais, políticas e econômicas. Eles poderiam continuar como nação santa, reino de sacerdotes e propriedade peculiar apenas mediante a obediência em todas as áreas da vida à vontade revelada do Deus que tinha estabelecido a aliança.

Como o antigo Israel, os adventistas receberam variados conselhos sobre todos os aspectos da vida cristã por meio do moderno dom profético. Por que devemos considerar esses conselhos como dom de Deus, e não um prejuízo ao pensamento e ação independentes? Há perigos em transformar esse dom em algo legalista, como os israelitas fizeram com seus dons? (Rm 9:32).


Quarta-feira, 19 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 29-31
A estabilidade da lei de Deus

4. Qual verdade sobre a natureza essencial de Deus a presença da lei no relacionamento de aliança nos ensina? (Ml 3:6; Tg 1:17). 

 

A lei de Deus é uma expressão oral ou escrita de Sua vontade (Sl 40:8). Por ser uma transcrição de Seu caráter, a presença da lei na aliança nos garante a permanência e a confiabilidade de Deus. Embora nem sempre possamos discernir as obras de Sua providência, sabemos que Ele é digno de confiança. O Universo é governado por leis morais e físicas invariáveis. Esse fato nos dá verdadeira liberdade e segurança.

A “certeza de que Deus é confiável está na verdade de que Ele é um Deus da lei. Sua vontade e Sua lei são uma única coisa. Deus diz que o certo é certo porque descreve as melhores relações possíveis. Portanto, a lei de Deus nunca é arbitrária nem sujeita a caprichos e vontades. É a coisa mais estável do Universo” (Walter R. Beach, Dimensions in Salvation. Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1963, p. 143).

5. Se a lei de Deus não pode nos salvar do pecado, por que Ele a tornou parte da aliança? Am 3:3

Um relacionamento requer concordância e harmonia. Em virtude de Deus não ser apenas o Criador do mundo, mas também seu Governador moral, a lei é essencial à felicidade das criaturas inteligentes, a fim de que elas vivam em harmonia com Ele. Portanto, a lei, a expressão de Sua vontade é a constituição de Seu governo. É, naturalmente, a norma ou obrigação do acordo e relacionamento de aliança. Seu propósito não é salvar, mas definir nosso dever para com Deus (primeiros quatro mandamentos) e nosso dever para com os semelhantes (seis últimos  andamentos). Em outras palavras, estabelece o modo de vida designado aos Seus filhos da aliança, para sua felicidade e bem-estar. Isso impedia Israel de adotar outra filosofia como estilo de vida. Era e é o propósito do relacionamento de aliança levar o cristão, mediante a graça transformadora, à harmonia com a vontade e caráter de Deus.

Você percebe os efeitos devastadores da transgressão da lei em sua vida e na vida dos outros? Isso confirma a bondade da lei e que ela é crucial em nosso relacionamento com Deus?


Quinta-feira, 20 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 32, 33
Se...

6. O que os versos a seguir têm em comum? O que isso ensina sobre a natureza da aliança? Gn 18:19; 26:4, 5; Êx 19:5; Lv 26:3

 

 

Deus reconheceu abertamente a fiel obediência de Abraão aos Seus mandamentos, preceitos, estatutos e leis (Gn 26:5). Ele esperava esse estilo de vida de Seus parceiros humanos na aliança. A declaração completa da aliança bíblica no Sinai tornou evidente que a obediência é um dos aspectos fundamentais da aliança.

Êxodo 19:5 deixou isso claro: “Se ouvirem...”. É inegável o aspecto condicional da aliança. Embora tenham sido concedidas pela graça, embora sejam imerecidas, embora fossem um presente para eles, as promessas da aliança não eram incondicionais. O povo poderia rejeitar o presente, negar a graça e abandonar as promessas. A aliança, como acontece com a salvação, jamais anula o livre-arbítrio. O Senhor não força as pessoas a ter um relacionamento salvífico com Ele e não lhes impõe uma aliança. Ele a oferece gratuitamente a todos; todos são convidados a aceitá-la. Quando uma pessoa a aceita, as obrigações vêm não como meio de obter as bênçãos da aliança, mas como manifestação exterior de tê-las recebido. Israel deveria obedecer, não a fim de obter as promessas, mas para que as promessas fossem cumpridas nele. Sua obediência era uma expressão de como é ser abençoado pelo Senhor. A obediência não compra as bênçãos, como se Deus fosse obrigado a concedê-las; a obediência, em vez disso, cria um ambiente em que as bênçãos da fé podem se manifestar.

“Andem em todo o caminho que o Senhor, seu Deus, lhes ordenou, para que vocês vivam, para que tudo lhes vá bem, e para que se prolonguem os seus dias na terra que irão possuir” (Dt 5:33). Estaria o Senhor dizendo aos israelitas que, se eles obedecessem, obteriam aquelas bênçãos, como se aqueles benefícios divinos fossem uma dívida Sua para com o povo? Ou o Senhor queria dizer que, se eles obedecessem, essas bênçãos poderiam vir como resultado de sua submissão, pois a obediência abriria o caminho para que Ele pudesse lhes trazer as bênçãos? Qual é a diferença entre as duas ideias?


Sexta-feira, 21 de maio
Ano Bíblico: 2Cr 34-36
Estudo adicional

Textos de Ellen G. White: O Desejado de Todas as Nações, p. 607, 608 (“Fogo cruzado”); Patriarcas e Profetas, p. 363-373 (“A aliança da graça”).

Como Mateus 22:34-40 nos ajuda a compreender melhor (1) a função e o significado da lei de Deus dentro da aliança e (2) o conceito de que a aliança é sinônimo de relacionamento?

“Primeiramente deve haver amor no coração antes que uma pessoa possa, na força e na graça de Cristo, começar a observar os preceitos da lei de Deus (cf. Rm 8:3, 4). Obediência sem amor é tão impossível quanto inútil. Porém, onde o amor estiver presente a pessoa ordenará sua vida naturalmente em harmonia com a vontade de Deus expressa em Seus mandamentos” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 5, p. 515).

“Nos preceitos de Sua santa lei, Deus concedeu uma regra perfeita de vida; e Ele declarou que até o fim dos tempos essa lei, imutável em cada detalhe, deve manter suas exigências sobre os seres humanos (Mt 5:18). Cristo veio para engrandecer a lei e torná-la gloriosa. Mostrou que ela tem por base o amplo fundamento do amor a Deus e ao próximo, e que a obediência aos seus preceitos compreende todo o dever do ser humano. Em Sua própria vida, Ele deu exemplo de obediência à lei divina. No sermão da montanha, mostrou como seus requisitos vão além dos atos exteriores, atingindo os pensamentos e as intenções do coração” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 505).

Perguntas para consideração

1. Por que o amor é mais forte que o medo para atrair as pessoas a Deus?

2. Por que amar o Senhor (Mt 22:37) é o primeiro e maior mandamento?

3. Simone Weil escreveu que a “ordem é a primeira de todas as necessidades” (Citado em Russell Kirk, The Roots of American Order [Washington, DC: Regnery Gateway, 1992], p. 3). Como entender essas palavras no contexto da lição desta semana, em relação à lei?

Resumo: A lei de Deus era parte integrante da aliança. E ainda assim a aliança era fundamentada na graça. No entanto, isso jamais invalida a necessidade da lei. Ao contrário, a lei é um meio pelo qual a graça é manifestada e expressa na vida dos que recebem a graça.

Respostas e atividades da semana: 1. Israel foi escolhido para ser um canal de bênção às nações. Por meio dele, a Casa do Senhor seria chamada “casa de oração” para os povos. 2. As duas estão ligadas; são quase tomadas uma pela outra. Ao fazer a aliança, Deus ordenou que os israelitas cumprissem os Dez Mandamentos. 3. Porque Ele queria tornar Israel um exemplo para o mundo. O objetivo era que a nação fosse feliz e influenciasse os povos. 4. B. 5. Para que estejamos em acordo. Andaríamos com o Senhor sem regras? 6. Mostram que precisamos guardar as leis e estatutos do Senhor para que as promessas sejam cumpridas.



Resumo da Lição 8
A lei da aliança

 

Foco do estudo: Deuteronômio 7:9

ESBOÇO

A aliança que Deus fez com Israel no Sinai devia ser um exemplo da graça divina que seria notado por todos que entrassem em contato com Seu povo. A aliança definiu o relacionamento de Israel com o Senhor e apresentou parâmetros dentro dos quais o povo pudesse trabalhar e viver de modo a propagar da melhor maneira a mensagem divina.

COMENTÁRIO

Passagens anteriores, como Gênesis 20:3-6 e 21:32, dão exemplos de Yahweh alcançando outras nações antes da eleição de Israel. Não é surpreendente descobrir que, em resposta a Yahweh, o rei Abimeleque, um rei filisteu, se referiu à sua nação camita como “um povo inocente”?

“Yahweh sempre esteve em contato com os não hebreus e escolheu fazer de ‘pagãos’ Seus representantes e agentes, até mesmo sacerdotes de acordo com Sua vontade. [...]

“Yahweh usou Jetro, o queneu, que já conhecia o nome Yahweh antes de Moisés e, de fato, ajudou-o a entender Seus planos e a tornar possíveis Seus propósitos para a humanidade. [...] Eis o exemplo de um povo conhecido como pagão, afro-asiático, preservando esse saber vital antes que os hebreus entrassem em cena!” (Charles E. Bradford, Sabbath Roots: The African Connection [Raízes Sabáticas: A Conexão Africana], p. 36, grifo acrescentado).

A eleição de Israel

De igual forma, uma nação hebreia foi separada de uma linhagem abraâmica. O antigo Israel surgiu da providência divina a fim de propagar seu testemunho ordenado por Deus para as nações vizinhas. Assim, a conexão entre a eleição de Israel e a lei cósmica de Yahweh merece explicação: “A entrega da lei é tanto um ato de graça quanto o dom da eleição divina. A concessão da lei é tanto um ato de misericórdia quanto a libertação da escravidão egípcia. O dom da lei é tanto um ato do amor divino quanto a realização da aliança à qual a lei pertence. A lei, portanto, torna-se um instrumento que define todas as relações dentro da aliança e da comunidade da aliança” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 72).

A lei dentro da aliança

“A palavra hebraica para lei (tôr?h) aparece no Antigo Testamento por volta de 220 vezes. Seu significado não deve ser interpretado como ‘lei’ no sentido latino de lex, que significa ‘lei do império’, tampouco deve ser entendido como os gregos entendiam sua palavra para lei (nomos), a saber, ‘aquilo que sempre foi feito’. Na língua hebraica, o termo

tôr?h vem da palavra hôrâh, que significa ‘apontar’, ‘ensinar’ ou ‘instruir’. Consequentemente, o substantivo tôr?h significa em seu sentido mais amplo ‘ensino’ ou ‘instrução’. Nesse sentido, a palavra lei significa toda a vontade de Deus revelada, ou qualquer parte dela.

“Deus deu a Israel a instrução, a tôr?h, em termos de ‘estatutos e juízos’ (Dt 4:14) ou ‘os testemunhos, os estatutos e os juízos’ (v. 45) para regular a vida do povo. Tôr?h é usada com frequência nesse sentido. Assim, a lei poderia ser um tipo abrangente de ‘instrução’ que incluísse todas as leis: moral e ética, civil e social, de higiene e saúde e sacrifical e de adoração.

“Em outros casos, a lei (tôr?h) pode ser usada em um sentido muito restrito, significando apenas os Dez Mandamentos ou Decálogo” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 73).

A estabilidade da lei de Deus

O salmista canta: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. [...] Os juízos do Senhor são verdadeiros e todos, igualmente, justos. São mais desejáveis do que ouro [...] e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos” (The Interlinear Hebrew-Greek-English Bible [A Bíblia Interlinear Inglês-Hebraico-Grego], v. 2, p. 1.400; ver Sl 19:7-10).

Devemos sempre estar atentos ao fato de que nossa necessidade da lei divina está ligada à condição sem lei da psiquê humana, e não simplesmente por causa de nossa necessidade de retificar ações pecaminosas. Somente Cristo é capaz de incorporar Sua serenidade e estabilidade à humanidade, e Ele faz isso apontando-nos para Si mesmo (Is 26:3; Mt 12).

Ao mesmo tempo, a lei foi dada, e ainda permanece, para nosso benefício. Quem não sofreu ou viu outros sofrerem por causa da desobediência à lei de Deus? Pense em como nosso mundo seria muito melhor se as pessoas obedecessem à lei divina, em como seria melhor se as pessoas obedecessem pelo menos aos últimos seis mandamentos!

Paulo nos diz o seguinte: “Agora, porém, Ele os reconciliou no corpo da Sua carne, mediante a Sua morte, para apresentá-los diante Dele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que vocês permanecem na fé, alicerçados e firmes, não se deixando afastar da esperança do evangelho” (The Interlinear Greek-English New Testament, v. 4, p. 542, 543, grifo acrescentado; ver Cl 1:21-23).

Para o crente, a maturidade espiritual em Colossenses não se resume a um momento. O crescimento na graça foi percebido por Paulo como um processo regenerativo de toda a vida. Em resultado disso, esse relato paulino reafirmou os termos condicionais do pacto da graça que Yahweh havia estabelecido com o antigo Israel (estude Êx 19:5; Lv 26:3, 4, 14, 16; Dt 5:33; 6:5; 10:12; 11:1, 13, 22; 13:3, 18).

“Assim, é evidente que o caminho de salvação no Antigo Testamento e o caminho de salvação no Novo Testamento são o mesmo – ambos sendo a salvação pela graça por meio da fé, que resulta em obediência” (Gerhard F. Hasel e Michael G. Hasel, The Promise: God’s Everlasting Covenant [A Promessa: A Aliança Eterna de Deus], p. 78).

Por outro lado, é tão importante ter em mente a absoluta impossibilidade de arrependimento à parte de Cristo na arena da santificação: “Vocês não podem ter sequer um pensamento sem Cristo. Não podem ter a propensão de ir a Ele se Cristo não puser em movimento certas influências e não imprimir Seu Espírito na mente humana” (Ellen G. White, Fé e Obras, p. 73; estude Jo 14:15; Jo 15–17; At 5:32; Rm 2:4; 1Co 13; Gl 5:14-26; Ef 2:8-10; Ef 5; 1Jo 4:7-21; 5:1-3; Ap 22:14).

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Para reflexão: William Barclay disse que ser verdadeiramente religioso é amar a Deus e amar aqueles que Deus criou à Sua imagem. Esse amor não é um sentimentalismo vago e incerto, mas um compromisso total com Deus que emana do coração no serviço prático para com nossos semelhantes.

1. Leia Deuteronômio 6:5. Esse verso é parte do Shema, o credo do judaísmo. Todo serviço religioso começa com essa frase. Cada criança judia a memoriza antes de qualquer coisa. É um lembrete constante de que nosso amor a Deus deve vir antes de tudo. Leia as palavras de Jesus em Mateus 22:34-40. Em que sentido somos como os fariseus retratados aqui? Como a nova aliança enfatiza a prática do amor?

2. O Senhor nos dá Sua lei dentro da realidade de Seu amor insondável. Compare o relacionamento entre Deus e a humanidade com o relacionamento entre pais e filhos. Qual é o propósito da lei em um relacionamento amoroso? Como os limites e as expectativas faladas fortalecem um relacionamento? O que as leis e os limites de Deus nos ensinam sobre Seu caráter?

3. Cite dois ou três incidentes específicos da vida de Jesus que são exemplos de como Ele realmente amou Seu próximo como a Si mesmo. O que aconteceria se Jesus andasse pelas ruas de sua cidade hoje? Como Ele mostraria amor ao próximo e por quê? Quando você quebra parte da lei de Deus, Sua graça vem para o resgate. Isso significa que a graça anula a lei? Explique. Pense nos casos em que você apreciou os limites impostos pela Bíblia, pela igreja ou pela sociedade. Compartilhe um exemplo com sua classe.

4. A antiga aliança desempenhou papel importante no Êxodo de Israel do Egito. Ela foi um sinal do amor e cuidado protetor divinos. Em sua vida espiritual, como a aliança se traduz em sinais do amor e cuidado de Deus? Qual é o seu papel no processo de experimentar o verdadeiro relacionamento de aliança com Cristo?

5. Leia novamente o pensamento acima de William Barclay na seção “Para reflexão”. Pense em maneiras específicas de amar a Deus e à humanidade com “sentimentalismo incerto”. O que pode ser feito em sua igreja local para encorajar uns aos outros a ser mais sinceros em seu amor a Deus e ao próximo? Cite problemas e circunstâncias que interferem em suas tentativas de ser sincero. Como você pode se proteger dessas interferências?

6. Conforme observado, a lei de Deus dada aos israelitas era quase dolorosamente específica. Por que Deus está tão preocupado com a maneira de Seus filhos conduzirem a vida? É para o nosso próprio bem ou para o Dele? Comente. Deus pode ser impactado pelas nossas escolhas? Explique.

7. Tanto Israel quanto a igreja, como eleitos de Deus, possuíam e possuem algo de que o mundo em geral precisava e ainda precisa, mas do qual quase não tem conhecimento. Na maior parte, Israel fez pouco para mudar isso. É possível que hoje corramos o risco de nos tornarmos ineficientes ou irrelevantes? Explique.

8. Aqui e ali ouve-se o gracejo de que os Dez Mandamentos hoje se tornaram as Dez Sugestões. Será que às vezes agimos como se esse fosse o caso? Explique. Como podemos distinguir entre liberdade e licenciosidade?

9. A obediência à lei é uma condição para se ter um relacionamento com Deus? É um erro dizer que o dom da vida eterna e a presença contínua de Deus são, em certo sentido, incondicionais? Explique. Temos alguma base para crer na incondicionalidade do amor de Deus?

10. Sobre a questão da obediência, tendemos a pensar nisso como algo que fazemos. Não é igualmente verdade que poderia ser uma descrição do que somos quando escolhemos nos associar a Deus? Comente com a classe.


Você está pronto para morrer?

 

O capelão Roger visita todos pacientes diariamente no Hospital do Sudeste, uma instituição adventista com 40 leitos em Villahermosa, México. Certo dia, ele parou ao lado de um paciente internado, havia pouco tempo. Era um senhor de 80 anos chamado José, que havia sido hospitalizado com diabetes, hipertensão, e estava muito fraco. O capelão sabia algo sobre José. Há vinte anos, ele morava com o filho que é adventista. A neta dele trabalhava como enfermeira do hospital. José fez estudos bíblicos e frequentou séries evangelísticas. Ele conhecia a fé adventista, mas não decidira entregar o coração a Jesus.

Gentilmente, mas de forma direta, o capelão perguntou: “Você está pronto para morrer? Sente-se perdoado? Você está pronto para ir ao Céu?” José respondeu: “Sei que vou morrer, mas não estou preparado. Não acredito que meus pecados foram perdoados.” Em seguida, expressou gratidão ao filho e à neta por levarem-no ao hospital adventista. Também agradeceu a Deus por sua saúde física e espiritual. “É muito bom que se sinta grato por que sua família cuidou de você”, o capelão Roger diz. “Se é agradecido por sua família e está seguro do cuidado que Deus tem por você, por que não decide dar o coração a Jesus?”

José respondeu que sempre pertencera a outra denominação cristã. “Eu assisti à série evangelística com minha neta e pensei que não precisava mais nada”, ele disse. O capelão Roger olhou fixamente para José, e disse: “Se você não está pronto para morrer e acredita que os pecados não foram perdoados, precisa fazer algo mais que assistir a séries evangelísticas. O que falta é entregar a vida a Jesus.” O homem ficou pensativo e, depois de algum temo, respondeu: “Talvez seja o que realmente preciso fazer.”

“Papai conhece a Deus,”, disse seu filho, José Jr. “Ele fez muitos estudos bíblicos e assistiu a muitas séries evangelísticas. Tudo o que precisa é tomar uma decisão.” Ao ouvir essa declaração, Roger completou: “Este é o momento certo de decidir. Você pode não ter outra chance. Se você decidir, eu o batizarei.”

Naquela noite, José decidiu entregar a vida a Jesus através do batismo. O capelão Roger orou a Deus pedindo que ele fosse fortalecido fisicamente, para ser batizado. No dia seguinte, o capelão Roger visitou José em seu quarto. Ele se sentiu muito melhor e ainda queria ser batizado. O capelão Roger preencheu um formulário de batismo e perguntou se José daria sua palavra de honra para cumprir sua promessa. “Com certeza, sim!”, José disse. E foi batizado uma semana depois de receber alta do hospital. No dia do batismo, ele estava muito feliz. Enquanto apertava a mão do capelão, disse: “Cumpri minha palavra.” Depois disso, José frequentou a igreja todos os sábados. Em 2019, três anos após o batismo, ele faleceu aos 83 anos.

José é um dos muitos pacientes que o capelão Roger viu ser transformado pelo poder do amor de Jesus. Ele geralmente não é tão direto com os pacientes quanto foi com José. Porém, sabia que José tinha bom conhecimento de Deus e se sentiu inspirado a ser mais franco. Ele segue o método de Cristo de evangelismo, descrito por Ellen White: “Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: “Segue-Me.” (A Ciência do Bom Viver, p. 143).

Para o capelão Roger, os capelães dos hospitais não são as únicas pessoas cercadas por doentes. “O mundo está cheio de pessoas enfermas de pecado. A melhor coisa a fazer, a princípio, é mostrar simpatia ouvindo”, disse ele. “Depois que o paciente esvazia o peso que carrega dentro de si, fica mais fácil ouvir e aceitar conselhos. Então, você pode falar sobre Jesus.”

Parte das ofertas de décimo terceiro sábado, em 2018, ajudou a construir uma nova ala no Hospital do Sudeste em Villahermosa, México. Muito agradecemos por sua oferta. Ela permite que mais pacientes ouçam sobre o amor de Jesus pelo Capelão Roger e sua equipe de sete voluntários.

Informações adicionais

• Assista ao vídeo sobre Roger no YouTube: bit.ly/Roger-Pech.

• Faça o download das fotos no Facebook: bit.ly/fb-mq.

• Para mais notícias missionárias e outras informações da Divisão Interamericana acesse: bit.ly/IAD-Facts.


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2021

Tema Geral: A promessa: a aliança eterna de Deus

Lição 8 – 15 a 21 de maio de 2021

A lei da aliança

Autor: Gilberto Theiss

Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br

Revisora: Josiéli Nóbrega

Introdução

Daniel Westing era um simples cidadão, dono de uma academia de ginástica. Entretanto, algo surpreendente mudaria radicalmente sua vida. Westing conheceria uma jovem chamada Victoria, e um namoro de oito anos os levaria ao altar do matrimônio, no dia 19 de junho de 2010. Não há nada de mais nesse relacionamento, a não ser o fato de Victoria ser uma princesa e herdeira do trono da Suécia. Nesse casamento morganático, de um nobre com alguém de posição social inferior, Daniel Westing receberia o título de príncipe, adotando o nome da família real – Bernardotte.

A exemplo do que ocorreu com Daniel Westing, Deus fez uma aliança com um povo que, do ponto de vista social, era sem nenhuma importância. Nesse caso, que outra justificativa encontraríamos para Deus aceitar Israel como povo escolhido se não o amor, a bondade e a misericórdia?

Eleição de Israel

A positiva eleição de Israel é expressa em Deuteronômio 7:7 e 8. Ele não foi escolhido por ser um povo numeroso, o que não era, mas em virtude do amor de Deus. Com base na premissa da bondade e do amor, Deus fez uma aliança com Abraão e seus descendentes. Por esse motivo, Ele guiou Seu povo ao longo da história, retirando-o da escravidão no Egito (v. 8) e conduzindo-o até a terra prometida, Canaã, que seria a terra da liberdade e da prosperidade, atributos desconhecidos na terra egípcia, lugar de escravidão. Houve uma mudança radical, pois eles passaram:

a) de escravos para cidadãos honrados;

b) da miséria para a fartura;

c) do desprestígio para o valor;

d) do sofrimento para o júbilo;

e) da dor para o prazer,

Isso foi apenas um pequeno resumo do que o Deus de Israel estava disposto a fazer por Seu povo eleito. A graça de Deus desejava fazer muito mais por aquela nação, se ela permanecesse firme e leal à Sua aliança. Essas promessas seguramente se aplicavam tanto aos israelitas quanto a qualquer outro povo que aceitasse, através de Israel, fazer parte do projeto divino, pois se buscassem ao Senhor, receberiam um nome melhor do que o de filhos e filhas (Is 56:3-8).

Deus anuncia Sua aliança

Deus libertou Israel da escravidão egípcia para viver em uma terra de liberdade e prosperidade. Liderado por Moisés, o povo atravessaria o deserto com destino à terra prometida. Contudo, antes de chegar a Canaã, deveria primeiro passar pelo Sinai. Essa exigência ensina que, embora a justificação tenha ocorrido no Egito, através do sangue passado nos umbrais das portas (Êx 12:12, 13), a lei também exercia um importante papel no pacto entre o povo e Deus. Quando Israel se estabeleceu ao pé do Sinai, o monte foi tomado por uma luz incandescente de fogo que, de forma incrível, criou um claro contraste com as trevas. O “decreto imperial” foi proclamado em meio a terremotos, relâmpagos, nuvens e sons de trombetas, de maneira que as pessoas tremiam diante do Senhor (Êx 19:16-19). O temor de Israel aumentava à medida que o barulho das trombetas e a voz de Deus se intensificavam. Essa teofania teve um grande impacto espiritual, de tal maneira que se tornou um prólogo em diversos hinos e passagens poéticas na religião hebraica. Então, com a atenção plenamente voltada para a voz de Deus, que vinha do fogo, das nuvens e dos sons de trombetas, os Dez Mandamentos foram pronunciados e escritos pelo próprio Deus nas tábuas de pedra. Mas, diante da aparente contradição existente entre lei e graça, no que diz respeito à salvação, qual seria o exato papel da lei na aliança? Por que ela deveria ser recebida e aceita antes que o povo entrasse em Canaã? Isso poderia sugerir salvação também pelas obras? É fato que os Dez Mandamentos ou qualquer outra lei da Torah não possuem poder justificador capaz de inocentar os homens diante de Deus, porém a rejeição consciente e proposital da lei evidencia a censura que a justificação sofre na consciência e no coração do indivíduo. A recusa em obedecer à vontade de Deus é um claro desprezo ou repúdio para com a soberania do Deus da aliança. A justificação do pecador arrependido claramente ocorre antes que ele receba a lei no coração, como ocorreu com o povo no Egito, antes de chegar ao Sinai, mas a justificação encanta a consciência e motiva o pecador a repelir o mal do coração, negando a si mesmo, desejando ser novamente à imagem e semelhança do Deus da aliança. Ou seja, embora a santificação não promova justificação, a justificação conduz o arrependido e contrito pecador à santificação. Nesse caso, tanto a santificação quanto a glorificação ocorrerão como resultado da justificação. Por exemplo, no santuário terrestre, o sacrifício ocorria no pátio e o sangue era aspergido tanto no santo quanto no santíssimo, o que nos leva a crer que a graça é o que permeia todas as ações da Divindade na vida humana, desde o pátio até o santíssimo.

A lei de Deus

A lei de Deus é um reflexo do caráter do seu Legislador e era o intuito Dele impressionar o povo com Sua santidade. Dessa forma, podemos afirmar que:

a) O objetivo das leis era instruir o povo quanto à maneira pela qual deveria viver em Canaã;

b) Era necessário que se tornasse um povo diferente das nações pagãs;

c) A lei mostrava o caráter que era aceitável diante de Deus;

d) Israel deveria ser reconhecido como povo santo, eleito e diferente dos que praticavam a idolatria e a maldade;

e) A lei, ao ser observada, criava uma clara identidade de pertencimento: “Eu sou o Senhor, seu Deus[...]”; “Não tenha outros deuses diante de Mim [...]”; “Eu os tomarei por Meu povo e serei o seu Deus” (Êx 20:2, 3; Êx 6:7; Jr 32:38).

Na cultura egípcia da época, escrever o nome de alguém na pedra tinha a finalidade de atribuir eternidade à pessoa. Por isso os faraós ordenavam que seus nomes e os nomes de seus deuses egípcios fossem talhados nas pedras. Portanto, como Israel estava acostumado com a cultura egípcia, quando Moisés desceu do monte com as palavras da lei escritas em pedras, de imediato o povo entendeu que se tratava de leis sagradas e eternas. A lei eterna de Deus foi apresentada no Sinai para mostrar ao povo a trágica condição em que ele se encontrava diante da justiça divina. A pecaminosidade da natureza humana não favorecia uma obediência ao nível de tal justiça. Por mais que tentassem obedecer à lei da aliança, o melhor que conseguissem ainda seria considerado “trapos de imundície” (Is 64:6). Mas se a observância da lei não pode justificar o ser humano, por que ela foi dada no Sinai e por que sua observância foi exigida pelo Autor da lei? O esclarecimento para essa intrigante pergunta se encontra em Êxodo 20:24. “Façam um altar de terra para Mim e sobre ele vocês sacrificarão os seus holocaustos, as suas ofertas pacíficas, as suas ovelhas e os seus bois; em todo lugar onde Eu fizer celebrar a memória do Meu nome, virei até vocês e os abençoarei” (Êx 20:24). Após ter dado a lei, Deus instruiu o povo a levantar um altar e fazer o sacrifício. Portanto, o que a lei não era capaz de fazer pelo pecador sincero e contrito, a graça faria. O sangue derramado no altar, ao pé do Monte Sinai, significava Deus Se incluindo na aliança como personagem central. Na aliança, Ele seria:

a) O preço pago pela dívida da transgressão humana;

b) O sacrifício perfeito como fruto da obediência perfeita Dele;

c) O substituto da humanidade na penalidade imposta pela lei;

d) A esperança para o ser humano que deseja viver a aliança eterna;

e) O caminho para a chegada na Canaã celestial.

Então, revigorados e encantados pela bondade e amor de Deus, nasce no coração o desejo de conhecê-Lo mais, a sede de estar em Sua presença e o prazer de glorificá-Lo através da sincera obediência à Sua vontade – guardando, em especial, os Seus mandamentos (Mt 5:16; Jo 14:15, 21).

Conclusão

A exemplo de Israel, por meio de Cristo, fomos libertos da escravidão do mal para viver em novidade de vida. Liderados pela ação do Espírito Santo, estamos atravessando o deserto terrestre da vida com destino à terra prometida – o Céu. Mas, enquanto não chegamos à Canaã celestial, devemos continuar nossa peregrinação ao lado de Cristo, demonstrando, por gratidão, lealdade à Sua vontade. Por amor a Deus, mesmo com os pés ainda trilhando o chão desta Terra, com perseverança manteremos os olhos bem fixos no Céu – onde, em breve, pelos méritos de Cristo, estaremos acampados para sempre.

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: Gilberto Theiss é pastor, casado com Patrícia Vilela. Tem atuado por 9 anos como pastor distrital. Atualmente pastoreia o distrito Central de Fortaleza-CE. É graduado em Teologia e Filosofia. Pós-Graduado (especialista) em Ensino de Filosofia, Ciências da Religião, História e Antropologia, e Revisão Prática de Texto. Mestrando em Interpretação Bíblica e Pós-Graduando em História e Arqueologia do Oriente Próximo. Nas horas vagas, aprecia levar conteúdo bíblico para as redes sociais como o instagram @gilbertotheiss, o blog www.feoufideismo.com e o canal www.youtube.com/feoufideismo.