Lição 13
20 a 26 de março
A renovação do planeta Terra
Sábado à tarde
Ano Bíblico: Jz 17-19
Verso para memorizar: “Pois vejam! Criarei novos céus e nova Terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (Is 65:17, NVI).
Leituras da semana: Is 65:17-25; 66

Certa vez, um garoto de 12 anos, que tinha acabado de ler um livro sobre astronomia, recusou-se a ir para a escola. A mãe o levou ao médico da família, que perguntou: “Billy, qual é o problema? Por que você não quer mais estudar nem ir para a escola?”.

Ele disse: “Porque li neste livro de astronomia que um dia o Sol vai se extinguir, e toda a vida na Terra desaparecerá. Não vejo motivo para fazer mais nada se, no fim, tudo vai acabar”.

A mãe, histérica, gritou: “Isso não é problema seu! Não é da sua conta!”.

O médico sorriu e disse: “Mas, Billy, você não precisa se preocupar, porque quando isso acontecer, todos nós já estaremos mortos há muito tempo”.

Evidentemente, essa questão faz parte do problema: no fim, estaremos todos mortos.

Felizmente, nossa existência não precisa terminar em morte. Ao contrário, Deus nos oferece a vida eterna, em um mundo renovado.



Domingo, 21 de março
Ano Bíblico: Jz 20, 21
Novos céus e nova Terra (Is 65:17-25)

1. Que tipo de restauração o Senhor prometeu em Isaías 65:17-25?

Deus prometeu uma nova criação: “Eis que Eu crio novos Céus e nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65:17). O Senhor prometeu “criar Jerusalém para regozijo, e Seu povo para alegria” (Is 65:18). Na cidade, não haveria mais choro (Is 65:19). As pessoas normalmente viveriam muito mais de um século antes de morrer (Is 65:20). Elas mesmas desfrutariam de Sua obra e se alegrariam com seus filhos (Is 65:21-23). Deus lhes responderia antes mesmo que clamassem (Is 65:24).

2. Por mais agradável que seja essa descrição, por que ela não é um quadro completo da restauração e esperança final? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) Porque a esperança será mais grandiosa do que essa descrição.
B. ( ) Porque, apesar da vida longa, a morte ainda existirá.

Até o momento, o texto apresenta uma imagem de uma vida longeva e tranquila na terra prometida. Porém, embora as pessoas pudessem viver mais ali, elas ainda morreriam. Onde estaria a transformação radical da natureza tão esperada com a criação dos “novos céus” e da “nova Terra”? O verso seguinte revela: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o Meu santo monte, diz o Senhor” (Is 65:25). 

Para que carnívoros como os leões se tornem vegetarianos, é necessário muito mais do que uma aula de culinária vegetariana. Isso requer uma recriação para restaurar o mundo ao seu estado ideal, como ele era antes da introdução da morte por meio do pecado no Éden.

Em Isaías 65, Deus apresenta a criação de “novos céus” e de uma “nova Terra” como um processo, uma série de etapas, que começaria com a recriação de Jerusalém. Compare com Isaías 11, em que o Messias traria justiça (Is 11:1-5). Em seguida, haveria paz no “santo monte” mundial de Deus; as imagens usadas em Isaías 11 são semelhantes às encontradas em Isaías 65: “O lobo habitará com o cordeiro [...] o leão comerá palha como o boi” (Is 11:6, 7) Embora o “santo monte” do Senhor começasse com o Monte Sião em Jerusalém, este era apenas um precursor, um símbolo do que Deus prometeu fazer, em última análise, em um novo mundo com Seu povo redimido

E se as pessoas vivessem um milhão de anos? Por que, ainda assim, o problema não seria resolvido? Por que a vida eterna é a única resposta para nossas mais profundas necessidades?


Segunda-feira, 22 de março
Ano Bíblico: Rute
Ímã divino (Is 66:1-19)

3. Leia Isaías 66:1-19. Considerando o momento histórico dos escritos de Isaías, qual é sua mensagem fundamental nessa passagem?

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Por meio do profeta, Deus reiterou o apelo e a advertência que permeiam o livro de Isaías: Ele salvaria e restauraria os humildes, que tremiam diante da Sua palavra (Is 66:2, 5). Como em Isaías 40:1, Ele os consolaria (Is 66:13). Mas destruiria os que se rebelassem contra Ele. Esses incluíam os que ofereciam rituais hipócritas, cujos sacrifícios Ele rejeitava (Is 66:3, 4; compare com Is 1:10-15), bem como aqueles que odiavam e rejeitavam Seus fiéis (Is 66:5). Também incluíam os que praticavam abominações pagãs (Is 66:17), como as praticadas no templo em Jerusalém (Ez 8:7-12).

4. Quais princípios espirituais são revelados em Isaías 66:3? Como essa mesma ideia pode ser expressa, no contexto do cristianismo e da adoração contemporâneos?

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5. De que maneira Deus servia como um “ímã” para atrair as nações a Si mesmo? Is 66:18, 19

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Após a destruição de Seus inimigos (Is 66:14-17), Deus revelaria Sua glória de modo a Se tornar como um ímã para atrair pessoas a Jerusalém (compare com Is 2:2-4). Ele estabeleceria entre eles um “sinal”, que não foi especificado aqui, mas aparentemente se refere ao sinal mencionado por Isaías: Deus daria ao Seu povo alegria e paz e restauraria sua terra (Is 55:12, 13). Quando Ele revelasse Sua glória ao restaurar Seu povo após a destruição, isso seria um sinal de Seu favor restaurado, assim como Ele havia concedido a Noé o sinal do arco-íris após o Dilúvio (Gn 9:13-17).

O que significa tremer diante da Palavra de Deus (Is 66:5)? Por que o Senhor deseja que tremamos diante de Sua Palavra? Quando não o fazemos, qual é a condição do nosso coração?


Terça-feira, 23 de março
Ano Bíblico: 1Sm 1-3
Missionários e líderes de adoração (Is 66:19-21)

6. O que significa a profecia dos sobreviventes trazendo pessoas das nações como oferta ao Senhor? Is 66:19, 20

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Deus enviaria sobreviventes da destruição aos confins da Terra, a povos que não O conheciam, e eles anunciariam entre as nações a Sua glória (Is 66:19). Essa é uma das afirmações mais claras do Antigo Testamento sobre a expansão missionária. Em outras palavras, não apenas os povos seriam atraídos à nação hebraica, mas algumas pessoas do povo hebreu iriam a outras nações e lhes ensinariam sobre o verdadeiro Deus – um paradigma explícito no Novo Testamento. Embora tenha havido uma expansão missionária dos judeus entre os dias do retorno do exílio e os dias de Cristo (Mt 23:15), os primeiros cristãos espalharam o evangelho rapidamente e em grande escala (Cl 1:23).

Assim como os israelitas traziam ofertas de cereais ao Senhor em Seu templo, os missionários também trariam uma oferta a Ele. Mas a oferta deles seria todos os seus irmãos, dentre todas as nações (Is 66:20). Assim como as ofertas de cereais eram dádivas a Deus que não eram mortas, os convertidos conduzidos ao Senhor seriam apresentados a Ele como “sacrifício vivo” (compare com Rm 12:1). Em referência à ideia de que as pessoas poderiam ser apresentadas como uma espécie de oferta a Deus, observe a dedicação muito anterior dos levitas “como oferta movida diante do Senhor, da parte dos filhos de Israel”; e seriam “para o serviço do Senhor” (Nm 8:11).

7. Qual é o significado da promessa de que Deus tomaria “alguns para sacerdotes e para levitas” (Is 66:21)?

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A expressão “alguns deles” no verso 21 (NVI) refere-se a todos os seus irmãos, dentre todas as nações, do verso anterior. Esses são gentios, alguns dos quais Deus escolheria como líderes de adoração, juntamente com os sacerdotes e levitas. Essa é uma mudança revolucionária. Deus anteriormente havia autorizado somente descendentes de Arão a servir como sacerdotes e somente outros membros da tribo de Levi para ajudá-los. Os gentios não podiam literalmente se tornar descendentes de Arão ou Levi, mas Deus autorizaria alguns a servir nessas funções, que antes eram proibidas até para a maioria dos judeus.

Leia 1 Pedro 2:9, 10. Para quem Pedro escreveu? O que ele disse? Qual é a mensagem dele para nós, membros da “nação santa”? Estamos nos saindo melhor do que Israel (Êx 19:6)?


Quarta-feira, 24 de março
Ano Bíblico: Ano Bíblico: 1Sm 4-6
Comunidade de fé (Is 66:21)

Os israelitas eram um “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19:6), possuindo sacerdotes especiais designados para representá-los como líderes de adoração. Mas, no futuro, alguns gentios seriam líderes de adoração (Is 66:21). 

8. Como essa mudança afetaria a renovada comunidade de fé? (veja Mt 28:19; At 26:20; Gl 3:28; Cl 3:11; 1Tm 3:16). Assinale a alternativa correta:

A. ( ) Não haveria mais distinção entre judeus e gentios.
B. ( ) Os gentios teriam as bênçãos da aliança, mas não como os judeus.

Na “nova ordem mundial” de Deus, os gentios não apenas se uniriam ao Seu povo, mas também seriam parceiros em igualdade com judeus em uma comunidade de fé que seria um “sacerdócio real”. Portanto, a distinção entre judeus e gentios se tornaria funcionalmente irrelevante.

9. Quando essa profecia de Isaías foi cumprida? Assinale a alternativa correta:

A. ( ) No ministério terrestre de Cristo.
B. ( ) Na morte de Estêvão.

Paulo, o missionário para os gentios, proclamou: “Não pode haver judeu nem grego [...]; porque todos vocês são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são também descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gl 3:28, 29).

Tornar-se herdeiro da promessa e, portanto, um exaltado “sacerdócio real” não era um mandato para o elitismo presunçoso, mas uma ordem para se juntar aos judeus na proclamação das “virtudes Daquele que” os tinha chamado “das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9; compare com Is 66:19).

A ascensão dos gentios não dava aos judeus o direito de reclamar que Deus era injusto ao lhes dar recompensa igual. Tampouco autorizava os gentios a tratar os irmãos e irmãs judeus com desrespeito, assim como os trabalhadores contratados no início do dia não deveriam desprezar os contratados mais tarde (Mt 20:1-16). Primeiramente “aos judeus foram confiados os oráculos de Deus” (Rm 3:2) como canal divino de revelação. Paulo escreveu aos gentios: “Se, porém, alguns dos ramos foram quebrados, e você, sendo oliveira brava, foi enxertado no meio deles e se tornou participante da raiz e da seiva da oliveira, não se glorie contra os ramos” (Rm 11:17, 18).



Quinta-feira, 25 de março
Ano Bíblico: 1Sm 7-10
A posteridade e o nome dos salvos (Is 66:22-24)

10. O que Isaías 66:22 revela? Qual esperança encontramos nesse verso?

Uma das promessas mais maravilhosas de Isaías encontra-se no capítulo 66:22. Nos novos céus e na nova Terra, nossos descendentes e nosso nome permanecerão para sempre. Não haverá mais esquecimento, morte, enxerto, remoção nem extermínio. Temos aqui uma promessa de vida eterna em um mundo renovado, sem pecado, morte nem sofrimento, a consumação do que Cristo realizou por nós na cruz.

11. Por que há festas da Lua Nova juntamente com sábados na representação dos novos céus e da nova Terra? Is 66:23

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Uma abordagem para esse texto difícil é a seguinte: Deus criou o sábado antes da existência do sistema sacrifical (Gn 2:2, 3). Portanto, embora o sábado tenha sido honrado pelo sistema ritual, não dependia dele. Assim, ele deve continuar de modo ininterrupto no período de restauração até a nova Terra. Não há indicação bíblica de que as festas da Lua Nova fossem dias legítimos de adoração à parte do sistema sacrifical. Mas talvez eles sejam dias de adoração (não necessariamente dias de descanso, como o sábado semanal) na nova Terra, possivelmente em conexão com o ciclo mensal da árvore da vida (Ap 22:2).

Seja qual for o significado específico de Isaías 66:23, o ponto crucial é que o povo de Deus O adorará por toda a eternidade. 

12. Por que Isaías concluiu com a imagem negativa dos salvos olhando os cadáveres dos rebeldes destruídos por Deus? Is 66:24

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Como uma advertência vívida ao povo de sua época, Isaías resumiu o contraste entre os fiéis sobreviventes da destruição babilônica e os rebeldes, que seriam destruídos. Esse não era um tormento eterno – os rebeldes eram mortos por “fogo”, uma destruição que não cessaria até que se cumprisse seu propósito, para que a recriação de Jerusalém pudesse começar. 

Isaías aponta para o cumprimento final: a destruição dos pecadores, de Satanás e da morte no lago de fogo (Ap 20), após o qual haverá um “novo Céu” e uma “nova Terra” (Ap 21:1-4; Is 65:17-19); haverá uma nova existência, com vida eterna para todos os que forem redimidos da Terra.

À luz da cruz e da comissão do evangelho, por que todo elitismo espiritual, étnico ou mesmo político é tão repugnante aos olhos de Deus? Examine a si mesmo: você tem nutrido algum senso de superioridade espiritual ou étnica? Precisa se arrepender?


Sexta-feira, 26 de março
Ano Bíblico: 1Sm 11-13
Estudo adicional

Texto de Ellen G. White: O Grande Conflito, p. 662-678 (“A vitória do amor”). “E ao transcorrerem os anos da eternidade, trarão cada vez mais abundantes e gloriosas revelações de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais as pessoas aprenderem a respeito de Deus, mais admirarão Seu caráter. Ao Jesus lhes revelar as riquezas da redenção e os impressionantes feitos do grande conflito com Satanás, o coração dos resgatados baterá com mais forte devoção, e com alegria mais arrebatadora dedilharão as harpas de ouro. E milhões de vozes se unirão para avolumar o poderoso coro de louvor. 

“‘Toda criatura que há no Céu e sobre a Terra, debaixo da Terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, [dirá]: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos’ (Ap 5:13).

“O grande conflito terminou. Pecado e pecadores não mais existem. O Universo inteiro está purificado. Uma única pulsação de harmonia e felicidade vibra por toda a vasta criação. Daquele que tudo criou emanam vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeita alegria, declaram que Deus é amor” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 678).

Perguntas para consideração

1. Por que a promessa da vida eterna em um novo Céu e uma nova Terra é tão fundamental para nós? Para que serviria nossa fé sem essa promessa?
2. Leia 2 Pedro 3:10-14. Como esses versos refletem a mesma ideia apresentada em Isaías 66?

Resumo: Isaías apresentou uma visão de alcance impressionante. Deus purificaria e restauraria Sua comunidade de fé e aumentaria suas fronteiras para abranger todas as nações. Por fim, a recriação da comunidade levaria à recriação do planeta. Sua presença seria o consolo do povo. 

Respostas e atividades da semana: 1. Uma restauração parcial da terra, do ser humano e dos animais. Haveria harmonia, mas as pessoas ainda morreriam. 2. B. 3. Deus rejeitaria os hipócritas e rebeldes, mas consolaria os aflitos e humildes. 4. Os rituais, as ofertas e tudo aquilo que podemos fazer pelo Senhor não têm valor a menos que nossa vida seja transformada por Deus. 5. Por Sua glória, o Senhor ajuntaria todas as nações para Si. 6. Significa uma expansão missionária. Já na época do Antigo Testamento, Deus buscava expandir Seu reino. Essas pessoas trazidas seriam como “sacrifício vivo” a Ele. 7. Os povos que não eram considerados parte da aliança de Deus seriam escolhidos para liderar a adoração a Deus. Ele não faria distinção entre pessoas. 8. A. 9. A. 10. A esperança de que no novo céu e na nova Terra nosso nome e nossa posteridade permanecerão. 11. Uma interpretação possível é que as festas da Lua Nova sejam dias de adoração, porém não de descanso como o sábado semanal, que terá vigência eterna. 12. Para mostrar o contraste com os sobreviventes do exílio babilônico e, por conseguinte, com os perdidos no juízo final.



Resumo da Lição 13
A renovação do planeta Terra

Foco do estudo: Isaías 65; 66

Esboço

De Isaías 63 até o fim do livro, há a descrição do futuro glorioso reservado para o povo de Deus, apesar do fato de que a nação quebrava a aliança com frequência.

Pessoas que se encontram além das fronteiras de Jerusalém estão entre as que constituem o grupo do povo de Deus no fim. Outro tema importante no fim do livro é Deus como Criador ou Recriador. Embora o novo céu e a nova Terra representem uma promessa para os que voltam do exílio babilônico, esses eventos também têm um cumprimento escatológico no fim dos tempos.

Os três tópicos principais explorados neste estudo são os seguintes: (1) O Líder e Salvador, (2) Os remidos do Senhor e (3) Deus como Recriador.

Comentário

O Líder e Salvador

Isaías 63 inicia uma nova seção no livro, apresentando um bravo guerreiro “que vem marchando na plenitude da Sua força” e que é “poderoso para salvar” (Is 63:1). Suas vestes estão manchadas porque o sangue respingou sobre elas (Is 63:3). “E Ele Se tornou o Salvador deles” (Is 63:8). Uma imagem semelhante é apresentada no livro do Apocalipse: “Está vestido com um manto encharcado de sangue, e o Seu nome é ‘Verbo de Deus’” (Ap 19:13).

O capítulo inclui outras características do Salvador: Ele é o Líder que guia Seu povo de maneira semelhante ao que foi feito no tempo de Moisés (Is 63:12, 13); no fim do capítulo, o profeta afirma: “Mas Tu, ó Senhor, és o nosso Pai; nosso Redentor é o Teu nome desde a antiguidade”(Is 63:16).

O próximo capítulo (Is 64) lembra que Deus fez coisas impressionantes que Seu povo não esperava (Is 64:3). Também afirma novamente: “Senhor, Tu és o nosso Pai” (Is 64:8).

Então, em Isaías 65, o autor inclui outra dimensão do caráter de Deus. Ele Se revela usando a primeira pessoa: “Fui buscado pelos que não perguntavam por Mim; fui achado por aqueles que não Me buscavam” (Is 65:1). De acordo com a declaração anterior, Isaías apresenta o Senhor como um Deus acessível. “Eu disse: ‘Eis-Me aqui! Eis-Me aqui!’ Todo o dia estendi as mãos” (Is 65:1, 2).

Outro notável atributo divino é apresentado nesse capítulo. Deus é quem traz juízo e recompensa para a Terra. “Eis que está escrito diante de Mim: ‘Não Me calarei, mas retribuirei; farei retribuição total pelas iniquidades de vocês e também pelas iniquidades dos seus pais’, diz o Senhor” (Is 65:6, 7). “Mas quanto” aos “que se afastam do Senhor” (Is 65:11), Ele afirma: “Eu os destinarei à espada” (Is 65:12), “O Senhor Deus fará com que vocês morram” (Is 65:15).

Ideias semelhantes sobre Deus são apresentadas em Isaías 66. Primeiro, Deus é apresentado como o Soberano do Universo. O Senhor diz: “O céu é o Meu trono, e a Terra é o estrado dos Meus pés” (Is 66:1). Esta é também a imagem na visão de Isaías 6:1-3: “Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono”. Então, Sua voz vem do templo: “voz do Senhor, que dá a devida retribuição aos Seus inimigos” (Is 66:6; compare com Is 65:6). A descrição aqui implica a aniquilação final dos inimigos de Deus, daqueles que “escolheram os seus próprios caminhos” e cuja “alma tem prazer nas suas abominações” (Is 66:3).

Isaías 66:15, 16 oferece detalhes vívidos da destruição final: “Porque eis que o Senhor virá em fogo, e os Seus carros de guerra, como uma tempestade, para tornar a sua ira em furor e a sua repreensão, em chamas de fogo. Porque com fogo e com a Sua espada o Senhor entrará em juízo com toda a humanidade; e serão muitos os mortos da parte do Senhor”.

Isso parece ser uma referência a uma aniquilação, uma destruição definitiva: o ato final do Senhor em retaliação justa e reta contra Seus inimigos. Isaías termina o livro referindo-se à completa derrota dos inimigos do Senhor – aqueles que se rebelaram contra Ele. O fim chegou, a vitória está completa: “Eles sairão e verão os cadáveres daqueles que se rebelaram contra Mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a humanidade” (Is 66:24).

Os remidos do Senhor

Isaías 63 revela que o grande Dia do Senhor, o dia da execução de Seu juízo, tem duas implicações principais: “Porque o dia da vingança estava no Meu coração, e o ano da redenção havia chegado” (Is 63:4) Por um lado, para o Seu povo, o dia do juízo será um dia de redenção. Mas, por outro lado, o juízo será um dia de vingança para aqueles que se rebelaram contra o Senhor.

Portanto, estudaremos algumas características que esse capítulo apresenta em relação aos remidos. Esse grupo inclui Seu povo ao longo das eras. Essas pessoas incluem os fiéis da época de Abraão (Is 63:7-19). Isaías 63:16 diz: “Mas Tu és o nosso Pai. Abraão não nos conhece e Israel não nos reconhece, mas Tu, ó Senhor, és o nosso Pai; nosso Redentor é o Teu nome desde a antiguidade”. A referência a Abraão provavelmente pode designar seus descendentes espirituais e literais.

Infelizmente, o povo de Deus quebrou a aliança. Eles continuaram cometendo pecado por um longo tempo. Isaías diz: “As nossas iniquidades nos arrastam como um vento” (Is 64:6).

Uma descrição semelhante do povo de Deus é encontrada nos últimos capítulos de Isaías. Eles são “povo rebelde, que anda por um caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos” (Is 65:2). Deus disse: Eles são “povo que de contínuo Me irrita abertamente”, que fez “o que é mau aos Meus olhos e escolheram aquilo em que Eu não tenho prazer” (Is 65:3, 12). Esse tema é repetido em Isaías 66: “escolheram os seus próprios caminhos, e a sua alma tem prazer nas suas abominações, [...] fizeram o que era mau aos meus olhos e escolheram aquilo em que Eu não tenho prazer” (v. 3, 4).

Contudo, o Senhor olha para Seu povo com compaixão: “Assim diz o Senhor: ‘Como quando se acha suco num cacho de uvas e se diz: “Não o destruam, pois há bênção nele”, assim farei por amor de Meus servos e não destruirei todos eles’” (Is 65:8).

A forma verbal niphal de m???? (traduzida como “acha”) contém implicações teológicas dignas de consideração. O vinho (servos de Deus) está prestes a ser destruído. Mas a misericórdia divina parece “achá-los”. Não é o valor ou a fidelidade deles que os preserva; é a misericórdia divina.

O verso seguinte enfatiza a mesma ideia. É o Senhor que diz “Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro” (Is 65:9).

A frase “farei sair” (na forma verbal hiphil) é expressa em uma forma causativa; desse modo, Deus ainda mantém a promessa preservando um filho dos descendentes de Jacó. Não é devido à fidelidade de Jacó ou Judá, mas é pela fidelidade de Deus, que a continuidade da promessa é garantida. Sob essa aliança, os filhos poderão possuir os montes. Novamente, é tudo por causa da misericórdia e fidelidade de Deus, não pelas obras de Seu povo.

É interessante observar que a descendência de Jacó, ou dos servos, contrasta com “vós” (Judá): “Os Meus servos cantarão por terem o coração alegre, mas vocês gritarão pela tristeza do coração” (Is 65:14).

São os filhos de Jacó que permanecerão para sempre. “‘Porque, assim como os novos céus e a nova Terra, que hei de fazer, estarão diante de Mim’, diz o Senhor, ‘assim também estão diante de Mim a posteridade e o nome de vocês’” (Is 66:22). Isaías usa a mesma palavra zera? (ver descendência) em Isaías 65:9 e Isaías 66:22.

No entanto, pessoas de todas as nações podem se juntar a esse grupo de servos ou filhos de Jacó: “Eles anunciarão entre as nações a Minha glória” (Is 66:19). Juntos aos filhos de Israel, eles “trarão todos os irmãos” deles “como uma oferta ao Senhor. Virão sobre cavalos, em carros, em liteiras e sobre mulas e camelos, ao Meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor, como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas de cereais, em vasos puros à Casa do Senhor” (Is 66:20). E diz o Senhor: “Também deles escolherei alguns para sacerdotes e para levitas” (Is 66:21). Este é um anúncio de uma nova dimensão do povo escolhido de Deus, que abrange pessoas de todo o mundo.

Deus como Recriador

Deus como Criador é um tema importante no livro de Isaías. O tema é enfatizado particularmente em Isaías 40, “o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da Terra” (v. 28), e na última parte do livro. Parece que Isaías apresenta Deus como Criador ou Recriador, a fim de reforçar a ideia de Deus como Redentor. Deus não criou simplesmente este mundo e os seres humanos e depois os esqueceu. Ele criou a Terra e a humanidade, mas, além disso, também é o Mantenedor e o Redentor de Suas criaturas.

Essa é a razão pela qual o Senhor diz: “Tal como a mãe consola o filho, assim Eu os consolarei; em Jerusalém vocês serão consolados” (Is 66:13).

No entanto, um dia, os israelitas, povo de Deus, foram arrancados de sua terra e levados para o exílio em Babilônia. Foram separados de sua amada família, seu templo foi destruído, todos os bens foram levados, mas Deus ainda estava com eles.

Em Babilônia, alguns dos israelitas perderam a esperança de voltar a Jerusalém. Imaginaram que Deus os tinha esquecido para sempre por causa de seus pecados (veja a oração em Daniel 9). No entanto, Deus lhes disse por meio do profeta Isaías: “Pois eis que Eu crio novos céus e nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. Exultem e alegrem-se para sempre no que Eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, exultação” (Is 65:17, 18).

Se considerarmos a promessa para o povo do Senhor na época de Isaías, veremos que é uma promessa para um povo que vai para o exílio. E Deus antecipadamente lhes diz: “Por alguns anos você verá no exílio apenas a atmosfera babilônica, seus céus e terra, mas Eu criarei algo novo para você”, “pois eis que Eu crio novos céus e nova Terra” (Is 65:17).

Esta é a linguagem de Gênesis 1. Até o mesmo verbo bara' (criar) é usado aqui. No entanto, existe uma variante interessante. Em Gênesis 1, o verbo bara' está no passado, então a tradução é “Deus criou”. É uma ação finalizada. No entanto, em Isaías, bara' é um verbo hebraico no particípio, o que significa uma ação continuada ou ação repetida que está ocorrendo. Em outras palavras, “mesmo que o céu e a terra de Jerusalém se percam, Eu crio ou estou criando um novo céu e uma nova Terra para você. Uma nova Jerusalém se erguerá das ruínas. Você voltará e uma experiência maravilhosa acontecerá, “e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65:17).

Não podemos negar a dimensão escatológica desse anúncio profético. Neste caso, está implícito um cumprimento adicional em conexão com o “novo céu” e a “nova Terra” de Apocalipse 21. Adão e Eva perderam o céu e a Terra, exatamente como aconteceu com Israel posteriormente. Mas o Senhor, o Criador, prometeu fazer um mundo maravilhoso novamente.

Aplicação para a vida

1. De acordo com Isaías 66, o Senhor afirma: “e venho para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a Minha glória” (Is 66:18). É claro que Seu povo será de outras nações além de Israel.

Como você entende Isaías 19:24, 25 em relação a essa ideia: “Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da Terra. O Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: ‘Bendito seja o Egito, Meu povo! Bendita seja a Assíria, obra de Minhas mãos. E bendito seja Israel, Minha herança’” (Is 19:24, 25)?

2. Como você imagina o novo céu e nova Terra que Deus fará para nós no fim dos tempos? Leia Apocalipse 21:1, 2 e Apocalipse 22:1-5.


Ensine-nos a orar

Uma vez por semana, a professora Natalya reunia os alunos do 9º ano em um círculo no meio da sala de aula para um momento especial de oração.

“Viktoria, você começa a oração!”, disse em uma certa manhã.

Viktoria, uma garota de 15 anos, olhou para professora com olhos grandes, arregalados e assustados.

“Como?”, ela perguntou. “Como devo orar?”

A professora respondeu: “Comece assim: ‘Querido Deus...’”

“Assim que devo começar?”, Viktoria voltou a perguntar.

“Sim! Fale assim!”, a professora disse.

“E em seguida?”, continuou a aluna.

“Peça que Deus nos abençoe enquanto lemos a história”, a professora falou.

Viktoria havia acabado de ler uma história de como o sol nasce e brilha diariamente para todas as pessoas, boas e más. A história dizia que Jesus demonstra Seu amor a todos, diariamente. E todo aquele que se considera cristão deveria ser uma luz às pessoas diariamente.

“Querido Deus”, Viktoria começou a orar. “Ajude-nos a sermos bons alunos. Ajude-nos a sermos luz às pessoas.” Ela não era a única aluna que temia orar em voz alta perante a classe, na Escola Adventista em Bucha, Ucrânia. Quatro crianças, dos sete alunos pertenciam a famílias adventistas. Viktoria e outros três alunos vinham de famílias que não costumavam orar. A professora queria que eles orassem e experimentassem o poder da oração por si mesmos.

Após a primeira oração, Viktoria não teve medo de orar novamente. Mas seu melhor amigo, Ruslan, recusou-se a fazê-lo. “Tenho medo de orar”, ele explicou. “Não consigo orar na frente das pessoas.” A professora orou por Ruslan de uma maneira especial. Então, Viktoria adoeceu de uma infecção no ouvido. Ela não foi à escola durante um mês. Todos os alunos, a professora e, principalmente, Ruslan ficaram preocupados com a amiga. A professora decidiu fazer uma oração especial por Viktoria. Todos oraram menos Ruslan.

Certa manhã, a professora anunciou que, no dia seguinte, Viktoria precisaria fazer uma cirurgia no ouvido. Ela chamou todos os alunos para se reunirem em um círculo de oração. “Quem quer orar por Viktoria?”, perguntou.

“Eu quero orar!”, Ruslan prontificou-se. Todos ficaram surpresos. O próprio Ruslan ficou espantado. “O que eu disse?”, perguntou. Os alunos inclinaram a cabeça e fecharam os olhos, enquanto Ruslan orou: “Querido Jesus! Abençoe a cirurgia de Viktoria. Ajude para que ela não perca a audição. Cure-a e ajude para que logo possa voltar às aulas. Amém.”

A cirurgia foi um sucesso. Poucas semanas depois Viktoria voltou à escola. “Deus ouve nossas orações, especialmente as crianças que estão com medo”, a professora Natalya disse em uma entrevista. “Não devemos ter medo de abrir o coração a Deus. Podemos orar em qualquer lugar e em qualquer momento. Ele responderá de maneiras que não conseguimos imaginar.”

As ofertas do trimestre ajudarão a escola onde Natalya trabalha a ter seu prédio próprio, em Bucha, Ucrânia. Atualmente a escola utiliza as salas de aula da universidade adventista e as ofertas ajudarão a construir salas de aula para as crianças. Muito agradecemos pelas ofertas que serão liberalmente doadas para dois projetos missionários locais: uma Escola Adventista em Bucha, Ucrânia; e a Escola Cristã de Zaoksky, Rússia.

Dicas da história
• Os nomes dos alunos foram modificados para proteger sua privacidade.
• Antes ou depois da história, use um mapa para mostrar a Rússia e Ucrânia, que receberão a oferta do trimestre. Descreva resumidamente cada local que será beneficiado pelas ofertas.
• Assista ao vídeo sobre Natalya no YouTube: it.ly/Natalya-ESD.
• Faça o download das fotos no Facebook (bit.ly/fb-mq).
• Para mais informações missionárias e outras notícias da Divisão Euroasiática, acesse o site: bit.ly/2021-ESD. 


Comentário da Lição da Escola Sabatina – 1º Trimestre de 2021
Tema Geral: Isaías: consolo para o povo de Deus
Lição 13 – 20 a 27 de março de 2021
A restauração da Terra

Autor: Sérgio Monteiro
Editoração: André Oliveira Santos: andre.oliveira@cpb.com.br
Revisora: Josiéli Nóbrega

Viver. Esse é o desejo da grande maioria dos seres humanos. E, se possível, as pessoas desejam viver por muito tempo. O medo da morte é um sentimento comum a todos e motiva infinitas pesquisas sobre como estender o tempo de vida e vencer esse inimigo. Esse medo se avolumou de forma avassaladora nos tempos em que vivemos, em vista da pandemia que nos assola. Em tempos assim, a promessa divina de vida eterna, com qualidade e completa, se torna mais relevante e urgente. É dessa promessa de vida e de renovação que a última lição de nosso estudo nos fala.

Após todos os severos diálogos e certeiras mensagens de alerta para Israel e as nações, os últimos capítulos de Isaías apresentam um conjunto de promessas de renovação. Não apenas a renovação de esperança de liberdade e de prosperidade, mas a esperança da própria renovação da existência. Essa renovação existencial inicia com a recriação do céu e da Terra e a longevidade nesse céu e nessa Terra. Não é ainda a completa e absoluta renovação, uma vez que haveria ainda mortes. Tardias, mas ainda existentes. A figura de mortes aos 100 anos nos impede de tomar o texto como puramente escatológico e exige uma análise de aplicação dupla ou em desenvolvimento.

Historicamente, os adventistas têm visto essa profecia como exemplo de profecia clássica com duplo cumprimento. Um cumprimento local e outro escatológico, cujo escopo e alcance são ampliados: Se no cumprimento local, o objetivo e o foco são Israel, no cumprimento expandido, Israel é parte do cumprimento, mas não é mais o foco, que se expande também para a igreja, sendo ela o foco. Essa visão, embora comum, possui vários problemas. O primeiro é que não explica o texto em si, apenas estabelece um segundo cumprimento com audiências diferentes e com focos diferentes. O segundo é que pressupõe uma teologia de substituição, na qual Israel é apenas o povo rejeitado por Deus, com a Igreja tomando seu lugar. Essa compreensão é limitada e incapaz de lidar com textos bíblicos que declaram a continuidade da relação entre Deus e Israel, como Jeremias 31:35 em diante (que contém muitos paralelos com Isaías) e Oseias 11. Na tentativa de explicar as divergências, alguns chegam a dizer que, na verdade, Deus NUNCA teve Israel em mente, mas o Israel mencionado nos textos era um vago, indefinido e obscuro “Israel espiritual”.

Por outro lado, uma melhor compreensão do texto não exige que sejam utilizados esses dispositivos que possuem pouca base exegética, mas remontam a uma leitura antissemita do texto. O texto pode ser visto como um exemplo de profecia cujo cumprimento se dá em etapas, de forma contínua. Se lermos o capítulo 65:17 em diante em conjunto com o capítulo 66 poderemos perceber essa dinâmica. O verso 17 fala da criação de novos céus e nova Terra, e o capítulo 66:22 retoma a ideia no fechamento da mensagem do Isaías. O capítulo 66 repete e amplia o que é encontrado no capítulo 65. Isaías 66:2, 3, por exemplo, está em direto contraste com Isaías 65:3-5, especialmente o verso 5. Isaías 66:17 repete a acusação feita no verso 4 do capítulo 65. Esses e outros exemplos nos ajudam a ver o capítulo 66 como um desenvolvimento e não mera repetição do capítulo 65.

Nesse sentido, é possível, portanto, ver que os novos céus e a nova Terra mencionados no capítulo 66:22, 23 são um desenvolvimento da mesma ideia apresentada em Isaías 65:17. Por isso, as promessas de Isaías 65 estavam relacionadas com a nação ao retornar do exílio e à promessa de Deus a ela, se houvesse fidelidade e se os lamentáveis atos que seriam a causa do exílio vindouro fossem postos de lado e abandonados. No contexto de Isaías, esses atos eram claramente definidos como apostasia, idolatria, formalismo, hipocrisia abandono das leis da aliança, como as leis de Levítico e também a correta observância dos tempos divinos, como o shabbat e a lua nova.

Reprovando Seu povo, Deus buscava trazê-lo de volta a Si mesmo, pela demonstração de que, ao repreendê-lo, Ele expressava Sua graça e Seu desejo de um reencontro e do restabelecimento da aliança que havia sido quebrada. É por isso que Ele tanto enfatiza a aliança e os aspectos da aliança, como o sábado, as leis de pureza, a justiça para com os menos favorecidos e o reconhecimento Dele como o único Deus. A falta de atitudes positivas por parte de Israel não era correspondida com falta de atitudes positivas por parte de Deus. Ao contrário!

Em todo o livro de Isaías, Deus contrasta atitudes positivas de Sua parte com as atitudes negativas de Israel. A atitude final de Deus, em Isaías 66, é atrair Israel e as nações para Si, ao declarar que Ele iria renovar absolutamente todas as coisas, excluindo as barreiras que tornavam Israel diferente das nações vizinhas. E, antes que se pense de modo equivocado, as barreiras não eram as leis nem a aliança, mas o orgulho do povo. É surpreendente, e imagino o impacto para os ouvidos dos judeus daquele tempo, que Deus tenha prometido fazer dos gentios levitas e sacerdotes, quando os trouxesse ao Seu santo monte (embora o “deles” possa se referir aos retornados da diáspora prevista). Essa é uma atitude por demais inclusiva e positiva, enfrentando e demolindo o orgulho do povo, que se declarava santo (Isaías 65:4, 5), e que oferecia bois a Deus, mas porcos à deusa no meio do jardim (Isaías 66:17).
O livro de Isaías, o grande profeta messiânico, nos leva a refletir sobre a profundidade da obra que o Eterno esteve e está disposto a fazer para salvar Seu povo no passado e no presente. Além disso, o texto nos diz também o que Ele não fará. Ele não transformará o bem em mal, nem o mal em bem. Ele não aceitará quem faz isso. Ele não aceitará formalismos, nem o que eu ou você pense ser melhor. Mas Se alegrará com a oferta verdadeira de um ser humano que se envolve completamente com Ele e vive para Ele. Ele não relaxará nem abolirá os princípios de Sua aliança, mas perdoará o contrito que pecou, mas buscou o Seu perdão.

Sim, Ele faz todo o necessário para salvar. Está disposto a nascer como uma criança, viver como um Servo e morrer como um criminoso. Ele está disposto a oferecer Sua mão amorosa para aqueles que forem alcançados pela mensagem profética e pela palavra de promessa. Isaías, de modo maravilhoso, nos apresenta o melhor de Deus.

Uma frase comum nas pregações televisivas e da teologia da prosperidade hoje é: “O melhor de Deus ainda está por vir em sua vida!”, ou “Hoje você verá o melhor de Deus”. Isaías nos chama a compreender que o melhor de Deus tem nome: o Messias! E Ele já veio! O melhor de Deus foi a entrega de Seu Filho na cruz por você e por mim! Então não espere o melhor de Deus, corra para Ele!

Conheça o autor dos comentários para este trimestre: O Pr. Sérgio Monteiro é casado com Olga Bouchard de Monteiro. É pai de Natassjia Bouchard Monteiro e Marcos Bouchard Monteiro. É bacharel em Teologia, mestre em Teologia Bíblica e cursa doutorado em Bíblia hebraica. É pastor na Escola do Pensar e no Instituto de Estudos Judaicos Feodor Meyer. É membro da Adventist Theological Society, International Association for the Old Testament Studies e Associação dos Biblistas Brasileiros.