Imagine que você é um pastor cuidando de suas cabras nas encostas do Monte das Oliveiras com vista para Jerusalém. Você ouve as palavras de Jesus e fica surpreso com o que Ele diz. Enquanto o sol poente brilha no templo dourado e se reflete nas magníficas paredes de mármore, Jesus afirma: “Em verdade lhes digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Mt 24:2). Os discípulos ficam confusos. O que Jesus queria dizer com essas palavras? Como elas se relacionam com o fim do mundo sobre o qual os discípulos de Jesus perguntaram?
Você ouve enquanto Jesus mistura de forma magistral os eventos que levariam à destruição de Jerusalém com os que ocorreriam antes de Seu retorno. Na destruição de Jerusalém, observamos um prenúncio da estraté- gia de Satanás para enganar e destruir o povo de Deus no fim dos tempos.
Estudaremos a dupla estratégia satânica para destruir o povo de Deus. O que o diabo não consegue fazer pela perseguição, ele espera alcançar através da concessão. Deus nunca é pego de surpresa, e nos momentos mais difíceis Ele preserva Seu povo.
*Esta lição está baseada nos capítulos 1 e 2 do livro O Grande Conflito.
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Olhando para Jerusalém, Jesus ficou com o coração quebrantado. João escreveu: “Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam” (Jo 1:11). Jesus fez tudo o que pôde para salvar Seu povo da destruição iminente de Sua amada cidade.
O amor de Jesus por Seu povo é infinito. Ele repetidamente apelou para que se arrependesse e aceitasse Seu gracioso convite de misericórdia.
1. Qual foi a atitude de Jesus para com Seu povo e a resposta deste à Sua graça? O que isso revela sobre Deus? Lc 19:41-44; Mt 23:37, 38; Jo 5:40
É difícil entender a destruição de Jerusalém à luz do amor de Deus. Milhares de pessoas morreram quando o general Tito liderou seu exército contra a cidade. Jerusalém foi devastada. Homens, mulheres e crianças foram mortos. Onde estava Deus enquanto Seu povo sofria? A resposta é clara. Seu coração estava partido. Durante séculos Ele estendeu a mão ao povo. Devido à rebelião, perderam a proteção do Senhor. Deus nem sempre intervém para limitar os resultados das escolhas de Seu povo. Ele permite que as consequências naturais da rebelião se desenvolvam. Deus não causou a matança de crianças inocentes. A morte dos inocentes foi um ato de Satanás, não de Deus.
Satanás se deleita na guerra, pois ela desperta os piores sentimentos humanos. Ao longo do tempo, tem sido seu propósito enganar e destruir e, depois, culpar a Deus.
2. Leia Mateus 24:15-20. Que instrução Jesus deu ao Seu povo para salvá-lo da vindoura destruição de Jerusalém?
A maioria dos cristãos que vivia em Jerusalém em 70 d.C. era de origem judaica. Deus desejava preservar as pessoas. Por isso, Ele deu a instrução de que, quando os exércitos romanos se aproximassem, eles deveriam fugir da cidade.
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A graça e a providência de Deus são reveladas nos eventos que levaram à destruição de Jerusalém. Céstio Galo e os exércitos romanos cercaram a cidade. Em um movimento inesperado, quando seu ataque parecia iminente, eles se retiraram. Os exércitos judeus os perseguiram e obtiveram uma grande vitória.
Com a fuga dos romanos, os cristãos em Jerusalém fugiram para Pela, na Pereia, além do Jordão. “O sinal prometido fora dado aos cristãos que aguardavam, e agora todos tiveram oportunidade para obedecer ao aviso do Salvador. Os acontecimentos foram encaminhados de tal maneira que nem judeus nem romanos impediriam a fuga dos cristãos” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 23).
3. O que a Bíblia diz sobre o cuidado de Deus? Sl 46:1; Is 41:10
Deus é soberano sobre os eventos na Terra para o cumprimento de Seus propósitos. Embora às vezes Ele altere Seus planos com base em nossas escolhas, Seu plano final se cumprirá. Os fiéis enfrentarão dificuldades e até a morte pela causa de Cristo. Porém, nos momentos mais difíceis, Deus sustentará e preservará Sua igreja.
4. Até que ponto vai a batalha contra o mal? Deus permite que alguns sofram e até morram como mártires pela causa de Cristo. Esse fato contradiz a ideia da proteção de Deus? Hb 11:35-38; Ap 2:10
“Os esforços de Satanás para destruir a igreja de Cristo pela violência foram em vão. O grande conflito em que os discípulos de Jesus rendiam a vida não cessava quando esses fiéis líderes tombavam em seus postos. Com a derrota, venciam. Os obreiros de Deus eram mortos, mas Sua obra ia avante com firmeza” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 32).
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Apesar da perseguição, a igreja cristã cresceu rapidamente. Fiéis proclamaram a Palavra com poder; vidas foram transformadas e dezenas de milhares se converteram.
5. Quais foram os desafios que a igreja do NT enfrentou e como ocorreu seu crescimento? At 2:41; 4:4, 31; 5:42 e 8:1-8
Os discípulos enfrentaram ameaças (At 4:17), prisão (At 5:17, 18), perseguição (At 8:1) e morte (At 7:59; 12:2); contudo, corajosamente proclamaram o Cristo ressuscitado, e as igrejas se multiplicaram na Judeia, Galileia e Samaria (At 9:31).
O inferno foi abalado. As amarras satânicas foram desfeitas. A superstição desmoronou-se diante do poder de Cristo ressuscitado. O evangelho triunfou diante de probabilidades desanimadoras. Os discípulos já não se acovardavam no cenáculo. O medo foi embora como uma sombra que se desvanecia.
Um vislumbre do Senhor ressuscitado mudou a vida dos discípulos. Jesus lhes deu razão para viver. O Senhor não só lhes deu a Grande Comissão (Mc 16:15), mas também a grande promessa: “Vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da Terra” (At 1:8).
O evangelho alcançou os cantos remotos da Terra (Cl 1:23). Embora o último discípulo, João, tivesse morrido no fim do primeiro século, outros pegaram a tocha da verdade. Plínio, o Moço, governador da Bitínia, na costa norte da atual Turquia, escreveu ao imperador Trajano por volta de 110 d.C. Sua declaração é significativa porque foi feita quase 80 anos após a cruz. Plínio falou dos julgamentos que conduzia para encontrar e executar cristãos: “Muitas pessoas de todas as idades e classes e de ambos os sexos estão sendo colocados em perigo pela acusação, e isso vai continuar. O contágio dessa superstição [cristianismo] se espalhou não apenas nas cidades, mas também nas aldeias e distritos rurais” (Henry Bettenson, Documents of the Christian Church [Nova York: Oxford University Press, 2011], p. 4).
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A igreja cristã primitiva cresceu não apenas porque seus membros pregavam o evangelho, mas porque viviam o evangelho. Os crentes seguiam o modelo do ministério de Cristo, que “percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando todo tipo de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4:23). Jesus Se importava profundamente com as pessoas, e a igreja do NT também se importava. Foi esse amor altruísta, o compromisso de satisfazer as necessidades humanas e a pregação das boas-novas do evangelho no poder do Espírito Santo, que causou tanto impacto no mundo nos primeiros séculos.
6. Que princípios aprendemos sobre cristianismo autêntico em diferentes situações relatadas em Atos? At 2:44-47; 3:6-9; 6:1-7
A igreja de Cristo era Seu corpo na Terra, e ela também, nesses primeiros séculos, expressou o amor sacrifical e a preocupação de Jesus pela humanidade ferida e quebrantada. Esses crentes eram exemplos vivos da compaixão do Senhor.
No grande conflito que assola o Universo, o diabo quer desfigurar a imagem de Deus na humanidade. O propósito do evangelho é restaurar a imagem de Deus no ser humano. Essa restauração inclui cura física, mental, emocional e espiritual.
Em João 10:10, Jesus revelou o Seu plano para nós. “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” Ele anseia que sejamos fisicamente saudáveis, mentalmente ativos, emocionalmente estáveis e espiritualmente íntegros.
Isso é especialmente verdadeiro à luz de Seu retorno prometido. Este mundo enfrenta uma crise. As predições de Jesus anteveem condições catastróficas antes de Seu retorno (Mt 24; Lc 21). Quando Cristo nos toca com Sua graça curadora, ansiamos tocar os outros com o toque curador de Cristo. Jesus nos envia como embaixadores Dele para tocar com o Seu amor um mundo quebrantado. O cristianismo do NT caracterizava-se pelo amor de uns pelos outros e por suas comunidades.
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7. À luz do desafio de Satanás contra o governo de Deus, o que João revela? O que ele diz sobre a essência do cristianismo? Jo 13:35; 1Jo 4:21
O amor era a norma das comunidades cristãs nos primeiros séculos. Tertuliano afirmou: “São principalmente os feitos de um amor tão nobre que levam muitos a colocar uma marca sobre nós. Vejam, dizem, como amam uns aos outros” (Ver Tertullian’s Apology 39, traduzido por S. Thelwall. Disponível em: <bit.ly/3zv7QsP>).
Uma das maiores revelações do amor de Deus aconteceu quando duas pandemias, a Peste Antonina (cerca de 160 d.C.) e a Peste de Cipriano (260 d.C.) devastaram o mundo. Os cristãos ministraram aos doentes. Essas pragas mataram dezenas de milhares e deixaram aldeias e cidades inteiras com poucos habitantes. O ministério altruísta dos cristãos causou enorme impacto. Milhões de pessoas no Império Romano se tornaram crentes durante essas pandemias. O cuidado dos doentes e moribundos provocaram admiração por esses crentes e pelo Cristo que representavam.
O livro The Rise of Christianity, de Rodney Stark, é uma narrativa histórica moderna que retrata esses eventos sob uma luz nova e melhorada. Nela, o autor descreve como, durante a segunda pandemia, toda a comunidade cristã, que ainda era judaico-cristã em sua maioria, tornou-se praticamente um exército de enfermeiros, que proviam as necessidades básicas para a sobrevivência da comunidade sofredora. “No auge da segunda pandemia, por volta de 260 d.C., em uma carta de Páscoa, Dionísio escreveu um longo tributo aos heroicos esforços de enfermagem dos cristãos locais, muitos dos quais perderam a vida enquanto cuidavam dos outros.
“A maioria de nossos irmãos cristãos mostrou amor e lealdade ilimitados. Sem se importar com o perigo, se encarregaram dos enfermos, atendendo a todas as suas necessidades e ministrando-lhes em Cristo. Com eles partiram desta vida serenos e felizes, pois foram infectados por outros com a doença, atraindo sobre si a enfermidade de seu próximo e aceitando alegremente suas dores” (Rodney Stark, The Rise of Christianity [Princeton, NJ: Princeton University Press, 1996], p. 82).
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“Os esforços de Satanás para destruir a igreja de Cristo pela violência foram em vão. [...] Com a derrota, venciam. Os obreiros de Deus eram mortos, mas Sua obra ia avante com firmeza. O evangelho continuava a se espalhar, e o número de seus conversos, a aumentar. Penetrou em regiões que eram inacessíveis, mesmo aos exércitos romanos. Discutindo com os governadores pagãos que estavam impulsionando a perseguição, um cristão afirmou: ‘[Vocês podem] nos matar, torturar e condenar. […] Sua injustiça é prova de que somos inocentes. […] De nada vale […] a crueldade de vocês.’ Isso era apenas um convite mais forte para conduzir outros à mesma convicção. ‘Quanto mais somos ceifados por vocês, tanto mais crescemos em número; o sangue dos cristãos é semente’” (Ellen G. White, O Grande Conflito [CPB, 2021], p. 32).
“A misteriosa providência que permite aos justos sofrerem perseguição das mãos dos ímpios tem sido causa de grandes dúvidas a muitos que são fracos na fé. Alguns decidem até deixar de confiar em Deus por Ele permitir a prosperidade dos homens mais desprezíveis, enquanto que os melhores e mais puros são afligidos e atormentados pelo cruel poder desses opressores. Pergunta-se como pode Aquele que é justo e misericordioso, e que tem poder infinito, tolerar tal injustiça e opressão. Essa é uma questão que não nos cabe responder. Deus deu suficientes evidências de Seu amor, e não devemos duvidar de Sua bondade por não compreendermos a atuação de Sua providência” (O Grande Conflito, p. 36).
Perguntas para consideração
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Qual é o propósito da perseguição? Por que Deus permite que Seu povo sofra? Em sofrimentos que não têm explicação, por que a experiência pessoal do amor de Deus é tão importante para manter a fé?
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“Onde está Deus quando estou sofrendo? Se Ele me ama, por que estou passando por esse momento difícil?” Que resposta você daria a essas perguntas?
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Como sua igreja pode se tornar uma comunidade solidária para impactar o mundo?
Respostas e atividades da semana: 1. Jesus lamentava a situação de Seu povo, que rejeitou o convite de misericórdia. 2. Jesus lhes instruiu a fugirem para os montes. 3. Ele é nosso refúgio e socorro em meio aos problemas. Ele está sempre conosco. 4. O diabo nos fará passar por tribulações, como fez com muitos no passado. Porém, se formos fieis, Deus nos dará a coroa da vida. Neste mundo, sofreremos tribulações e até a morte por causa de Cristo, mas nosso galardão é certo e nossa vitória é garantida. 5. A igreja do NT enfrentou ameaças, perseguição, prisão e morte; porém, com o poder do Espírito Santo, venceram as tribulações e proclamaram o evangelho com poder e ousadia. Assim, as igrejas se multiplicaram. 6. Os primeiros cristãos tinham tudo em comum; eles demonstravam amor e compaixão para com os que sofriam em sua comunidade. Eles seguiam o exemplo de Cristo. 7. A essência do cristianismo é o amor. Quem ama a Deus demonstra amor ao próximo. Satanás desafiou o governo de Deus alegando que era um governo injusto e egoísta. Os seguidores de Cristo devem demonstrar amor assim como o Senhor demonstrou em Sua vida, ministério e morte.
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TEXTO-CHAVE: Isaías 41:10
FOCO DO ESTUDO: Lc 19:41, 42; Mt 23:37, 38; Mt 24:9, 21, 22; Hb 11:35-38; Is 41:10; Ap 2:10; At 2:44-47; Jo 13:35
ESBOÇO
Introdução: Nesta semana, destacamos como o grande conflito se desenrola na vida e na história do povo de Deus, especialmente na convergência entre Judá, o povo de Deus na última parte do Antigo Testamento, com a igreja, que é o povo de Deus no Novo Testamento.
Temas da lição: A lição desta semana destaca dois temas principais:
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Como resultado de sua rejeição a Cristo, Judá perdeu seu status de nação favorecida, como povo especial de Deus, e sofreu com a destruição de Jerusalém.
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Deus estabeleceu o remanescente de Israel, incorporou tanto judeus quanto gen- tios, e o s salvou das catástrofes que se abateram sobre Jerusalém em 70 d.C. Ele guiou Sua igreja na missão de proclamar o evangelho de Jesus Cristo .
COMENTÁRIO
Os seguintes detalhes históricos esboçam, pelo menos em parte, a queda de Jerusalém:
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Jerusalém foi destruída durante a Grande Revolta Judaica (66-73 d.C.), e sua aniquilação começou perto do fim do reinado d e Nero (54-68 d.C.). A guerra estourou quando Géssio Floro, o recém-nomeado procurador romano para a Judeia, tirou uma grande quan- tia de dinheiro do tesouro do templo em Jerusalém.
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Os dois principais generais romanos enviados para reprimir a revolta foram Vespasiano e seu filho, Tito. Ambos mais tarde se tornaram imperadores.
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O cerco de Jerusalém iniciou de forma mais efetiva no ano 70 d.C. Durante o cerco, a maioria dos defensores da cidade se dividiu em facções, as quais lutaram entre si, unindo-se apenas para repelir os ataques iminentes dos romanos.
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Três muros protegiam Jerusalém. Os dois primeiros caíram nos ataques romanos em abril de 70 d.C., e o terceiro foi invadido vários meses depois, em 30 de agosto. O templo foi queimado no mesmo dia.
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De acordo com o historiador judeu, Josefo, mais de um milhão de pessoas morre- ram durante o cerco de Jerusalém e cerca de cem mil foram levadas cativas. Jerusalém e o templo foram destruídos. O espólio que os romanos levaram de Jerusalém financiou a construção do Coliseu, um dos monumentos mais visitados de Roma.
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Privado de Jerusalém e do templo, o judaísmo sofreu profundas mudanças. O centro da religião judaica não mais estava no templo, nos sacrifícios e nos sacerdotes, mas na lei. Os saduceus, a classe sacerdotal, perderam a maior parte de seu poder, e o judaísmo se tornou rabínico.
A queda de Jerusalém
Não é por acaso que Ellen G. White inicia O Grande Conflito com o capítulo intitulado “A destruição de Jerusalém e o destino do mundo”. Ela compreendeu que esse evento trágico da nação judaica era fundamental para o grande conflito e para a identidade e a missão da igreja. Como assim? Para responder a essa pergunta, precisamos primeiro entender o motivo da queda de Jerusalém.
Do ponto de vista da história secular, Jerusalém e o segundo templo foram destruídos porque os judeus se rebelaram contra a superpotência da época, o Império Romano e, portanto, foram impiedosamente esmagados por seu poder, tanto em um ato de vingança quanto como forma de impedimento para outros rebeldes em potencial. Nos séculos que se passaram desde a queda da cidade, os judeus crentes interpretaram a destruição de Jerusalém como uma medida disciplinar que Deus permitiu. Alguns estudiosos do judaísmo afirmam que os judeus pecaram ao transgredir a lei de Deus, tornando-se imorais; outros acreditam que eles eram muito rebeldes e desunidos, uma vez que nunca aprenderam a lição da unidade. Seja qual for o caso, Deus preservou um remanescente para levar adiante Seus propósitos.
No entanto, a Bíblia oferece uma explicação diferente para a destruição do templo. Sim, rebelião, iniquidade, corrupção moral e social, conflitos e divisões internas certamente foram os principais fatores que levaram à queda de Jerusalém e à destruição do templo. Mas a situação que causou aquela tragédia é mais profunda do que apenas os fatores isolados. A fim de compreendermos as causas da destruição do templo, é necessário enfatizar alguns pontos cruciais presentes tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Juntas, essas considerações nos levam à principal razão para o colapso do templo: a rejeição de Cristo e da aliança de Deus por parte da liderança de Israel.
O templo original
Primeiramente, em 586 a.C., os babilônios destruíram o templo original de Israel, que Salomão havia construído, cerca de 20 anos após Nabucodonosor conquistar Judá (Dn 1:1, 2). A destruição aconteceu mais de cem anos depois que os israelitas do norte, que haviam caído em apostasia, foram vencidos pelos assírios. O norte de Israel deixou de existir como nação porque rejeitou a aliança de Deus e seguiu outros deuses (1Rs 12:26-33; 2Rs 17:7-23). Judá, à semelhança de Israel, também teve reis perversos e elites corruptas propensas à idolatria. No entanto, ao contrário do norte de Israel, Judá não adotou uma política nacional permanente de substituir a religião de Deus pelo paganismo. Por isso, o Senhor permitiu a destruição do templo de Judá e de sua capital em 586 a.C., além do exílio temporário de seu povo, como uma estratégia de renovação nacional.
O segundo templo
Um segundo ponto é que os romanos destruíram o segundo templo no ano 70 d.C., cerca de 35 anos depois que Jesus predisse três eventos: (1) Deus tiraria o reino de Judá e o daria a uma outra nação (Mt 21:43); (2) a casa de Judá (o templo) ficaria “deserta” (Mt 23:38); e (3) o templo seria completamente destruído (Mt 24:1, 2). Qual foi a razão para esse tríplice julgamento? A liderança de Judá não apenas falhou na produção de frutos para o reino de Deus (Mt 21:43), mas, assim como o norte de Israel no passado, conscientemente recusou-se a permanecer sob a jurisdição e proteção das asas de Deus (Mt 23:37). Em 31 d.C., os líderes da nação judaica tomaram uma decisão oficial, consciente e deliberada: eles rejeitaram a aliança do Senhor, a Sua salvação e o Seu Messias (Mt 26:1-3, 14-16, 57-68; 27:15-25; Jo 19:1-15). Como consequência, Deus permitiu a destruição do templo terrestre.
A graça de Deus
Em terceiro lugar, antes de permitir que Israel e Judá sofressem a penalidade por quebrarem Sua aliança, Deus concedeu-lhes toda a graça necessária para redenção e restauração. Desde a época de Moisés até a destruição do segundo templo, em 70 d.C., por um período de mais de 1.500 anos, Judá experimentou o amor incessante de Deus. Mesmo após a decisão dos líderes judeus de rejeitar a Deus, seguida pelo pronunciamento de condenação de Jesus contra eles, o Senhor ainda lhes concedeu mais de 35 anos antes de executar tal veredito. Durante o tempo de graça, cristãos como Pedro (At 2–4), Estêvão (At 7) e Paulo (Rm 9–11) imploraram a eles para que aceitassem Jesus como o Messias e participassem da nova aliança de Deus. Infelizmente, em lugar de atender aos chamados, os líderes selaram sua decisão de rejeitar Cristo com uma dura perseguição aos cristãos, o que culminou no assassinato de Estêvão em 34 d.C. No entanto, mesmo após rejeitar Judá como Sua nação representante, Deus continuou a chamar judeus de maneira individual para entrarem em Sua nova aliança e serem salvos em Seu reino.
A queda de Jerusalém, portanto, ilustra o trato de Deus com os pecadores no grande conflito. Essa perspectiva ajuda a responder parcialmente nossa pergunta inicial sobre o motivo de Ellen White ter sentido que essa tragédia era tão fundamental para o tema do grande conflito, para a identidade e missão da igreja. Além disso, a profetisa entendeu que a queda de Jerusalém nos ajudaria a compreender o paradoxo do juízo, isto é, como a misericórdia divina pode ser estendida aos pecadores enquanto, ao mesmo tempo, satisfaz as exigências da justiça divina. Por um lado, Deus é repleto de amor, compaixão e paciência. Ele implora aos pecadores que retornem ao Seu reino. Deus não quer que os pecadores morram a segunda morte (Ez 33:11). Por outro lado, o Senhor é justo e reto. Sendo santo, Ele não tolera o mal em Sua presença. No entanto, Ele respeitará a decisão final dos indivíduos.
O plano da salvação
O quarto ponto que devemos observar é que apesar dos contratempos que a traição à aliança causaram, Deus prosseguiu com Seu plano de salvação e Suas ações a fim de resolver o grande conflito. Ele prometeu que Jesus, que era o Descendente de Eva (Gn 3:15), de Abraão (Gn 12:2, 3, 7; Gl 3:16, 29) e de Davi (2Sm 7:12-15; Mc 12:35-37), traria salvação à humanidade, libertando-a do domínio do diabo, e restauraria o reino Dele na Terra. Ao mesmo tempo, o Senhor prometeu que Jesus, o verdadeiro Cordeiro de Deus e Aquele que cumpriria os tipos do santuário terrestre (Jo 1:29; 2:19-22), viria para redimir a humanidade da culpa e do poder do pecado. Mesmo quando Seu próprio povo falhou, nosso Senhor trabalhou incansavelmente para trazê-lo de volta e resgatar a humanidade do pecado. Abraão, Moisés e Judá são exemplos de pessoas resgatadas e redimidas. Afinal, nada pode impedir Deus de cumprir Suas promessas e de implementar Seus planos.
Tipos e antítipos
O último ponto traz o santuário terrestre e o sistema sacrifical como apenas antítipos do sacrifício e do ministério vindouro de Jesus. Quando o primeiro templo foi destruído e Judá lamentou sua glória passada, Deus lhes disse que a verdadeira glória ainda estava por vir e que ela não dependia de materiais e arquitetura, mas Daquele para quem o santuário apontava (Ed 3:12; Ag 2:9; Mt 23:16-22). Por essa razão, quando o segundo templo foi destruído, em 70 d.C., os cristãos não perderam a esperança. Pelo contrário, eles entenderam que o santuário terrestre cumpriu sua missão de apontar para Jesus, para Seu sacrifício e ministério de salvação no verdadeiro santuário que está nos Céus. O símbolo encontrou a realidade, assim como o tipo encontrou seu Antítipo. Após a encarnação, o ministério, a morte, a ressurreição e a ascensão de Jesus, o grande conflito agora se concentra no santuário celestial. A Epístola aos Hebreus explora amplamente o significado dessas mudanças. Portanto, Mateus 24 com a destruição do segundo templo, bem como a Epístola aos Hebreus com seu foco no santuário celestial são extremamente importantes para a compreensão do grande conflito e para toda a teologia adventista de um modo geral. Foi exatamente essa complexa compreensão da destruição do templo que inspirou os cristãos apostólicos e pós-apostólicos nos primeiros séculos, bem como os escritos de Ellen White no século 19, com uma compreensão da identidade e missão da igreja. Quando os cristãos apostólicos sobreviveram à destruição do templo, eles redirecionaram o foco do templo para o santuário celestial. Eles tinham plena consciência de que eram o povo do Senhor, o novo Israel, chamado por Ele para proclamar as novas da salvação a toda a humanidade que estava sob o poder do diabo. Eles ajudaram pessoas com os meios de que dispunham, compartilhando o amor que sentiam. Direcionaram a atenção para o fim do grande conflito, do sofrimento e da morte, quando Cristo retornar à Terra a fim de derrotar para sempre o diabo.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
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Qual é a visão da sua cultura sobre amor e retidão? Ainda existe esperança de que a sociedade seja caracterizada pelo amor e retidão? Como você poderia explicar que o amor e a retidão dependem da presença de Jesus? Ou que esses valores não podem existir separados da revelação de Jesus, como vista em Seu sacrifício? Como você argumentaria que o amor e a retidão requerem a intervenção do Espírito Santo para serem incorporados pelos seres humanos?
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Você compreende o significado das palavras de Jesus sobre “o evangelho do reino”? Como você pode vivê-lo? Como você e sua igreja podem compartilhar esse evangelho?
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Um coração para missão
Uzbequistão | Artyom
Quando Artyom era pequeno, por volta dos 5 anos de idade, ele chegou a ir à Igreja Adventista do Sétimo Dia algumas vezes com o pai e a avó no Uzbequistão.
Mas então o pai e a mãe se divorciaram. Artyom morava com sua mãe, e ela o proibiu de ir à igreja. Assim como muitas pessoas do Uzbequistão e de outros países da antiga União Soviética, ela via os adventistas como membros de uma seita que havia se separado da igreja cristã. Artyom nunca mais pisou em uma Igreja Adventista até completar 17 anos. Então ele foi porque seu pai lhe disse que ele havia crescido e precisava se batizar. Artyom fez estudos bíblicos e, dois anos depois, entregou seu coração a Jesus através do batismo. Ele amava a Deus de todo o coração e ajudava a igreja local com a manutenção do equipamento de som.
Enquanto isso, a mãe se casou nova mente, e Artyom vivia com ela e com seu padrasto.
Em um quinta-feira, o padrasto o proibiu de ir à igreja ajudar com o equipamento de som para o ensaio de uma música. A mãe estava fora de casa no momento.
"Você não pode ir hoje",disse o padrasto.
Mas Artyom queria ir. Ele queria ajudar com o equipamento de som.
"Eu vou", respondeu ele.
"Não, você não vai", o padrasto afirmou.
"Eu vou, sim",Artyom respondeu.
"Você tem uma escolha," disse o padrasto. "Tudo ficará bem se você parar de ir à igreja. Ou você pode ir à igreja, levar seus pertences com você e sair desta casa para sempre."
Artyom pegou suas coisas e saiu. Ele chorou e foi para a casa de seu pai e de sua avó. Eles o acolheram.
Ao viver com o pai e a avó, Artyom ficava mais próximo de Deus ao orar e ler a Bíblia por horas. Ele ficou especialmente comovido ao ler a promessa que Jesus fez em Marcos 10:29, 30. A passagem diz: "Jesus respondeu: - Em verdade lhes digo que não há ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do evangelho, que não receba, já no presente, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, receberá a vida eterna" (NAA).
Artyom havia deixado tudo para trás, e parecia que Jesus estava lhe dizendo: "Tenha coragem! Você terá uma casa e a vida eterna".
A paz que Artyom estava experimentando em seu novo lar se despedaçou quando o pai parou de ir à igreja e começou a beber. Certo sábado, o pai pediu que Artyom o ajudasse no trabalho. O pai fazia móveis em casa.
Artyom se recusou. "Vamos fazer outro dia", disse ele.
O pai, com raiva, ordenou que o adolescente saísse de casa. "Vá embora daqui!", disse o pai. Artyom não tinha para onde ir. Ele recebeu permissão para morar na Igreja Adventista.
Meses se passaram, e sua mãe e seu padrasto o convidaram para voltar para casa. Eles disseram que ele poderia ir à igreja sempre que quisesse. Artyom voltou para casa, mas as tensões permaneceram. O pai morreu alguns meses depois, e ele se mudou de volta para a casa da avó. Durante todo aquele tempo, ele continuou orando e lendo a Bíblia. Então, um amigo adventista teve uma ideia.
"Oremos para que Deus lhe traga alguém para dar estudos bíblicos", disse ele.
Os dois começaram a orar. Um mês se passou. Dois meses, três meses. Artyom notou um constante fluxo de visitantes na igreja e convidou vários deles para estudarem a Bíblia com ele. Não muito depois, ele havia formado um pequeno grupo que se reunia regularmente.
Enquanto eles estudavam, cresceu no coração de Artyom o desejo de se tornar missionário. Ele ouviu sobre os pioneiros da Missão Global, pessoas que compartilham o evangelho dentro de sua própria cultura. Ele orou para se tornar um pioneiro da Missão Global.
Então ele foi até o pastor para perguntar como se tornar um pioneiro da Missão Global. Mas antes que pudesse abrir sua boca, o pastor disse: "Tenho uma boa notícia para você. Gostaríamos de convidá-lo para se tornar um pioneiro da Missão Global".
Artyom ficou surpreso! O pastor havia respondido antes mesmo de Artyom fazer a pergunta.
Hoje, Artyom tem 22 anos, e seu maior desejo é ajudar muitas pessoas a se prepararem para a breve vinda deJesus.
"Estou vendo os primeiros frutos dos meus trabalhos", disse ele. "Consagrei minha vida a Deus, e meu objetivo na vida é levar as pessoas a Cristo."
Parte das ofertas deste trimestre ajudará a abrir a primeira escola primária adventista do sétimo dia no Uzbequistão.
Por Andrew McChesney
Dicas para a história
- Mostre a localização do Uzbequistão no mapa. Então mostre Tasquente, a capital do Uzbequistão, e a futura localização de uma escola adventista primária, um dos projetos da oferta do décimo terceiro sábado deste trimestre.
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- Leia na próxima semana sobre Artur, um adolescente que aprendeu sobre Deus através do Artyom.
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Comentário da Lição da Escola Sabatina – 2º Trimestre de 2024
Tema Geral: O grande conflito
Lição 2 – 6 a 13 de abril
A questão central: amor ou egoísmo?
Autor: Eleazar Domini
Editor: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Esther Fernandes
Introdução
Muito se fala sobre o amor. Poetas, escritores e apaixonados já tentaram o descrever. Alguns chegam a traçar paralelos antitéticos tentando estabelecer qual seria o sentimento ou atitude antagônico ao amor: desprezo, indiferença, ódio. A verdade é que o egoísmo afigura entre os principais rivais do amor. Sim, porque o maior ato de amor já feito pela humanidade foi de doação: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). O ato de doar está intimamente ligado à expressão máxima de amor. Lemos no texto que Deus amou tanto, de tal maneira, que deu. Portanto o egoísmo representa todo sentimento e atitude contrários à doação e é o rival do amor por excelência.
Muitos não têm a dimensão do problema do egoísmo, não fazem ideia de quão profundas raízes ele pode estabelecer no coração humano. Há alguns que vivem uma vida de egoísmo sem saber, imaginando estar fazendo um serviço para Deus: “O egoísmo humano, escondido no coração, permanece visível nos livros do Céu. Ali estão registrados deveres não cumpridos para com o semelhante e o modo como os preceitos do Salvador foram esquecidos. Ali se verá quantas vezes foram cedidos a Satanás o tempo, o pensamento e a força que pertenciam a Cristo. Triste é o relato que os anjos levam para o Céu. Seres inteligentes que se declaram seguidores de Cristo estão submersos na preocupação em adquirir bens mundanos ou usufruir prazeres terrenos. Dinheiro, tempo e força são sacrificados na ostentação e condescendência próprias; mas são poucos os momentos dedicados à prece, ao exame das Escrituras, à humilhação da alma e à confissão do pecado” (O Grande Conflito, p. 408 [487, 488]).
I – O amor manifesto no livre-arbítrio
Uma das premissas básicas do amor de Deus é a liberdade que Ele concede a Suas criaturas. Isso ficou evidente nas ações da nação de Israel ao longo da história. Inúmeras oportunidades foram dadas por Deus para que houvesse sincero arrependimento, confissão e mudança de comportamento. Entretanto, Israel sempre andava por caminhos tortuosos. A culminância da rebeldia da nação israelita ocorreu com a morte de Cristo, já finalizando o período das 70 semanas dadas por Deus àquela nação, conforme o livro de Daniel.
Durante Seu ministério, Cristo pregou e tentou alcançar e salvar todos os que se achegavam a Ele. E foi justamente nesse contexto que Ele alertou Seus discípulos das terríveis assolações que estavam por vir sobre Jerusalém. Ao ser completamente devastada no ano 70 d.C., com milhares de mortos entre homens, mulheres e crianças, questionamentos acerca do amor de Deus podem ter sido feitos. Tais questionamentos se desfazem diante do livre-arbítrio. Ao rejeitar a Cristo e Suas advertências, os judeus se colocaram numa posição em que não podiam escapar das consequências de tal rejeição. O livre-arbítrio nos permite escolher de que lado queremos seguir, mas não nos isenta das consequências das decisões tomadas. Os discípulos de Jesus, ao perceberem os sinais dados por Ele, fugiram de Jerusalém a tempo e salvaram sua vida, ao passo que aqueles que rejeitaram o Mestre não perceberam quando o mal sobreveio e foram destruídos. Deus sofreu com Seu povo porque jamais Se alegra com a morte de alguém, mas não pôde fazer nada para livrá-lo. O meio de livramento, a forma de escape foi concedida anos antes através das orientações dadas por Jesus no Monte das Oliveiras, mas Cristo tinha sido rejeitado. Agora, as consequências da rejeição foram inevitáveis.
II – O amor manifesto no sacrifício
É interessante notar o amor de Deus ao proteger e livrar Seus filhos da destruição de Jerusalém. Mas o que dizer das perseguições sofridas por eles nos anos que se seguiram? Deus os desamparou? Se a destruição de Jerusalém, com milhares de judeus mortos, foi resultado da rejeição de Jesus por parte deles, o que dizer dos milhares de cristãos perseguidos e mortos, não somente por judeus, mas pelo Império Romano?
A grande verdade é que a desobediência e rejeição às ordens divinas trazem consequências catastróficas, sendo a pior delas, a morte eterna. Ser perseguido e morto por desobedecer a Deus é ruim, mas nada comparável à perda da vida eterna. Ao mesmo tempo, seguir as ordens de Deus e obedecer a Sua vontade não é garantia de vida sem sofrimentos, mas a aceitação da graça e dos méritos de Cristo em nosso favor nos garante a vida eterna, que faz com que os sofrimentos desse mundo sejam bem menores do que o eterno peso de glória a ser revelado em nós. Ao falar sobre a as perseguições sofridas, o apóstolo Paulo escreveu: “A nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4:17). Veja o que Paulo chamou de leve e momentânea tribulação: “São ministros de Cristo? Falando como se estivesse fora de mim, afirmo que sou ainda mais: em trabalhos, muito mais; em prisões, muito mais; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus quarenta açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas. Uma vez fui apedrejado. Três vezes naufraguei. Fiquei uma noite e um dia boiando em alto mar. Em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de assaltantes, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, ainda pesa sobre mim diariamente a preocupação com todas as igrejas” (2Co 11:23-28). Tudo isso foi para Paulo como uma leve e momentânea tribulação.
Por que algumas pessoas são livres da morte e outras não? Por que uns tiveram a vida poupada por um milagre divino ao passo que outros deram a vida como um sacrifício diante dos inimigos? Não temos todas as respostas para perguntas tão importantes como essas, mas sabemos que o Deus que livrou uns e outros não concederá a vida eterna a todos que O aceitaram.
III – Amor: a marca do verdadeiro discípulo
Ao longo dos séculos, Satanás tem tentado destruir os filhos de Deus, assim como tem tentado impedir a expansão da pregação do evangelho ao mundo. Seus esforços sempre foram fracassados. A princípio, ele estabeleceu a perseguição, a tortura e a morte na tentativa de fazer com que o medo da perseguição minasse o desejo das pessoas de se tornarem cristãs e pregassem o evangelho. O resultado foi exatamente o oposto do que havia sido esperado pelo inimigo: o cristianismo cresceu assustadoramente nos primeiros séculos. A imagem do Cristo ressurreto na mente dos discípulos, impulsionou-os a pregar a mensagem ao custo da própria vida. Quanto mais cristãos morriam, mais cristãos apareciam. O sangue deles era como sementes em solo fértil.
Uma das características mais fortes que trouxe sucesso à pregação do evangelho foi a unidade em amor que havia entre os primeiros conversos. A igreja cresceu por viver aquilo que havia sido dado por Cristo a eles como uma ordenança: “Nisto todos conhecerão que vocês são Meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros” (Jo 13:35). Os primeiros cristãos não somente pregavam sobre o amor, eles viviam o amor e isso fez toda a diferença. Hoje não é diferente. Quando a igreja experimentar viver o que os primeiros cristãos viveram, passaremos pelas mesmas perseguições, mas veremos os mesmos milagres acontecerem, milhares se convertendo em um só dia e Cristo finalmente voltando nas nuvens do Céu.
Conclusão
Deus nunca prometeu que no mundo não passaríamos por tribulações. Ele prometeu estar conosco em cada uma delas. Deus livrou os amigos de Daniel da fornalha, mas não livrou milhares de cristãos de serem queimados vivos nas arenas romanas; Ele livrou Daniel na cova dos leões, mas não livrou milhares de cristãos dos leões nos coliseus romanos; livrou João de ser queimado vivo num tacho de óleo fervendo, mas não livrou Paulo de ser decapitado, nem Pedro de ser crucificado de cabeça para baixo. Sabe o que todos eles têm em comum? Todos estavam dispostos a obedecer a Deus, não importando as consequências, como se evidencia na fala dos jovens hebreus: “Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: ‘Ó Nabucodonosor, quanto a isto não precisamos nem responder. Se o nosso Deus, a quem servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das suas mãos, ó rei. E mesmo que ele não nos livre, fique sabendo, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que o senhor levantou’” (Dn 3:16-18). A obediência deles não estava condicionada a uma resposta positiva de Deus quanto ao livramento da morte, mas à confiança de que Deus, livrando naquele momento ou não, certamente lhes daria a coroa da vida eterna no fim. A confiança deles estava no mundo vindouro, no amanhã da vida eterna. Que essa seja a nossa esperança hoje.
Conheça o autor dos comentários deste trimestre: O Pr. Eleazar Domini é mestre em Teologia e apresentador do canal “Fala sério, pastor”, no YouTube. Serve à Igreja Adventista há mais de 14 anos e atuou em diferentes funções. Atualmente, exerce sua atividade como pastor nas igrejas de Danbury e Waterbury, Connecticut – EUA. É casado com Gisele Domini, farmacêutica, e é pai de Hannah e Isabella.
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